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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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04.01.24

Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O

mpgpadre

«Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Vieram de longe, mas querem estar perto do Messias. Andam em busca. No Céu uma estrela brilhante aponta-lhes um caminho, uma estrada, um sentido novo para as suas buscas. Perguntam. Informam-se. Acreditam que outros possam ter informações mais precisas. Em definitivo é a Estrela que os conduz até Jesus, até Belém.

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Num olhar rápido sobre o Evangelho, algumas notas soltas:

  1. Procurar sempre, sem desfalecer. Por cada descoberta, novos desafios. Buscar Deus em toda a parte, na terra, nas pessoas, no céu.
  2. Atentos e vigilantes. Nunca nos darmos por satisfeitos. Despertos para perceber os sinais de Deus que surgem no horizonte.
  3. Levantar o olhar, o coração e a vida. Há mais mundo e mais vida para lá do nosso umbigo. Levantar o olhar para o horizonte, para o Céu, para Deus, donde nos virá a luz. Se olharmos apenas para baixo, para os pés, acabaremos por tropeçar e de nos perdermos dos outros que seguem connosco.
  4. Não ter medo de sair, de ir ao encontro de Deus.
  5. Pôr-se a caminho. Não basta um exercício intelectual sobre a busca. É necessário descruzar os braços e mover as pernas, sair do seu espaço de conforto, fazer-se à estrada que se faz tarde.
  6. Vigilância. Pelo caminho surgirão outras luzes. A confusão da cidade. Os apelos do mundo, da moda, do tempo. Algumas luzes serão brilhantes e ofuscarão a Luz que vem das alturas, podem levar-nos a errar, podem baralhar-nos na nossa busca.
  7. g)Não desistir. Se estamos baralhados. Se há muitas luzes, muitos caminhos, procuremos o que nos leva mais longe, o que nos leva a Belém, o que nos leva a Jesus. Ainda que tenhamos que abandonar a cidade e ir ao deserto, aos nossos desertos. Não desista. Procure. Há de encontrar.
  8. É sempre possível retomar o caminho (enquanto estamos vivos).
  9. Ir até à fonte. Beber nos afluentes pode ajudar-nos a prosseguir viagem, mas a sede só se saciará verdadeiramente quando chegarmos à fonte, ao Presépio, quando chegarmos junto do Deus Menino.
  10. A leveza dos passarinhos, que os faz voar, é precisamente a agilidade em dobrar as pernas. Prostremo-nos em adoração diante d'Aquele que Se abaixou à nossa dimensão.
  11. Demos o melhor que temos. Demos o nosso coração, a nossa vida por inteiro. Os magos deram as suas riquezas. A nossa riqueza é a nossa vida, a nossa fragilidade, a nossa pobreza e o nosso pecado.
  12. Façamos a experiência da Alegria no encontro com Jesus. Há momentos da nossa vida em que tudo parece estar contra nós. Deus está a nosso favor. Encontramo-nos com Ele e ainda não experimentámos uma alegria profunda? Talvez ainda não O tenhamos encontrado. A luz da Fé abre-nos para a alegria do encontro com Jesus.
  13. Não voltemos ao mesmo lugar, mesmo que aí já tenhamos sido feliz, como nos diz a canção. Se encontrámos Jesus, a nossa vida não mais será a mesma. Regressámos à nossa vida, mas por outros caminhos, com outro sentido e outra luz. Doravante temos um MOTIVO maior que preenche todos os nossos dias e os nossos afazeres e nos compromete com os irmãos. Há que buscar e prosseguir por novos caminhos. Mas sobretudo deixar que Jesus Se faça CAMINHO connosco.

24.12.15

Natal 2015: O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós...

mpgpadre

1 – O Natal é luz, é paz, é esperança. O Natal é amor, solidariedade, é vida. O Natal é ternura, justiça, é alegria. O Natal é humanidade, compaixão e misericórdia. O Natal é encontro e transformação, o Natal é vida nova e tempo novo. O Natal é bênção e chegada. É vinda e salvação, inclusão e fraternidade. O Natal é partilha e verdade. O Natal é aconchego e denúncia, é transparência do bem e do mal, é desafio e provocação. O Natal é Jesus a nascer em nós. Deus a fazer-Se um connosco. O Natal é acolhimento e calor. Proximidade e reconciliação. O Natal é tempo da família, dos afetos, e da gratidão. O Natal é Casa de Oração e de Misericórdia. É tempo da memória agradecida. É a oportunidade para recomeçar, para partir, para descobrir, é o tempo para construir, para criar ou solidificar os laços. Todas as comemorações nos fazem parar, refletir, olhar para trás, fazer propósitos para caminhar, emendar a mão, ir ao encontro do irmão.

       À nossa volta não faltam sinais: luzes, enfeites, decorações, Pais-natais, árvores de Natal, Presépios, estrelas, anjos, renas... doces, bolos, convites, prendas... campanhas de solidariedade (algumas das quais servem para as marcas venderem mais). É um tempo muito especial, muito sensível. Sentimentos à flor de pele. As lembranças da infância e do tempo perdido; os sonhos e as vidas que se desfizeram; a família e os que já ficaram para trás. Tudo lembra. Muito mais nestas alturas em que a família se reúne. A alegria mistura-se com a nostalgia. A festa traz-nos de volta os familiares e amigos que estão longe, fisicamente ou pelos meios tecnológicos de comunicação; mas traz-nos também os que já morreram.

       Aos desertos exteriores – pobreza, guerra, toxicodependência, corrupção, fosso entre ricos e pobres, desemprego, fome – acrescem os milhentos desertos interiores – a solidão, falta de sentido para a vida, o vazio da alma. Nestas palavras emprestadas por Bento XVI, e que novamente retomo, um diagnóstico que se torna um desafio a levarmos Luz a todos os recantos, a levar Luz às trevas, ao pecado, aos momentos de desencanto.

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       2 – O Natal é Luz que vem do Céu, da eternidade para o tempo, do Infinito para a história. O Deus que nos criou por amor, por amor nos quer salvar.

       O profeta do Advento e que nos introduz no Natal, Isaías, proclama: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos».

       Ao longo de gerações, Deus não deixou de Se manifestar, de nos enviar os Seus mensageiros, de nos falar, como Pai e Mãe, perscrutando o nosso coração e o nosso olhar, chamando-nos a Si, procurando-nos nos nossos caminhos, muitas vezes incertos e perdidos. «Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo».

       Desde sempre pendeu sobre nós a Misericórdia do Deus altíssimo. Chegado o tempo, Deus quebrou o jugo que pesava sobre todo o povo, para restabelecer a paz e a justiça. «Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado "Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz". O seu poder será engrandecido numa paz sem fim, sobre o trono de David e sobre o seu reino, para o estabelecer e consolidar por meio do direito e da justiça, agora e para sempre. Assim o fará o Senhor do Universo».

       Por conseguinte, podemos dizer e alegrar-nos com o Profeta: «Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação... Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz. Todas juntas soltam brados de alegria, porque veem com os próprios olhos o Senhor que volta para Sião. Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consola o seu povo, resgata Jerusalém. O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus».

       Deus nos dará a paz em abundância. E com a abundância da paz que nos desafia a ser irmãos, a alegria do coração, que nos faz atravessar por vales e montanhas, por mares revoltos e por todas as tempestades que nos atrasam e nos desviam do caminho que nos leva a Jesus.

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       3 – Há Natal e há mais luz, Luz que vem de Deus para nos guiar. Haverá Natal quando o homem quiser, quando o homem sonhar, quando cada um de nós dos outros cuidar, e então haverá Natal porque Deus quer, porque Deus vem, porque Deus nos ama e nos envolve em ternura e misericórdia, porque Deus nos redime e salva, porque Deus nos quer bem e nos assume como filhos no Filho que é nosso irmão, para que n'Ele, Jesus Cristo, dando as nossas mãos e o coração, possamos voltar a ser como no paraíso, como no início, como irmãos, família que caminha, apoiando-se nos momentos bons e nos enfadonhos, nos sonhos e nos agravos. Nunca escravos, sempre irmãos.

       Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para que todos se recenseassem na sua terra natal. Maria e José tiveram que partir, da cidade de Nazaré para a cidade de David, chamada Belém. «Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria».

       Logo o Anjo do Senhor se aproxima dos pastores que andavam por ali e os cerca de luz, dizendo-lhes: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura».

       Quando alguém chega, quando alguém nasce, é tempo para cantar, agradecer, louvar. É a bênção de Deus que chega até nós. Juntemo-nos aos Anjos e aos Pastores e cantemos: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

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       4 – «Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens». Um Menino nos foi dado. Deus no meio de nós. Deus connosco. Tal é o Seu amor que nos assumiu inteiramente, abaixando-Se, colocando-Se ao mesmo nível que nós, para nos elevar com Ele às alturas do Céu, donde veio, de onde nos atrai, para onde nos encaminha, de onde nos acompanha.

       «No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade».

        Acreditando no Filho de Deus, recebemos o poder e a graça de nos tornarmos também nós filhos de Deus e instrumento de salvação para os outros, fazendo com que a Luz que nos salva, incidindo em nós, reflita para os outros.

 

Pe. Manuel Gonçalves

___________________

Textos para a Eucaristia:

Missa da Noite - Is 9, 1-6; Sl 95 (96); Tito 2, 11-14; Lc 2, 1-14;
Missa do Dia - Is 52, 7-10; Sl 97 (98); Hebr 1, 1-6; Jo 1, 1-18.

03.01.14

Papa FRANCISCO - Espírito de Natal

mpgpadre

Papa FRANCISCO. Espírito de Natal. Paulus Editora. Apelação 2013. 88 páginas.

       A Paulus Editora brinda-nos com este pequeno livro, com mensagens do Papa Francisco para o Natal, homilias na noite de Natal, mensagens à Diocese de Buenos Aires, reflexões sobre esta quadra.

       Diríamos desde logo que os textos apresentados são do papa Francisco e não são do Papa Francisco, pois referem-se a um período anterior, como Arcebispo de Buenos Aires, o então D. Jorge Maria Bergoglio. São do Papa Francisco pois a linguagem acessível, simples, familiar, transparecendo proximidade de fé é a mesma que atualmente utiliza como Bispo de Roma, como Papa. Assim também os temas estão na base do discurso, das mensagens e das homilias de Francisco. A este propósito se vê claramente uma continuidade. A pessoa é a mesma, como Arcebispo e Cardeal e como Papa, as coordenadas são semelhantes: fé em Cristo, alegria, proximidade sobretudo com os mais próximos, diálogo, cultura do encontro e da proximidade.

       Obviamente que a esta altura do campeonato há muito livros escritos sobre o Papa Francisco, muitos livros com as suas intervenções na Argentina, e agora como Papa. A Paulus faz-nos o favor de agregar textos para esta quadra, desafiando-nos a colocar Jesus Cristo no centro do Natal, com Maria e José, com as pessoas simples, como os pastores, em contágio com o mundo inteiro, como os magos do Oriente.

27.12.13

Paróquia de Pinheiros - solenidade de Natal 2013

mpgpadre

       Durante os quatro domingos do Advento, a comunidade paroquial de Pinheiros foi sendo introduzida, com a coordenação dos acólitos, na dinâmica do Advento como preparação para a celebração festiva do Natal, com o acender das 4 velas e preparação do presépio. No dia de Natal, no início da Eucaristia, a colocação da imagem do Menino Jesus no presépio e jogral sublinhando algumas expressões: celebrar, fraternidade, Deus connosco, Jesus Luz Verdadeira, Família. No pai-nosso, união das mãos e das pessoas, com as crianças frente ao altar. Durante o beijar do Menino um pequeno postal de felcitações para as famílias. Algumas imagens ilustrativas:

Para outras fotos visitar a página da Paróquia de Pinheiros no facebook

ou no nosso GOOGLE +

07.12.12

O Boi e o jumento... no presépio!

mpgpadre

      «Na singular conexão entre Isaías 1,3; Habacuc 3,2; Êxodo 25,18-20 e a manjedoura, aparecem os dois animais como representação da humanidade, por si mesma desprovida de compreensão, que, diante do Menino, diante da aparição humilde de Deus no estábulo, chega ao conhecimento e, na pobreza de tal nascimento, recebe a epifania que agora a todos ensina a ver. Bem depressa a iconografia cristã individuou este motivo. Nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento» – Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré: a infância de Jesus, Cascais, Principia, p.62.

       Foi com alguma perplexidade e razoável estupefação que ouvi e, posteriorrmente, li a reação a estas palavras do último livro do Papa. Nota-se pelas declarações que a maioria não leu o que Bento XVI escreveu, limitando-se a reproduzir frases feitas, servindo-se de preconceitos mais ou menos ideológicos – senão na forma pelo menos no conteúdo – de quem está contra... mesmo que não saiba qual a razão!

       Desde logo surgiram-me questões simples que parecem ter mais a ver com uma certa religiosidade cristã: será que a presença da ‘vaca e do burro’ são tão essenciais para a crença de certas pessoas? Tirar estes adereços mexe assim tanto com a valorização do presépio? Onde terão lido estes defensores da ‘vaca e do burro’ a sua presença nos textos bíblicos? Como podem fazê-los tão imprescindíveis se eles nem estão presentes na narrativa canónica? A quem interessa este ruído sobre questões de lana caprina?

       Reparemos no texto do Papa citado e reportemo-nos também à narrativa lucana (Lc 2, 1-20) onde poderão incluir-se os ditos ‘boi e jumento’, traduzindo ainda por ‘vaca e burro’. 

       ‘Presépio’ significa: curral, estábulo... daí podermos incluir alguns animais nesse contexto. Qual a razão de vermos o boi ou a vaca nesse estábulo? Talvez seja mais uma projeção do tempo em que surgiu o difusão do presépio na cultura ocidental europeia com São Francisco de Assis, na Idade Média, ou ainda com a ruralidade em que se quis colocar ou se pode ver o contexto do nascimento de Jesus entre animais... possivelmente mais ovelhas do que outro gado.

       Talvez o burro/jumento tenha sido o meio de locomoção de José e de Maria entre Nazaré e Belém, a cidade onde se foram recensear. Com efeito, as distâncias eram grandes e os recursos materiais e humanos não seriam mais do que esses de terem um burro para poderem viajar. Daí colocá-lo no contexto do presépio poderá ser tão natural quão difícil de harmonizar animais de diferente estirpe e razoável teimosia... Só quem não os conhece é que se admirará desta alusão à proximidade simples de antagónicos!

       Não deixa ainda de ser significativo que o Papa diga no texto supra citado que aqueles animais – o boi e o jumento ou a vaca e o burro – são ‘representação da humanidade’. Será, então, que a nossa – humana, racional, psicológica e espiritual – simbologia está caraterizada por aqueles dois espécimes? Ou será que, recorrendo aos textos referidos na citação, se pretende fazer uma conjugação dos diferentes humanos, pois se até os animais se entendem e se relacionam em harmonia junto do Deus-Menino, quem somos nós, afinal, para não nós entendermos?

       Bastará parar um pouco diante do presépio para vermos como são fúteis as nossas jactâncias de orgulho: ali está um Deus que Se humilhou e que teve por companhia animais amansados pela pobreza dum Menino que Se fez próximo desde dentro da nossa condição humana e em projeção humanizada.

       Bastará perceber a força de despojamento de um Deus que nasce e é acolhido entre animais porque não havia lugar para Ele na estalagem das ocupações humanas... tais eram (e são) as pretensões de sermos importantes à custa dos direitos dos outros.

       O boi/vaca e o jumento/burro continuarão a ter espaço e oportunidade nos nossos presépios, enquanto andarmos atarefados com inutilidades que nos fazem perder o sentido da vida e a qualidade da existência?

       Que o burro e que a vaca exalem um hálito de ternura sobre este mundo, que rejeita Deus e esquece Jesus! 

 

Pe. António Sílvio Couto, in AQUI e AGORA,

publicado também no Jornal Voz de Lamego.

08.01.12

Regressaram à sua terra por outro caminho...

mpgpadre

       1 – A luz que surge numa gruta, acessível a Nossa Senhora, a São José, e aos pastores, que são avisados pelos anjos, torna-se cada vez mais visível. Tal é a intensidade desta LUZ, que vem do Céu à terra, que não cabe em nenhuma gruta, ilumina todas as grutas, toda a escuridão.

       A luz é visível à distância, ainda que seja necessário os nossos olhos estarem abertos para contemplar a Luz que brilha nas alturas. No Oriente, em toda a parte, os Magos – de todos os tempos, cuja sabedoria os desperta para perscrutarem tudo o que os rodeia, as pessoas, a terra, o céu, os sinais, a presença do Invisível – vigilantes, deparam-se com uma Estrela mais brilhante e deixam-se conduzir por ela.

       O primeiro desafio para hoje é a abertura aos outros, ao mundo circundante. Se estivermos debruçados sobre nós mesmos, nada se passará à nossa volta, nada nos fará mudar do registo melancólico, da pena que acabaremos por sentir e que queremos que os outros sintam por nós. É preciso levantar o olhar para ver mais longe, para ver além, é necessário olhar até às alturas. É o primeiro passo, estar atentos ao mundo, aos outros, a Deus, às oportunidades com que nos deparamos todos os dias, todo o dia.

       2 – "Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora".

       Não basta comprazermo-nos na contemplação do mistério, do que de novo surge ao nosso olhar. É um primeiro passo, mas que desafia a outros. É necessário levantar-nos e pormo-nos a caminho.

       É o convite do profeta Isaías, a todo o povo, e que se cumpre nos Magos (vindos do Oriente, vindos de toda a parte). O caminho faz-se caminhando. Os Magos não se põem a fazer cálculos, não convocam uma comissão para avaliar os sinais do Céu e da terra, partem, seguem a Estrela. Logo se verá. Confiam.

       "Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O". É desta forma que se apresentam diante de Maria, José e o Menino. A Luz que se avista no Oriente (em toda a parte) leva-os, trá-los, a Belém. A LUZ que irradia do presépio também nos há de fazer levantar, ir ao encontro de Jesus, ir ao encontro do Homem e de Deus. Os magos saem do seu espaço de conforto. E nós estamos prontos para sair do nosso mundo, do nosso conforto, do nosso comodismo para nos deixarmos surpreender por Deus?

       Quem já não se deixa surpreender pela vida, quem vive cinicamente, nunca apreciará convenientemente a alegria de viver, o prazer de estar, de se sentir vivo.

       Como não lembrar aqui o episódio da visitação de Nossa Senhora à Sua prima Isabel. Atenta aos sinais, não precisa que lhe digam o que fazer, Maria sabe que Isabel precisa dos seus cuidados, vai apressadamente em seu auxílio. Sem calculismos, sem medos, saindo de sua casa, do seu conforto. Assim também nas bodas de Canaã. Podia ficar remetida ao silêncio, à indiferença, mas atenta aos outros, intercede por eles.

       É este o segundo desafio para hoje: sair do nosso espaço de conforto para ir ao encontro dos outros.

 

       3 – "Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra".

       O que nos há de impulsionar é o encontro com Jesus, com a fonte de toda a LUZ. Os Magos seguem a intensidade da Luz, não se limitam a aceitar que é um fenómeno interessante, maravilhoso. Põem-se a caminho. Nada os detém, nada os faz desistir, ou relaxar. Mesmo encontrando os obstáculos da cidade - aqui podia entender-se tudo o que pode distrair-nos do essencial; na cidade perdem o rasto da LUZ, da estrela. Quantas vezes perdemos o norte, o rasto da luz? Quantas vezes desistimos, ou desanimamos, ou tememos continuar? Quantas vezes, já cansados, nos resignamos à vida que levamos, ao nosso comodismo?

       Este é outro desafio: não desistamos de procurar. Quem procura, encontra, a quem pede dar-se-á, como um dia dirá Jesus aos seus discípulos. Não esgotemos a procura. Encontramos a luz, pusemo-nos a caminho, e agora, ficamos a meio do caminho? Olhamos para trás, esquecemos o que poderemos vir a encontrar? Quantas coisas nos impedem de ver, de olhar em frente? Que situações nos fazem perder a Luz que nos vem do alto?

 

       4 – "Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra" (resposta ao Salmo). "Agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho".

       No presépio de Belém, com Jesus, Maria e José, encontramo-nos com a Salvação, com o Salvador do mundo, com a fonte de toda a luz, de toda a graça, de todo o amor. É LUZ para se revelar a todas as nações e não apenas a Israel, Seu povo eleito. N'Ele, o Emanuel, assentará a nova e eterna Aliança, com os todos povos. Une-se o Céu à terra e tudo é ligado pela LUZ de Deus.

       Os Magos entenderam os sinais vindos do Céu, porque estavam vigilantes, disponíveis, prontos para caminhar, envolvidos pela luz que os precede, avançam destemidos, ainda que tenham que enfrentar dificuldades, e até se tenham desorientado. Não desistem, voltam a procurar a luz, a estrela, seguem até Belém.

       Mas não acaba aqui.

       "E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho". Encontram a LUZ e esse encontro será verdadeiramente transformador. Quem se encontra com Jesus não pode regressar pelo mesmo caminho, tem de transformar a sua vida, tem de regressar fortalecido, rejuvenescido, por outro caminho.

       A luz mata as trevas, destrói a escuridão, guia-nos para outra vida (ou uma vida nova). É este outro desafio: encontrar-nos com Jesus, e deixarmo-nos transformar pela Sua luz, deixarmo-nos converter. O encontro com o Deus que Se faz Homem coloca-nos na senda da conversão.


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 60,1-6; Sl 71 (72); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12.

 

Reflexão Dominical na Página da Paróquia de Tabuaço

25.12.10

Deus entre nós, Deus connosco...

mpgpadre

       1 - É Natal.

       Deus entre nós. Deus um connosco. Deus encarna, faz-Se homem. Em Jesus Cristo, a divindade assumiu a fragilidade e a finitude humana e, num projecto de dádiva permanente, dá-nos a vida em abundância, para que o sentido da nossa existência se abra até ao infinito, até à eternidade.

       "E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade" (Evangelho do dia). Cada ser humano pode ser morada do Senhor. Ele veio habitar em nós e entre nós, e trazermos a graça e a verdade, para nos tornamos irmãos uns dos outros.

       Deixemos que a luz que nos é dada por Deus que Se faz menino, expondo-se no mais simples e humilde, nos guie na verdade, nos impele para a vivência do perdão e da caridade. Não cruzemos os braços, não baixemos a esperança, pois tudo pode aquele que confia em Deus, não desistamos de viver no bem, com honestidade e justiça, fazendo com que o NATAL, nascimento de Jesus, revolucione efectivamente o nosso coração, o nosso olhar sobre o mundo e sobretudo sobre as pessoas, num compromisso com o novo céu e a nova terra que Jesus nos dá com a Sua vida, mensagem, morte e ressurreição.

       2 - Mas escutemos as palavras sagradas que nos falam do nascimento do Messias de Deus, o Salvador do Mundo:

       "Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo" (Hebr 1,1-6).

       "Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito... Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor»" (Lc 2,1-14).

       "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar" (Is 9,1-6).

       O nascimento de Jesus, para nós, crentes cristãos, responde às promessas feitas por Deus ao povo eleito, e que os profetas anunciam permanentemente. Com o Seu nascimento, a expectativa em relação ao futuro torna-se certeza do passado e do presente, Deus veio em Jesus Cristo, o Céu desceu à terra, a Eternidade entrou no tempo, entrou na história da humanidade.

Não mais haverá trevas, porque uma grande luz nos é dada em Jesus Cristo, nasceu-nos o Salvador, chegamos à plenitude dos tempos.

 

       3 - As palavras que configuram a certeza da presença de Deus em nós e entre nós, mobilizam o nosso coração, mas igualmente o nosso compromisso com os outros, com o mundo, com a transformação das realidades que ainda não viram a luz da salvação.

       Também nós, como outrora os profetas, e como o Messias de Deus, devemos ser mensageiros de Deus, mensageiros do bem e do amor, mensageiros da paz e da vida. "Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz" (Is 52,7-10).

       Ao espreitarmos o Presépio, acolhamos a alegria e o amor que irradia de Jesus, de Maria e de José. Com o coração a transbordar da paz que Ele nos dá, testemunhemo-lo aos outros, com palavras e obras, testemunhemo-lo ao mundo inteiro.

 

28.12.09

A Luz e o Calor de NATAL

mpgpadre

«Na nossa sociedade faz frio.
E o Natal é luz e calor!
A humanidade enregela sem o Espírito que é fogo.


Contra o frio do egoísmo,
o calor humano.
Contra o frio da ganância, o calor da generosidade.
Contra o frio da indiferença, o fogo da solidariedade.
Contra o frio da solidão, o fogo da proximidade.
Contra o frio do desencanto, o fogo do ideal.»



(Vasco Pinto de Magalhães, em "Não há soluções. Há caminhos.". Blogado a partir de "Abrigo do Sábios")

26.12.09

Natal sem Jesus?! Como há 2000 anos...

mpgpadre

       Estão criadas as condições ideiais para o Natal. Basta olhar à volta e vê-se logo. Reparem como todos andam atarefados com a sua vida, festejos, compras, boas-festas.Tudo se centra em consumo, prazer, dinheiro, azáfama. Não é isto mesmo o ideal para o Natal?

 

       Pelo menos na vida pública, ninguém parece interessado no significado desta festa, no presépio e no nascimento de Cristo. Vemos renas, árvores, sinos, trenós, mas poucas manjedouras. As montras, anúncios, jornais, televisões falam do Pai Natal ou do Obama em Copenhaga, não de Jesus.

       Ninguém medita no acontecimento espantoso que é Deus nascer como um menino, o Omnipotente vir viver como um de nós para trazer toda a felicidade do Céu à tristeza deste mundo. Olhamos à volta e tudo parece alheio a essa espantosa Boa Nova, que mudou e muda o mundo. Basta ver isto e compreende-se: estão criadas as condições ideais para o Natal.

       Porque foi precisamente assim na primeira vez que houve Natal.

       Quando Jesus nasceu também ninguém lhe ligou nenhuma. Toda a gente se atarefava na sua vida, sem sequer saber do estábulo. As atenções estavam centradas nas árvores, no gado, no consumo, prazer. Falava-se de Herodes, gordo e de barbas brancas como o Pai Natal, e no imperador Augusto, com enormes semelhanças a Obama.

       Apesar de avisadas pelos profetas, as pessoas não conseguiam sequer imaginar que Deus pudesse visitar o seu povo. No dia de Natal ninguém achava possível haver Natal. Como hoje. Porque o Natal depende da vontade sublime de Deus, não das condições que nós criamos.

João César das Neves (17/12/2009), a partir de "Pedaços de um caminho".

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