Tomai: isto é o Meu Corpo... Tomai: isto é o Meu Sangue
1 – A celebração do Corpo de Deus vem da Idade Média e da necessidade da Igreja Católica reafirmar a presença de Jesus Cristo na hóstia e no vinho consagrados. Jesus coloca-Se por inteiro, pelo Espírito Santo, no pão e no vinho. Uma presença não visível mas real, como é real mas não visível o amor, o que nos liga uns aos outros.
Primeiramente, a elevação da hóstia consagrada, para que todos contemplassem o mistério que ali se realizava. Por outro lado, se Jesus está no pão consagrado, Ele permanece Eucaristia depois da celebração da mesma e não apenas durante a liturgia. O pão eucarístico pode levar-se aos doentes, aos presos, pois permanece Corpo de Cristo. É significativa a sensibilidade do povo na delicadeza com que se aproxima do sacrário e zela para que a lamparina não se apague, indicando que ali se encontra a verdadeira LUZ e a VIDA verdadeira, Aquele que deu a vida por mim e por ti, e vela por todos.
Todos precisamos de saber e de sentir que alguém olha por nós. Precisamos de ouvir, de ver, de abraçar, de tocar. Um dia, o Santo Cura d'Ars, interrogou um camponês, que todos os dias entrava na Igreja e não mexia os lábios, sobre o que dizia a Deus. A resposta é sintomática: não digo nada, Ele olha para mim e eu olho para Ele.
2 – Em Cristo, Deus faz-Se como nos fez, verdadeiro HOMEM, visível num CORPO como o nosso. Nasce de uma Mulher, a quem Se liga pelo cordão umbilical, como qualquer um de nós. Liga-Se primeiramente pelo corpo, dentro de outro corpo, alimentando-Se desse corpo materno e sendo protegido enquanto Se prepara para vir ao mundo.
Não quiseste sacrifícios, formaste-Me um Corpo. Eu venho ó Deus para fazer a Tua vontade (cf. Heb 10, 5-10).
Esta intuição está presente no Antigo Testamento, num desafio crescente para que os sacrifícios sejam substituídos pela conversão, pela justiça, pela prática do bem. «Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, invocando, Senhor, o vosso nome. Cumprirei as minhas promessas ao Senhor, na presença de todo o povo» (Salmo).
Na primeira leitura, vemos como Moisés, depois de pôr por escrito as palavras do Senhor, ordena a oferenda de holocaustos e sacrifícios, imolando novilhos. Diz-nos o autor sagrado que Moisés derramou o sangue dos novilhos sobre o altar, depois leu, em voz alta, o Livro da Lei ao povo e sobre este aspergiu a outra metade do sangue recolhido, dizendo: «Este é o sangue da aliança que o Senhor firmou convosco, mediante todas estas palavras».
O rito não é mágico, operando o que quer que seja, mas promove a vivência dos mandamentos da Lei: «Faremos quanto o Senhor disse e em tudo obedeceremos».
Jesus leva à plenitude o sacrifício e a própria Lei.
3 – Jesus e os seus discípulos, como judeus, seguem as tradições de seus pais. Dois dos discípulos vão adiante e preparam o necessário para comer a Páscoa. Longe de imaginarem que seria uma Páscoa diferente, provisória e antecipadora da verdadeira Páscoa, a morte e a Ressurreição de Jesus. O sangue de Jesus selará uma nova Aliança.
“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: «Tomai: isto é o meu Corpo». Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus: «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus». Cantaram os salmos e saíram para o monte das Oliveiras”.
Jesus prepara a ausência do Seu corpo com a promessa e a certeza da Sua presença no pão e no vinho, sempre que em Seu nome nos reunirmos, invocando de Deus Pai o Espírito Santo. Ele estará sempre connosco até ao fim dos tempos.
O culto provisório de Moisés, passa a pleno e definitivo em Jesus, o sumo-sacerdote por excelência, que “não derramou sangue de cabritos e novilhos, mas o seu próprio Sangue, e alcançou-nos uma redenção eterna”.
____________________
Textos para a Eucaristia (B): Ex 24, 3-8; Sl 115; Hebr 9, 11-15; Mc 14, 12-16.22-26.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.