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07.07.18

Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa

mpgpadre

1 – «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». Nazaré é uma cidade pequena. Todos se conhecem, têm relações familiares, ao ponto de no Evangelho os parentes de Jesus serem referenciados como irmãos e irmãs e Ele ser conhecido como filho de Maria e de José, o carpinteiro!

Quando nos conhecemos bem uns aos outros, é natural que não esperemos mais do que aquilo que estamos habituados a ver. A ausência de alguém durante determinado período de tempo pode alterar o conhecimento e as expetativas. Jesus tinha iniciado a Sua vida pública e antes de chegar a Nazaré já lá tinha chegado a fama de pregador, profeta e fazedor de milagres. Alguns dos seus conterrâneos, amigos e familiares vão até Ele com certa curiosidade.

Num primeiro momento, contudo, ressalva-se a admiração: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos?»

A perplexidade toma conta dos seus ouvintes. O texto não pressupõe qualquer atrito até Jesus lhes dizer: «Um profeta só é desprezado na sua terra…».

jesus-declares-he-is-the-messiah.jpg

2 – A sobriedade de Marcos não nos permite saber o que terá acontecido entre a admiração inicial dos ouvintes e a reação provocatória de Jesus. Nem sempre precisamos que nos respondam com palavras para percebermos as reações, basta um olhar, um sorriso, um encolher de ombros, um franzir das sobrancelhas…

Jesus percebe a reação fria e inquisitória dos seus ouvintes. Na conclusão, o evangelista diz-nos claramente que Jesus estava admirado com a falta de fé daquela gente e, por conseguinte, não podia fazer ali qualquer milagre.

 

3 – Apesar de tudo, Jesus curou alguns doentes e prosseguiu a ensinar por outras aldeias e cidades. Questionamo-nos: então as curas não são milagres? Sem dúvida, são sinais de que Deus continua a agir no mundo. O verdadeiro milagre, contudo, é a conversão, a mudança de vida, a resiliência diante das dificuldades, a aceitação das próprias limitações e fragilidades, a solidariedade e o apoio aos mais frágeis, o serviço a favor dos mais simples e pobres.

Durante a vida pública de Jesus, a começar pelos Seus discípulos, são frequentes as disputas de poder, a procura do milagre fácil, a expetativa de um reino novo que se imponha pela força. Jesus persiste na necessidade de amar, servir, cuidar do outro, dar a outra face, perdoar em todas as circunstâncias, acolher, incluir, dar a vida! No reino que Ele preconiza o primeiro lugar é para quem serve!

 

4 – Em que ponto o Evangelho nos desafia e compromete?

Não podemos dar o outro como garantido, na família, no trabalho, na profissão, nos grupos a que pertencemos. A pessoa é mistério! Em todo o caso devemos apostar, acreditar, confiar. Mas nunca endeusar. Contar que os outros podem desiludir-nos, pois não são deuses. Contar que, em algum momento, podemos magoar os outros e desiludi-los. Apesar disso, apostar, acreditar e confiar na bondade dos outros, como fez Jesus, que escolhe os Seus discípulos, sabendo que podem falhar! Ainda assim previne-os e não desiste deles.

Ninguém é profeta na sua  terra ou em sua casa! Todos conhecemos pessoas extremamente afáveis, simpáticas, generosas para os de fora, mas verdadeiros trastes em casa, indelicadas, indispostas, rabugentas! De fora ninguém sonha. O que se passa no convento só sabe quem está dentro. Por um lado, o convívio coloca-nos mais à vontade, relaxa-nos, dá-nos segurança. Isso é bom, desde que continuemos a ser atenciosos e capazes de dizer "obrigado", "com licença", "desculpa", as três palavrinhas que fazem bem às famílias, como tem sublinhado o Papa Francisco em diversas ocasiões. É tempo de começarmos por ser profetas na própria casa. Seria uma hipocrisia tremenda transparecermos o que não somos. Mesmo sabendo que há momentos em que o cansaço ou as diferenças geram aborrecimentos. Momentos não são o tempo todo!

____________________________________________________________________________________________

Textos para a Eucaristia (ano B): Ez 2, 2-5; Sl 122 (123); 2 Cor 12, 7-10; Mc 6, 1-6.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

3 comentários

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    mpgpadre 13.07.2018

    Paz e bem. Sinceramente não compreendi a pergunta, até porque é mais um comentário que uma pergunta. Em todo o caso, o pecado, sendo afastamento da Graça de Deus é também desumanização. Na verdade, Deus em Jesus encarnou, tornou-Se humano, não para nos ensinar a sermos Deus - quanto muito a sermos como Ele na imitação da Sua vida e do Seu amor - mas para nos ensinar a sermos humanos. A fé potencia ou, se preferir, aperfeiçoa a nossa humanidade. Claro que é Graça e sendo dom gratuito eleva-nos a outro plano, pois só Ele nos salva, só Ele nos eleva, só Ele nos ressuscita. Em todo o caso, tudo o que é verdadeiramente humano, tudo o que nos humaniza, aproxima-nos dos outros e predispõe-nos a acolher a vontade de Deus, a deixar que a Sua graça se efetive em nós e se traduza em obras de misericórdia.
    A Igreja é o Corpo de Cristo que se prolonga e se concretiza na história e no mundo, tornando presente hoje o mistério da Sua morte e da Sua ressurreição e antecipando para nós a vida eterna. Porém, os limites da salvação, da ação do Espírito Santo, não nos dizem respeito, mas só a Deus. Como diz Jesus no Evangelho, o Espírito de Deus sopra onde quer e Deus atua além da visibilidade da Igreja. Claro que depois poderíamos entrar na reflexão sobre o batismo de desejo, o cristianismo anónimo... e nos homens de boa vontade... ou na Patrística nas sementes do Reino, ou nas sementes de verdade presentes em outras culturas, religiões ou filosofias. A acentuação da mediação única de Jesus não nos autoriza a condenar quem quer que seja, nem Judas Iscariotes.
    Em relação aos seus comentários são sempre bem-vindos, mas a orientação do blogue é minha e como os comentários parecem mais de divulgação de uma data de supostas verdades ou insinuações ou perspetivas ou linhas de pensamento, nas quais não me revejo, o que aconselho é que exponha no blogue que gere.
    Eu, como padre católico procuro estar sintonizado com Jesus Cristo e o Seu Evangelho, em comunhão com a Igreja Católica, cujo magistério petrino tem à frente um santo Homem, o Papa Francisco. Revejo-se no Seu magistério na Igreja e no mundo, assim como me revia em Bento XVI ou em João Paulo II.
    Paz e bem em Cristo Jesus.
  • Sem imagem de perfil

    Francisco 14.07.2018

    A minha pergunta é "porque dão a entender que a salvação e o Reino dizem respeito principalmente à nossa vida no mundo?", mas apesar da minha dificuldade de expressão penso que conseguiu responder.

    Pelo que compreendi consideram que a salvação e o Reino nos humaniza e eleva e o que acontece em relação à salvação após a morte só a Deus pertence, havendo até várias possibilidades de salvação.

    Mas fiquei com dúvida em dois pontos se me puder esclarecer.

    O primeiro é se quando indica magistério se refere a ter uma forma pastoral que salienta a humanização enquanto se mantém a doutrina ou se refere que quer a pastoral quer a doutrina nos indicam que a salvação e o Reino são sobretudo humanização?

    Pelo que aprendi do magistério, a Igreja indica que o baptismo de desejo e os cristãos anónimos não são caminhos alternativos de salvação, são apenas uma possibilidade de salvação se a pessoa procura a Deus de forma sincera e se não tem hipótese de conhecer o Evangelho e a Igreja. O que me parece uma possibilidade com muitos se's.

    O segundo ponto é porque fala em "condenar quem quer que seja"? Penso que a acentuação da mediação única de Jesus nos leva a ajudar à conversão e isso não é condenar.

    Obrigado
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