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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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03.09.14

Leituras: EVA SCHOLOSS - A Rapariga de AUSCHWITZ

mpgpadre

EVA SCHOLOSS, com Karen Bartlett (2014). A Rapariga de Auschwitz. Barcarena: Marcador Editora. 282 páginas.

 (Anne Frank; Eva Geiringer; Eva ao colo da mãe e com o irmão)

 

       Meia-irmã póstuma de Anne Frank, a autora desta história de vida, Eva Schloss, conta, a partir da sua experiência pessoal e da sua família, a experiência terrível dos campos de concentração, os antecedentes e como a vida, com as marcas do sofrimento e da perda de familiares e amigos, se foi refazendo aos poucos. Os acontecimentos marcantes da infância e da juventude e a militância por uma causa, para que no presente e no futuro, a descriminação por motivos de pele, de nacionalidade, de religião, de opção de vida, não se torne no tormento que foi a guerra liderada por Hitler e pelo regime nazi, cuja Solução Final era eliminar os judeus da face da terra. Pouco a pouco os campos de concentração levaram à morte milhares de pessoas inocentes, mulheres, homens e crianças, escolhidos (quase) aleatoriamente para morrerem primeiro, ou por que eram muito novos ou muito doentes para trabalhar, ou por que levantaram a cabeça ou ousaram perguntar alguma coisa. O motivo principal e único: ser judeu.

       Eva Schloss (que viria a casar com Zvi Schloss, de quem adoptou o apelido), encontrou-se com Anne Frank em Amesterdão, na Holanda, depois de ter saído da Áustria, sua terra natal, com a família, já sob a perseguição e ameaça nazi. Viviam perto da família de Anne Frank. Não eram amigas especiais, mas encontraram-se com idades muito próximas, 15 anos, sendo a Anne um mês mais velha, embora esta, reconhece a autora, parecesse mais senhora do seu nariz. Tinham amigos comuns. As famílias viviam com a mesma esperança de viverem num jardim que os protegeria das investidas nazis. Mas a Holanda não aguentou a invasão. Escondendo-se em casa de amigos, mas uma e outra família foram traídas e entregues às autoridades.

       Anne Frank viria a morrer em Auscwitz-Birkenau, juntamente com a irmã, poucos dias antes da libertação. A mãe de Anne Frank morreu um pouco antes. Sobreviveu-lhes o pai, Otto Frank. Da parte da família de Eva, o pai e o irmão morreram, também pouco antes da libertação.

       Entretanto chega a hora a libertação, Eva cruza-se com Otto Frank, muito reservado e abatido pela morte das suas filhas. No regresso a Amesterdão voltam a encontrar-se e pouco a pouco Otto passa a ser uma visita habitual da casa. O pai de Anne Frank e a mãe de Eva compreendem-se, reconfortam-se na dor e na perda dos seus familiares. Mutti - a mãe de Eva - vai estar muito envolvida na publicação e divulgação do Diário de Anne Frank, colaborando com Otto, com quem se casa pouco depois da filha Eva se casar.

       Como apontamento da capa deste livro, a Rapariga de Austchwitz começa onde o Diário de Anne Frank termina, pois aqui a história e as vidas continuam. A autora herda a máquina fotográfica Leica com a qual Otto tirava fotos às filhas. Por um momento da sua vida dedicar-se-á à fotografia, depois às antiguidades, e finalmente, o que mudou a sua vida, dedica-se à causa de Anne Frank, contando a sua própria experiência, não tanto para desenterrar o passado mas para deste ajudar no presente e no futuro a eliminar a intolerância, as injustiças, a descriminação.

       É uma leitura envolvente desde logo por nos colocar dentro dos acontecimentos que feriram os judeus, diretamente, mas toda a civilização ocidental.

«Filhos, prometo-vos isto», disse o meu pai: «Tudo o que fazem deixa algo para trás; nada se perde. Todo o bem que praticarem continuará nas vidas das pessoas que tocaram. Fará a diferença para alguém, em algum lugar, algum dia, e os vossos atos serão continuados. Tudo está ligado como uma corrente que não pode ser quebrada» (p 13)
"Há sempre esperança... as circunstâncias da vida mudarão sempre - às vezes para melhor, outras para pior. Nada se mantém na mesma..." (p 163)
"Viver a vida num mundo ao qual todos podem «pertencer» não é um ideal altruísta aos meus olhos - tem sido sempre uma das maiores e mais perturbadoras questões da minha vida...
Comecei a minha vida na Áustria, tornei-me uma refugiada apátria, e depois vi-me reduzida a um número, dolorosamente tatuado no antebraço. Depois da guerra, os Aliados decidiram que os judeus não deveriam ser tratados como um grupo separado e que deveriam ser de novo designados como «austríacos» (curiosamente, fomos agrupados com os mesmos nazis que nos tinham perseguido e considerados «inimigos estrangeiros»). Nunca obtive a cidadania holandesa e, alguns anos mais tarde, acabei por morar em Inglaterra, onde jamais imaginei que me casaria e teria uma família...
Este livro contou-vos algumas das minhas memórias dessa época, mas as recordações deveriam ocupar um lugar menor no mundo, pois o importante é mudar as coisas para melhor" (p. 276)

13.08.14

Leituras - CHIMANDA NGOZI ADICHE - Americanah

mpgpadre

CHIMANDA NGOZI ADICHE (2013). Americanah. Alfragide: D. Quixote. 720 páginas.

 

        O livro mistura-se com a história da autora, Chimanda Ngozi Adiche, natural da Nigéria e que emigra para os EUA para frequentar a Universidade e que resulta de uma Bolsa de Estudos. Universitária na Nigéria, valoriza-se na América. Da cor do chocolate como ela própria refere, nos EUA, e entramos já no livro, depara-se com o racismo. Na Nigéria não é necessário falar de racismo, não se coloca a discussão da raça, pois são todos da mesma cor. O desejo de emigrar para Inglaterra e para os Estados Unidos caracteriza a geração da protagonista, que segue no seguimento de outros nigerianos. O seu apaixonado, Obinze, não emigrará devido ao 11 de setembro de 2001 e aos entraves colocados a estrangeiros e sobretudo estrangeiros de cor.

       Nos EUA, a protagonista, Ifemelu, deparar-se-á pela primeira vez com a discussão da raça, no acesso a serviços, em muitos ambientes culturais e sociais. E o facto de haver obrigatoriedade de uma cota para alguns empregos serem atribuídos a pessoas de cor negra, da cor do chocolate ou ainda mais escuros, isso revela um outro aspeto de racismo, sendo que sobre eles haverá sempre a dúvida se "subiram" por ser negros ou por serem talentosos. Há um crime, foi um preto, então todos os pretos são suspeitos.

       No ambiente do romance encontra-se o processo da primeira eleição de Obama para Presidente dos EUA, o que motiva os negros de diversas nacionalidades, emigrados na Américo, ou descendentes de africanos a congregarem esforços pela sua eleição. Pela primeira vez na história dos EUA um presidente negro. A protagonista até se inclina mais para Hilary Clinton, por ser mulher e por se sentir mais perto das suas ideias. Mas pouco a pouco vai ser acérrima defensora da eleição de Obama. A dúvida continua nos dois candidatos: um terá o apoio mais expressivo dos negros; a outra, terá o apoio mais expressivo por ser mulher e poder tornar-se a primeira mulher a ser Presidente dos EUA. Ou seja, não está tanto em causa as ideias, ou a pessoa, mas a motivação racial ou de género. Essa é apenas uma questão.

       Todo o livro se assume à volta da questão racial, mas também da procura de melhores condições de vida. Alguns regressam a casa, como Ifemelu, a uma Nigéria marcada pela corrupção, onde as oportunidades resultam de conhecimentos e favores. Não é um exclusivo da Nigéria. Outros já não regressam. Quando regressa continua a ser olhada como americanah, com os seus tiques, mas também dela espera que dê, distriua beneces.

        É um livro, diria, imenso, mas de agradável leitura. Para lá do romance em si, bem contruído, com um fio condutor que interliga personagens mas também a discussão à volta da raça. Efemelu ganha prestígio precisamente através de um blogue que explora a questão racial de uma forma aberta, sem dogmativos. O blogue permite-lhe também apresentar "receitas" para os negros. Por curiosidade que revela a autora: a maioria das revistas tem mulheres brancas, faz sugestão de cremes, de champôs, de tratamentos para a pele, para mulheres brancas. E há mulheres de cor que querem parecer-se com as mulheres brancas, esticando o cabelo. Numa entrevista para emprego segue a sugestão para se vestirem como se fossem brancas e pentearem como mulheres brancas. Por outro lado, é difícil encontrar cabeleireiras aptas para tratar do cabelo às mulheres de origem africana.

       Outro dado curioso, presente também no livro. Um negro é sempre um africano, independentemente de ser da Nigéria ou da África do Sul, o que demonstram uma enorme ignorância como se um nigeriano conhecesse todos os costumes e tradições de todo o continente africano...

       Para conhecer um pouco melhor a autora vale a pena parar uns minutos e escutar a apresentação que se segue, através da qual descobri a autora e que motivou a aquisição e leitura desta belíssima obra. Sobre os perigos da história única:

04.05.11

Proibido dizer...

mpgpadre

Em nome de todas as crianças sem pão

e de todas as crianças com pão a mais,

proibimos a palavra FOME.

 

Em nome de todos os pobres envergonhados

e de todos os ricos avarentos,

proibimos a palavra INJUSTIÇA.

 

Em nome de todas as palavras sem corpo

e de todas as almas sem rosto,

proibimos a palavra MENTIRA.

 

Em nome de todos os velhos sem luz

e de todos os jovens sem verdade,

proibimos a palavra IGNORÂNCIA.

 

Em nome de todos os pretos

e de todos os brancos,

proibimos a palavra RACISMO.

 

Em nome de todos os vencidos

e de todas as vitórias mal ganhas

proibimos a palavra VINGANÇA.

 

Em nome de todos os emigrantes sem voz

e de todos os oportunistas com sorte,

proibimos a palavra DISCRIMINAÇÃO.

 

Em nome de todos os doentes sem cura

e de todos os médicos sem escrúpulos,

proibimos a palavra INDIFERENÇA.

 

Em nome de todas as vítimas da violência

e de todos os que proíbem a paz,

proibimos a palavra GUERRA.

 

Em nome de todos os pais

e de todos os que amam a vida,

proibimos a palavra MORTE

(Frei Manuel Rito Dias, in CJovem)

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