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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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02.08.22

Boletim Paroquial Voz Jovem - junho e julho de 2022

mpgpadre

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O mês de junho foi bastante preenchido em atividades pastorais, além daquelas que são habituais numa paróquia. Depois das festas da catequese, com a Primeira Comunhão, no seu terceiro momento, e da Profissão de Fé, em dois domingos seguidos, abarcando o sexto e o sétimos anos, o encerramento simbólico da catequese, a aguardar a celebração do Crisma. Entretanto, também a festa dos finalistas, a 11 de junho, e a festa do padroeiro do Município de Tabuaço, são João Batista, a 24 de junho.

Para o dia 23 e 24 de julho estava reservada a peregrinação dos símbolos da JMJ, a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora (Salus Populi Romani). Com efeito, ainda a 22 de julho, fomos recebê-los a Moimenta da Beira e uns quinze minutos antes da meia-noite faziam a sua entrada na nossa Igreja. Durante o tempo de permaneceram em Tabuaço, foram diversos os momentos, os tempos e espaços, Igreja Matriz, visita às instituições como Bombeiros Voluntários, Câmara Municipal, GNR, Santa Casa da Misericórdia, passagem nas Piscinas
Municipais, vigílias pela noite dentro, “sun rise” no recinto de Nossa Senhora da Conceição. No dia 24 de julho, a celebração do Crisma, com a integração dos símbolos da JMJ, com a passagem dos mesmos para os jovens da Zona Pastoral de Sernancelhe. Os símbolos percorreram a nossa diocese entre os dias 2 e 31 de julho.

Habitualmente o Boletim costuma ser trimestral, mas nesta edição optámos pelos meses de junho, libertando o anterior de algumas das notícias que importava registar, e pelo mês de julho, com o destaque mais concreto à Peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude e a celebração do Sacramento do Crisma a 12 jovens da nossa comunidade paroquial de Tabuaço, percorridos que foram os dez anos de catequese, ainda que com as interrupções provocadas pela pandemia do novo corona vírus.

Aí está a edição de junho e julho do nosso boletim Paroquial Voz Jovem.
Desfruta.

 

Para fazer o download, clicar sobre a imagem ou seguir a ligação:

BOLETIM PAROQUIAL VOZ JOVEM - abril a junho de 2022

16.12.18

Alegrai-vos sempre no Senhor... Seja de todos conhecida a vossa bondade»

mpgpadre

1 – «Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. Seja de todos conhecida a vossa bondade». O 3.º Domingo do Advento é conhecido como Domingo da Alegria (Gaudete) e a liturgia da palavra dá-nos o fundamento e as razões para tal alegria.

A alegria dá trabalho, exige dedicação e até esforço. Esta maneira de dizer pode soar estranha, contudo, para lá da alegria espontânea, há a alegria que se conquista, que se procura, há a opção pelo copo meio cheio, a escolha da positividade. Uma pilha tem dois polos, um positivo e outro negativo. Também a vida, ainda que mais multifacetada, com matizes variadas, dependendo de muitas circunstâncias, crónicas e/ou pontuais, interiores ou exteriores, próprias ou alheias. E até o clima pode modificar a disposição e os comportamentos. Mas como somos seres racionais, com vontade própria, podemos insistir numa dinâmica positiva. Não precisamos de ser ingénuos, mas podemos escolher seguir adiante, apostar em tudo o que nos faz bem e nos aproxima dos outros.

O apóstolo Paulo convida à alegria, mas logo a agrafa à bondade. É que o bem que dizemos e que fazemos, e a habituação ao mesmo, ajuda-nos a solidificar a alegria com que acolhemos as maravilhas que o Senhor realiza em nós e através de nós.

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2 – Depois de João Batista pregar o arrependimento, a conversão, alguns perguntam-lhe o que fazer. Que fazer para a vida nos assemelhe a Deus? Como chegar a uma alegria que nos leve a acreditar na força do amor, do perdão e da confiança em Deus? E João responde-nos, concretizando: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo» (todos); «Não exijais nada além do que vos foi prescrito» (publicanos e nós); «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo» (soldados, eu e tu).

 

3 – João Batista prepara e anuncia a Boa Nova que está a chegar. É necessário preparar o coração e a vida para Aquele que está a chegar. «Eu batizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro».

Numa das passagens do Principezinho (de Antoine Saint-Exupéry), a raposa diz ao pequeno Príncipe: "Se vieres, por exemplo, às quatro horas da tarde, eu, a partir das três, já começo a ser feliz. Quanto mais se aproximar a hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já estarei agitada e inquieta; descobrirei o preço da felicidade!" É esta alegria que hoje evocamos, a alegria de sabermos que o Senhor está a chegar e que nos traz a salvação de Deus. Alegria que nos faz agir, aplanar os caminhos da nossa vida para que o Senhor possa passear-Se e viver em nós.

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Textos para a Eucaristia (ano C): Sof 3, 14-18a; Sl Is 12, 2-3. 4bcd. 5-6; Filip 4, 4-7; Lc 3, 10-18.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

16.12.17

Vivei sempre alegres, orai sem cessar...

mpgpadre

1 – Há alegrias que cristalizam o momento: a vitória do nosso clube ou do nosso partido, o acertar em alguns números do euromilhões e ganhar € 12,75, uma raspadinha com € 8,00, o placard que nos permite oferecer um jantar aos amigos, um peça de roupa que comprámos, o regresso da série de televisão que seguimos atentamente, o animal de estimação que voltou para junto de nós.

Se não tivermos nenhuma patologia, as verdadeiras alegrias: a saúde, a paz em família e no trabalho, um familiar que recuperou a saúde, um amigo que visitamos ou que nos visita.

A ALEGRIA deste domingo preenche-se de Deus, que na Sua infinita Sabedoria e no Seu Amor infindo, nos dá o Seu Filho bem Amado, para nos preencher de alegria.

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2 – «Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois é esta a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus. Não apagueis o Espírito, não desprezeis os dons proféticos; mas avaliai tudo, conservando o que for bom».

Alegria comprometida com o bem, como acentua São Paulo à comunidade de Tessalónica: «Afastai-vos de toda a espécie de mal. O Deus da paz vos santifique totalmente, para que todo o vosso se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo».

Deus não nos falta com a Sua benevolência. Procuremos manter acesa a chama da fé, de uma fé que brilha com as obras, com a prática da caridade.

O profeta do Advento, Isaías, diz-nos os motivos do júbilo: «O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a promulgar o ano da graça do Senhor». Palavras que Jesus assumirá como Suas na Sinagoga de Nazaré.

 

3 – Como salmo é-nos servido o Magnificat, que se vislumbra em Isaías e composto por Maria na visitação à Sua prima Santa Isabel: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas… Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu-os de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia».

Isabel revela-nos a alegria de João Batista: mal que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino exultou de alegria no meu seio, bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do ventre!

Maria, por sua vez, exclama a alegria porque nela Deus traduz a história da salvação, levando à plenitude as maravilhas que vinha manifestando ao longo do tempo. Com efeito, Maria deixa que através dela Deus possa mostrar-Se no Seu esplendor e na maior das maravilhas, a vinda do Seu Filho Unigénito para ser Um de nós, Um connosco. O Filho de Deus já está em advento no Seu seio virginal.

A presença do Filho de Deus congrega as maiores alegrias, mas como Se esconde na humanidade, teremos que O encontrar no cuidado aos que Deus coloca (precisamente) ao nosso cuidado.

 

4 – O primeiro encontro de Jesus e de João sublinha a alegria, a certeza que as maravilhas do Senhor Deus serão plenizadas, pois o coração do Seu Amado Filho já palpita como coração humano.

Passados mais ou menos 30 anos, quase estranhos e desconhecidos, Jesus e João voltam a encontrar-se. Talvez houvesse alguma intuição e alguma memória longínqua de encontros passados. Mas agora o tempo é novo, há uma nova "estrela" a brilhar, no caso o Sol que não tem ocaso. João veio como Precursor, mas no encontro com Jesus dá-se conta que a sua missão chegou ao fim, pois era provisória, ainda que seja incrustada à missão de Jesus. Por outras palavras, uma única missão: espalhar a Boa Nova que é Jesus, ora como promessa, para os que vieram antes, como realidade temporal e histórica na pessoa de Jesus, como concretização espiritual, sacramental e histórica para os que virão depois da Sua morte e ressurreição.


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 61, 1-2a. 10-11; Salmo: Lc 1, 46b-48. 49-50. 53-54; 1 Tes 5, 16-24; Jo 1, 6-8. 19-28.

14.01.17

Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo

mpgpadre

1 – Um Paraíso! Onde? Quando?

Alguém ainda se lembra de um mundo em paz, a viver em harmonia? Olhando para trás vemos lutas, guerras, genocídios, fratricídios, violência, escravização. Olhando para os lados, vemos agressões, corrupção, egoísmos que degeneram em ódios e vinganças, em invejas que destroem, assassinam, oprimem, agridem. Olhando para o futuro, com estes olhos que a terra há de comer, mais do mesmo: a violência que hoje semeamos dará fruto amanhã com mais violência.

Há 2.000 anos a ESPERANÇA ganhou um ROSTO: Jesus Cristo, Deus connosco, mensageiro da Paz, profeta da alegria, Messias da caridade, conselheiro da bênção, elo da fraternidade. Em Jesus, Deus faz-Se um de nós para nos transformar a partir de dentro. Não pela imposição, pelo poder, pela força, mas pelo amor, pela docilidade.

Naqueles dias, o mundo viu uma nova LUZ, que não se apaga, mesmo que a possamos abafar. João Batista testemunha e aponta para esta luz, que é Jesus, como Alguém que pode mudar a história, porque é o "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". E João explica porque vê n'Ele a salvação de Deus: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele… Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».

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2 – Jesus não é mais um profeta, ou um vendedor de sonhos ou um ilusionista! É o Filho de Deus. Vem de longe, da eternidade, faz-Se próximo, tão próximo que é um de nós, confundindo-Se, misturando-Se, escondendo-Se na humanidade! Por outro lado, revela-Se, mostra-Se, está ao alcance da nossa mão! Podemos vê-l'O, segui-l'O, amá-l'O, podemos persegui-l'O ou até matá-l'O!

Anuncia e inaugura um reino novo, inclusivo, um reino tão grande que tem lugar para todos. Não há ninguém a mais. Ninguém é dispensável. Ele quer salvar-nos a todos.

Jesus governa-nos pelo serviço, pela humildade, pela obediência. Alerta os seus discípulos dizendo-lhes que os chefes das nações discutem lugares e impõem-se pela força, pelo poder. Ao invés, o Seu poder assenta no serviço dócil e atento. Entre vós quem quiser se o maior seja o servo de todos, quem quiser ser o primeiro seja o último. Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida por todos.

«De mim está escrito no livro da Lei que faça a vossa vontade. Assim o quero, ó meu Deus, a vossa lei está no meu coração». Jesus vive na obediência filial e ensina-nos a percorrer o mesmo caminho. Obedecer significa escutar com atenção. Quem escuta com o coração, perscruta a vida do outro, com as suas necessidades e anseios. A lei de Jesus é o amor, que escuta, que acolhe, que envolve. O Seu alimento é fazer a vontade do Pai. Responde com amor ao amor do Pai. Obedecer é escutar. Escutar é estar atento e disponível para acolher o outro. Obedecer e escutar levam a amar e a servir. É a missão de Jesus e o propósito e caminho do cristão, de cada um de nós.

 

3 – Isaías visualiza e antecipa a missão do Messias, através de Quem se manifestará a Israel a glória de Deus. Mas não somente a Israel, às nações de toda a terra. O Servo de Deus há de tornar-se guia e luz: «Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».

Com Jesus, a salvação está disponível para todos os povos. Para Ele não há fronteiras nem limitações. Todos são salváveis!


Textos para a Eucaristia (A): Is 49, 3. 5-6; Sl 39 (40); 1 Cor 1, 1-3; Jo 1, 29-34.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

10.12.16

Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta...

mpgpadre

1 – Alegra-te, rejubila. O terceiro domingo do Advento, é Domingo da Alegria (gaudete), pois estamos às portas do Natal, celebração festiva do nascimento de Jesus. Em menos de nada estamos lá. À nossa volta já tudo nos fala desta quadra, mesmo que este tudo seja pouco, enfeites e prendas, vendas e compras e luzes, tudo faz parte e obviamente é importante, mas já que se faz a despesa que se festeje com o aniversariante, com Jesus. Essencial será renovar a fé, acolher Jesus, amar Jesus, descobrir Jesus, na oração e na celebração, em casa e na rua, na Igreja e no trabalho, na pessoa amiga e na vizinha, no que está próximo e no que está distante, naquele de quem precisamos e quem precisa de nós.

O dia a nascer! São horas de despertar. Os primeiros raios de Sol começam a clarear a aurora. Já o galo canta e já a vida encanta. É tempo de cantar, de sorrir, de louvar, é tempo de amar e de servir, é tempo de aprontar o biberão e dispor das mãos para trabalhar.

A certeza da chegada prometida, será cumprida. A promessa vem de Deus, o anúncio feito pelo Batista, tem em Jesus guarida. João cumpriu a sua missão, preparar a vinda do Messias. É o mensageiro que mostra o Reino a emergir. João é preso pela frontalidade com que anuncia e denuncia, pondo a descoberto os artesãos do mal e da corrupção. Da cadeia pede informações sobre Jesus e a Sua luz. Já ouviu dizer mas quer saber em definitivo que Aquele Jesus é mesmo o Messias prometido. A resposta, faz saber Jesus, está nas palavras proferidas, na mensagem proclamada, mas sobretudo no fazer e no viver: «Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo».

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2 – Querendo ainda olhar para João, para melhor perceber o que nos quer levar a viver, ouçamos então o que Jesus também tem para dizer: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Batista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».

O deserto é incerto, mas é desafio certo, dele sair para cumprir o projeto que está a surgir. Jesus é a Palavra e o Rosto e a Vida do Pai. João é a Voz que ressoa pelo deserto até que doa, é Profeta e Precursor, que mostra que é essencial seguir o Salvador, Cristo Senhor.

 

3 – E continuando neste pendor, em preparação para celebrarmos o nascimento do Redentor, o desafio do Profeta Isaías: alegria, alegria! Não por qualquer passe de magia. Pelo contrário, é a vida, dada e oferecida, trabalhada e comprometida.

A convocação para o júbilo abarca toda a criação, o campo, o descampado e a terra árida. Dirige-se a todos, especialmente aos que estão fatigados. O Senhor Deus "vem fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-nos". É um tempo novo, de graça e de salvação. Anuncia-se o que se cumprirá com a chegada do Messias, cegos, coxos e mudos hão de ver, saltar e cantar com alegria.

A alegria firma-se na fé e na confiança em Deus. A Sua vinda está para breve. A Sua promessa é para concretizar. Ele volta-Se para nós, especialmente para aqueles que se predispõem a crescer, a amadurecer, que se querem protegidos, amados e redimidos.

Preparamos a chegada do Salvador agindo ao Seu jeito, cuidando de quem está mais frágil, pois cada vez que tratarmos a ferida do outro é de Cristo que estamos a cuidar, como muitas vezes lembrava a Santa Teresa de Calcutá.


Textos para a Eucaristia (A): Is 35,1-6a.10; Sl 45 (46); Tg 5,7-10; Mt 11,2-11.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

03.12.16

«Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus».

mpgpadre

1 – Um tronco! Uma vida. Uma raiz! Um começo. Um rebento! Vida nova a germinar! Anúncio de primavera! Tempo de esperança! Aurora de um novo dia, claridade a despontar! E com o dia, mais tempo para viver, para aproveitar. Um tronco! Uma raiz! Um rebento! O deserto! Vazio ou espaço a preencher? João Batista a pregar, a anunciar, a provocar! Um Messias para vir! Um profeta novo a chegar!

De uma raiz desponta um rebento, de onde florescerá uma nova criação, um mundo novo. João Batista, sem peias nem teias: «Arrependei-vos, porque está perto o reino dos Céus». No dizer do profeta Isaías é a VOZ que clama no deserto, que nos interpela a prepararmo-nos para recebermos e reconhecermos a PALAVRA que vem do alto, que vem de Deus. Um rebento do qual germinará a vida e a salvação! Aprontemo-nos para perceber a Sua chegada. "Praticai ações que se conformem ao arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é o nosso pai’, porque eu vos digo: Deus pode suscitar, destas pedras, filhos de Abraão".

A salvação está aí, a árvore tem de dar fruto. De contrário, apenas servirá para fazer sombra, produzir oxigénio, para deitar ao lume... já é bastante útil e até necessário, mas não se compreende que árvores de fruto não deem fruto, se foram plantadas para esse efeito!

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2 – João e Jesus. Advento. A vinda de um prepara a vinda do outro. João vem primeiro, como Precursor, dulcificar os corações para se deixaram cativar por Jesus. Jesus está antes. Junto do Pai, desde sempre. Vem para salvar, para ajuntar, para redimir. Ele batizará no Espírito Santo e no fogo. Vem depois, mas é perante Ele que João Batista (e cada um nós) se prostrará para O adorar.

Do tronco de Jessé brotará um rebento. Um enxerto. Um novo David, novo Adão, novo Moisés. O rebento florescerá, dando frutos de misericórdia, de perdão, de justiça e de paz. O enxerto de uma árvore visa a produção de frutos de qualidade. Jesus enxerta-se na humanidade, assumindo-nos, Ele mesmo se torna em raiz, em árvore, na qual, doravante somos enxertados. Uma vez enxertados em Cristo, se o enxerto vingar, só podemos produzir bons frutos.

O profeta Isaías convida-nos a olhar para o Messias que virá, sobre Quem "repousará o espírito do Senhor: espírito de sabedoria e de inteligência, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de Deus... não julgará segundo as aparências…"

Com Ele, um tempo de paz. "O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir... A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora..." A partir dos frutos saberemos se estamos no caminho certo!


Textos para a Eucaristia (A): Is 11, 1-10; Sl 71 (72); Rom 15, 4-9; Mt 3, 1-12.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

09.01.16

Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda o meu enlevo

mpgpadre

1 – «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».

O Céu abre-se para que a VOZ de Deus se faça ouvir. Com Jesus, Deus está mais perto de nós, tão perto que O podemos ver, tocar, O podemos perseguir, podemos apedrejá-lo e até matá-l'O. Deus está tão perto que Se esconde no meio de nós. Caminha connosco. Percorre ruas e vielas e avenidas que também percorremos, e sonhos e projetos de transformar o mundo e fazer com que todo o mundo seja uma só família e em que todos sejamos irmãos.

A voz que vem de Deus diz-nos que Aquele Homem da Galileia (e da Judeia e do mundo inteiro) é o Filho, o Amado do Pai. É único para o Pai, pois todos aqueles que amamos são únicos para nós. Ama-O com todo o amor. Deus não Se dá aos pedaços, às prestações, ou sob condição em conformidade com o comportamento futuro. Como a Jesus, também a nós Deus nos ama. Ama-nos primeiro. Antes de o merecermos. Ama-nos por inteiro. Como a Jesus. Seremos, como Ele, filhos únicos e bem-amados.

 

2 – A vida pública de Jesus inicia com o Seu Batismo. A nossa vida, como membros do Corpo de Cristo que é a Igreja, inicia com a inserção no Batismo de Jesus, tempo novo de graça e de salvação, novas criaturas, beneficiários da Misericórdia de Deus.

Importante lição de João Batista quando a multidão se pergunta se não será ele o Messias. Poderia deixar andar e beneficiar da expetativa e do sucesso granjeado entre a multidão. Mas depressa lhe assenta o estômago: «Eu batizo-vos com água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar as correias das sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo».

João prepara o caminho, é a Voz que torna audível a Palavra de Deus que é Jesus Cristo. Aponta para o Messias: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele está antes, porque desde sempre é o Filho de Deus. É Ele que Eu anuncio. Foi por Ele que eu vim.

E lição importante de Jesus que se coloca na fila, sem passar à frente, ao largo ou ao longe, sem Se colocar acima, à margem ou de fora, coloca-Se em fila e como parte daquele povo que se aproxima de João Batista para ser batizado.

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3 – Um dos fios condutores do Evangelho e da missão evangelizadora de Jesus é a sintonia com o Pai. O Meu Alimento, diz Jesus, é fazer a vontade de Meu Pai. Nada faço por Mim mesmo. Como vi fazer ao Pai, assim Eu faço. Mais tarde, no entardecer de Quinta-feira santa, o mandato aos seus discípulos: Como EU fiz, fazei vós também. É o caminho e compromisso com o amor, com o serviço, no cuidado terno aos semelhantes que em Jesus se tornam irmãos de cada um de nós.

Enquanto levanta o olhar, o coração, a vida e o mundo para Deus, o céu abre-se e o Espírito Santo assume a forma corporal de uma pomba. E faz-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».

No Batismo de Jesus, e no nosso também, Deus está por inteiro, Pai e Filho e Espírito Santo, manifesta-Se totalmente e assume-nos por inteiro. Ele coloca em nós todo o Seu amor de Pai.

 

4 – São Pedro, na segunda leitura, aponta-nos o CAMINHO a seguir, acessível a todos, já que Deus não faz aceção de pessoas e, portanto, cada um de nós se habilita à Sua herança. Ele enviou-nos Jesus Cristo, Sua palavra, que nos anuncia e nos traz a paz. A condição é o temor/amor a Deus e a prática da justiça.

A referência, o nosso CAMINHO, é Jesus Cristo, Enviado pelo Pai, ungido com a força do Espírito Santo, “passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».

Deus está connosco! Está no meio de nós. Avancemos fazendo o bem e sendo cura para todos os que vêm até nós. Partamos ao encontro uns dos outros.

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Textos para a Eucaristia (ano C): Is 42, 1-4. 6-7; Sl 28 (29); Atos 10, 34-38; Lc 3, 15-16. 21-22.

12.12.15

Alegrai-vos sempre no Senhor

mpgpadre

       1 – O terceiro Domingo do Advento é conhecido como da Alegria (Gaudete), tal é a LUZ que vem do Natal e que se anuncia cada vez com mais intensidade. A alegria tem muitas cores e muitas motivações, ainda que as expressões sejam idênticas: exuberância, sorriso, apaziguamento, conversação, proximidade, contágio. Como nos lembra Toltoi, as famílias alegres são todas iguais, mas cada uma sofre à sua maneira. A alegria gera comunicação e comunidade; a tristeza, sem mais, afasta, isola, atrofia, por culpa própria, por cansaço dos outros ou pelo desgaste do tempo.

       A alegria é possível para quem encontrou a paz, um sentido para vida, uma luz interior que não se apaga por maior que sejam as tempestades. Falta mais um domingo para o Natal. A proximidade espiritual (também cronológica) já não deixa margem para a dúvida: Deus está a chegar à minha e à tua vida. Deus vai nascer. Deus vai querer estar connosco. Ele vai querer para nós todo o bem. Ele está a chegar, porque sempre vem, porque sempre Se aproxima, porque sempre nos ama com amor de Mãe e de Pai, porque sempre Se dá, total e absolutamente, sem reservas nem condições. É Deus de Misericórdia, cujo ROSTO é Jesus, o Deus que Se faz Menino e que Se deixa embalar, tocando-nos com a Sua fragilidade de Menino, ternura de uma criança que acaba de nascer. As Mães ensinam-nos /dizem-nos a beleza dos filhos acabados de nascer. Já não há tempo a perder, não há tempo para nos distrairmos com outras coisas. Ele faz-Se anunciar. Já vem lá, arrumemos a casa, abramos as portas, arejemos os espaços, perfumemo-nos de alegria. O nosso coração já se dilata, queremos apressar a Sua chegada.

       Preparemo-nos para a festa. Ponhamos o melhor sorriso para O receber. Vistamo-nos de esperança. Quando um amigo, um familiar regressa, para uma ocasião festiva, logo começamos a imaginar a alegria que vamos experimentar, e já vivemos nesta antecipação, pois já estamos a viver com esta chegada certa.

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       2 – Enquanto nos preparamos para escutar o Evangelho, as leituras que o procedem falam-nos desta ALEGRIA no Senhor que vem, em Deus que nos ama, na salvação iminente.

       A profecia de Sofonias dá como certa a salvação e, por conseguinte, desafia todo o povo: «Clama jubilosamente, filha de Sião; solta brados de alegria, Israel. Exulta, rejubila de todo o coração, filha de Jerusalém... O Senhor teu Deus está no meio de ti, como poderoso salvador. Por causa de ti, Ele enche-Se de júbilo, renova-te com o seu amor, exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa».

       Deus alegra-Se connosco e por nós. Vem salvar-nos e a Sua alegria envolve-nos e compromete-nos. Pela mesma razão podemos e deveremos exultar de alegria porque Ele já está no meio de nós. E se Ele está connosco, e está por nós, nada nos poderá separar da felicidade que não tem fim. Estamos a caminho e experimentaremos a fragilidade da nossa existência. Mas se Deus é a garantia da nossa felicidade definitiva, se Ele segue connosco, os nossos caminhos são mais seguros e sabemos que, com maior ou menor esforço, sacrifício e dedicação, haveremos de chegar à meta prometida.

       Do mesmo jeito, São Paulo nos convoca: «Alegrai-vos sempre no Senhor. Novamente vos digo: alegrai-vos. Seja de todos conhecida a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com coisa alguma; mas em todas as circunstâncias, apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e ações de graças. E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus».

       A alegria advém do amor de Deus e da certeza inabalável que Ele está por perto. Por isso Lhe poderemos suplicar, agradecer e colocar-nos diante d'Ele com o que somos, com as nossas alegrias e os nossos sonhos, com os nossos pecados e com todo o bem que deixamos passar através da nossa voz e da nossa vida.

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       3 – Como insinua São Paulo, a alegria que experimentamos em Cristo não é passageira, superficial, fingida ou para nos disfarçarmos diante dos outros. A alegria é indelével, vem de Deus, não está a prazo, não é acessória. É definitiva. É uma alegria que nos solidariza no bem, na verdade e na justiça. A alegria requer a partilha. Ninguém faz festa sozinho. Ninguém é feliz na solidão. A alegria também se constrói. É dom de Deus que nos obriga a condividir, a partilhar. Todo o dom só faz sentido e só é dom multiplicando-se pelos outros.

       O Evangelho aponta-nos o caminho a percorrer para alcançarmos a alegria que a salvação vem trazer-nos. Deus salva-nos contando com a nossa liberdade e a nossa cooperação. Como nos recorda Santo Agostinho: Deus criou-nos sem nós mas não nos salva sem nós. Não força, não Se impõe. Propõe-Se e expõe-Se. Em Jesus Cristo, Deus deixa-se embalar, deixa-Se amar. Mas também podemos fazer-Lhe mal, persegui-l'O, condená-l'O, pregá-l'O numa cruz. E sempre que o fizermos a um dos irmãos mais pequenos a Ele o faremos. Se tocamos as feridas de alguém, é de Cristo que cuidamos. Se agredimos alguém, é a Cristo que recusamos.

       As multidões seguem João Batista e mastigam as suas palavras. O Precursor faz saber que o Messias está a chegar e portanto é tempo de conversão e de mudança de vida. Pessoas de várias condições manifestam a vontade de se preparar: que devemos fazer?

       As respostas de João Batista são concretas: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo... Não exijais nada além do que vos foi prescrito... Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo».

        Há mais alegria em dar do que em receber. A alegria também se deve procurar, deve ser uma opção de vida, ainda que por vezes a vida seja madrasta. Todas as pessoas e todos os grupos podem participar da alegria que nos vem de Deus, comprometendo-se a construir um mundo mais solidário, mais humano.

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       4 – São João Batista, que nos acompanha de perto, não se deixa confundir pelos elogios e aponta para Jesus, a verdadeira Alegria, o Messias de Deus: «Eu batizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga».

       A proximidade do Deus que vem salvar-nos convoca-nos ao júbilo mas também ao compromisso. É bom que façamos frutificar a semente em nós plantada pela Palavra de Deus e demos fruto em abundância... A palha sem fruto só dará para queimar. O aviso de João Batista não é uma ameaça. Ele responsabiliza-nos. Não somos mais crianças irresponsáveis, ainda que devamos manter a mesma lisura, mas adultos envolvidos na transformação do mundo. Antecipamos a chegada de Deus pelo bem que promovemos. "Deus é o meu Salvador, tenho confiança e nada temo. O Senhor é a minha força e o meu louvor. Ele é a minha salvação... Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas, anunciai-as em toda a terra. Entoai cânticos de alegria, habitantes de Sião, porque é grande no meio de vós o Santo de Israel".

       Não estamos sozinhos. E isso é fonte de alegria. Ele segue connosco e faz-Se presente por todos os que nos acompanham no caminho. E isso apazigua-nos e dá-nos vitalidade para continuarmos a trabalhar por um mundo melhor e onde nos reconheçamos como irmãos.

 

Pe. Manuel Gonçalves

_____________________

Textos para a Eucaristia (C): Sof 3, 14-18a; Sl Is 12, 2-3. 4bcd. 5-6; Filip 4, 4-7; Lc 3, 10-18.

06.12.15

Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor

mpgpadre

       1 – O dia faz-se anunciar pela claridade que desponta no horizonte. Pouco a pouco a luz permite-nos ver mais além e os contornos dos objetos e das pessoas fazem-nos avançar com mais segurança. À noite todos os gatos são pardos e podem agigantar-se as ameaças e facilmente sermos surpreendidos por aqueles que nos roubam o sonho. A luz permite-nos discernir melhor e caminhar mais confiantes. É de LUZ que nos fala o Advento e é LUZ que o Natal nos trará em abundância. Enquanto celebramos a ESPERA, em expectativa vigilante, já experimentamos a alegria do encontro certo com Jesus. Não é uma espera banal, passageira, indiferente. É uma espera prometida e com sinais concretos que se efetivará. É Deus que promete e não promete menos que Ele mesmo no meio de nós, para nos redimir, para nos elevar. Comunga a nossa vida, para que O comunguemos, partilhando da Sua vida.

       Neste segundo domingo do Advento, surge a inevitável figura de João Batista, interpretando e concretizando as palavras de Isaías. João vem antes ANUNCIAR e PREPARAR o caminho para o Messias, o Emanuel, o Deus connosco. Para que Deus não passe despercebido, o ENVIO de João, como Precursor, adocicando o nosso coração para reconhecermos e acolhermos o Filho de Deus. Quando queremos pedir alguma coisa ao Pai, recorremos à Mãe ou a um irmão para que interceda e amacie o coração do Pai, para que nos conceda o que lhe pedimos. João vem abrir, vem rasgar, vem despertar os nossos corações e as nossas vidas, vem inquietar-nos e despertar-nos. São horas de acordar e levantar. Que o DIA não comece a meio ou se inicie sem nós.

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       2 – A salvação de Deus está próxima. Tão próxima que até lhe podemos tocar. Não vem descarnada, como aragem que passa sem se fazer sentir, ainda que na leve brisa se possa encontrar Deus. A salvação tem um nome e um rosto: Jesus Cristo, o Filho de Deus. É o Rosto da Misericórdia do Pai. É um tempo novo e um REINO novo, de justiça e verdade, de alegria, de festa e de paz, é um reino sem trono nem coroa nem pompa nem armadura. É um reino de amor, feito de perdão e de serviço.

       João Batista vai mostrando como esse Reino é diferente: não exige qualificações nem se rege pelas aparências, não necessita de força ou de armas. O que precisa mesmo é de corações convertidos, dispostos a amar, a servir com alegria, corações dóceis para visualizar o Amor de Deus; pessoas que abdiquem da opacidade para transparecerem a graça que vem de Deus.

       Há diferentes reinos e cargos revestidos de poder. "No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide e Lisânias tetrarca de Abilene, no pontificado de Anás e Caifás...".

       Deus tem hora marcada connosco. Vem a todas as horas e em todo o tempo. Mas marca encontro connosco. Por isso, em Jesus Cristo, torna-Se pessoa, como nós. Deixa-Se ver. Deixa-Se tocar. Deixa-Se encontrar e até matar. Podemos pegar-lhe ao colo. Ou podemos pregá-lo numa Cruz. O poder de Deus é tanto que Se reduz à nossa dimensão, para não estar acima, ou à distância, ou incólume à nossa condição humana. Precisa de um lugar, uma manjedoura, um estábulo, e sobretudo quer precisar de nós. Mendiga o nosso amor.

       A palavra de Deus é dirigida a João, filho de Zacarias e de Isabel. No deserto. Todos os lugares são bons para Deus nos falar, mas por vezes necessitamos do silêncio e que as coisas e as pressas da vida não nos distraiam nem nos deixem confundir outras vozes com a voz de Deus.

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       3 – Retenhamos os verbos, disponibilizados por Isaías, daquele que anuncia o VERBO de Deus. Clamar... Preparar... Endireitar... Altear... Abater... Endireitar... Aplanar... e VER. Ver a salvação de Deus. É para este VER que a palavra de Deus nos faz ouvintes. É para este VER que João Batista percorre toda a zona do Jordão, pregando um batismo de penitência para a remissão dos pecados.

       «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus’».

       Não podemos ficar mudos diante das injustiças. É preciso, também hoje, clamar, até que a voz nos doa. Preparemo-nos. Para recebermos bem preparamos o espaço mas sobretudo o coração e a alegria para fazer com que os convidados, aqueles que chegam, se sintam em casa. Endireitar os nossos caminhos e o nosso olhar para reconhecermos nos outros a presença de Cristo e deles cuidarmos como irmãos. Altear a nossa vida quando existem obstáculos que nos impedem de ver os outros, procurando-os e indo ao seu encontro para ajudar. Abater o orgulho, a inveja e os ódios que nos afastam dos outros, ensoberbecendo-nos, isolando-nos, pondo-nos num pedestal que cria distâncias e nos impede de sentir o calor e o odor dos que caminham connosco. Endireitar, aplanar, para que aqueles que querem vir até nós possam alcançar-nos facilmente.

       Os verbos põem-nos em movimento. A vinda de João compromete-nos, mobiliza-nos, faz-nos descruzar os braços e destapar o coração, arejar a mente e faz-nos sair do nosso espaço de conforto. O mais importante da vida, ou pelo menos, aquilo a que damos mais valor, é o que nos custa, nos sai do corpo, e nos faz transpirar. É esta a pregação de João: sair, compor o chão, alisar a terra, investir o melhor de nós, para deixarmos passar Aquele que vem de Deus, e arranjar espaço para que a Palavra tenha lugar em nós e encontre a terra trabalhada e assim a semente possa morrer como semente e nascer como planta, para vir a dar fruto em abundância.

Pieter-Bruegel-The-Younger-A-Landscape-With-Saint-

       4 – A oração de coleta faz sinfonia e sintonia com o desafio do Precursor. "Concedei, Deus omnipotente e misericordioso, que os cuidados deste mundo não sejam obstáculo para caminharmos generosamente ao encontro de Cristo, mas que a sabedoria do alto nos leve a participar no esplendor da sua glória".

       A convocação é para enfrentar os obstáculos, as dificuldades, os medos e as hesitações. O tempo que chega é definitivamente tempo de Deus, que nos é dado para nos aproximarmos uns dos outros e em Jesus Cristo edificarmos uma verdadeira fraternidade.

       O profeta faz ecoar as promessas do Deus que vem. É já tempo de deixar a veste de luto e de aflição e revestir o manto da justiça. O nome que Deus nos dá para sempre: «Paz da justiça e glória da piedade».

       O clamor do Profeta diante da cidade: «Levanta-te, Jerusalém, sobe ao alto e olha para o Oriente: vê os teus filhos reunidos desde o Poente ao Nascente, por ordem do Deus Santo. É Deus que os reconduz a ti, trazidos em triunfo, como filhos de reis. Deus decidiu abater todos os altos montes e as colinas seculares e encher os vales, para se aplanar a terra, a fim de que Israel possa caminhar em segurança… Deus conduzirá Israel na alegria, à luz da sua glória, com a misericórdia e a justiça que d’Ele procedem».

       Baruc ajuda-nos a compreender que mais que abatermos os montes e altearmos os vales, é Deus que o fará. Mas conta connosco. O Precursor, João Batista desafia a nossa conversão para reconhecermos e acolhermos o Messias que vai chegar. Preparamo-nos para Ele chegar. Antes, Deus prepara tudo para que nós possamos caminhar em segurança e chegarmos à Sua glória.

Domenico_Ghirlandaio_-_Preaching_of_St_John_the_Ba

       5 – O Advento não é um tempo estático, como víamos, é um tempo de ESPERA ativa. O que lá vem, melhor, Quem vem lá, exige que nos preparemos e trabalhemos o mundo em que vivemos. O Apóstolo Paulo faz da sua missiva à comunidade uma oração que interpela.

        «Peço sempre com alegria por todos vós, recordando-me da parte que tomastes na causa do Evangelho, desde o primeiro dia até ao presente. Tenho plena confiança de que Aquele que começou em vós tão boa obra há de levá-la a bom termo até ao dia de Cristo Jesus. Por isso Lhe peço que a vossa caridade cresça cada vez mais em ciência e discernimento, para que possais distinguir o que é melhor e vos torneis puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo».

       Deus dá início à obra da salvação. Connosco. Estamos dispostos a deixarmo-nos conduzir por Ele?

 

Pe. Manuel Gonçalves

________________________________________________________________

Textos para a Eucaristia (C): Bar 5, 1-9; Sl 125 (126); Filip 1, 4-6. 8-11; Lc 3, 1-6.

10.01.15

Tu és o meu Filho muito amado...

mpgpadre

1 – Jesus aproxima-Se de João para ser batizado e logo o Céu desce à terra e a voz do Pai ressoa nos nossos ouvidos e nosso coração: «Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha complacência». Deus reconhece e faz ouvir o amor da Sua eleição. E nós estávamos lá, no Jordão, e não podemos ignorar o que ouvimos.

Ficamos a saber que algo de novo começa a manifestar-se. Aproximemo-nos. João já nos havia precavido: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu batizo na água, mas Ele batizar-vos-á no Espírito Santo».

2 – «Eis o meu servo, a quem Eu protejo, o meu eleito, enlevo da minha alma. Sobre ele fiz repousar o meu espírito, para que leve a justiça às nações. Não gritará, nem levantará a voz… proclamará fielmente a justiça… Fui Eu, o Senhor, que te chamei segundo a justiça; tomei-te pela mão, formei-te e fiz de ti a aliança do povo e a luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirares do cárcere os prisioneiros e da prisão os que habitam nas trevas».

Deus precede-nos, n'Ele a origem do amor, primeiro e verdadeiro, único e perfeito. Faz repousar o Seu Espírito no Filho que nos dá, cuja Luz purifica o nosso olhar. E quando olhamos a vida e os outros com o mesmo olhar com que Deus nos ama, então ficamos mais próximos uns dos outros, mais irmãos, mais família.

Batismo_Jesus.jpg

3 – «O Senhor abençoará o seu povo na paz».

A bela melodia do Salmo faz sinfonia com o Ungido do Senhor, que vem para amar, libertar, para dar a Vida por nós e nos salvar, nos guiar, nos elevar com Ele para junto do Pai. O Deus da Paz nos abençoe e proteja, nos conduza por águas calmas e que no caudal da vida, do tempo e da história, nos faça avançar com os outros.

 

4 – Depois de tantas vicissitudes, eis o imponente testemunho de São Pedro. Ponhamo-nos à escuta, no meio da multidão, como faz Jesus quando vai ter com João ao Jordão para por ele Se fazer batizar. Não passa à frente ou ao lado, mas está no MEIO do povo, com o Povo e com o Povo caminha até João.

Pedro, aquele que antes, por medo e por vergonha, se tinha recusado a ser associado a Jesus, associa-se agora com todo o coração:

«Deus não faz aceção de pessoas… Ele enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo. Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».

O amor de Deus é para todos. Não escolhe nem idade, nem nacionalidade, homens ou mulheres, é para todos. Em Jesus todos somos irmãos. Um povo, uma nação cuja aliança se expande a todo o mundo. Deus não faz aceção de pessoas, como tantas vezes a nós nos acontece ou deixamos acontecer.

 

5 – Depois do Batismo, e durante toda a vida, Jesus passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos. Deus estava com Ele. E Ele transparecia Deus, nas palavras, nos gestos, no olhar, nos prodígios realizados, nos silêncios, na oração, a caminhar, e em todos aqueles e aquelas que encontrava no Seu caminho.

Deus está (sempre) connosco. Com e em Jesus somos batizados. E como passamos? Fazendo o bem? Curando os que à nossa volta estão oprimidos? Sentimo-nos ungidos e enviados? Preenchemos os nossos dias com a presença de Deus? Quem transparecemos? 


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 42, 1-4. 6-7; Sl 28 (29); Atos 10, 34-38; Mc 1, 7-11.

 

Reflexão completa no nosso blogue CARITAS IN VERITATE

e na página da PARÓQUIA DE TABUAÇO

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