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1 – Sede santos porque Eu, o Senhor Vosso Deus, sou Santo.
O desafio da santidade é um compromisso de felicidade, de aperfeiçoamento, de vida no bem, na verdade e do amor. Não é o privilégio de alguns iluminados ou puros, é o caminho que todos podemos e devemos percorrer. Não é uma conquista ou uma usurpação, é dádiva de Deus que em Jesus Cristo nos redime e nos salva, nos introduz na Sua comunhão de vida nova. Pelo batismo, com efeito, tornamo-nos santos, isto é, filhos amados de Deus. Ao longo do tempo, vivemos neste itinerário de santidade, por vezes decididos, outras vezes aos tropeções.
Os discípulos de Jesus começaram a ser chamados de cristãos, pela primeira vez, em Antioquia; até então era chamados de santos, de eleitos. A santidade é própria daqueles que foram ungidos para Deus, e que na água e no Espírito Santo se tornaram membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja.
2 – Ao longo da nossa vida encontramos pessoas que refletem a luz de Deus, transparecem em serenidade, em bondade, em serviço, o que divisamos como santidade, perfeição, ação compassiva. Olhando para o bom Papa João XXIII, para Madre Teresa de Calcutá, para o Padre Américo, para são Francisco de Assis, para o Santo Cura d'Ars, para o Santo Padre Cruz, para Santa Teresa do Menino Jesus, e para tantas pessoas que passam por nós e que visualizam a santidade de Deus, não temos muitas dúvidas: há pessoas santas, pessoas boas, humildes, generosas, felizes e que fazem felizes os que estão à sua volta.
A santidade não passa de moda. É atual. Balança-nos para o futuro, para a eternidade. Compromete-nos com o mundo de hoje, aqui e agora. Não é para os outros, é para nós. A referência é Deus, ainda que os Seus santos nos façam sentir mais próximos, e nos permitam saber o quanto Deus é acessível para nós. A santidade está ao nosso alcance. O amor de Deus é-nos oferecido por inteiro em Jesus Cristo. Ser santo é participar da vida de Deus. Seguir Jesus.
3 – Durante o corrente ano, três figuras do Papado foram reconhecidas como Santos, João Paulo II e João XXIII, e como Beato, Paulo VI. Personalidades distintas, serviram a Igreja, anunciaram o Evangelho, levaram Jesus Cristo ao mundo.
Nem todos os santos adquirem a visibilidade que lhes permita serem propostos pela Igreja a todo o mundo. Neste dia de Todos os Santos evocamos sobretudo o inumerável número de santos que souberam lavar as suas vestes no sangue do Cordeiro e oferecer as suas vidas a favor dos seus irmãos: «Vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do Cordeiro, vestidos com túnicas brancas e de almas na mão».
Cento e quarenta e quatro mil, isto é, multidões de pessoas, um número incontável de filhos que se deixaram tocar pela presença de Deus nas suas vidas. Na adversidade e na bonança, não desistiram de buscar o bem, para si e sobretudo para os outros, procurando revestir de Cristo o mundo inteiro.
Imitando Jesus, fizeram-se próximos, na humildade e no amor, dos mais distantes, dos mais frágeis, perfumaram os caminhos por onde passaram com a alegria de testemunharem o amor de Deus.
4 – Paulo dirá um dia com toda a clareza: já não sou eu que vivo é Cristo que vive em mim. Para mim viver é Cristo. Seguindo Cristo, deveremos refulgir em nós a eternidade de Deus que nos vai preenchendo com o Seu amor infinito.
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Textos para a Eucaristia: Ap 7, 2-4.9-14; Sl 23 (24); 1 Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12a.
Reflexão COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE
JOÃO XXIII. Diário da Alma. Paulus Editora. Lisboa 2013. 2.ª edição. 408 páginas.
Ângelo José Roncalli, nasceu em Sotto il Monte, perto de Bérgamo, Itália, a 25 de novembro de 1881, terceiro de 10 filhos. Morreu a 3 de junho de 1963, em grande e penosa agonia. Em 1965, o Papa Paulo VI deu início à causa de beatificação, concluída por João Paulo II no dia 3 de setembro de 2000.
No próximo dia 27 de abril, 2014, conjuntamente com João Paulo II, o Papa Francisco vai canonizar o bom Papa João XXIII, num processo amplamente incentivado por Bento XVI. Que bela paisagem, com o envolvimento de vários Papas, cuja a vivência da fé é um testemunho luminoso.
João Paulo II ainda está vivo memória, mas para muitos João XXIII é um ilustre desconhecido. Obviamente que a canonização, reconhecimento das suas virtudes, e do trabalho frutuoso que realizou na Igreja e na Sociedade, vai permitir falar-se dele, do seu pensamento, da sua intervenção como sacerdote, Bispo, Núncio Apostólico na Turquia, na Grécia, em França, Arcebispo de Veneza e Cardeal da Santa Igreja, Papa. Por outro lado, é possível que a associação do atual Papa, Francisco, a João XXIII terá já suscitado redobrado interesse em conhecer a história da Sua vida.
Se as biografias e estudos sobre determinada pessoa são importantes, permitindo enquadrar vários ângulos, da vida, das intervenções, da influência, das consequência de determinadas palavras e/ou atos, para se conhecer bem o bom Papa João é indispensável a leitura do DIÁRIO DA ALMA que o próprio foi escrevendo ao longo de quase setenta anos, desde a entrada no Seminário, 14-15 anos, até às vésperas da sua morte. Anotações, reflexões, informações. Paciência. Oração. Deus. Amor. Caridade. Paciência. Humildade. Tudo para louvor e glória de Deus. Paciência. Humildade. Obediência. Pureza. Prudência. Poucas palavras e apenas para dizer bem. Sofrer com paciência.
A leitura do diário permite visualizar um Papa simples, humilde, preocupada em tudo fazer para agradar a Deus. Autocensura-se por ser "lendo", o que permite não se precipitar. O próprio vai dizendo que o seu temperamento é o da pessoa calma, paciente, humilde, que não faz questão em ficar com razão. Perseverante. Afável. Bom.
Aceita de bom grado tudo o que lhe é pedido. Neste diário, ocupa uma espaço muito grande o tempo dos retiros mensais, anuais, ou os retiros de preparação para a ordenação, sacerdotal, episcopal,... Grande devoção a São José, a Nossa Senhora, ao Sagrado Coração de Jesus, ao Nome de Jesus, ao Precioso Sangue de Cristo, a São Francisco de Sales, São Luís Gonzaga, São João Dechamps. Leituras: Bíblia, Breviário, Rosário, Imitação de Cristo. Eucaristia. Santíssimo Sacramento. Jaculatórias.
É eleito Papa a 28 de outubro de 1958, no quarto dia de conclave, sucedendo a Pio XII. Pensava-se que seria um Papa de transição. No entanto, a sua inspiração contribuiu para uma grande transformação da Igreja, com a convocação e o início do Concílio Ecuménico Vaticano II, que virá a ser encerrado já com o Sucessor, Paulo VI. É uma marca indelével da Igreja, na abertura ao mundo, à sociedade, à cultura, entendo-se a ela mesma como Povo de Deus.
Sublinhe-se também que João XXIII esteve em Portugal, em Peregrinação ao Santuário de Fátima, ainda como Patriarca de Veneza, em 1956, no 25.º Aniversário da Consagração de Portugal ao Coração Imaculado de Maria, representando o Papa Pio X. Em 13 de maio de 1961 há de promulgar a primeira Encíclica, Mater et Magistra (Mãe e Mestra), um dos documentos mais importantes sobre a Doutrina Social da Igreja (DSI).
A obra inicia com uma breve resenha biográfica, mas o corpo fundamental são as páginas que se segue, permitindo entrar no pensamento e no coração do Bom Papa João.
"Obediência e Paz" é o lema de vida de João XXIII que procura levar por diante. Nas mais diversas circunstâncias Ângelo Roncalli prefere o silêncio, a obediência, seguindo o princípio da indiferença, para não esperar nem honras nem títulos.
Algumas expressões sintomáticas:
"A Jesus por Maria"
"A simplicidade é amor; a prudência, o pensamento. O amor ora, a inteligência vigia. Velai e orai, conciliação perfeita, O amor é como a pomba que geme; a inteligência ativa é como a serpente que nunca cai na terra, nem tropeça, porque vai apalpando com a sua cabeça todos os estorvos do caminho"
"Desapego de tudo e perfeita indiferença tanto às censuras como aos louvores... Diante do Senhor sou pecador e pó; vivo pela misericórdia do Senhor, à qual tudo devo e da qual tudo espero".
Propósitos de retiro de 1952:
1. Dar graças...
2. Simplicidade de coração e de palavras...
3. Amabilidade, calma e paciência imperturbável...
4. Grande compreensão e respeito para com os franceses... (era Núncio Apostólico em França).
5. Maior rapidez nas práticas mais importantes...
6. Em todas as coisas tem presente o fim... A vontade de Deus é a nossa paz. Sempre na vida, mais ainda na morte.
7. Não me aborrece nem me preocupa o que me possa acontecer: honras, humilhações, negações ou o que quer que seja...
8. Só desejo que a minha vida acabe santamente...
9. Estarei atento a uma piedade religiosa mais intensa...
10. Parece-me que tenho a consciência em paz e confio em Jesus, na Sua e minha Mãe, gloriosa e amantíssima, em São José, o santo predileto do meu coração; em São João Batista, à volta de quem gosto de ver reunida a minha família... A cruz de Cristo, o coração de Jesus, a graça de Jesus; isso é tudo na Terra; é o começo da glória futura...
"As palavras movem; os exemplos arrastam"
António José GOMES MACHADO. Edith Stein: Pedagoga e Mística. Editorial A.O., Braga 2008, 304 páginas.
António José Gomes Machado dá à estampa este livro correspondente à dissertação de Mestrado em Ciências Religiosas, sobre Edith Stein que viria a converter-se em Teresa Benedita da Cruz. Nasceu em Breslau, na Alemanha, em 12 de outubro de 1981. Este dia coincidia com o Dia do Perdão, para os judeus, uma das festas judaicas mais significativas.
Como é sabido, o século XX é marcado pelas duas grandes guerras e também Edith Stein, como judia e como alemã, estará no centro destes dois conflitos. Na primeira, voluntariando-se como enfermeira para ajudar os muitos feridos que chegavam aos hospitais. Na segunda, como vítima da perseguição nazi. Pelo meio fica uma história de procura, de descoberta, de encontro, de conversão, de luta, de persistência.
A sua família é judia. As festas principais são oportunidades para a família estar mais ligada ao povo da primeira Aliança, promovendo ritos, tradições, costumes. Cedo verificará que a vida não é consequente com a fé professada e celebrada, sendo que as festas judaicas se tornam sobretudo encontro com a família mas não tendo uma tradução prática na vida quotidiana. Por volta dos 14/15 anos chega assaltam em definitivo as dúvidas e a busca pela verdade, por um sentido mais pleno para a vida. Deixa a escola e passa por um tempo em que se mistura o agnosticismo, o indiferentismo religioso, e até o ateísmo, mas sem uma clara animosidade em relação à religião judaica ou outra.
Como nos mostra o autor, a sua busca levá-la-á a Santa Teresa de Ávila (Teresa de Jesus), a mística que renovou o Carmelo. Nunca deixando de procurar um sentido para a vida, a verdade, Edith Stein volta a estudar, entra em contacto com o pai da Fenomenologia, tornando-se sua discípula, mas não se fixando aí. Contacta com outros filósofos como Max Scheler, católico. Lê a autobiografia de Santa Teresa de Jesus e dá-se o clique: é esta a verdade. A partir de então, embora continuando a investigar, a dar aulas, explicações, na área da educação e da pedagogia, procura assumir a conversão, compra o Catecismo da Igreja Católica e um Missal, pede a um sacerdote para ser batizada e torna-se católica. A sua busca continuará sempre. As suas investigações terão um ponto de apoio, Jesus Cristo, o Messias anunciando pela Sagrada Escritura, esperado pelos judeus, e que ela descobre em Jesus. Concorre para uma cátedra na universidade mas, por ser mulher, é impedida. Então resolve seguir em definitivo a sua vocação, torna-se religiosa, procurando imitar Santa Teresa de Jesus.
Entramos na segunda guerra mundial. As religiosas acham por bem que se mude para a Holanda, para outro Carmelo. Os Bispos holandeses acharam por bem emitir uma Carta Pastoral denunciando as atrocidades cometidas pelos nazis. Esta carta foi lida em 24 de julho de 1942 em todas as Igrejas católicas da Holanda. Como resposta, os representantes do Reich ordenaram a deportação de todos os judeus católicos, arrancando-os dos conventos. Também Edith foi detida a 2 de agosto de 1942, juntamente com a irmã Rosa Stein. Passaram por alguns campos de concentração, até que no dia 7 de agosto foram deportadas para o mais famoso campo de extermínio Auschwitz-Birkenau, onde chegara no dia nove do mesmo mês. Nesse dia, as que chegaram nesta leva, foram conduzidas para uma câmara de gás para serem mortas. Durante a noite os seus corpos foram queimados.
O livro apresenta os dados biográficos de Santa Teresa Benedita da Cruz, mas também os frutos da sua investigação acerca da educação e da pedagogia, sendo que ela própria procurar colocar em prática o que ensinava.
É uma leitura que permite conhecer melhor a co-padroeira da Europa (ao lado de Santa Brígida da Suécia e Santa Catarina de Sena), com muitos textos da própria Edith Stein. O livro é um extraordinário testemunho de vida, na procura permanente pela verdade, pelo bem, por um sentido para a vida.
Santa TERESA DO MENINO JESUS. História de uma Alma. Manuscritos Autobiográficos. Editorial A. O., 14.º Edição. Braga 2009. 352 páginas.
Padroeira das Missões, Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, também reconhecida por Santa Teresa de Lisieux, é uma das figuras maiores do Carmelo e da Igreja, onde figuram por exemploe Santa Teresa de Jesus / Santa Teresa de Ávila, que lhe serve de inspiração em muitos momentos, ou Santa Teresa Benedita da Cruz / Edith Stein.
Conhecer o que se escreveu sobre os santos, ou sobre o comum dos mortais, é uma forma de nos inteiramos das suas vidas. Contudo, mais importante será ler o que os próprios escreveram sobre a sua vida e sobre a sua vocação. Teresa do Menino Jesus nasceu em 2 de janeiro de 1873, e foi-lhe dado o nome de Maria Francisca Teresa Martin. Com quatro anos a família fixa-se em Lisieux. Vive num contexto de grande religiosidade, de tal forma que as cinco irmãs que sobreviveram à infância se tornaram religiosas. Teresa do Menino Jesus foi admitida no Carmelo antes da idade permitida, tendo recorrido ao Bispo e ao Papa. Consegue ser admitida com 15 anos, depois de muita persistência, orações, intercessões, súplicas ou como a própria refere depois de muito sofrer. Um dos momentos reveladores é a 13 de maio de 1883, domingo de Pentecostes, recebe o sorriso da Virgem Maria e a cura milagrosa e inexplicável,quando se encontrava gravemente doente.
A sua delicadeza e a procura constante por viver identificada com Jesus Cristo, com a Sua Cruz, grangearam-lhe, ainda em vida, a admiração de irmãs e/ou sacerdotes que a acompanhavam. Por isso lhe foi solicitado que escrevesse as suas memórias, para que depois da morte outros possam benificiar do testemunho da sua vida. São muitos os padecimentos por que passa, procurando não deixar trasnparecer para os outros, para não dar trabalhos às irmãs de clausura. Por vezes mantém-se heroicamente de pé só para obedecer a alguma irmã. Por outro lado, a morte não assusta. Seguindo o testemunho de São Paulo, quer na morte quer em vida, o que importa é fazer a vontade de Deus, identidicando-se com Jesus Cristo.
Morre em 30 de setembro de 1897, com 24 anos de idade. Muito jovem mas com uma longa história de vida que tem inspirado muitas conversões. Foi beatificada em 29 de abril de 1923 3 canonizada em 17 de maio de 1925, pelo Papa Pio XI, o mesmo que em 14 de dezembro de 1927 a declara Padroeira das Missões.
Em 19 de outubro de 1997, o Papa João Paulo II declara-a Doutora da Igreja. Refira-se que o Santo Padre ja tinha ido em peregrinação a Lisieus em 2 de junho de 1980. Por outro lado, o mesmo Papa declara Veneráveis os pais de Teresa do Menino Jesus, em 26 de março de 1994. Serão beatificados em 19 de outubro de 2008, em Lisieux.
Depois de muitas revisões, o texto que ora recomendamos procura ser o mais fidedigno, apresentando notas com a indicação de palavras acrescentadas, ou rasuradas, pela próprio ou pelas Madres. Mas mais importante, esta é uma leitura verdadeiramente fundamental para entender a vida e a santidade de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face.
(Jesus bate à nossa porta - quadro pintado por Santa Teresa do Menino Jesus, em 1982, oferecido à sua irmã Celina)
(Teresa do Menino Jesus no papel de Santa Joana d'Arc, em 21 de janeiro de 1895)
(Retrato de Santa Teresa, pintado pela sua irmã Celina, alusivo à chuva de rosas que Teresa prometeu fazer cair sobre a terra quando chegasse ao Céu)
Procuramos responder à iniciativa do nosso Bispo, D. António, de formar nos Arciprestados, nas zonas pastorais e/ou nas paróquias, escolas de vivência da Fé, dedicando tempo e espaço à formação de adultos, ao aprofundamento da da fé, da mensagem de Jesus Cristo, num propósito que deverá ser de todas as dioceses do país, resultado também do pedido dos leigos aquando do inquérito sobre a pastoral da Igreja em Portugal.
Na passada sexta-feira, 7 de junho, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, tivemos entre nós o Pe. João Carlos para abordar mais um elemento do Credo, da nossa identidade cristã-católica. Desta feita, na Igreja Paroquial. O Pe. João Carlos, servindo-se de um diaporama sobre a Constituição Dogmática Lumen Gentium, exarado do Concílio Vaticano II, aprofundou o tema da Igreja, do compromisso eclesial de todos os cristãos, sublinhando o papel dos leigos, dentro e fora da Igreja, a abertura da igreja para outros credos, e para as realidades circundantes. Durante a reflexão foi deixando um testemunho pessoal da forma de viver a fé em diferentes realidades.
Sobre a Igreja, a abertura da mesma para outras confissões religiosas e para outras religiões. Além disso, sublinhando também o lugar dos santos, a quem devemos chatear. A Igreja não os adora, mas se estão mais perto de Deus, também a sua intercessão está mais próxima. Olhando a partir das três portas que estão na fachada da Sé Catedral de Lamego, a concepção da Igreja "tripartida", porta de entrada no Céu, com os santos, porta da Igreja peregrina, por onde entramos e caminhamos, e a Igreja em purgatório.
Algumas fotos de mais uma sessão da Escola de Fé:
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1 – "Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista; e, no entanto, o mais pequeno no Reino do Céu é maior do que ele" (Mt 11, 11). O testemunho dado por Jesus acerca de seu primo João é por demais luminoso. Jesus reconhece e sanciona a vida e a missão de João Batista, apontando-o como referência. Por outro lado, um desafio incontornável: cada um de nós poderá superar o Precursor. Ele vem e está antes de Jesus. Nós somos batizados num batismo de fogo, na água e no Espírito Santo, configurados ao próprio Corpo de Cristo que é a Igreja.
Fixemo-nos por ora em João Batista, a cujo nome se fixa a missão. Ele é o Batista. Não é a luz, mas vem guiar para a luz, vem "amaciar" o caminho, mergulhando-nos no arrependimento e na disponibilidade para nos convertermos de todo o coração.
2 – São João Batista é primo de Jesus e nasce cerca de seis meses antes. O seu nascimento dá-se envolto em mistério. É uma esperança para Israel e para a humanidade inteira. Os seus pais, Isabel e Zacarias, eram já de idade avançada. Mas por graça e benevolência de Deus, geraram na velhice. É gerado para além da idade biológica. Os seus pais já passaram a idade fértil. Ou talvez não! Há sempre tempo para nos tornarmos férteis e gerarmos a vida em abundância que nos vem de Deus.
Para lá do tempo, anuncia-se um tempo novo, de graça e salvação, de conversão. O seu nascimento é sinal de que se aproximam os novos céus e nova terra. A promessa de Deus começa a cumprir-se. Como em límpida madrugada, em que já se insinua a claridade de um sol radiante, assim o Precursor nos coloca em espera próxima do Messias de Deus.
João é abençoado desde o seio materno. A ele se adequam as palavras do profeta Isaías:
"O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome desde o seio de minha mãe. Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão. Tornou-me semelhante a uma seta aguçada, guardou-me na sua aljava" (primeira leitura).
Tal como de Jesus, pouco mais se sabe da vida de João Baptista até à idade adulta. São Lucas refere que o menino crescia em robustez, e que se manteve no deserto até ao dia da sua apresentação a Israel:
"A mão do Senhor estava com ele. O menino ia crescendo e o seu espírito fortalecia-se. E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel".
3 – As referências à sua missão e ao seu caráter estão amplamente relatadas nos evangelhos e em outros escritos do Novo Testamento. É descrito como um homem rígido, frontal, destemido, coerente, usando uma linguagem ríspida, apocalíptica, ameaçadora, como uma espada bem afiada que corta tudo onde toca.
Usava trajes simples e pobres, alimentava-se frugalmente, dedicava-se à pregação e ao batismo de penitência. Alguns julgaram-no o Messias esperado, mas a todos foi respondendo que estava para chegar Alguém maior: "Prestes a terminar a sua carreira, João dizia: «Eu não sou quem julgais; mas depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés»" (segunda leitura). Desta forma, afirma-se pela humildade e pelo despojamento. Poderia canalizar o sucesso que granjeou em seu benefício pessoal. Mas não o faz. Aponta para diante. Para Outro.
Vai para as margens, para fora da tenda de Israel, para o deserto e a partir daí retoma a caminhada para a terra prometida, a partir do exterior, vislumbrando a Promessa que se vai cumprir no Messias. Obriga as populações a saírem do seu espaço de conforto. As suas palavras desinstalam, provocam, dividem, geram conflito ou pelo menos incómodo. Não contemporiza. Não se lhe augura nada de bom!
Denuncia injustiças, nomeadamente daqueles que estavam no poder. Herodes manda prendê-lo, mas João não deixa de o criticar. Herodes vivia com a mulher do seu irmão Filipe, Herodíades. Esta pedirá a cabeça de João. E assim ele morrerá decapitado. A persistência na denúncia custa-lhe a vida.
4 – Há ainda outras facetas na vida de João Batista. Salientaríamos a ALEGRIA que leva ao testemunho. Um homem que se torna demasiado sério e virulento, mas cuja fonte é Jesus Cristo e a verdade. Já no seio materno, o Precursor transparece ALEGRIA no encontro com Jesus. "Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio" (Lc 1, 44).
É Isabel, sua mãe, que expressa o júbilo daquele primeiro encontro, intrauterino, como que a dizer que mesmo no seio materno Jesus e João fazem acontecer o mistério de Deus no mundo. Ventres abençoados pelo Amor de Deus que neles opera e realiza maravilha em favor de todo o povo.
Um dia será o próprio João Batista a dar testemunho de Jesus num encontro carregado de simbolismo e iluminado com a presença amorosa de Deus, pelo mesmo Espírito de Amor:
«Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É Aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.’… Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele… Pois bem: eu vi e dou testemunho de que este é o Filho de Deus» (Jo 1, 19-34).
Destarte, a passagem de testemunho, a missão de João Batista logo dará lugar à missão de Jesus Cristo.
5 – O nascimento é uma promessa que transborda de alegria e de esperança. João Batista cumpre a sua vida e coroa-a como oblação. Jesus, por sua vez, na prossecução da vontade de Deus Pai, leva a Sua vida, como oferta, até ao fim. O nascimento abre-nos um mundo de possibilidades. Poderemos inserir-nos no Reino de Deus, para nos tornamos grandes aos olhos de Deus Pai, uma vez que já o somos pelo batismo, cabe-nos “gastar” a vida em lógica de oblação, de entrega, semeando a verdade e o bem, alimentando-nos do Espírito de Deus e produzindo n’Ele frutos de santidade, pela caridade e pelo compromisso com as pessoas que Ele colocou para caminharem connosco.
Textos para a Eucaristia: Is 49,1-6; Atos 13,22-26; Lc 1,57-66.80.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
A Igreja Católica celebra este sábado, pela primeira vez, a memória litúrgica de João Paulo II (1920-2005), Papa polaco que foi beatificado em maio deste ano pelo seu sucessor, Bento XVI, no Vaticano.
A data assinala o dia de início de pontificado de Karol Wojtyla, em 1978, pouco depois de ter sido eleito Papa.
Na habitual resenha biográfica que é apresentada no calendário dos santos e beatos, João Paulo II é lembrado pela “extraordinária solicitude apostólica, em particular para com as famílias, os jovens e os doentes, o que o levou a realizar numerosas visitas pastorais a todo o mundo”.
“Entre os muitos frutos mais significativos deixados em herança à Igreja, destaca-se o seu riquíssimo Magistério e a promulgação do Catecismo da Igreja Católica e do Código de Direito Canónico para a Igreja latina e oriental”, pode ler-se.
Aos fiéis é proposta ainda uma passagem da homilia de João Paulo II no início do seu pontificado, precisamente a 22 de outubro de 1978, na qual afirmou: «Não tenhais medo! Abri as portas a Cristo!».
A beatificação, que antecede a canonização (declaração de santidade), é o rito através do qual a Igreja Católica propõe uma pessoa como modelo de vida e intercessor junto de Deus, ao mesmo tempo que autoriza o seu culto público, normalmente em âmbito restrito.
A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos dispôs um calendário próprio para a diocese de Roma (da qual todos os Papas são bispos) e as dioceses da Polónia (país natal de João Paulo II), regulando o “culto litúrgico” ao futuro beato.
A Santa Sé refere ainda que outras conferências episcopais, dioceses ou famílias religiosas podem apresentar um “pedido de inscrição” desta memória litúrgica nos seus calendários próprios.
A oração inicial da missa – formalmente, a «coleta» - desta celebração litúrgica, em português, é a seguinte:
“Ó Deus, rico de misericórdia, que escolhestes o beato João Paulo II para governar a vossa Igreja como Papa, concedei-nos que, instruídos pelos seus ensinamentos, possamos abrir confiadamente os nossos corações à graça salvífica de Cristo, único Redentor do homem. Ele que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos”.
Karol Jozef Wojtyla, eleito Papa a 16 de outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, a 2 de abril de 2005.
Entre os seus principais documentos, contam-se 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas.
Este dia vai ser assinalado em Roma com um encontro de jovens para uma missa presidida pelo cardeal Agostino Vallini, vigário do Papa para a diocese italiana.
Em Lisboa, a data será celebrada paróquia da Sé Patriarcal, com o lançamento, às 20h00, de um disco de tributo ao beato, que inclui o hino oficial da beatificação de João Paulo II, originalmente composto em italiano pelo maestro Marco Frisina, com tradução e adaptação para português feita pelo padre António Cartageno.
Antes desta sessão decorre, às 16h00, a apresentação de um filme sobre João Paulo II, seguindo-se, pelas 18h30, a celebração da missa evocativa da sua memória.
Ainda em Lisboa, na igreja da Encarnação, no Chiado, o núncio apostólico [embaixador da Santa Sé] vai benzer uma imagem de João Paulo II, às 19h00, para ser exposta à veneração dos fiéis.
O Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra, juntamente com o seminário da diocese, promove por seu lado um congresso teológico intitulado ‘João Paulo II: Memória e Presença’.
Fonte: Agência Ecclesia.
1 – Nas palavras de Bento XVI: “A santidade não passa de moda, por isso, com o decorrer do tempo, resplandece de forma luminosa e manifesta a tensão perene do homem em relação a Deus”.
A santidade, porém, não é uma escolha alternativa a outras, é a vocação primordial do cristão. Não é uma utopia, um ideal inatingível, é um compromisso da fé com a vida, com o mundo, com as pessoas, um caminhar constante para a felicidade.
No Evangelho, Jesus é bem claro: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está no Céu” (Mt 5,48). A santidade não é um capricho de alguns ou de outros tempos, é a forma de ser daqueles que querem ser seguidores de Jesus Cristo.
O Concílio Vaticano II acentua a vocação universal à santidade: “todos os cristãos, de qualquer condição ou estado, são chamados pelo Senhor a procurarem, cada um por seu caminho, a perfeição daquela santidade pela qual o Pai celeste é perfeito” (Lumen Gentium, 11).
2 – O mês de Maio, já tão rico e belo, pela devoção e acolhimento a Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, foi enriquecido por duas beatificações: João Paulo II, a 1 de Maio, em Roma, e de Maria Clara do Menino Jesus, a 21 de Maio, em Lisboa.
Karol Wojtyla nasceu na Polónia, em Wadowice (Kracóvia), no dia 18 de Maio de 1920, sendo eleito Papa a 16 de Outubro de 1978. Morreu a 2 de Abril de 2005.
A Polónia é espezinhada pelo poder nazista, durante a 2.ª Guerra Mundial, para logo depois ser dominada pelo comunismo. Duas ideologias que amordaçam a liberdade e a identidade das pessoas e do país. São experiências que marcam. Como Bispo e depois como Papa, João Paulo II pugnará pela liberdade de expressão e pela liberdade religiosa.
O seu carisma e o testemunho da sua vida, tornam mais apelativa a Mensagem de Jesus e da Igreja. Um Papa global ao encontro das pessoas e dos povos, atento aos mais débeis, desafiando as autoridades e os poderosos para a urgência da paz e da justiça… Até no sofrimento, se tornou imagem de Jesus Cristo sofredor, pronto a testemunhar a Sua fé em toda a parte e em todas as circunstâncias.
3 – Libânia do Carmo Telles de Albuquerque, nasceu na Amadora em 1843 e faleceu em Lisboa em 1 de Dezembro de 1899.
Dos três grandes ataques do Liberalismo contra a Igreja, a Mãe Clara esteve directamente envolvida em dois deles. No entanto, quando a lei proibiu as Ordens religiosas, Madre Clara fundou a Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras, em 1871, atingindo um rápido florescimento.
Saliente-se a atenção privilegiada aos milhares e milhares de pobres, doentes, desamparados, crianças e infelizes. Em tempo de perseguição sobrevém a caridade e a presença carinhosa de Deus através da Mãe Clara do Menino de Jesus. Ela é o sorriso de Deus que escarnece dos maçons portugueses, nessa época conturbada de perseguição feroz à Igreja.
Diz João César das Neves, na Agência Ecclesia, “a vida e obra da Mãe Clara é um milagre do humor de Deus, que sorri com amor perante os esbracejos dos homens que O querem atacar, e responde às perseguições com carinho pelos pobres”.
4 – No que se refere a Portugal e recentemente, a beatificação de Jacinta e Francisco, em Fátima, a 13 de Maio de 2000; da Irmã Rita Amada de Jesus, a 24 de Abril de 2005, e a canonização de Nuno de Santa Maria de Portugal, a 29 de Abril de 2009, ambos no Vaticano.
Afinal a santidade mora aqui, também neste jardim à beira mar plantado. Pode morar em nós…
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