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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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27.02.16

Talvez venha a dar frutos!

mpgpadre

1 –  A vida é um mistério que não se dissolve no conhecimento, na ciência ou na sabedoria popular. A sua complexidade, por um lado, e a sua simplicidade, por outro, fazem da vida (vegetal, animal, humana) um desafio permanente de procura, de descoberta, de admiração. Para crentes e não crentes é um mistério inabarcável.

Com os avanços da ciência foi possível resolver muitos enigmas e melhorar a qualidade da vida, ainda que persistam doenças crónicas, as depressões, o vazio existencial. Somos muito mais que a soma de cromossomas, ADN, sangue, ossos, músculos, carne. Somos um mistério que quanto mais se desvenda mais complexo se torna.

Ao longo do tempo, o ser humano procurou compreender e justificar o sofrimento, a doença e a morte. Se a vida é tão bela, como é possível o sofrimento e a morte? Porque é que a vida não é igual para todos? Porque que é que uns sofrem tanto e outros têm uma vida durável e saudável? Terá a ver (somente) com as escolhas de cada um?

Uns procuram respostas na fé e na religião, outros no acaso ou na ciência. Muitos aceitaram a doença e as desgraças como vontade dos deuses ou como consequência do pecado.

03Mar - A Figueira Estéril.jpg

2 – Jesus questiona o sofrimento e o mal, compadecendo-Se. Não procura justificações ou culpados. É preciso ajudar? Ajuda-se.

Para os antigos, se alguém sofre é porque algum mal praticou. Job questiona tal ligação, pois nada praticou que merecesse tantos sofrimentos. No final, na história de Job, vêm ao de cima a soberania de Deus  e o mistério insondável da vida.

Os mestres de Israel e a gente simples do povo assimilaram que a injustiça, o mal, a doença, a deficiência, o próprio domínio estrangeiro, eram consequência do pecado. Mas de quem? Dos pais, dos próprios, do povo? Jesus desmistifica esta crença ancestral. O pecado é destruidor do tecido social – quando cada um cuida apenas dos seus interesses pessoais ou tribais – e da própria vida – quando acumulamos as toxinas da inveja, do ódio, do desejo desenfreado de vingança. O que nos acontece de mal não é, sem mais, consequência do pecado, a não ser que resulte do mal consciente que outros nos fizeram!

Pilatos mandou derramar sangue de alguns galileus. A questão era saber que mal tinham feito para merecerem tal castigo. Jesus combate esta lógica: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante».

Atente-se à interpelação de Jesus, desligando o mal sofrido de qualquer culpa. Mas, atenção, diz-nos Jesus, é necessário que nos preocupemos com o bem de todos, uns dos outros, aderindo ao Reino de Deus, convertendo-nos. De contrário, pior será a nossa sorte!

The Vine Dresser and the Fig Tree (Le vigneron et

3 – Jesus sublinha a importância da conversão e a inutilidade de arranjar culpados. Fácil é olhar para os defeitos e pecados dos outros! Porém, para os seguidores de Jesus, importa deixar-se olhar pela Misericórdia de Deus e a Ele aderir de todo o coração.

Jesus conta então a parábola da figueira que não dá frutos. «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».

Três anos sem dar fruto é muito tempo. Porquê gastar recursos? E porquê ocupar espaço onde se pode plantar outra árvore ou mais vinha? A parábola fala-nos da paciência de Deus e do Seu amor. Ele não desiste de nós. Nunca. Um e outro ano e mais outro e outro ainda. Jesus é o vinhateiro que visualiza o cuidado, a paciência e a misericórdia de Deus. Em Jesus, o Reino de Deus está em ação e já se podem ver os frutos. Cabe-nos também transparecer o Reino de Deus.

_________________________

Textos para a Eucaristia (ano C): Ex 3, 1-8a. 13-15; Sl 102; 1 Cor 10, 1-6. 10-12; Lc 13, 1-9.

 

REFLEXÃO DOMINCIAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

20.02.16

Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O

mpgpadre

1 – Depois do Batismo, impelido pelo Espírito Santo, Jesus foi para o deserto, para orar. O deserto deixa a descoberto o essencial, com as suas forças e as suas fraquezas. Jesus deixa-Se preencher por Deus e pelo Seu Espírito de Amor, superando dessa forma as tentações do poder, do egoísmo, da facilidade, a tentação de renunciar a uma vida vivida em primeira pessoa e de caminhar enfrentando as dificuldades e os obstáculos. Faz-Se Caminho connosco e para nós.

Agora sobe ao monte. O monte é também um lugar especial de encontro com Deus. Leva-nos com Ele. "Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspeto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente". A subida à montanha permite-nos respirar um ar mais puro, onde se dissolve a nebulosidade. Como não lembrar aqueles dias em que o nevoeiro permanece sobre a vila e temos de ir à montanha para vermos o sol e a luminosidade.

Mas não apenas isso. Jesus vai à montanha com um propósito primeiro: orar ao Pai. O Evangelho de Lucas é particularmente o evangelho da oração de Jesus. Jesus reza, por ocasião do Batismo, e abrem-se os Céus. No alto do monte, Jesus reza e o Seu rosto altera-se, as suas vestes ficam de uma brancura refulgente. A oração faz perceber a presença do Pai. Na oração Jesus, deixa-Se ver tal como É, filho de Deus. É um vislumbre da eternidade de Deus e da ressurreição. O Caminho ainda será longo e de sofrimento, mas uma luz ao fundo do túnel sempre nos incentiva a prosseguir e nos aponta a direção para chegarmos à tona, para chegarmos à luz.

A oração permite-nos participar da vida de Deus. Jesus ensina-nos a fazê-lo, incentivando-nos: "sede misericordiosos como o Vosso Pai é misericordioso" (Lc 6, 36). É na oração que nos aproximamos do monte, que nos aproximamos de Deus. É na oração que Deus dilata o nosso coração para O acolhermos, para nos identificarmos com Ele. Não há outro caminho, ainda que possam existir alguns atalhos.

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2 – Estamos a meio do caminho. Jesus conduz-nos ao monte e, em oração, deixa-Se ver como Filho de Deus, do Seu rosto irradia a Luz da eternidade, o desenlace da Sua e da nossa história na Ressurreição. Mas ainda falta percorrer caminho. Da montanha é possível, estando mais perto dos Céus, olhar o mundo a partir de Deus e do Seu amor de ternura, é possível ver mais longe. Somos agora conduzidos por Jesus, e não pelo demónio, para contemplarmos o mundo não para o subjugar mas para o servir, cuidando de todos os que o habitam, sobretudo os mais frágeis.

Jesus tinha dito claramente aos seus discípulos que a hora das trevas se aproximava rápida e decididamente. Um balde de água fria nas aspirações e nas expectativas dos discípulos. Agora Jesus revela-lhes o que está para lá da paixão, da entrega, da cruz, do sofrimento. Não lhes esconde as dificuldades, mas aponta para a frente. A oração sincroniza-nos com a eternidade, podemos então ver Moisés e Elias, a Aliança que Deus estabelece com todas as nações através do Povo Eleito. A Aliança é refeita, plenizada e universalizada com a presença, a vida e a mensagem, a morte e a ressurreição de Jesus. A Palavra e a Aliança de Deus com o Seu povo tem agora um ROSTO humano, toda a criação desemboca em Jesus. Lucas ainda tem tempo para nos dizer que Moisés e Elias falavam da morte de Jesus a consumar-se em Jerusalém. Despertando, os discípulos veem a glória de Jesus. Atónito, Pedro, diz a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».

Da nuvem Deus faz-Se ouvir: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Conhecer a Sua identidade é o início mas não é tudo. Não basta saber Quem é Jesus, há que segui-l’O.

__________________________

Textos para a Eucaristia (ano C): Gen 15, 5-12. 17-18; Sl 26 (27); Filip 3, 17 – 4, 1; Lc 9, 28b-36.

 

REFLEXÃO DOMINCIAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

13.02.16

Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto

mpgpadre

1 – A Quarta-feira de Cinzas dá início à Quaresma com o gesto significativo da imposição das cinzas, recordando-nos algo de essencial para continuarmos a ser humanos: a nossa ligação aos outros e a Deus. A cinza e a areia, a pequenez e o deserto. Tomar consciência dos nossos limites e dispomo-nos a acolher Deus nos outros.

Nesta semana acentuou-se a discussão à volta da eutanásia, ou melhor, da morte assistida. Depois da facilitação do aborto, sem controlo nem reflexão, mais um passo em ordem à raça ariana defendida por Hitler e pelo nazismo: eliminação de todos os seres humanos diminuídos – os não-nascidos, idosos, pessoas portadoras de deficiência, doentes... e de todos os que nos incomodem. Já se discute o "aborto" dos nascituros. Um casal de cientistas defende que um bebé ao nascer é igual a um feto de 12 ou de 24 semanas, ainda não decide por si mesmo, não tem direitos, logo os pais podem decidir se vive ou se morre. Mais algum tempo e decidir-se-á sobre qualquer pessoa que não tenha pleno uso da razão!

Salvaguarde-se o acolhimento de todos os que viveram situações traumáticas e, que muitas vezes, não encontraram quem ajudasse positivamente. No Jubileu da Misericórdia o Papa Francisco concedeu a todos os sacerdotes a faculdade de absolver as pessoas envolvidas no aborto, para que todos beneficiem da Misericórdia de Deus.

A Quaresma aviva a consciência sobre a nossa indigência. Somos vasos de barro nos quais Deus coloca a abundância e da Sua misericórdia. Cabe-nos cuidar uns dos outros, reconhecendo-nos promotores da vida e não causadores de morte, de abandono, de indiferença.

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2 – Jesus, guiado pelo Espírito Santo, vai para o deserto e leva-nos com Ele, para fazermos a experiência do despojamento, da humildade, capacitando-nos para as situações mais adversas. A Sua opção é inequívoca. Deixa-Se conduzir pelo Espírito, para que n'Ele sobrevenha a vontade do Pai, mesmo quando as tentações se querem sobrepor à Sua missão. Quarenta dias alimentando-Se de outro pão…

O deserto fala-nos do essencial, pondo em evidência as nossas fraquezas e libertando-nos do acessório. Com o avançar dos dias começam as dúvidas e as alucinações! Quando estamos mais frágeis, tudo nos passa pela cabeça!

Vem o Diabo com um caminho alternativo do poder, da facilidade e da indiferença, sem tocar o humano, caminho do milagre e do espetáculo impondo-nos a Sua divindade, caminho de egoísmo, utilizando o poder em benefício próprio, excluindo todo o esforço:

A) «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão»; B) «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos… se Te prostrares diante de mim»; C) «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’».

As respostas de Jesus são concludentes:

A) «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’»; B) «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’»; C) «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».

Seguindo o Caminho de Jesus, decalcando a Sua postura e a Sua intimidade com o Pai, ser-nos-á possível vencer as tentações.

 

3 – A vida é-nos dada por Deus para vivermos dando luta, sem desistir, por maiores que sejam as adversidades.

A vida de Jesus será uma oferenda permanente. Oferecer-Se-á por nós, esgotando-Se. Não usará o poder em benefício próprio. A tentação da cruz – salva-te a ti e a nós também – será superada pela entrega – Pai, perdoa-lhes. Fácil seria transformar as pedras em pão. Mas não seria humano. Humano é trabalhar com honestidade pelo pão de cada dia. Quando necessário Jesus há de transformar a água em vinho de qualidade que sacia a nossa sede e nos permite continuar a festa da vida; multiplicará os pães e converter-nos-á em pessoas solidárias, para que não falte o alimente a ninguém. "Tive fome e deste-me de comer". A fé traduz-se nas obras de misericórdia.

____________________________

Textos para a Eucaristia (ano C): Deut 26, 4-10; Sl 90 (91); Rom 10, 8-13; Lc 4, 1-13.

 

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