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16.11.15

Leitura: SONALI DERANIYAGALA - Vida Desfeita

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SONALI DERANIYAGALA (2015). Vida Desfeita. Braga: Nascente. 240 páginas.

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Na manhã do dia 26 de dezembro de 2004, um violento TSUNAMI com uma abalo de 9,3 na escala de Richter, ao largo da ilha Sumatra, na Indonésia, gerando três ondas gigantes pelo sudeste asiático. O fenómeno resultou da fricção das placas tectónicas indo-australiana e euroasiática, gerando energia equivalente à explosão de milhares de bombas atómicas. Sentiu-se em África, mas com maior incidência na Ásia do Sul. Países afetados: Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia, Malásia, Maldivas e Bangladesh.

 

230 mil mortos e desaparecidos. Na Indonésia, 166 mil mortos. No Sri Lanka 40 mil pessoas perderam a vida; na Índia, 18 mil, e a Tailândia 8 mil.

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(Marido e filhos)

Aqui começa este Livro autobiográfico de Sonali Deraniyagala. Uma ONDA (título original) aproxima-se. A amiga, com quem estava a conversar, Orlantha, vislumbrou a aproximação do mar. Estranho. A espuma cada vez mais perto transforma-se em ondas. Castanhas e cinzentas. O mar cada vez mais perto. Rapidamente saem, ela, a amiga, o marido, os dois filhos. Para trás ficam os pais de Sonali. Um jipe dá-lhes boleia. O jipe avança mas a água também, a água começa a estar dentro do jipe, subindo, acabando por capotar. Sonali sente uma aperto, uma forte dor no peito, não vê ninguém, nem a amiga, nem o marido, nem os filhos, parece um sonho. "O meu corpo  estava enrolado e eu girava a grande velocidade... Fui empurrada pelo meio de ramos de árvores e arbustos e, de vez em quando, os meus joelhos e cotovelos embatiam em algo duro".

Flutuando de costas, vendo o céu azul. "Uma criança flutuou na minha direção. Um rapaz. A sua cabeça estava à tona e ele gritava. Papá, papá. Ele agarrava-se a algo. Parecia o banco partido de uma carro... À distância pensei que este rapaz fosse o Malli [o filho mais novo]. Tentei alcançá-lo... Vem à mamã, disse eu, bem alto. Depois vi a sua cara de perto. Não era o Mal. No instante seguinte, fui arrastada para o lado e o rapaz desapareceu".

Vai flutuando, tentando agarrar-se a alguma coisa, até que consegue alcançar um ramo e ficar com os pés no chão. "Estava dobrada ao meio e não conseguia endireitar-me. Agarrei os meus joelhos, estava ofegante, a sufocar. Tinha areia na boca. Definhava e cuspia sangue. Não parava de cuspir e cuspir. Tanto sal. Senti o corpo muito pesado. As minha calças estão-me a pesar, pensei. Tirei-as".

Tenta-se manter de pé, com a lodo a circundá-la. Ouve vozes que se aproximam. "Eles não me viam e eu não os via a eles". Um voz faz-se ouvir: "Há alguém aqui, já pode sair, a água desapareceu, estamos aqui para ajudar". Atónita, não se mexeu. Uma criança pede socorro e que atrai os homens. Nesse momento também a descobrem e, pacientemente a socorrem. Um deles tirou a camisa e atou-lha à cintura.

Este é o começo. Pela frente uma longa história, intensa, sofrível, com encontros e desencontros. Tempo para confirmar que o marido, os filhos e os pais morreram. Ao longo destas dezenas de páginas, Sonali testemunha a dor intensa pela perda, na tentação da desistência, a culpabilização, primeiro evitando os mesmos lugares de outrora, para não sofrer, depois indo em busca de sinais nos lugares em que viveu com o marido e os filhos. Refazer a vida sem aqueles que lhe davam sentido.

É uma história emocionante, um testemunho vivido. Percebe-se que o Psicoterapeuta conclui que uma das formas de ajudar Sonali era desafiá-la a por por escrito tudo o que recordava. Voltar aos lugares em que fora feliz e descobri o medo de viver sozinha sem os filhos e sem o marido. Rever os filhos nos amigos dos filhos, da mesma idade e imaginando-os em diferentes situações.

Sonali nasceu e foi criada em Colombo, no Sri Lanka. É licenciada em Economia pela Universidade de Cambridge e doutorada pela Universidade de Oxford. Divide o tempo entre Universidades, entre Londres e Nova Iorque.

O livro foi publicado em 2013 e foi considerando o melhor do ano na categoria de não-ficção pelo New York Times. Temporalmente fixa-se em 2004 e estende-se até 2012, anos que se sucederam ao Tsunami.

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