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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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22.12.24

... o menino exultou de alegria no meu seio!

mpgpadre

1 – A Boa Nova – Encarnação de Deus, nascimento de Jesus, Deus feito Homem, Páscoa – é o maior motivo da nossa alegria, reforçam-na, moldam-na e fazem-na explodir no anúncio a todos. Chamamento e envio: somos discípulos missionários, chamados deixar-nos contagiar pela proximidade a Jesus e enviados a difundi-l’O em toda a parte.

Há oito dias éramos inundados pelas palavras que nos interpelavam à alegria. A razão era a proximidade da celebração do nascimento de Jesus. Agora estamos mais perto, à porta do Natal. Então a ansiedade (como espera feliz na certeza do encontro e da festa) torna-se maior e deve ser mais intensa, mais vívida, mais profunda.

Alegra-te, Maria, porque achaste graça diante de Deus. A saudação do Anjo envolve Maria na Boa Nova que n'Ela Se fará carne. A resposta de Maria, partindo do silêncio, do recolhimento e da oração, faz-Se Palavra, faz-Se Jesus.

E que fazemos quando algo de muito bom nos acontece? A maioria conta-o à primeira pessoa que encontra, a uma pessoa de confiança, indo visitá-la ou telefonando-lhe e poucos são os que guardam para si. Maria recebe a maior das boas notícias. Então corre apressadamente para a montanha, como o mensageiro corre pelos montes a anunciar a paz!

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2 – São Lucas informa-nos que logo depois da anunciação, e sabendo que Isabel também foi favorecida pelo Senhor, "Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá".

Porque foi Maria tão longe para estar com Isabel? Para ajudar, certamente, mas porque ambas tinham um segredo imerso no mistério de Deus. Maria sabe que não pode fazer alarde da sua condição de Mãe de Deus, pelo escárnio a que se sujeita, pela inveja que pode suscitar e pela perigosidade em que se colocaria. Vai ter com Isabel e não precisará de revelar o Seu segredo. Se Maria sabe de Isabel, também Isabel saberá o que se passa com Maria!

Ao entrar em casa de Zacarias, Maria começa por saudar Isabel e, mais uma vez nos informa o evangelista que «Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor’».

Maria é feliz porque acreditou, porque confiou em Deus e porque acolheu os Seus desígnios: faça-se em Mim o que é do Teu agrado, Senhor, meu Deus e meu Tudo.

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Textos para a Eucaristia (ano C): Miq 5, 1-4a; Sl 79 (80); Hebr 10, 5-10; Lc 1, 39-45.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

15.08.17

Felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a praticam

mpgpadre

1 – A solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu – verdade de fé confirmada pelo Papa Pio XII, a 1 de novembro de 1950, a partir da sensibilidade, do sensus fidei, do povo de Deus, que há muito considerava que Àquela que acolheu o Filho de Deus, gerando-O e dando-O ao mundo, sem nunca se desligar do filho, teria que estar onde está o filho, na eternidade do Pai, sem experimentar, nem no início (Imaculada Conceição) nem no fim (ressurreição, Assunção) a corrupção do corpo – celebra a certeza que Deus não desiste de nós e não nos quer perder nem no tempo nem na eternidade.

Jesus, o Filho bem-amado do Pai, é enxertado na história, para caminhar connosco e nos fazer caminhar com Ele.

Sem forçar, Deus conta connosco. Desafia Maria e espera a sua resposta. Ao responder ao chamamento de Deus, Maria torna possível um novo avanço na Aliança de Deus com o Seu povo. Já não mensageiros, já não à distância, mas na própria carne humana. Deus torna-Se, com propriedade, Emanuel, Deus connosco.

O Sim de Maria compromete-a e a nós também. É um SIM que se traduz em muitos sins, repetidos, atualizados, novos. A vida também é assim, quem diz sim, di-lo para cuidar, para proteger, para servir. Não se ama num sim que se esvai na memória, ama-se num sim que se renova em gestos, em palavras, em cuidado e ternura, e nas carícias do olhar e do sorriso, do beijo e do afago e do abraço. É essa a resposta de Jesus a uma mulher que o interpela – «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito»«Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».

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2 – A vida eterna inicia com a vida terrena. Não há quebras, ainda que haja novidade. A vida é gerada desde sempre para não se perder. Essa é a vontade de Deus e de quem ama. Quando se ama quere-se que perdure o amor, a pessoa amada e a ligação.

Jesus precede-nos como primícias (= primeiros frutos da terra). Ele ressuscita primeiro, depois nós. Em Maria, começa-se a cumprir a promessa. Ela é assumpta por Deus para sempre. Ela que nunca Se afastou de Jesus, é elevada para junto d'Ele na eternidade. Para nós, a postura constante de Jesus: alimentar-Se da vontade e da presença do Pai. Para nós, o exemplo de Maria, que em tudo procura enaltecer as maravilhas do Senhor, dando Jesus, apontando para Jesus: Fazei tudo aquilo que Ele vos disser. É feliz todo aquele que escutar a Palavra de Deus e a traduzir em vida, em serviço e amor. Inicia-se no tempo o que será na eternidade: a comunhão plena com Deus.

Rezemos para que Deus, que elevou «à glória do Céu em corpo e alma a Imaculada Virgem Maria» nos conceda «a graça de aspirarmos sempre às coisas do alto, para merecermos participar da sua glória».

Com os olhos fitos em Jesus e na Bem-aventurada Virgem Mãe, com os pés bem assentes neste chão e nesta terra, com o coração bem ligado aos outros, com as mãos livres para abençoar, para abraçar, para trabalhar, para levantar; para acolher (a bênção e os dons de Deus) e para partilhar (tudo quando recebemos de Deus como dom, para que se multipliquem na dádiva); com as mãos livres e estendidas para Deus, com as mãos abertas e libertas para os irmãos.


Textos para a Eucaristia (ano A):  Ap 11, 19a; 12, 1-6a. 10ab; Sl 44 (45); 1 Cor 15, 20-27; Lc 1, 39-5.
 

19.12.15

Bendita és entre as mulheres, bendito o fruto do teu ventre

mpgpadre

       1 – Pôr-se a caminho há de ser a atitude permanente dos discípulos de Jesus.

       Sair de si, ir ao encontro dos outros, estar em movimento, física mas sobretudo espiritualmente, sair do seu egoísmo para criar espaço para Jesus nascer e crescer, criar espaço para os outros, para os acolher, para os compreender, para os ajudar. Como o Bom Pastor que sai ao encontro das ovelhas desgarradas e perdidas. Assim a missão da Igreja. Assim o compromisso batismal de todos os cristãos.

       Se nos domingos anteriores, a figura que nos desafiava a sintonizar com o Messias anunciado, prometido e para breve no meio de nós, era João Batista, neste quarto domingo, Maria irrompe preenchendo o Evangelho e a Igreja e, mesmo sem falar, ensina-nos como proceder para bem acolhermos Jesus, levando-O aos outros.

       Depois da Anunciação do Anjo, Maria parte. Não parte de qualquer maneira. Parte com pressa. Com pressa para ajudar a Sua prima Santa Isabel, grávida e de idade avançada (para a época). Leva a Isabel a alegria do Evangelho que se gera no Seu ventre. Ela é a Arca da Nova Aliança, leva em Si a Nova Aliança que é Jesus. E isso é motivo de grande júbilo.

       A presença Maria é bênção e toda a bênção gera vida, gera alegria, gera paz.

       Isabel comunica-nos a ALEGRIA gerada pela proximidade de Maria e do Deus Menino: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».

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       2 – A escolha de Deus distancia-se de muitas das nossas escolhas. Escolhemos (muito mais) pelo aparente, o que nos soa bem, o que é agradável à vista e ao ouvido; a robustez; aquilo com que simpatizamos, os mais belos, mais fortes, mais bem apresentáveis. Perigo para o qual São Tiago alertava as primeiras comunidades cristãs.

       Deus escolhe o que é pequeno, pobre, último, insignificante. Não para excluir, mas para incluir. Se os pais tiverem vários filhos, procurarão dar atenção a todos, se os amam de verdade, mas irão ter mais cuidado com os mais frágeis, com os que estão fora, com os que atravessam uma fase complicada, com os mais novos. É uma dinâmica de compensação, de inclusão, de cura, de absorção. Ou seja, compensar quem está menos tempo, incluir quem está fora ou está afastado da mesa e da sala porque está doente; a cura que é potenciada pelo amor, pelo carinho, pelas carícias; absorver os gestos e as palavras de quem está pouco tempo, para continuar a desfrutar daqueles bons momentos, depois da partida.

       Deus escolhe o que passa despercebido para confundir os sábios (presunçosos) deste mundo. Chama para incluir, para nos fazer ver que para Ele todos contam, não há ninguém insignificante, pois todos são obra das Suas mãos.

       Eis o que diz o Senhor: «De ti, Belém-Efratá, pequena entre as cidades de Judá, de ti sairá aquele que há de reinar sobre Israel... Deus os abandonará até à altura em que der à luz aquela que há de ser mãe. Então voltará para os filhos de Israel o resto dos seus irmãos. Ele se levantará para apascentar o seu rebanho pelo poder do Senhor, pelo nome glorioso do Senhor, seu Deus. Viver-se-á em segurança, porque ele será exaltado até aos confins da terra. Ele será a paz».

       De Belém, a pequena cidade, surgirá o Rei - Bom Pastor, Ele será a paz. Vem para reunir, para ajuntar, para congregar numa só família. Não mais se sentirão abandonados quando Aquela Mulher der à luz Aquele que trará a paz e a segurança.

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       3 – Maria, a escolhida do Senhor, desde toda a eternidade, a Imaculada Conceição, nasce e cresce numa família o mais normal possível. N'Ela Se manifesta a grandeza de Deus. A eleita de Deus não tem privilégios, não nasce num palácio ou numa família reconhecível pelos seus feitos, riqueza ou pelo prestígio social, religioso ou político. É de uma família simples de Nazaré, cidade quase insignificante, em comparação, por exemplo, a Jerusalém, a cidade santa, a cidade de David.

       A Virgem de Nazaré reveste-se de esperança para nós. Não tem predicados que não estejam ao nosso alcance. Reunimos, com efeito, as mesmas condições para sermos chamados por Deus e para acolhermos em nós o Salvador de mundo. Ela ensina-nos a tornarmo-nos livres para amar, para acolher, para partir, para encontrar, para dar, para espalhar a alegria. Sem pompa nem vaidades vãs, sem arrogância nem prepotência. Simples. Parte. Corre. Onde é necessário ajudar é aí que é necessário ir e permanecer. Na visitação a Isabel, ou intercedendo pelos noivos de Canaã. Cada encontro é oportunidade para levar Deus e, com Deus, partilhar a alegria que não tem fim.

       Não segue com muitas coisas, que por certo atrasariam a viagem. Não leva um séquito de criados para se proteger e para carregarem as suas malas. É uma Mulher simples, do povo. Passa despercebida, como qualquer simples mortal. Provavelmente pediu ajuda a São José e a acompanhasse a casa de Isabel, uma cidade de Judá, Ain Karim, a 140 km de Nazaré. Deixa o que tem de deixar, por ora importa ajudar Isabel, depois pensará no Filho que carrega no Seu ventre.

       Não se faz rogada. Não precisa que lhe digam que pode ser prestável. Antes que Lhe peçam, já Ela está a ajudar e/ou a interceder. Já está a caminho. Pouco tempo teve para digerir a notícia que o Anjo Lhe deu. No Seu Sim, abre a humanidade à vinda da divindade, à vinda do Filho de Deus. Mas por ora não há tempo a perder. É necessário partir, é preciso ir, sair, correndo.

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       4 – A resposta de Maria, alimentada pela fé em Deus, pela confiança no Senhor, sintoniza-nos às maravilhas com que Deus manifesta o Seu amor por nós. A salvação não será primeiramente o que cada um de nós fizer, como conquista, ou usurpação. É de Deus a iniciativa, que Se dá, que Se entrega, que vem, que Se envolve com a humanidade. Precisa e quis precisar de nós. Em Maria encontra a humildade, a delicadeza, a abertura aos Seu planos salvíficos. Com o SIM de Maria, Deus inicia uma nova forma de Se relacionar connosco, vem em carne e osso, para ser Deus connosco, Um de nós. Já não distante. Nunca Juiz, mas Pai. Não de fora. Ou alheado do drama da história. É um Deus compassivo e misericordioso, cujas entranhas de Mãe e Pai se revoltam perante as trevas que nos impedem de ver os outros como irmãos.

       Deus não nos exige nada que não possamos fazer. E não exige menos que a nossa vida por inteiro. Maria responde com o que é, e predispõe a Sua vida para acolher Jesus e para O dar a todo o mundo. Será a mesma resposta de Jesus. Não Se Lhe exige sacrifícios, dando a entender que a salvação se conquistaria pelo mérito de cada um, mas entrega-Se a Deus com todo o Seu Corpo, a Sua vida por inteiro, fazendo com que a Sua vida espelhe a Misericórdia do Pai.

       A Epístola aos Hebreus fala-nos do Corpo de Cristo, como único e supremo sacrifício na obediência. «Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-Me um corpo. Não Te agradaram holocaustos nem imolações pelo pecado. Então Eu disse: ‘Eis-Me aqui; no livro sagrado está escrito a meu respeito: Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’». O culto que chegará com a vinda de Cristo, é o culto da obediência até à morte e morte de Cruz. Ele oferece-Se a Si mesmo, de uma vez para sempre. Não oferece sacrifícios, exteriores, mas oferece-Se, dando a Sua vida por inteiro. Mostra-nos que o único caminho que nos leva à eternidade passa pelo amor, pela compaixão, passa por acolhermos Deus, dando-nos uns aos outros. Já nem precisamos de dizer que a salvação é um dom que se acolhe partilhando, dando Deus aos outros!

 

       5 – No alto da Cruz, Jesus confia-nos Maria por Mãe, para que A acolhamos em nossa casa, para que sejamos Casa de Oração e de Misericórdia uns para os outros. Procuremos imitá-l'A no Sim sem reservas, confiando, entregando-nos a Deus, indo ao encontro de todos os familiares e amigos, para lhes levar e lhes confiar a Alegria que se gera em nós, como discípulos missionários.

       Peçamos ao Senhor ajuda, sabedoria, discernimento: «Infundi, Senhor, a vossa graça em nossas almas, para que nós, que pela anunciação do Anjo conhecemos a encarnação de Cristo, vosso Filho, pela sua paixão e morte na cruz alcancemos a glória da ressurreição».

       A salvação está próxima, pressente-se a alegria no ventre de Maria, que nos traz e nos dá Jesus, sabendo de antemão que um dia Ele, o mesmo Jesus, nos dará Maria por Mãe.

 

Pe. Manuel Gonçalves

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Textos para a Eucaristia (C): Miq 5, 1-4a; Sl 79 (80); Hebr 10, 5-10; Lc 1, 39-45.

31.05.15

Maria pôs-se a caminho...

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O anjo anuncia a Maria que Ela vai ser a Mãe do Filho do Altíssimo. A esta informação acrescenta outra: Isabel, a quem chamavam estéril, também vai ser mãe. Sem delongas, Maria faz-se à estrada e parte apressadamente para uma cidade da Judeia (Ain Karim, aproximadamente 140 Km), para auxiliar Isabel, no final da gravidez (cf. Lc 1, 39-56).

Parar é morrer. Expressão popular que escutámos amiúde.

Estamos em movimento constante. Até dentro de nós. Na sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco acentuava esta característica vocacional. Colocar-se à escuta e sair de si. “A vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão”.

Como não lembrar a Sua insistência numa Igreja em saída, sendo preferível uma Igreja acidentada por sair que uma Igreja doente por estar parada?!

A condição mesma do cristão é um exercício constante por sair de si, convertendo-se a Jesus, indo ao encontro dos outros para lhes levar o Evangelho. A Diocese de Lamego tem acentuado este compromisso missionário, respondendo ao desafio de Jesus Cristo, que chama para enviar. Com efeito, o Evangelho – bem visível em São Marcos – mostra-nos Jesus em movimento. Passa de uma a outra povoação. Jesus alerta os seus discípulos: é necessário que vamos a outros lugares. Parte de manhã cedo. Envia-os na frente enquanto se despede da multidão. Outras vezes, quando a multidão chega, já Ele partiu.

Maria dá-nos a mesma tonalidade. A acentuação de um aspeto não anula outros, como o tempo para acolher, para estar e servir, para ser casa e bênção para quem chega, descanso para Jesus e para os discípulos antes de novas andanças. Maria é a Mulher da escuta e do silêncio, da meditação e do serviço. A visitação é um exemplo. As Bodas de Caná, da mesma forma, mostram Maria a sair do escondimento e a intervir junto de Jesus. Um movimento duplo: em direção a Jesus/Deus e em direção aos outros. O serviço ao próximo decorre do encontro com Deus. Antes: faça-se em Mim segundo a Tua Palavra… Eles não têm vinho! Só depois: Fazei tudo o que Ele vos disser. 

Mais um aniversário das Aparições de Fátima. Acentua-se a dinâmica da peregrinação, a Fátima e de Fátima para o mundo, cuja Imagem peregrina percorre o país e o mundo. Em Maria, Deus sai e encontra-nos no mundo atual, renovando o apelo à conversão. Novamente nos envia a construir o Seu Reino.

 

Originalmente publicado na Voz de Lamego, 12 de maio de 2015

31.05.15

Maria pôs-se a caminho... 2

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Maria, Mulher simples, com olhar meigo, predisposta ao silêncio e à contemplação, humildemente à escuta obediente. Esta é a dimensão mais visível. Porém, também o serviço e a pressa em acorrer às necessidades dos outros.

Os evangelhos centram-se em Jesus e no mistério pascal. É na Páscoa que os discípulos se encontram verdadeiramente com Jesus, homem e Deus, descobrindo que as palavras do Mestre não foram discursos de circunstância, mas palavras de vida nova, que os compromete com os outros e os capacita para iniciar o caminho até à eternidade.

Os evangelhos são sobretudo relatos da Paixão de Jesus com introduções que contextualizam e explicitam o mistério de entrega de Jesus.

A Virgem Maria, São José, e outros intervenientes, aparecem sob a luz de Jesus. No entanto, pequenos gestos, algumas palavras, tornam percetível a postura desta ou daquela pessoa. Para percebermos Maria: anunciação; visitação; nascimento de Jesus; acolhimento dos Pastores e dos Magos; apresentação de Jesus; fuga para o Egito; perda e encontro do Menino em Jerusalém; Maria que ocorre para ver o que se passa com Jesus; Maria no caminho para a Cruz, e diante de Jesus crucificado, sendo-nos dada por Mãe; congregando em oração os discípulos, depois da morte de Jesus; presente nas aparições do Ressuscitado; figura incontornável na vida da Igreja, desde o início e ao longo da história. As aparições em Lourdes ou em Fátima insinuam a vontade de Deus estar bem perto de nós, através d’Ela.

Modelo de escuta da palavra de Deus. Modelo de serviço espontâneo, acorrendo, apressada, para a montanha, entre dificuldades do caminho e o perigo à espreita; discreta e solícita nas bodas de Caná; diligente e preocupada com Jesus; cheia de graça e esperança que nos sossega no Seu colo de Mãe no meio das intempéries da vida.

Focados no lema pastoral da Diocese, diríamos que em Maria, a própria família se revê e se encontra, desafiada a sair, a servir, a partilhar a alegria da fé. Cada membro sai do seu comodismo para servir os outros, dentro e fora do espaço familiar. A família não é e não pode ser a soma de egoísmos, mas a conjugação de esforços e compromissos, de participação e partilha, promovendo o melhor de cada um, a favor de todos, acolhendo a pessoa como um todo, com defeitos e virtudes, potenciando o crescimento de cada um, com uma dose q.b. de renúncia e serviço, procurando que o outro seja visível.

 

Originalmente publicado na Voz de Lamego, 19 de maio de 2015

31.05.15

Maria pôs-se a caminho… 3

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A vivência cristã das nossas comunidades paroquiais tem uma dinâmica claramente mariana.

O mês de maio é especialmente balizado pela devoção à Virgem Maria. É uma primavera que nos renova no compromisso de seguir e viver Jesus Cristo. As novenas, procissões, festas, solenidades, caminhadas de oração, jaculatórias, ladainhas, invocações para as diferentes situações da vida, projetam-se ao longo do ano, iniciando com a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e finalizando com a Festa da Sagrada Família.

A Virgem Santa Maria refulge como a Mãe de Jesus, Mãe de Deus. É Mãe, isto é, gerou uma nova vida. Ser Mãe é apontar na direção de outro(s), é Mãe em relação ao(s) filho(s). Jesus é a luz que enche toda a casa e toda a vida. É a bênção que nos faz olhar para além de nós e acolhê-l’O nos outros.

Aquela Mãe, como as nossas Mães, não se preocupa primeiramente com a sua vida, com a sua comodidade, mas TUDO em função do Filho. As mães expõem-se por causa dos filhos, pedem, intercedem, são eles a prioridade. Colocam-se em frente de todos para os proteger como a menina dos seus olhos. Não se envergonham de bater a diversas portas, de ouvir muitos “nãos”.

É por Jesus, é por nós, que Maria Se coloca diante de Deus a interceder, como naquele dia em Caná da Galileia. Aí se visualiza a sua missão. Compreende-se desde já a entrega que Jesus faz de nós a Maria, a partir da Cruz: eis aí os teus filhos! Cuida deles. E como no-l’A confia para que A acolhamos como Mãe, em nossas casas. Acolhê-l’A não tanto por Ela, mas sobretudo por nós, para que não nos falte a LUZ de Deus, para que não nos falte o aconchego seguro de uma Mãe que nos congrega em família.

Deus não deixará de escutar a prece d’Àquela a Quem confiou o Seu Filho e a Quem nos confiou como filhos.

Bem sabemos como são as nossas Mães. Bem sabemos como é Maria, Mãe nossa, Mãe da Igreja. “Minha Mãe não dorme enquanto eu não chegar”. Expressão duma canção popular que assimila a sensibilidade das Mães, a sua vigilância em relação aos filhos. Uma dimensão humana e materna que se expande para incluir outros filhos. Uma mulher-mãe tem um sentido apurado para perceber outros filhos que não os seus, e de os ajudar, ou de interceder: … eu também sou Mãe, eu compreendo, pois o meu filho também…

 

Originalmente publicado na Voz de Lamego, 26 de maio de 2015

30.05.13

Festa da Visitação de Nossa Senhora à Sua prima Isabel

mpgpadre

       1 – Chegamos ao final do mês de Maria, não com a consciência de dever cumprido, pois estamos sempre a caminho, e é a caminhar que que Deus nos encontra, mas como página que quisemos pintar com a oração, com o encontro, sintonizando-nos uns com os outros, em Jesus Cristo, sob o olhar e a intercessão de Maria santíssima.

      Trouxemos à oração mariana a nossa vida, como deve ser, com alegrias que nos motivam agradecimento, louvor, com preocupações que percorrem os nossos dias, tristezas e dúvidas, unimo-nos à Igreja, rezamos pelo mundo e pela paz, suplicamos pelos nossos familiares, sobretudo aqueles que no presente nos suscitam mais cuidados, e pelas pessoas que se encontram em situação mais frágil.

       Iniciámos o mês com a festa de São José operário, um homem justo, trabalhador, discreto, que toma a seu cargo a missão de ser a Casa de Maria e de Jesus. Belo testemunho de vida e de fé!

       A meio do mês, a celebração da festa de Nossa Senhora de Fátima, com a Procissão das Velas, que traz muitos corações ao Coração de Maria, e com o dia 13, a comemoração da primeira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, em Fátima, mostrando que o Céu está perto de nós, só precisamos de fazer o nosso caminho de conversão, oração, empenho.

       Peregrinamos também ao Sabroso, onde a história da fé erigiu um templo em honra de Maria, convidando a sair da nossa comodidade para nos darmos aos outros.

       E terminámos o mês com o belíssimo e significativo episódio da Visitação de Maria à Sua prima Santa Isabel.

       2 – A liturgia da palavra remete-nos para a confiança em Deus, nosso Salvador. Ainda que o mundo inteiro desmorone, Deus não nos abandona. Por maiores que sejam as nuvens, para lá da escuridão é possível que encontremos Deus a velar por nós: “Não temas, Sião, não desfaleçam as tuas mãos. O Senhor teu Deus está no meio de ti, como poderoso salvador. Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo, renova-te com o seu amor, exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa”.

       Por outro lado, a caridade como fruto da graça santificante de Deus. Diz-nos São Paulo: "Seja a vossa caridade sem fingimento. Detestai o mal e aderi ao bem. Amai-vos uns aos outros com amor fraterno; rivalizai uns com os outros na estima recíproca. Não sejais indolentes no zelo, mas fervorosos no espírito; dedicai-vos ao serviço do Senhor. Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração. Acudi com a vossa parte às necessidades dos cristãos; praticai generosamente a hospitalidade..."

       3 – No evangelho, o relato da Visitação:

“Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá… Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»… Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome”.

     São Lucas deixa-nos alguns dados precisos. Maria vai apressadamente para a Montanha. A pressa das palavras deve dar lugar à pressa da caridade. A rivalidade, como lembra São Paulo, seja no serviço, na atenção ao outro, na caridade.

       Encontro, no seio materno, de João Batista e de Jesus. Ambos gerados por ação de Deus, envolvidos no mistério divino, ainda que a missão e as circunstâncias sejam distintas. A alegria é uma característica fundamental no nosso encontro com Jesus Salvador. Como nos sentimos por nos sabermos salvos por Jesus? É diferente a nossa vida por termos Jesus na nossa vida?

        Papel preponderante de Maria na vida de Jesus, e futuramente na comunidade cristã. Ela é a eleita do Senhor, a cheia de Graça, escolhida para ser a Mãe do Filho do Altíssimo. É bem-aventurada porque acreditou em tudo o que o Senhor lhe comunicou. Isabel deixou-se contagiar com a PRESENÇA de Deus em Maria. E nós, cristãos, de que forma nos deixamos contagiar por Jesus, pela Sua palavra, pelos seus sacramentos, pelas pessoas que Ele coloca ao nosso lado?


Textos para a Eucaristia: Sof 3, 14-18; Rom 12, 9-16b; Lc 1, 39-56.

23.12.12

Bendita tu entre as mulheres, bendito o fruto do teu ventre

mpgpadre

       1 – Em vésperas de Natal, celebração festiva do nascimento de Jesus, a Palavra de Deus coloca-nos mais perto do grande milagre da Encarnação: Deus vem em Pessoa para o meio de nós.

       O profeta Miqueias diz-nos claramente que está para chegar o Messias e que virá como pastor para apascentar todo o Israel:

«De ti, Belém-Efratá, pequena entre as cidades de Judá, de ti sairá aquele que há de reinar sobre Israel... Ele se levantará para apascentar o seu rebanho… Viver-se-á em segurança, porque ele será exaltado até aos confins da terra. Ele será a paz».

       Miqueias antecipa o ambiente que chegará com o Seu pastoreio, com a Sua realeza: segurança e paz.

 

       2 – Da promessa visível em Miqueias avançamos para a oração que se faz súplica no Salmo: “Deus dos Exércitos, vinde de novo, olhai dos céus e vede, visitai esta vinha; protegei a cepa que a vossa mão direita plantou… Estendei a mão sobre o homem que escolhestes, sobre o filho do homem que para Vós criastes”.

       Apesar dos tempos adversos, o crente confia na benevolência de Deus. Foi Deus que criou, que plantou, que cuidou, que fortaleceu. A história da fragilidade gerou conflitos, afastamento, convulsões sociais, políticas e religiosas, dispersão.

       É possível voltar. O pedido a Deus é, sobretudo, um desafio aos membros do povo eleito. Deus planta, cuida, fortalece-nos. Como reagimos? Estamos disponíveis para O acolher, para O reconhecer nos irmãos, para O descobrir no nosso mundo?

       3 – São Lucas narra a Visitação de Maria a Isabel. Na anunciação Maria fica a saber que Isabel, apesar da idade avançada, foi abençoada por Deus e encontra-se grávida. Que fazer com esta informação? Eis a resposta:

“Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».

       Lucas deixa-nos dados importantes: pressa de Nossa Senhora em auxiliar Isabel. Há momentos em que as palavras devem imediatamente dar lugar a gestos concretos. Quantas situações em que temos toda a informação, mas não vamos além disso?!

       Encontro, no seio materno, de João Batista e de Jesus e a alegria como característica fundamental no encontro com Jesus. Como nos sentimos sabendo-nos salvos por Ele? É diferente a nossa vida por termos Jesus connosco?

       Papel preponderante de Maria na vida de Jesus, e futuramente na comunidade cristã. Ela é a eleita do Senhor, a cheia de Graça, escolhida para ser a Mãe do Filho do Altíssimo. É bem-aventurada porque acreditou em tudo o que o Senhor lhe comunicou. Isabel deixou-se contagiar com a presença de Deus em Maria. E nós, cristãos, de que forma nos deixamos contagiar por Jesus, pela Sua palavra, pelos seus sacramentos, pelas pessoas que Ele coloca ao nosso lado?

 

       4 – Com a chegada de Jesus Cristo, o culto antigo dá lugar a um culto novo, centrado na pessoa, no coração, nos sentimentos e afetos, na postura de cada um na inserção à comunidade crente.

“Ao entrar no mundo, Cristo disse: «Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas formaste-Me um corpo… Eis-Me aqui… Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade’»... aboliu o primeiro culto para estabelecer o segundo”.

       A Epístola aos Hebreus mostra desta forma a prevalência da pessoa sobre a lei. Jesus oferece-Se por nós e para nossa salvação. Maria, como víamos, intui esta prevalência. Exemplifica como fazer: pressa em servir.


Textos para a Eucaristia (ano C): Miq 5, 1-4a; Sl 79 (80); Hebr 10, 5-10; Lc 1, 39-45.

 

Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso bleogue CARITAS in VERITATE

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