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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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28.04.18

Eu Sou a videira, vós sós os ramos...

mpgpadre

1 – A cura é interior, ainda que o exterior a potencie. Na questão biológica, mas também afetiva, moral ou espiritual. Parafraseando Bento XVI no início do seu pontificado (24/04/2005), são muitos os desertos exteriores, mas maiores os interiores. São estes que, em definitivo, condicionam a vida das pessoas e do mundo.

Jesus Cristo dirá aos seus discípulos que o que contamina o homem é o que sai de dentro dele.

Com efeito, até mesmo as feridas expostas são curáveis a partir de dentro, pelo sangue, com a medicação adequada, quando muito a partir do exterior… Há pessoas que qualquer corte sara rapidamente e outras que demora muito tempo: é do sangue! É a resposta. A medicação visa fortalecer o sangue e os seus fluidos, para melhor reagir a bactérias, para elevar algumas das suas propriedades curativas!

Em algumas situações, temos que fazer transfusões de sangue, para repor rapidamente o sangue perdido, ou para o tornar saudável... Claro que o nosso organismo funciona como um todo, interagindo com todos os seus órgãos, desde a mais pequena célula até à complexidade do cérebro; mas para lá da biologia, o espírito, a humanidade, os afetos, o amor que nos mantém vivos!

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2 – «Eu Sou a videira, vós sós os ramos. Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer». Para a nossa região duriense, a vinha é um cenário quotidiano que embeleza a paisagem, mas também o ganha-pão de muitas famílias. No tempo da poda, cortam-se os ramos para que as uvas possam despontar e amadurar.

Belíssima imagem esta. A seiva circula por toda a videira, até às pontas, até à parra. Se a cepa secar, por qualquer razão, também os ramos. Aliás, pelas folhas se podem detetar maleitas da videira, podendo atacar-se o problema a tempo e horas.

A descrição de Jesus é muito real: «Eu Sou a verdadeira vide e Meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que está em mim e não dá fruto e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto». Somos podados pelo Senhor, pela Sua palavra e, sobretudo, pelo Seu amor. «Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei». Importa passar da imagem para a vida, procurando mantermo-nos perto Jesus Cristo, pois tal como os ramos não produzem se não estiverem ligados à vide, assim nós se não estivermos ligados a Jesus Cristo.

 

3 – Na sua primeira Carta, São João reforça a certeza que fé se entrelaça com o bem, com a justiça, com a verdade, com a prática das boas obras. «Não amemos com palavras e com a língua, mas com obras e em verdade».

O discipulado é firmado pelas obras. Sabemos qual a vontade de Deus: «A glória de meu Pai é que deis muito fruto». Dando muito fruto tornar-nos-emos discípulos de Jesus. Não passa (somente) pelos propósitos, passa (sobretudo) pelo compromisso com os outros, no mundo atual. Somos de Deus. Permaneceremos em Deus se praticarmos os Seus mandamentos! E qual o Seu mandamento? «Acreditar no nome do Seu Filho, Jesus Cristo, e amar-nos uns aos outros».


Textos para a Eucaristia (B): Atos 9, 26-31; Sl 21 (22);1 Jo 3, 18-24; Jo 15, 1-8.

 

30.09.17

Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós

mpgpadre

1 – Não há santos sem passado nem pecadores sem futuro (Papa Francisco). Deus não Se cansa de nos perdoar, nós é que nos cansamos de pedir perdão. O Papa coloca a ênfase na misericórdia de Deus que nos alcança, nos acaricia e nos eleva, perdoando-nos.

A conversão é permanente. Enquanto vivemos estamos a tempo de alterarmos a trajetória que nos afasta de Deus e dos outros.

Nos domingos precedentes víamos como a comunidade procurava acolher, na prática, os ensinamentos de Jesus acerca do perdão, não desistindo dos erráticos, dando-lhes segundas e terceiras oportunidades, procurando integrá-los, e como Pedro percebe que tem de perdoar muitas vezes, não até sete vezes, sempre, mas até setenta vezes sete, diz-lhe Jesus, até ao infinito.

O contexto aproxima-nos da morte de Jesus. Depois de ter entrado triunfalmente na cidade santa, aclamado por aqueles que O acompanham, Jesus "entra" em choque com as autoridades judaicas. No templo expulsa os que compravam e vendiam, gerando uma crescente onda de indignação.

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2 – As parábolas tornam acessível a mensagem de Jesus. Cabe-nos tirar as lições que nos ajudam a viver Jesus, a traduzir Jesus para a nossa vida, a testemunhar Jesus. Que pretende Jesus dizer-nos com esta parábola? Até que ponto é atual para nós?

Mais uma estória luminosa: «Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho, vai hoje trabalhar na vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo modo. Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?»

O próprio Jesus dá a resposta em outra parte do Evangelho: «Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor' entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu» (Mt 7, 21). As palavras valem o que valem. Para Deus valem tudo, pois o próprio Jesus é a Palavra de Deus dada ao mundo. Palavra de Deus encarnada! Também para nós as palavras devem contar.

Na parábola, o filho mais velho responde negativamente ao pai, mas acaba por refletir e por fazer o que o pai lhe tinha pedido. Cumpriu, ainda que tivesse hesitado. Há sempre tempo para arrependimento. Uma perna quebrada e emendada não é quebrada. Não adianta responder por responder, só para agradar, e depois não fazer. Os interlocutores ainda estão a tempo de se converter, de dar uma oportunidade à vontade de Deus e aos Seus desígnios de amor e salvação. É a provocação de Jesus: «Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus. João Baptista veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os publicanos e as mulheres de má vida acreditaram. E vós, que bem o vistes, não vos arrependestes, acreditando nele».

 

3 – A oração inicial da Eucaristia (coleta) ambienta-nos e sintoniza-nos com a liturgia da Palavra, como podemos ver neste domingo: «Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis, derramai sobre nós a vossa graça, para que, correndo prontamente para os bens prometidos, nos tornemos um dia participantes da felicidade celeste».

Constatamos que o poder de Deus está no perdão e suplicamos a Sua graça, para que possamos caminhar para a felicidade eterna.

Há espaço para o arrependimento e para a conversão, como o filho mais velho da parábola deste domingo, ou como o filho pródigo na parábola lucana do Pai misericordioso. Através do Profeta, Deus faz saber que se o ímpio, «abrir os seus olhos e renunciar às faltas que tiver cometido, há de viver e não morrerá». Em definitivo, Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva. A glória de Deus é o Homem vivo (Santo Ireneu).


Textos para a Eucaristia (ano A):  Ez 18, 25-28; Sl 24 (25); Filip 2, 1-11; Mt 21, 28-32.

23.09.17

Ide vós também para a minha vinha...

mpgpadre

1 – O reino de Deus, diz Jesus, pode comparar-se a um proprietário que sai muito cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha, ajustando com eles a respetiva remuneração. Hoje os trabalhadores necessários estão previamente contratados. Mas lá vai surgindo espaço para mais alguém, sobretudo se há mais uvas para apanhar ou se é necessário apressar a colheita.

Todos os trabalhos que estão ligados à terra dependem do trabalho humano e da natureza. Se chove em excesso ou em défice vem prejuízo, ou pelo menos não tanto lucro. Uma trovoada com granizo pode estragar o trabalho de um ano. Tanto trabalho e para nada! É uma fatia importante do ganha-pão de muitas pessoas!

Mt 20, 1-16.jpg

 2 – O Senhor da Vinha, o nosso Deus, toma a iniciativa. Vem à nossa procura, vem ao nosso encontro. Pelas praças e vielas, pelas aldeias e cidades. Em Jesus, sai do Seu conforto, do Seu mundo e mistura-Se connosco, vem para o nosso mundo.

No reino de Deus, a vinha do Senhor, há sempre lugar para mais um, há lugar para todos. Há trabalho para quem quiser trabalhar, para quem quiser comprometer-se, para quem quiser "vindimar", cortar uvas, recolhê-las, carregar baldes, descarregar tinas. Este "Senhor" sai várias vezes ao dia. Não desiste de nos procurar e nos rogar: «Ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo». A meio da manhã, ao meio dia, pelas três horas da tarde e ao cair da tarde. Vai encontrando pessoas e convoca-as: «Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?». Distração dos próprios ou incúria dos rogadores? «Ninguém nos contratou».

Como faz este nosso "Senhor" caber-nos-á fazer o mesmo. Sair, procurar, encontrar pessoas para a vinha do Senhor, lançar-lhes o convite. É preciso não nos cansarmos de ir, de chamar, de insistir. «Ide vós também para a minha vinha». Pode haver alguém que não escute! Pode haver quem prefira ficar encostado a preguiçar ou à espera que outros façam! Cabe-nos a nós, a mim e a ti, anunciar, envolver, desafiar. Esta missão faz parte da nossa condição de batizados.

 

3 – Deus não deixará sem recompensa nem sequer um copo de água dado em Seu nome. A garantia é dada aos jornaleiros: pagar-vos-ei o que é justo. Ao anoitecer, o capataz cumpre o mandato do dono da vinha e paga o salário aos trabalhadores a começar pelos últimos. Atualmente, o pagamento é feito no final da semana ou no final da vindima, isto quando os patrões não optam por pagar apenas quando recebem da venda das uvas! O trabalhador merece o seu salário e a demora pode fazer muita diferença para quem sobrevive com pouco.

A prontidão de Deus em pagar corresponde à insistência com que sai ao nosso encontro para nos contratar. E quanto nos paga? Quanto nos pagam os nossos pais por serem pais? Tudo! Nada menos do que tudo. Sempre. Eles acolhem-nos com alegria nos braços quando nascemos e estão sempre prontos para nos acolher, mesmo que pelo meio tenhamos sido ingratos, distraídos, distantes, mesmo que só tenhamos "trabalhado" quando o dia estava a findar.

Na nossa lógica muito humana, muito justa e generosa, o proceder do dono da vinha é injusto e, talvez quem sabe, maldoso. Os da última hora recebem o mesmo que os da primeira que trabalharam durante todo o dia, que sofreram a dureza do tempo e o calor!

O dono da vinha parece agir indiscriminadamente, favorecendo os preguiçosos, os desleixados, os que não se importam se têm trabalho ou não! Mas um Pai que ama como Mãe é assim. Não é falta de exigência, é excesso de amor. E o amor autêntico não é divisível, compartimentalizado, ou se ama ou não se ama, ainda que a confiança possa progredir. Não amo um pouquito (para não deixar abusar!) e depois já amo mais (para reconquistar!).

Ama com tudo, com todas as forças, com a vida toda.


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 55, 6-9; Sal 144 (145); Filip 1, 20c-24. 27a; Mt 20, 1-16a.

27.09.14

Filho, vai hoje trabalhar na vinha

mpgpadre

       1 – Deus chama. Chama-nos. Sempre. A todas as horas. Não desiste. Nunca desiste de nós. Não desiste de nos procurar. Procura-nos. Vem ao nosso encontro. Faz-Se um de nós. Assume-nos. Por inteiro. Como inteiro é o Seu amor por nós. Em Jesus Cristo, Deus entra na história. Torna-Se carne da nossa carne, osso dos nossos ossos.

       "Ele, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens".

       Poderíamos pensar que vinha apenas para os que O conheciam há mais tempo. Ou para um grupo de iluminados. Ou que viria para os puros, os sãos, os santos. Mas não. Não. Deus vem para todos. Primeiramente, Deus vem para os pequeninos, para os pecadores…

       A benevolência de Jesus só esbarra com a hipocrisia.

       A misericórdia de Jesus não enjeita ninguém. Encontramo-l’O junto de leprosos, coxos, cegos, publicanos, mulheres de má vida, pecadores públicos, estrangeiros, crianças, mulheres, viúvas, pobres… Não tem telefone. Nem caixa de correio. É aí que O encontramos, onde ninguém vai sem se incomodar. Podemos encontrá-l'O em nossa casa, no nosso coração. A condição social, económica, cultural, religiosa, não é entrave para Jesus. A prioridade de Jesus são os pobres. Na hora de cuidar, de prestar atenção, é com eles que Ele Se quer. E nós?

       2 – Segunda parábola de Jesus tendo como pano de fundo a vinha.

       Lá está a multidão. Na primeira fila, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo. Os que sabem mais. Os que (aparentemente) sabem tudo e que têm o poder em mãos: «Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho, vai hoje trabalhar na vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo modo. Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?». Prontamente Lhe respondem, convictos e resolutamente: «O primeiro».

       Cumpre a vontade do Pai não aquele que Lhe diz sim com os lábios, negando-O com a vida, mas todo aquele que, mesmo errando, procura corrigir o seu caminho, ajuda os outros, insiste no bem, na verdade, aproximando-se da justiça, é exigente consigo e tolerante com os outros, não se coloca acima, estende as mãos para os outros.

       Caso de haver dúvidas: «Em verdade vos digo: Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus».

       Lá voltamos nós! Não importa a origem, a condição social, ou até a religião, não importa a riqueza ou a pobreza, não importa se somos cidadãos nativos ou estrangeiros, homens ou mulheres, não importa como chegamos aqui. Então o que importa? Um coração disposto a segui-l'O. Eis que o Mestre está a chamar! Como Lhe respondemos? Tentamos cada dia sermos mais parecidos com Ele?

       3 – Seguir Jesus, implica, antes de mais, a identificação com Ele – "Para mim viver é Cristo". Jesus precede-nos, identificando-Se connosco. Ele que era de condição divina, fez-Se servo por nossa causa. Agora é tempo de nós nos identificarmos com Ele.

       Trabalhar na vinha do Senhor significa também, inevitavelmente, procurarmos a unidade, a comunhão com todos. Se estamos ligados a Cristo, teremos de estar ligados aos irmãos de Cristo, que nossos irmãos são. Como uma fiada de luzes em série, como nas luzes de Natal, falha uma, todas falham, ou falham daí para a frente.

       Escutemos atentamente o Apóstolo:

"Completai a minha alegria, tendo entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. Não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas, com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros. Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus".


Textos para a Eucaristia: Ez 18, 25-28; Sl 24 (25); Filip 2, 1-11; Mt 21, 28-32.

02.10.11

Senhor Deus, vinde de novo, visitai esta vinha!

mpgpadre

       1 – "Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois, arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe. Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos. Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram-no. Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros. E eles trataram-nos do mesmo modo. Por fim, mandou-lhes o seu próprio filho, dizendo: ‘Respeitarão o meu filho’. Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; matemo-lo e ficaremos com a sua herança’. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no".

       Pelo terceiro domingo consecutivo nos é apresentada uma parábola relacionada com a vinha. Jesus recorre a esta imagem para tornar mais visível o significado de Reino de Deus. É como uma vinha, cujo proprietário é o Senhor Deus, que planta, cuida, convoca trabalhadores para a vinha, e recompensa-os ao máximo.

        A parábola de hoje volta a ser muito absorvente. A vinha é cuidada, cercada com uma sebe para não sofrer ataques, ou a violência de quem passe perto. Tem uma torre, para assegurar vigilância e que as ameaças não se efectivem. Como o proprietário confia a vinha assim Deus nos confia o mundo. Cria e coloca em nossas mãos as ferramentas para que possamos cuidar-nos, cuidar uns aos outros e cuidar do mundo em que vivemos. Não é um trabalho passivo. Ele trata, toma a iniciativa, cria. Mas cabe-nos a nós fazer frutificar. Ele aposta em nós, confia. Não desiste. Envia o Seu próprio Filho, para connosco colher os frutos da justiça, da caridade e da concórdia.

 

        2 – Com efeito, a descrição de Isaías, na primeira Leitura, é inequívoca. Deus faz tudo, dá tudo pela humanidade, pela Sua vinha, que o profeta identifica com o povo eleito, insinuando a abertura para todos os povos.

       O Senhor cuidou até à exaustão da Sua vinha, da Casa de Israel. Enviou diversos mensageiros, alertou, ameaçou, deu sinais, ajudou a interpretar os sinais, através dos profetas. Mas muitas vezes os líderes, como o povo em geral, esqueceram os preceitos do Senhor, e ao invés de constituirem-se como povo, como família de Deus, esqueceram os Mandamentos do Senhor, foram-se distanciando uns dos outros, vivendo cada um por si e para si.

       "Que mais podia fazer à minha vinha que não tivesse feito? Quando eu esperava que viesse a dar uvas, porque é que apenas produziu agraços? Agora vos direi o que vou fazer à minha vinha: vou tirar-lhe a vedação e será devastada; vou demolir-lhe o muro e será espezinhada".

       Nas palavras de Isaías está um lamento que é também uma provocação. Não é uma ameaça para destruir, mas um aviso para corrigir.

 

       3 – A vinda de Deus até nós, em plenitude, na Encarnação, em Jesus Cristo, dá-nos a certeza de que Deus não nos abandona à nossa sorte, ainda que respeite a nossa liberdade e nos dê a possibilidade de dizer não. Ele está connosco, à distância da nossa vontade. Basta querer.

       A garantia da Revelação é evidente. Diz-nos São Paulo: "Não vos inquieteis com coisa alguma. Mas, em todas as circunstâncias, apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e acções de graças. E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus".

       Por conseguinte, não temamos os perigos e não noz refugiemos nas dificuldades, pois mesmo aí Deus está presente, mesmo no sofrimento é possível encontrarmo-nos com Ele.

       Com o salmista podemos então suplicar: "Deus dos Exércitos, vinde de novo, olhai dos céus e vede, visitai esta vinha. Protegei a cepa que a vossa mão direita plantou, o rebento que fortalecestes para Vós". Ele nos criou e n'Ele queremos encontrar-nos, a Ele confiamos a nossa vida.


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 5,1-7; Sl 79 (80); Filip 4,6-9; Mt 21,33-43.

 

29.07.10

As Escadas do Céu - Francisco Gouveia

mpgpadre
       Francisco Gouveia é naural de Pinheiros. Na Páscoa de 2006 fez-nos chegar duas obras da sua autoria: "Pietá" e "As escadas do Céu". É este último romance (Edição do Notícias da Beira, 1999) que agora recomendamos como leitura. Tem todos os ingredientes: hsitória portuguesa e duriense, intriga, tradições, usos e costumes, ódio e amor, trabalho e vingança.
       O grande cenário é o Douro, onde as montanhas foram esculpidas com a dedicação, com o suor, com o esforço, com o sangue, com a vida de muitos homens e de mulheres. Trabalho duro, para levar alguns tostões para casa e para o sustento da família. Quando a colheita era boa, todos ganhavam, quando era má, quem mais sofria eram os contratados, que passariam miséria com as suas famílias.
       Alfred Spencer e Mafalda, casados por interesses económicos, mas onde o amor venceu e germinou num fruto chamado Alice. Julião, o feitor que sucede ao pai, e Ana que se torna "aia" da patroa. II Guerra Mundial e Spencer a aventurar-se, quase no fim da guerra, a ir a Inglaterra, visitar a sua terra e as suas raízes, não voltará o mesmo. A desgraça que se abate sobre a quinta e sobre a casa. O sócio que só vê dinheiro e que quer casar o filho, pródigo de vícios, com a filha de Spencer, que entretanto fora dado como morto. Os amores de Alice com o filho do feitor, o Daniel. O casamento de Vítor com Alice, forçado, redunda em desgraça... A guerra no Ultramar e a mobilização dos jovens. de novo a desgraça se abate sobre a quinta... Virá depois a debandada dos que ainda têm força e esperança para França onde ganharão um futuro melhor.
       Em pano de fundo sempre o Douro, com descrições magníficas, que encantam quem nos visita.
       A pergunta de sempre: como foi possível construir com mãos humanas o que tinha sido moldado por Deus e como o homem acentuou a beleza plantada por Deus...

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