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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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03.04.17

Leituras: SUSAN SPENCER-WENDEL - ANTES DO ADEUS

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SUSAN SPENCER-WENDEL, com Bret Witter (2013). Antes do Adeus. Lisboa: Editora Pergaminho. 384 páginas.

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Susan Spencer-Wendel é uma mulher adulta, 44 anos, jornalista reconhecida, satisfeita da vida, casa, mãe de três filhos. A vida é uma correria. A mão esquerda começa a ficar paralisada e começam as interrogações, os médicos, os exames e a negação do que começa a ser óbvio: esclerose lateral amiotrófica (ELA). O diagnóstico é uma sentença de morte, pois é uma doença terminal, três a cinco anos de vida, não há cura nem forma de retardar o seu avanço.

Que fazer diante de uma notícia tremenda? A autora vai-nos dizendo. Uma fase de negação. Mas chega o momento que não há como fugir à inevitabilidade da doença. O corpo começa a deixar de funcionar, os comandos (cerebrais) não são correspondidos. Há consciência, mas o músculos vão atrofiando e deixando de obedecer e de funcionar. Até articular palavras se torna uma luta gigantesca.

É conhecida a expressão de Tolstoi: as famílias são iguais, as famílias tristes sofrem cada uma à sua maneira. Susan opta por viver e viver feliz, procurando criar memórias para os filhos, para o marido e para os amigos.

O seguro de vida permite-lhe pagar a hipoteca da casa, viajar como sempre gostou de fazer, com a melhor amiga, Nancy, (para ver a aurora boreal), com o marido, numa espécie de segunda lua de mel, ir com a filha, de 14 anos, a Nova Iorque e vê-la provar um vestido de noiva, pois já não estará por cá quando ela casar, vai proporcionando aos filhos os seus pedidos.

Entretanto decide escrever, enquanto é possível. Chega um momento que escreve apenas com um dedo num iphone, mas escreve, dedicando tempo. É um legado para os filhos, para o marido, para a famílias, para os amigos. Não se revolta. Procura viver cada momento, numa atitude zen, aceitando o que tem que ser, o que não está ao seu alcance modificar. Claro que sofre, chora, por ver o mundo avançar, os filhos a crescerem, certa que não estará cá para os ver crescer, querer fazer as coisas e não poder, a dependência de todos e em tudo. Chora. Mas não perde tempo a lamentar-se.

Adotada, procura as suas raizes, para apaziguar o seu passado e ligar-se, ao marido e aos filhos, à família biológica, nomeadamente à sua ascendência grega.

"Antes do Adeus tem momentos profundamente tristes - trata-se, afinal, de uma despedida -, mas sem um traço de amargura ou de raiva. Em cada página, sente-se otimismo, a alegria de viver e o sentido de humor de uma mulher grata pela vida. Um livro sobre a morte, mas cheio de vida. Um livro que nos recorda que temos sempre a opção de sorrir. E que, como ensina a autora, «cada dia é melhor se for vivido com alegria»" (contracapa).

Outro dos aspetos bem vincados ao longo de todo o livro, é a sua fé em Deus. Os pais (adotivos) são batistas, a autora nem por isso, mas acredita em Deus, acredita que se irá encontrar com o Pai biológico já falecido. E que o fim não será definitivo.

"Acenda uma vela em vez de amaldiçoar a escuridão".

"Acredito em Deus. Acredito em forças que nos transcendem de prodígios que escapam ao entendimento humano".

"Tomei a resolução de escrever sobre a força e não sobre a doença, sobre a alegria e não sobre o desespero".

"As minhas capacidades vão-se desprendendo do meu ser como uma medalha se desprende de um fio".
"Desde o diagnóstico, os estados depressivos tornaram-se menos frequentes. Desde que aceitei a minha condição, a angústia aproxima-se de mim ao de leve, como uma borboleta, e poisa silenciosamente como as borboletas poisam nas plantas à volta da cabana. Observo os seus rodopios, admiro a sua complexidade, sinto o seu peso por um breve instante, e depois... passa! Esa tristeza tem uma beleza intrínseca que me faz sentir sempre viva, e isso ainda me interessa, ainda é importante para mim".
"Regozija-te com o que tens e com a forma como as coisas são. Quando te deres conta de que não há nada em falta, o mundo inteiro será teu".
"Removendo a necessidade, removo também o sofrimento".
"Há que aceitar a vida conforme ela se desenrola. É importante que sonhemos e nos esforcemos por alcançar os nossos sonhos, mas também há que aceitar. Não faz sentido forçarmos o mundo a ser aquele que sonhámos. A realidade é muito melhor que isso".
"Não faz qualquer sentido ansiar por algo inalcançável, pois esse é o caminho direto para a loucura".
"Procurem-me nos vossos corações, meus filhos. Sintam-me aí e sorriam... procurem-me nos ocasos... sei que o meu fim está próximo, mas não desespero".
 
A autora terá morrido em 4 de junho de 2014.
(Informações colhidas na Internet)
 

18.08.16

VL – Etty Hillesum - a oração enraíza-nos em Deus

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       Parafraseando Ortega Y Gasset, a pessoa é com as suas circunstâncias. Certamente. Tudo o que nos rodeia nos influencia. Tempo. As pessoas. As situações luminosas ou obscuras. Até a forma de acordar, ou a roupa que se veste, o descanso ou a falta dele. Uma palavra, um sorriso, a presença de alguém que estimamos, podem alterar positiva ou negativamente o nosso dia.
       Porém, o essencial é a atitude com que encaro a vida, as pessoas, os acontecimentos do tempo presente. Mudamos conforme as circunstâncias ou procuramos que as circunstâncias, ainda que contem, não definam, em definitivo, a nossa personalidade?
       Hillesum sabe que, mais dia, menos dia, será levada para o campo de extermínio, como outros judeus, para ser morta. Desabafa confiante: “Estamos em casa. Estamos em casa sob céu. Estamos em casa em qualquer lugar, se trouxermos tudo dentro de nós. Muitas vezes me tenho sentido, e ainda sinto, como um navio que transporta a bordo uma carga preciosa: os cabos são cortados e agora o navio parte, livre para navegar por toda a parte. Temos de ser a nossa própria pátria”.
        E quando não restar mais nada?
        “Quando a borrasca for demasiado forte, e eu já não souber como escapar, restar-me-ão sempre duas mãos juntas e um joelho dobrado. É um gesto que a nós, judeus, não foi transmitido de geração em geração. Tive de aprendê-lo a custo… Como é estranha a minha história – a história de uma rapariga que não se sabia ajoelhar. Ou, com uma variante: da rapariga que aprendeu a rezar. É o meu gesto mais íntimo”.
       A oração é a casa de Etty Hillesum. Onde se encontra e onde encontra Deus. “De repente, compreendi como uma pessoa, com o rosto escondido atrás das mãos juntas, pode deixar-se cair violentamente de joelhos e depois ter paz… Devo tornar-me mais simples, deixar-me viver um pouco mais. Agora sei qual a minha cura: acocorar-me a um canto e escutar aquilo que tenho dentro de mim própria”.
       E se o mundo conhecido desaparecer?
       “Falarei contigo, meu Deus. Posso? Como as pessoas vão desaparecendo, não me resta outra coisa senão o desejo de falar contigo. Amo assim tanto os outros porque em cada um deles amo o pedacinho de Ti, meu Deus. Procuro-Te em todos os homens e, frequentemente, encontro neles alguma coisa de Ti. E procuro desenterrar-Te do seu coração, meu Deus”.
 
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4373, de 26 de julho de 2016

18.08.16

VL – Enraizados em Deus, para ver além do mal

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       No dia 13 de fevereiro de 2013, Quarta-feira de Cinzas, dois dias depois de anunciar a renúncia ao pontificado, Bento XVI apresentava figuras cujas conversões são testemunho e interpelação. Uma dessas figuras proposta é “Etty Hillesum, uma jovem holandesa de origem judaica, que morrerá em Auschwitz. Inicialmente distante de Deus, descobre-o olhando em profundidade dentro de si mesma e escreve: «Dentro de mim existe um poço muito profundo. E naquele poço está Deus. Às vezes consigo alcançá-lo, mas na maioria das vezes está coberto por pedras e areia: então Deus está sepultado. É necessário que eu o volte a desenterrar» (Diário, 97). Na sua vida dispersa e inquieta, ela encontra Deus precisamente no meio da grande tragédia de Novecentos, o Shoah. Esta jovem frágil e insatisfeita, transfigurada pela fé, transforma-se numa mulher cheia de amor e de paz interior, capaz de afirmar: «Vivo constantemente em intimidade com Deus»”.
       Diante de tanto mal, poderia advir o desânimo. E se nos lembrarmos do extermínio de milhares de judeus, sob o império do mal perpetrado por Hitler e o nazismo, não será fácil sobreviver ao desencanto e a uma resignação destrutiva. Todavia, Etty Hillesum recorda que nenhum mal pode eliminar completamente o bem. O mal não tem futuro. O bem tem futuro. O mal, pela sua extensão, pode amedrontar-nos. Mas não é definitivo.
       Também o tempo atual parece sombrio: a crise económico-financeira, o Brexit, a crise dos refugiados, os atentados terroristas, a violência gratuita, xenófoba, racista, a falta de emprego e a insegurança quanto ao futuro, parecem destruir o sonho de um mundo seguro e onde todos se reconheçam como irmãos.
       Etty Hillesum desafia-nos a enraizar a vida em Deus, enfrentando assim a dor e o sofrimento. “É verdade que de vez em quando podemos estar tristes e abatidos por aquilo que nos fazem, é humano e compreensível. A vida é difícil, mas não é grave… Uma paz futura só o poderá ser verdadeiramente se antes tiver sido encontrada por cada um dentro de si próprio – se cada homem se tiver libertado do ódio contra o próximo de qualquer raça ou povo, se tiver superado esse ódio e o tiver transformado em algo diferente, talvez a longo prazo, em amor… É a única solução possível. Esse pedacinho de eternidade que trazemos dentro de nós… Meu Deus, ainda não se dão conta de que todas as coisas que existem são areias movediças, a não ser Tu”.
       Quanto mais em Deus, mais disponíveis para os outros.
 
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4370, de 5 de julho de 2016

11.09.15

Leituras: SOFIA LISBOA - NUNCA DESISTAS DE VIVER

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SOFIA LISBOA, com Natália Heleno Pereira (2014). Nunca Desistas de Viver. Alfragide: Lua de Papel. 208 páginas.

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        Sofia Lisboa era a vocalista dos Silence 4, banda cujo sucesso ainda lhes é reconhecido. Depois da banda terminar, tornou-se professora de fitness. Casou, engravidou, tinha tudo para ter a vida que sempre sonhou. Nova, bonita, realizada profissionalmente, com amigos. Mas eis que o telefonema lhe corta a vida em duas metades (antes e depois do telefonema): leucemia (um tipo dos mais graves). Tinha sobre si a sentença da morte.

      A pessoa que passa por uma grave doença, por um cancro, reage à sua maneira. Parafraseando Tolstoi,  as famílias felizes são iguais, as famílias tristes são originais, pois cada uma sofre à sua maneira, única, especial, irrepetível. Também as pessoas a quem a doença e/ou o sofrimento profundo bate à porta. Não há duas doentes iguais, ainda que a doença seja a mesma. A pessoa, com a sua predisposição, a sua educação, o seu otimismo ou o seu pessimismo, a família e os amigos que têm ou não tem. Tudo é diferente. Refira-se que quando a doença chega não leva em linha de conta se a pessoa é pobre ou rica, feliz ou infeliz, se é feia ou bonita, magra ou mais forte.

       Sofia Lisboa passou por diversas fases. Por momentos de esperança e otimismo, por momentos de tristeza e decepção. Não lhe faltaram os amigos. A família. O marido que a acompanhou intensamente durante o período mais difícil (viriam a separar-se, tão grande foi o desgaste da doença). Logo no início, a perda do bebé, consequência inevitável para iniciar os tratamentos. Foi a primeira grande perda, e com essa perda também a impossibilidade de ser novamente mãe (biológica).

       Vieram os tratamentos. Durante vários meses. Encontrou pelo caminho profissionais que eram amigos e competentes, mas também profissionais indispostos com a vida. A irmã deu-lhe uma segunda vida, já que a medula era compatível. O transplante trouxe a esperança, mas o combate ainda estava longe de ser bem sucedido, física e mentalmente. Para que o próprio organismo aceitasse a medula da irmã, foi submetida a intensos tratamentos, nomeadamente cortisona. Chegou um momento que dependia em tudo dos outros. Aumentou de peso, tinha pelos pelo corpo inteiro, usava fralda, não se podia levantar. Havia dias que o desejo era "partir", não fosse o peso que colocaria na família e nos amigos. Tinha perdido tudo: a beleza, a vida (de outrora), o filho, o marido...

       A família e os amigos fizeram-lhe "ver" que havia que viver não em função da vida anterior mas da que está pela frente. Como ela, como todos, é sempre mais fácil falar.

       Com a recuperação, também a possibilidade de fazer novas coisas, de começar a sair, ainda que com muitos cuidados. Outro dos propósitos era juntar o grupo Silence 4. A David Fonseca, o "razito" que teve o sonho de formar uma banda, apostada no som acústico e em duas vozes, uma masculina e outra feminina, pediu que voltasse a reunir o grupo. Se sobrevivesse então estaria lá para agradecer, cantar, vibrar, se morresse seria uma espécie de tributo e eternização. Uma parte da receita, como veio a acontecer, seria para a Liga Portuguesa contra o Cancro.

        Outro dos propósitos era escrever um livro sobre esta travessia, de forma a ajudar outros a enfrentar a doença com valentia, em lógica de "podemos ser derrotadas mas não desistentes", pois nem tudo depende de nós.

       O livro que ora propomos é precisamente este testemunho eloquente, este desafio, apesar de todas as dificuldades e do sofrimento atroz, é possível não desistir de viver.

 

Outras LEITURAS anteriormente recomendadas, que enfrentaram o cancro, sob diversas manifestações e com finais diferentes: (Manuel Forjaz, José Maria Cabral e Corbella faleceram pouco tempo depois dos emocionadas testemunhos)

 
  1. MANUEL FORJAZ: Não te distraias da vida
  2. Manuel Forjaz e JAC: 28 minutos e 7 segundos de vida
  3. José Maria Cabral: O desafio da Normalidade
  4. Fernanda Serrano: Também há finais felizes
  5. Chiara Corbella Petrillo: nascemos e jamais morremos

13.08.15

Chiara Corbella Petrillo: nascemos e jamais morreremos

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Simone Triosi e Cristiana Paccini (2014). NASCEMOS E JAMAIS MORREREMOS. Vida de Chiara Corbella Petrillo. Braga: Editorial A.O., 168 páginas.

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        Chiara viveu. Casou. Foi mãe de uma filha que morreu 30 minutos depois de ter nascido, foi mãe de um menino que morreu 37 minutos depois de ter nascido. Viu-os nascer para o Céu. Foi mãe do Francesco (Francisco), atrasando a intervenção médica, num carcinoma que se manifestou numa afta, na língua, mas optou por criar todas as condições para que o filho pudesse viver sem correr grandes riscos.

       Viveu com alegria cada momento. O namoro com Enrico Petrillo foi como qualquer namoro, com avanços e recuos, e discussões e separações. Como confessam mais tarde, Deus preparava-os para algo maior.

       Depois de experiências intensas de fé, de oração, de encontro, de reflexão, entregam-se nas mãos de Deus e contraem matrimónio. Em 2008. Em 2009, pouco mais de um ano depois, nasce a primeira filha. Os diagnósticos cedo revelam que Maria Grazia Letizia não tem cérebro. Alguns médicos aconselham o aborto dizendo que logo morrerá ao nascer. Chiara e o marido decidem que ela há de viver, mesmo que sejam alguns minutos. Nasce, é batizada, e, como sublinham, vai para junto de Deus. A anencefalia é um caso muito raro.

       Passado o tempo necessário, para o corpo de Chiara recuperar da gravidez, decidem que não divudam de Deus e que estão disponíveis para gerar uma nova filha. Depois do primeiro caso de anencefalia os riscos são maiores. Fazem todos os exames que lhes sugerem. Nova gravidez, de Davide Giovanni. As primeiras ecografias correm bem. Na terceira, o diagnóstico revela que lhe falta uma perna e na outra tem apenas um pequeno toco. "Para onde nos estás a levar?" Enrico queria ter filhos biológicos mas também ser responsável por uma casa de acolhimento de crianças com deficiência. Desta vez os médicos já nem colocam a pergunta sobre a possibilidade de aborto. O casal preparar-se para acolher o Davide.

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       Quarta ecografia, ao Davide faltam também os rins e, por isso, também os pulmões não se poderão desenvolver o suficiente para respirar. Malformações múltiplas na pélvis (bexiga e rins), mostram por antecipação que também este menino viverá apenas alguns minutos. Chiara e Enrico celebram a vida do segundo filho, batizando-o logo depois de nascer para logo nascer para o céu.

       Uma situação não tem a ver com a outra. A situação do segundo filho nem tem nome tal é a raridade com que sucede.

       Recebem alguns conselhos "desinteressados" para não arriscarem nova gravidez. Mas de novo confiam em Deus. E passado pouco tempo, Chiara encontra-se grávida do terceiro filho. Pouco tempo antes da gravidez descobre uma afta na língua a que não liga, mas como vai piorando começa a consultar o dentista, o dermatologista, o otorrinolaringologista. O Francesco continua a crescer dentro da sua mãe.

       As biopsias revelam que é um carcinoma. A primeira intervenção com anestesia local, para não criar dificuldades ao menino, corre bem. Mas quanto antes deverá fazer nova intervenção, quimioterapia ou radioterapia. Os sintomas revelam que tem de ser intervencionada o quanto antes, o que implica um parto prematuro com inerentes perigos para o Davide. mas também aqui a opção é dar todas as garantias, humanamente possíveis, para que o filho possa nascer sem correr mais que os riscos normais.

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        Para Chiara no entanto já era muito tarde. O "dragão" espalha-se muito rapidamente. Percebem que os tratamentos já adiantam, pelo que importa viver o tempo que resta com alegria, com intensidade, com fé. Chiara e Enrico dão uma testemunho de tal forma confiante que juntam cada vez mais pessoas para rezarem com eles e partilharem a sua vida de fé esclarecida e de confiança em Deus.  

        Chiara morre a 13 de junho de 2012, com 28 anos de idade, com um testemunho de luz e de fé, de vida e de intensidade, de entrega a Deus, de testemunho. Deu tudo o que tinha por amor, a Deus, ao marido, aos filhos.

       Este livro é uma leitura impressionante, comovente, também um tributo do casal amigo que o escreveu. As vidas são todas diferentes, mas o amor de Deus é imenso para cada um de nós. Chega um tempo que a única esperança é CONFIAR em Deus e em tudo aquilo que Ele tem para nos dar. Até ao fim não deixa de rezar (sobretudo pelos outros), de agradecer, de cantar, de tocar violino...

28.11.13

LEITURAS: Gabriel Magalhães - Espelho meu

mpgpadre

GABRIEL MAGALHÃES. Espelho meu. A leitura diária do Evangelho pode mudar a vida. Paulinas Editora. Prior Velho 2013. 128 páginas.

       Mais um título da coleção "Poéticas do viver crente", coordenada pelo Pe. Tolentino Mendonça.

É um testemunho contado na primeira pessoa. O autor partilha a sua experiência de fé, mostrando como a leitura diária do Evangelho, ainda que um pequeno trecho, pode revolucionar a vida cristã e o compromisso com os outros. Também aqui há conversão e vida nova. O Evangelho, como a participação na Missa, pode passar quase indiferente. Faz parte da tradição. Escuta-se mas sem entrar, sem fazer mossa.

       O autor, como refere, pertence à geração daqueles que  achavam que a Igreja e o cristianismo pertenciam à menoridade, como que paralisando o desenvolvimento lúcido do pensamento e da vida. Aos 24 anos, mais ou menos, revolveu ter o Novo Testamento e lê-lo a partir da sua "perspectiva arrogante", sobretudo como forma de aumentar a cultura geral, já que não passaria disso. Mas a leitura revolucionou a sua vida e a forma de ver o Evangelho, como enriquecimento, como descoberta, como encontro. "Aquele livro era a vida, e a vida era aquele livro... Os Evangelho criam com a realidade uma relação de total fraternidade: de comunhão e de identidade... Os Evangelho são capazes desta transparência por causa da presença de Jesus. Ele é o cristal de amor, através do qual a verdade passa. O que há de mais absoluto nestes textos sagrados são as palavras de Jesus".

       Leitura partilhada do Evangelho. Momentos da vida de Jesus nos quais podemos rever-nos e encontrar-nos.

       Esta é uma reflexão muito interessante. Transparece a vivência quotidiana. Não são palavras de um erudito ou do professor universitário, mas as palavras de um crente cristão que se deixou transformar pelas palavras de Jesus e nos contagia com o seu testemunho. Claramente, a fé não obscurece a vida, pelo contrário e apesar das dificuldades que a todos afetam a fé ilumina, aponta mais para além, justifica e dá sentido à existência.

29.01.13

Escola da Fé - ORAÇÃO/TAIZÉ - SDPJ de Lamego

mpgpadre

        Com anunciado, no passado dia 25 de janeiro, a ESCOLA da FÉ abriu as portas para mais um momento de oração, ao estilo de Taizé, pela mão do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Lamego (SDPJ Lamego). Procurando responder a uma das proposta do nosso Bispo, D. António Couto, a Escola da Fé pretende ser uma espaço formativo, aberto a todos, oportunidade para jovens e adultos aprofundarem as razões da sua fé, ocasião para testemunhar a fé e para rezar.

        Este encontro foi mais orientado para a oração e reflexão, com cânticos em várias línguas, com adoração à santa Cruz...

        Além das pessoas de Tabuaço, a presença de jovens que acompanharam o Pe. Manuel João, e o Pe. Ricardo Barroco.

        Eis algumas das imagens, antes do início da oração.

11.02.12

42. Se quiserdes que os vossos filhos comam sopa, comei vós primeiro.

mpgpadre

Se quiserdes que os vossos filhos comam sopa, comei vós primeiro.

Dai conselhos, mas dai sobretudo exemplo.
O nosso tempo precisa não tanto de mestres, mas de testemunhas, ou de mestres que sejam testemunhos, como propunha o Papa Paulo VI.
Mostra-me a tua fé sem obras, que eu pelas obras te mostrarei a minha fé. A fé sem obras é morta (São Tiago).

Obviamente ninguém discute a importância das palavras para a comunicação entre pessoas e entre povos. Mais do que palavras, a linguagem que nos aproxima (ou nos distancia) dos outros. A linguagem humana é bem mais rica do que as palavras, a linguagem corporal, a linguagem do amor - esta é a linguagem mais sublime, mais percetível, comum a todas as civilizações.

As palavras acompanham os gestos. Há gestos que falam por si mesmos e há gestos que são tornados explícitos pelas palavras, ou pela expressividade da linguagem humana.

O Papa Paulo VI, secundado por João Paulo II, por Bento XVI e por muito boa gente, que as palavras movem, mas os testemunhos arrastam. O nosso tempo tem necessidade de mestres, mas sobretudo tem necessidade de testemunhos, ou mestres que sejam testemunhos vivos, e que ilustrem com a vida o que propõem com palavras e ensinamentos.

Lembrava hoje, no Seminário Menor de Resende, na festa da Padroeira - Nossa Senhora de Lurdes -, o nosso Bispo, D. António Couto, que os que mais transformaram a sociedade, o mundo, foram os santos.

O primeiro exemplo que apresentamos é muito sugestivo. Claro, como em todos os exemplos, há exceções e podem desviar a atenção da mensagem. Vejamos: a sopa faz parte da dieta portuguesa, e é considerada essencial para a saúde. Assim, os pais habituam/obrigam os filhos a comer a sopa até mesmo contra vontade sabendo que lhes faz bem. Mas não a comem... já crescemos, já não precisamos... e há filhos que fazem um sacrifício do outro mundo e, a acrescentar a isso, vão percebendo que o que lhes dão não serve para os pais, e nem tampouco para o filhos mais velhos se eles existem. E veja-se como as mães e os pais, quando estão a alimentar os filhos e eles se recusam a comer, o que fazem?, metem uma colherada à própria boca, expressando grande satisfação. E o que é certo, muitas vezes resulta. Claro que há pais que não comem e não gostam de sopa, e filhos que quase só querem a sopa; e há pais que gostam muito de sopa, e não a dispensam, e filhos que só à força conseguem engolir algumas colheradas.

Deixemos o exemplo e voltemo-nos para a vida. Os exemplos arrastam, são mais ilustrativos, percebemo-los melhor e mais facilmente, são mais eloquentes, envolvem-nos, guiam-nos. Somos miméticos. Desde cedo imitamos sobretudo o que vemos, os gestos, o timbre a voz - como é fácil confundir dois irmãos, ou pai e filho ou mãe e filha, quando os ouvimos ao telefone. Facilmente confundimos. O timbre e a inflexão da voz são muitos próximos. Ah, e como os filhos ou os mais novos, facilmente aprende às palavras dos pais, dos mais velhos, mesmo aquelas palavras e expressões que não eram para aprender...

Sabendo das nossas fragilidades, não cessemos de procurar a coerência de vida, o caminho da santidade, aspirando à perfeição, passando progressivamente do possível ao ideal, pelo menos, ao alcançável. Ilustremos as nossas palavras e os nossos ensinamentos, com a nossa vida, com as nossas vivências. Numa aula de Educação Física, o professor procura mostrar como se faz um exercício novo, mas antes de pôr os alunos a realizá-lo faz ele, ou pede a um aluno mais "flexível" para fazer o exercício e assim mais facilmente se ensina, ilustrando... fazendo primeiro, vivendo...

É assim que Jesus ensina os seus discípulos. Vão e veem, escutam, olham, caminham com Ele, acompanham-n'O, observam os seus gestos, a sua postura. Por sua vez, Jesus ensina com autoridade, exemplificando com o acolhimento, compreensão, perdão, amor, cura, chamamento, envio...
Somos discípulos... até ao fim dos nossos dias... estamos sempre a aprender, e a errar, e a caminhar... mas lembremo-nos que no nosso relacionamento com os demais o essencial não é comunicar mensagens, mas comunicarmo-nos,...

29.03.11

Shahbaz Bhatti - mártir cristão deste mês

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       "Shahbaz Bhatti (9 Setembro 1968 – 2 Março 2011) foi um político paquistanês e membro eleito da Assembleia Nacional desde 2008. Foi o primeiro Ministro Federal para as Minorias até ao seu assassinato em 2 de Março de 2011 em Islamabas.
       Bhatti, era Católico e um destemido crítico da lei da blasfémia em vigor no Paquistão e o único cristão no gabinete ministerial
       Tehrik-i-Taliban do Paquistão reclamaram responsabilidade pelo assassinato e acusaram de blasfémia conta Maomé"
Para ler o texto clique sobre a palavra Fullscreen:

Fonte: O POVO.

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