Destruí este templo e em três dias o levantarei
1 – «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Resposta de Jesus àqueles que o questionam sobre a autoridade com que repreende e expulsa os vendilhões do templo.
Os ouvintes de Jesus contestam: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?» São duas leituras diferentes sobre realidades distintas. Os judeus falam do templo de Jerusalém. Jesus fala da Sua vida, anunciando a Sua morte e a Sua ressurreição três dias depois de ser morto. «Quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus».
A casa é lugar, é espaço sagrado, é altar, é sacramento, do nosso encontro com Deus e com os irmãos, seja templo de pedra ou a nossa vida, e, por conseguinte, deverá ser honrado, íntegro, sem tralha que nos impeça de voltar o coração para Deus e de abraçar os irmãos.
Mais à frente, no diálogo com a Samaritana, Jesus concluirá, com todas as letras, que o verdadeiro culto não se realiza em Jerusalém ou em Gerizim, mas em espírito e verdade, através do nosso corpo, da nossa vida por inteiro. Porém, e como se conclui da atitude de Jesus, os espaços sagrados devem ser respeitados e respeitáveis.
Três domingos e três espaços para encontrar Deus. No deserto, onde as seguranças não existem, ficámos a sós com Deus. O monte que nos invita a sair do nosso conforto e comodismo, exigindo que nos ponhamos a caminho e subamos, não para ficarmos envoltos em nuvens, mas para regressarmos e trazermos a luz ao mundo. Hoje é o Templo, espaço sagrado, para sentirmos que Deus tem lugar e hora marcada connosco, não é simples abstração espiritual.
2 – «Não façais da casa de Meu Pai, casa de comércio». Nas entrelinhas, os discípulos percebem as palavras da Escritura Sagrada: «Devora-me o zelo pela tua casa».
Jesus é o TEMPLO que nos acolhe. A Sua vida, feita doação, tornar-se-á LUGAR de encontro e de vida nova. N'Ele seremos uma só família para Deus. Do alto da Cruz, Ele nos assumirá como irmãos, dando-nos Maria por Mãe, para que n'Ela aprendamos a amar-nos uns aos outros. Maria cuidará de nós para que a casa do Pai não seja casa de comércio, mas casa de encontro, de partilha e de comunhão.
É preciso muito tempo para construir, edificar, para solidificar. Num edifício como nas nossas vidas, na nossa família e no grupo de amigos. Para destruir por vezes basta uma pequena aragem, uma palavra, um gesto, uma gota de inveja. Um jardim leva uma geração a ficar do agrado de quem dele cuida. Uma família está sempre em aperfeiçoamento, entre alegrias e tristezas.
O que muitos em muito tempo edificaram, poucos em pouco tempo podem destruir com a maior das facilidades. Todo o cuidado é pouco. Será muito importante não desistir. Deus não desiste de nós. Nunca desiste da humanidade. Não desistamos uns dos outros!
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Textos para a Eucaristia (ano B): Ex 20, 1-17; Sl 18 (19); 1 Cor 1, 22-25; Jo 2, 13-25.