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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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22.10.17

IGNACIO LARRAÑAGA - O POBRE DE NAZARÉ

mpgpadre

IGNACIO LARRAÑAGA (2013). O Pobre de Nazaré. O que precisamos de saber sobre Jesus. 4.ª Edição. Prior Velho: Paulinas Editora. 400 páginas.

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Durante 3 anos, Jesus espalhou magia por aldeias e cidades da Galileia, fez-Se docilidade, agiu compassivamente, desafiou os grandes deste mundo, mas também os excluídos, aqueles para descobrirem a grandeza e a alegria do serviço, este para se sentirem filhos queridos de Deus, com dons que os tornariam importantes. As lideranças judaicas viram-se acossadas não apenas pelas palavras de Jesus mas sobretudo pela Sua postura. Por inveja e ciúme, porque Ele atraía multidões; por medo e cobardia, porque se sentiram ameaçados no seus postos de conforto e privilégio. Foi entregue por um dos discípulos mais próximos, Judas, preso, violentamente agredido, escarnecido, obrigado a carregar a trave da cruz, para nela ser crucificado, andou de Anás para Caifás, ridicularizado, injuriado, acusado de blasfémia e por instigar a revolução, é morto como uma assassino.

Entretanto algo de extraordinário deverá ter acontecido, três dias depois de morto apresenta-Se vivo aos Seus discípulos, às mulheres que andavam com o grupo. Os discípulos deixam de se guiar pelo medo, para se guiarem por uma vontade indómita de anunciar Jesus, de mostrar que Ele está vivo, que morreu e ressuscitou, que o Pai não O deixou para sempre no túmulo do esquecimento, para o resgatou para uma vida nova, gloriosa, definitiva, para a qual também somos atraídos.

A pregação "convincente" e coerente dos Apóstolos geram novos discípulos, à dezenas, às centenas, nem sempre fáceis de gerir, pois trazem interesses e motivações diversas, como ao tempo de Jesus os discípulos e as multidões que O seguiam. Formam-se grupos, comunidades, onde se escutam os Apóstolos, recordando palavras de Jesus, feitos, milagres, gestos, encontros, onde se procura manter viva a recordação de tudo quanto diz respeito a Jesus. Os Evangelhos são uma resposta a esta inquietação de preservar tudo quanto diz respeito a Jesus. Os evangelistas recolhem testemunhos, algumas orações, ou pequenos textos e colocam por escrito. Os Evangelhos, podemos dizer com segurança, são escritos pela comunidade, mais do que por um escritor individual, pois resultam da vivência da mensagem de Jesus numa determinada comunidade, num determinado contexto. Os evangelhos escritos contém as preocupações da comunidade, as suas dificuldades, os seus pontos fortes. Também aqui se pode dizer que não há comunidade sem Evangelho, a Boa Nova de Jesus, mas o Evangelho chega até nós pelo filtro e pela vivência de comunidades concretas.

A formação dos Evangelhos tem então esta sequência, Jesus é morto e é ressuscitado pelo Pai. Os discípulos anunciam'O vivo, atraem outras a seguir Jesus, formam-se comunidades, onde se recorda tudo o que aconteceu sobretudo naqueles três anos de vida pública de Jesus. Surge a necessidade de colocar por escrito, para que não se percam as Suas palavras e não se corram o risco do esquecimento, pois também um dia os Apóstolos hão de morrer e então já não há como confrontar o que corresponde à mensagem de Jesus e o que não corresponde.

São quatro as versões do Evangelho, mas ainda assim há muitas "lacunas" na biografia de Jesus, até porque os evangelhos não têm a preocupação de fazer biografias, mas de mostrar o essencial da mensagem de Jesus, concentrados sobretudo no mistério da morte e da ressurreição de Jesus.

Ao longo do tempo, mas sobretudo a partir do século XVIII houve a preocupação de escrever e publicar a Vida de Jesus, onde se limassem todas as lacunas temporais, reconstituindo a vida de Jesus, tentando fazer concordar os 4 evangelhos, entrelaçando-os. Algumas vidas de Jesus desviam-se dos Evangelho e criam biografias alternativas, baseadas nos evangelhos apócrifos ou em algumas insinuações ou lendas criadas com o decorrer do tempo.

Hoje o que há mais, e vende muito bem, são biografias alternativas à vida de Jesus.

Ignacio Larrañaga apresenta de forma brilhante, escorreita, uma narrativa possível da vida de Jesus, tendo como base próxima os 4 evangelhos e os outros escritos neotestamentários, procurando lançar pontes com a história, com descobertas arqueológicas, com outras ciências que nos aproximam dos nossos antepassados.

É uma escrita fácil de ler, quase se escuta a sua leitura, envolve-nos nos evangelhos, no olhar, nas palavras, nos gestos de Jesus, inclui-nos nas Palavra que também nos dirige a nós, podemos rever-nos nas perguntas que Lhe fazem ou nas respostas que lhes (nos) dá e nos desafios que lhes (nos) lança.

São 400 páginas que parecem 10, tão motivadora e empolgante é a leitura. É uma linguagem acessível para todos.

Uma nota mais pessoal, mas que tem ganhado terreno: Judas não trai Jesus por dinheiro ou por ânsia de poder (num sentido mais pessoal), mas por zelo, querendo que Jesus Se resolva e apresse o Reino de Deus, eliminando rapidamente todos os corruptores, derrubando as autoridades estrangeiras e restabelecendo a realeza judaica. Judas acredita em Jesus e sabem que Ele vem de Deus e pode fazer mais do que aquilo que estará disposto a mostrar. Quando Jesus anuncia aos Seus discípulos que vai ser morto - contrário do que seria expectável por todos - Judas coloca-se em ação para O obrigar a agir. Judas é um dos discípulos mais próximos de Jesus. A cumplicidade de Judas com Jesus não espanta nenhum dos outros apóstolos, é natural, são bons amigos. O facto de Judas se enforcar denota o seu arrependimento, isto é, se ele fosse traidor (por dinheiro ou para usurpar o poder da liderança), então dar-se-ia por satisfeito. Segundo o autor, Judas é maníaco depressivo. Mais que traição uma tática para obrigar Jesus a ser Deus. Porém, Jesus assume o caminho da pobreza, é o Pobre de Nazaré, aprende a obediência, até à morte e morte de Cruz. Serviço, delicadeza, oferecimento da própria vida, despojamento, amor...

24.09.16

O pobre foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão...

mpgpadre

1 – O que nos distancia de Jesus Cristo e do Seu Evangelho não são os bens materiais, mas a ganância, a avareza, a prepotência, a sobranceria, a autossuficiência, a presunção, a soberba.

O contrário da pobreza de espírito não é a riqueza material mas a avareza. E aqui há cenários variados. Há pobres avarentos, que só não têm tudo porque não podem. Há pobres generosos, simples, despojados e o pouco que têm dá para ajudar os outros… Há ricos avaros, "chupam" tudo quanto lhes é possível, sem olhar a meios… Há ricos, cuja riqueza material é fruto do trabalho honesto, geram riqueza, criam emprego; beneficiam dos próprios bens e alargam os benefícios para os outros.

Jesus responsabiliza-nos pelos mais pobres. Refira-se uma vez mais que Jesus não está a falar para o vizinho. É para mim. É para ti. É para nós. Não nos é pedido o impossível. É-nos exigido o melhor de nós mesmos.

Jesus contesta o homem rico não pela riqueza que possui mas pela sua cegueira e egoísmo, pela incapacidade de sair do seu castelo e compartir a vida com os outros.

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2 – A descrição do homem rico e do pobre Lázaro, o contraste gritante que existe entre ambos e o muro levantado que protege um e deixa o outro na rua, é visível na atualidade. Também hoje convivem lado a lado a miséria e a opulência, a degradação humana e o luxo escandaloso. Os governos, por vezes, protegem apenas os poderosos e esquecem-se dos pobres.

Do homem rico não se conhece o nome. Pode ser qualquer um de nós. Por outro lado, mais que apontar nomes, importa denunciar situações de injustiça e prepotência. Vestia de púrpura e linho fino e banqueteava-se esplendidamente todos os dias, fechado dentro dos portões, alheio ao sofrimento dos outros.

Um pobre, chamado Lázaro. O nome já diz da sua pobreza. Os pobres não podem ser números. Não servem para usar como arma de arremesso. Não contam apenas por ocasião das eleições. Têm nome e têm rosto. E ainda hoje há tantos Lázaros, excluídos, sem casa, sem pão, sem família. Este jazia junto ao portão do homem rico, e estava coberto de chagas. Não pede muito, apenas as migalhas que caem da mesa do rico. Mas nem a migalhas lhe são permitidas.

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3 – O que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmãos é a Mim que o fazeis. O que fizermos agora tem consequências amanhã. As escolhas do tempo influenciam a inserção na vida eterna. Qual efeito borboleta: segundo a teoria do caos, o bater das asas de uma borboleta em Portugal poderá provocar um terramoto do outro lado da terra.

«O pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado».

Finalmente este homem rico viu Lázaro. Antes não o tinha visto. A ganância e a superioridade presunçosa cegaram-no. Só se preocupava com o seu umbigo. Um pobre ali tão perto, do lado de fora, a padecer, e não foi capaz de o ver e de o ajudar. Agora tão longe, já o vê e até deseja que Lázaro, enviado por Abraão, possa vir, entrar, aliviar o seu sofrimento. Enquanto podia alterar as coisas, esqueceu-se dos outros. Agora que tudo está concluído quer alterar as regras do jogo, em seu benefício e dos seus, servindo-se de Lázaro a quem não serviu com os seus bens!

 

4 – Mais que nos preocuparmos com o desfecho final, que a Deus confiamos, importa, no tempo presente, aqui e agora – não amanhã ou depois, não em outro lugar ou circunstâncias – viver o melhor, gastando a vida em favor de todos os que Deus coloca à nossa beira, testemunhando a beleza e a alegria da Boa Nova que Jesus nos traz com a Sua vida e com a oferenda de Si mesmo.


Textos para a Eucaristia (C): Am 6, 1a. 4-7; Sl 145 (146); 1 Tim 6, 11-16; Lc 16, 19-31..

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

07.11.15

Ela, na sua pobreza, ofereceu mais que todos os outros

mpgpadre

1 – Quando o pouco é tudo e quando o muito é insignificante!

A vida não é quantificável pela quantidade, mas qualificável pela qualidade, pela intensidade, pelos momentos que fazem a história de uma pessoa, de uma família, de uma comunidade. Há vidas cronologicamente longas que se resumem a muito pouco, sem marcas relevantes na história; há vidas cronologicamente curtas em que são precisas muitas páginas e muitas vidas para absorver tudo o que foi vivido e cuja herança humana perdura para lá do tempo presente.

Do mesmo jeito a generosidade. Não é comensurável em cálculos matemáticos, mas visualizável no envolvimento da pessoa: está totalmente comprometida com o que dá e a quem dá? Ou é apenas um descargo de consciência? Ou um gesto mecânico de tradição?

Jesus colocou-se em frente da arca do tesouro e observa que muito ricos deitam com ostentação avultadas quantias. Aproxima-se uma viúva (pobre) e deita duas pequenas moedas. Antes Jesus alertava-nos: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas, com pretexto de fazerem longas rezas».

Aqueles que tinham a obrigação moral de zelar por todos e sobretudo pelos mais pobres, entre os quais se contavam viúvas e os órfãos, ocupam os lugares para se servirem e usarem de diversas artimanhas para explorar as pessoas mais simples.

Atento ao gesto daquela viúva, Jesus diz aos seus discípulos: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».

O próprio Jesus explica por que é que aquela mulher dando tão pouco deu tanto, deu muito mais que outros. Dizia a Madre Teresa de Calcutá, que "o amor, para ser verdadeiro, tem de doer. Não basta dar o supérfluo a quem necessita, é preciso dar até que isso nos machuque... o importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá”. De forma semelhante relembrava o Papa Francisco: "Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói" (Mensagem para a Quaresma, 2014).

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2 – Elias, um dos profetas mais ilustres do povo eleito, experimenta a generosidade e a grande fé de um pobre viúva, que na míngua de bens, se prepara, juntamente com o filho, para se entregar à morte.

Elias afasta-se de Israel, povo ao qual pertence e que se encontra sujeito a um tempo de provação e purificação por se ter afastado de Deus. Elias refugia-se em Sarepta, cidade da Fenícia, onde será acolhido por uma viúva, que sobrevive à custa das esmolas, cada vez mais escassas em tempo de fome, pelo que lhe soa estranho o pedido de Elias: «Por favor, traz-me uma bilha de água para eu beber... Por favor, traz-me também um pedaço de pão».

Começa a desenhar-se um tempo novo em que a confiança em Deus prevalece além das dificuldades atuais. Responde-lhe a mulher: «Tão certo como estar vivo o Senhor, teu Deus, eu não tenho pão cozido, mas somente um punhado de farinha na panela e um pouco de azeite na almotolia. Vim apanhar dois cavacos de lenha, a fim de preparar esse resto para mim e meu filho. Depois comeremos e esperaremos a morte».

Certo da promessa de Deus, Elias replica: «Não temas; volta e faz como disseste. Mas primeiro coze um pãozinho e traz-mo aqui. Depois prepararás o resto para ti e teu filho. Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Não se esgotará a panela da farinha, nem se esvaziará a almotolia do azeite, até ao dia em que o Senhor mandar chuva sobre a face da terra’».

Genericamente sabemos que contamos sobretudo com a generosidade daqueles que passaram ou passam privações, pois sabem melhor o que custa a vida. Refira-se, obviamente, que a pobreza (espiritual) autêntica é, antes de mais, a abertura a Deus e a disponibilidade para cuidar do outro, usando a vida, os dons e os bens, como instrumento beneficente de todos.

_______________________

Textos para a Eucaristia (B): 1 Reis 17, 10-16; Sl 145 (146); Hebr 9, 24-28; Mc 12, 38-44.

 

REFLEXÃO COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

05.07.14

Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos

mpgpadre

       1 – «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar».

       Por certo já nos aconteceu tentarmos explicar um acontecimento, um sentimento, um mistério, procurando as palavras mais adequadas e ficarmos com a sensação que não nos fizemos entender. Quem estava a nossa frente ficou ainda mais confuso, e nós próprios no final não conseguimos também aceder à realidade que queríamos expor.

       Chega alguém, ou até o nosso interlocutor, e de uma forma simples e acessível, usando uma imagem, uma comparação, outra situação do dia-a-dia, diz-nos que e como compreendeu e ajuda-nos a assimilar o que dávamos por adquirido.

       Jesus sublinha a simplicidade do coração para compreender e acolher o mistério que vem de Deus. Os sábios e inteligentes, neste contexto, são todos aqueles que pressupõem que sabem tudo e que não precisam de ninguém para aprender. Os pequeninos são todos aqueles, com qualidades e defeitos, que estão em busca do Céu, em busca do saber, disponíveis para acolher o que vem dos outros, o que vem das alturas e em tudo e todos procuram um sentido, uma lição, um desafio para a sua própria vida.

       Ao mistério de Deus (e do Homem) só acedemos pela humildade, pelo coração. A verdadeira sabedoria será o aceitarmos a nossa limitação e colocar-nos em atitude de contemplação perante o que não compreendemos, sabendo que as palavras são necessárias mas por vezes insuficientes.

       2 – «Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

       Há acontecimentos que nos desgastam e nos destroem. Sabemos o quanto nos afetam. Há situações, porém, em que nos sentimos abatidos, desmoralizados, esmagados até, sem sabermos as causas e as razões, sejam físicas ou morais, sendo, por vezes, um acumulado de cansaços, chatices, doença, incompreensão dos amigos, solidão, arrelias na família, no trabalho, o clima, sonhos gorados ou expetativas futuras pouco promissoras.

       A sugestão de Jesus é, também aqui, um desafio à simplicidade, ao despojamento, à humildade. Nem tudo nos é desvendado ao mesmo tempo, nem tudo nos é dado a descobrir e a conhecer na forma como esperamos e merecemos. A leveza perante a vida, nada tem de ligeireza. Leva-nos a confiar em Deus, e no futuro com Deus.

       Jesus faz-Se pequenino, absorvendo a nossa fragilidade e finitude, em clara abertura para Deus. E é nessa postura de obediência a Deus, de escuta, que Jesus Se coloca mais próximo de cada um de nós, mais perto da humanidade que nos irmana.

       A sabedoria autêntica passa por aqui. Confiança. Entrega nas mãos de Deus. Ele sustenta a nossa vida e os nossos anseios. A sua carga é leve e o seu jugo é suave, pois baseia-se no amor, na compaixão, na conciliação, para nos libertar do que nos destrói, o ódio, o ciúme extremo, a violência, a inveja, o rancor, o desejo de vingança, a maledicência. São estes propósitos que nos pesam e nos fazem andar derreados, espiritual e fisicamente. Ficámos doentes quando nos deixamos vencer por emoções e sentimentos destrutivos. Fazem parte da nossa vida, mas há que os relativizar. Definitivo só Deus. Deixar que uma arrelia domine completamente a nossa vida, é permitir que uma ditadura invada o nosso coração, e nos vá matando aos poucos…


Textos para a Eucaristia (ano A): Zac 9, 9-10; Sl 144 (145); Rom 8, 9. 11-13; Mt 11, 25-30.

 

 

14.04.14

LEITURAS: José Antonio Pagola - JESUS E O DINHEIRO

mpgpadre

JOSÉ ANTONIO PAGOLA (2014). Jesus e o dinheiro. Uma leitura profética da crise. Lisboa: Paulus Editora. 88 páginas.

       Para quem conhece este sacerdote e teólogo espanhol, sabe que é uma apaixonado por Jesus como fica explicita na contracapa deste livro. Centra-se sobretudo na figura de Jesus Cristo, inserindo-nos junto d'Ele naquele tempo, como seguidores, discípulos, apóstolos, medrosos e renitentes, outras vezes interesseiros e calculistas. Mas afabilidade de Jesus, a Sua compaixão pelos mais frágeis, as palavras carregadas de coerência e autoridade, inquietantes, provocadoras, continuam a ser um desafio para os nossos dias.

       A fé não está desligada da vida. Jesus mantém demasiado perto dos doentes, leprosos, surdos, mudos, invisuais, coxos, os mais pobres, viúvas, galileus, crianças, mulheres, dos pecadores públicos, publicados, mulheres de má vida. Nas suas fileiras tem de tudo e quando chegam as horas decisivas, acobardam-se, protegem-se, resguardam-se dos perigos.

       Este é mais um testemunho que procura trazer-nos Jesus e os Seus ensinamentos, a Verdade que nos salva, a opção clara e inequívoca pelos que são vítimas desta crise que uns criaram e que outros sofrem. A Igreja, seguidora de Jesus Cristo e, por conseguinte, imitadora, terá que ser um voz atenta e comprometida, do lado dos mais pobres, dos desvalidos, dos desempregados, das famílias endividadas, dos trabalhadores e reformados cada vez mais explorados, quando se protegem as finanças, os bancos, as grandes multinacionais, ainda que promotoras de emprego e riqueza. Teremos de viver mais pobres, mas nem por isso menos comprometidos com o vizinho, com os pobres cada vez em maior número.

       A situação que serve de ambiente a Pagola é Espanha, mas em Portugal, como sublinham os editoras, é em tudo idêntica. A intervenção da troika ajuda a equilibrar as contas públicas, financiando os bancos e o estado, mas há cada vez mais pobres, mais desempregados, com os jovens a serem  obrigados a sair do seu país, não podendo gerar riqueza nos países de origem.

       A crise económico-financeira é, antes de mais, uma crise da humanidade.

 

Algumas frases do autor que sustenta a argumentação e a militância dos cristãos:

"Jesus não separou Deus do Seu projeto de transformação do mundo. É possível um mundo diferente, mais justo, mais humano e feliz, precisamente porque Deus o quer assim" (p 19).
"Deus não pode ser Pai de todos sem reclamar justiça para aqueles que são excluídos de uma vida digna. Por isso não O podem servir os que, dominados pelo dinheiro, afogam injustamente os Seus filhos e filhas na miséria e na fome" (p 23).
"Este sistema faz-nos escravos da ânsia de acumular. A História organiza-se, move-se e dinamiza-se a partir desta lógica. Tudo é pouco para nos sentirmos satisfeitos" (p 25).
"Não deis a César o que é de Deus: os pobres. Jesus proclamou repetidamente esta mensagem. Os pequeninos sãos os prediletos do Pai; aos pobres pertence o Reino de Deus. Não se pode sacrificar a vida nem a dignidade dos indefesos a nenhum poder político, financeiro, económico ou religioso. Os humilhados pelos poderosos são de Deus. E de mais ninguém (p 29).
"Chegou o momento de recuperar a compaixão e a misericórdia como herança decisiva que Jesus deixou à humanidade, a força que há de impregnar a marcha do mundo, o princípio de ação que há de mover a história em vista de um futuro mais humano... A misericórdia é o modo de ser de Deus, a Sua maneira de olhar para o mundo e reagir perante as Suas criaturas (pp 33-34).
"O primeiro olhar de Jesus não se dirige ao pecado do ser humano, mas ao sofrimento... Para Jesus, a primeira preocupação foi o sofrimento das pessoas enfermas e subalimentadas da Galileia, a defesa dos aldeões explorados pelos poderosos donos das terras ou o acolhimento dos pecadores e prostitutas, excluídos da religião. Para Jesus, o grande pecado contra o projeto de Deus consiste sobretudo em resistirmos a tomar parte no sofrimento dos outros, fechando-nos no nosso próprio bem-estar" (p 35).
O "sofrimento injusto dos últimos do planeta ajuda-nos a conhecer a realidade do mundo que estamos a construir. Não se conhece o mundo a partir dos centros de poder, mas a partir das massas sem nome nem rosto dos excluídos, os únicos para os quais, paradoxalmente, não há lugar no nosso mundo globalizado. São as vítimas as que mais nos levam a conhecer aquilo que somos" (p 40).
"Os que nada importam são os que mais interessam a Deus. Os que sobejaram dos impérios construídos pelos homens têm um lugar privilegiado no Seu coração. Os que não têm uma religião que os defenda, têm a Deus como Pai (p 45).
"Ser compassivos como o Pai implica lutar contra o esquecimento das vítimas inocentes. Não é possível introduzir no mundo uma cultura da compaixão se não se refletir contra a cultura da amnésia e do esquecimento cruel de milhões de seres humanos que sofrem, vítimas do sistema que hoje conduz a história" (pp 46-47).
"O dinheiro, tendo sido inventado para tornar mais fácil o intercâmbio de bens, há de ser empregue, segundo Jesus, para facilitar a redistribuição, a solidariedade e a justiça fraterna. Só então começa o discípulo a estar em condições de seguir Jesus" (p 57).
"O lema do Governo é claro: «Sabemos o que temos de fazer e fá-lo-emos». Não há alternativa. Nada mais se tem em conta senão cumprir os objetivos económicos que nos são ditados pela troika: o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional. As decisões estão nas mãos dos tecnocratas. O decisivo é atender às exigência do sistema financeiro internacional. A atividade política, que deveria defender os direitos das pessoas e o bem da sociedade, dilui-se convertendo-se em instrumento dos poderosos do dinheiro" (p 59).
"Era necessária uma 'regulamentação fiscal' que pressiona fortemente os assalariados, mas não toca nas grandes fortunas e oferece uma amnistia injusta aos prevaricadores? (p 60).
"A partir da defesa dos últimos e da vontade de compaixão responsável e solidária, temos de defender e promover a defesa do bem comum exigindo, cuidando e desenvolvendo serviços públicos que garantam as necessidades mais básicas. devemos reagir contra a privatização do individualismo, que nos pode fechar no nosso bem-estar egoísta, deixando indefesos os mais fracos.
Temos de recuperar a importância do que é de todos, a responsabilidade do cuidado de uns pelos outros, a defesa da família como lugar por excelência de relações gratuitas, a comunidade cristã como espaço de acolhimento e de mútuo apoio acolhedor e fraterno" (p 66)
Jesus "fala com autoridade porque fala a partir da verdade" (p 67).
"É um disparate de desumanidade que as três pessoas mais ricas do mundo possuam ativos superiores a toda a riqueza dos quarenta países mais pobres, onde vivem seiscentos milhões de pessoas" (p 75)
"... as tecnologias da comunicação e a mobilidade da política humana torna cada vez mais difícil manter ocultas a fome e a miséria dos empobrecidos do mundo e a destruição progressiva do planeta" (p 76).

       »» Esta é uma ideia defendida por Gustavo Gutiérrez,que analisando os perigos da globalização, vê nesta uma possibilidade real de "contestação" aos modelos instituído, facilitando a visualização da pobreza e das injustiças cometidas, e da corrupção. Pode ler-se em "Ao lado dos Pobres".

 

Índice:

1. Apanhados por uma crise global | 2. Degradação sociopolítica da crise | 3. O impacto profético de Jesus | 4. É possível uma alternativa | 5. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro | 6. Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso | 7. Os últimos serão os primeiros | 8. Seguir Jesus em tempos de crise | 9. Manter viva a esperança de Jesus no meio da crise | 10. Jesus Cristo, nossa esperança.
Recomendado na Livraria Fundamentos

04.08.13

Guardai-vos de toda a avareza...

mpgpadre

       1 – “Saciai-nos desde a manhã com a Vossa bondade para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias. Desça sobre nós a graça do Senhor nosso Deus. Confirmai, Senhor, a obra das Vossas mãos”. Invocamos a bênção de Deus para que os nossos dias não sejam em vão e para que o nosso tempo tenha sentido, na abertura solidária aos outros, na busca do olhar de Deus sobre nós.

       Procuremos Jesus em toda a parte e sobretudo nos irmãos, comprometidos na transformação do mundo, com o coração impelido para as alturas. A nossa pátria é junto de Deus.

“Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Fazei morrer o que em vós é terreno... Não mintais uns aos outros, vós que vos revestistes do homem novo, que se vai renovando à imagem do seu Criador. Aí não há grego ou judeu, escravo ou livre; o que há é Cristo, que é tudo e está em todos”.

       A Ressurreição de Jesus não é apenas a antecipação da nossa, mas um processo que nos envolve, numa relação cósmica com todo o universo.

 

       2 – “Vaidade das vaidades: tudo é vaidade. Quem trabalhou com sabedoria, ciência e êxito, tem de deixar tudo a outro que nada fez. Também isto é vaidade e grande desgraça. Mas então, que aproveita ao homem todo o seu trabalho e a ânsia com que se afadigou debaixo do sol? Na verdade, todos os seus dias são cheios de dores e os seus trabalhos cheios de cuidados e preocupações; e nem de noite o seu coração descansa. Também isto é vaidade”.

        Aparentemente Qohélet faz uma confissão de desencanto, de desilusão. Tudo é igual, todos os dias se repetem constantemente. Não há nada de novo debaixo do Céu. Trabalho e canseiras, cuidados e preocupações, tudo é em vão. Nem de noite o coração descansa. Tanta vida que depois tem que se deixar a outros. A experiência não permite grandes voos, pelo contrário, provoca ansiedade. Bons e maus têm o mesmo destino. Por vezes, parece que os que praticam o mal são abençoados, e os que praticam o bem são amaldiçoados.

       O autor, tal como Job, coloca em causa a sabedoria tradicional, onde sobrevinha uma correlação direta entre a bênção e a justiça, os bons eram recompensados e os maus castigados. Job e Qohélet concluem que há homens justos cujos padecimentos são injustificados.

       3 – Um homem aproxima-se de Jesus para que Ele resolva uma contenda de irmãos. Jesus questiona: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?» E logo alerta: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens». A avareza brota do coração, da inveja descontrolada, do ciúme. Trata-se de uma atitude e não tem correlação direta com os bens que se possuem. Há pobres e ricos avarentos.

       Quem trabalha merece ser compensado com justiça e equidade, ainda que o trabalho também deva gerar capital e investimento, assegurando dessa forma a criação de riqueza e de mais emprego para que muitos mais tenham acesso aos recursos da terra e a oportunidade de viverem com o fruto do trabalho, realizando-se como pessoas. Numa perspetiva cristã, mais se acentua a dignificação da pessoa e do trabalho como forma de cooperar na obra criadora de Deus.

       Importa, desde logo, não descartar a relevância da caridade, da partilha solidária, com quem não tem ou não pode ter.

 

      4 – Para uns e outros, Jesus reafirma: «Guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens...». Importa tornar-se rico aos olhos de Deus. O que acumula apenas para si acabará por se perder. Tarde, por vezes, nos damos conta que dependemos uns dos outros, no bem e no mal. Beneficiamos do bem alheio e somos atingidos pelo mal dos outros.

O Pão nosso de cada dia nos dai hoje, Senhor. Mas dai-nos também a alegria e a coragem da partilha solidária, valorizando o fruto do nosso trabalho e tornando-o dom. “Ensinai-nos a contar os nossos dias, para chegarmos à sabedoria do coração”. Que as preocupações do tempo presente não nos façam esquecer a nossa origem e o nosso fim comum: em Deus, para Deus, com os outros.


Textos para a Eucaristia (ano C):
Co (Ecle) 1, 2; 2, 21-23; Sl 89 (90); Col 3, 1-5.9-11; Lc 12, 13-21.

20.10.11

A RTP e os nossos impostos... que pagam deputados para comentar...

mpgpadre

 

       A RTP e os impostos...
       O Estado vai receber pelo menos 590 milhões de euros, dos nossos impostos.
       Em 2012, serão pagos 225 milhões da dívida da RTP.
       Tenho-me perguntado por que é que os partidos de esquerda e de direita querem manter estatal a RTP (15 canais: RTP 1 e 2, Madeira e Açores, RTP África, Internacional, Informação, Memória, Lusa, ...). Os de esquerda porque tudo o que é nacional e nacionalizado é bom, ainda que sejam sempre os mesmos os penalizados, isto é, os mais pobres. Os de direita, porque é necessário conservar para que a propaganda funcione.
Mas pelo menos um canal? Por causa dos direitos de antena? O Estado paga os direitos de antena a todos os canais... Um imposto que pagamos através da electricidade... mais o investimento no Canal... Muitos portugueses já têm televisão paga... mas continuam a pagar para a RTP... Bom, mas há pessoas que não podem pagar para ver televisão... mas pagam indirectamente, e por outro lado, os outros canais generalistas estão em sinal aberto para todos os portugueses...
       Com a TDT (Televisão Digital Terrestre) foi lançado um concurso para um 5.º canal de televisão generalista... que ainda não foi por diante... mas porque não privatizar a RTP, já não seria necessário mais um canal generalista...
       A SIC e a TVI não querem uma RTP privatizada e porquê? Porque tirar-lhes-ia publicidade... então é preferível que paguemos a RTP para que a TVI e a SIC possam ter mais lucros!
       Nem se trata de pôr em causa os trabalhadores da RTP... mas já os gestores, ganham milhões para gerir prejuízos avultados... é quase como ter um presidente da TAP, a ganhar 30.000 euros por mês, pelo menos, e a empresa acumular prejuízos... vá lá, o Presidente da PT ganha milhões mas a empresa dá lucros imensos, oxalá retirem o ordenado do lucro e não dos nossos impostos...
       Mas mais admirável, é que a RTP paga a deputados e a eurodeputados para comentar a actualidade, ou melhor, paga do dinheiro de todos os portugueses, para que os deputados, pobres e mal-pagos, possam ir defender as ideias dos seus partidos, ou as suas ideias, e ao fim de 10 minutos têm direito a € 600,00... Mas como é possível os deputados ganharem tão pouco, ter ajudas de custo e de representação, poderem viajar com férias pagas e com outras subvenções, almoçarem à nossa custa, alguns deles nem terem tempo de ir ao Parlamento, terem telemóvel que nós pagamos, e irem buscar mais que o ordenado mínimo nacional à RTP, por 10 minutos de comentário suspeito!
       Quanto pensaram diminuir 5% do ordenado dos funcionários públicos, estavam na mesma ocasião a ponderar aumentar o vencimento dos deputados, pois eles ganharão muito pouco para o muito que fazem... e alguns, a quem o Estado paga as deslocações, só têm o fim-de-semana para passar com a família e mais os dias que precisam de estar ausentes...
       Há muitos aspectos da vida pública que têm de ser revistos... sobretudo aproveitando este tempo de maior caristia... Quando em cada ano pago o IRS, fico sempre agradecido por poder pagar, porque tenho ordenado e porque não tenho despesas de saúde, ainda bem e pago IRS... agora tantos portugueses que não pagam IRS porque usufruem de baixos rendimentos, têm uma família para sustentar, ou estão desempregados... Continuo a pensar na RTP, 600 euros que os deputados poderiam receber por defenderem as ideias dos seus partidos... multiplicando pelos vários comentadores, com o vencimento de deputados e eurodeputados, não seria possível ter criado alguns empregos?
       E a privatização da RTP, que não é contra a direita ou contra a esquerda, mas uma questão de bom senso, não daria para evitar que fossem transferidos milhões de euros dos impostos que de outro modo serviriam para atenuar os buracos financeiros... e talvez quem sabe para injectar em criação de emprego...
       Posso estar errado, admito... Há muitas outras coisas que podemos fazer... com certeza... Mas por que é que pagamos à RTP e ajudamos a TVI e a SIC a terem lucros mais avultados? Afinal, a televisão não é gratuita, para ninguém...
       Estou em querer que mesmo vendendo a RTP por € 1,00 (claro que vale milhões!) ainda assim seria um lucro imenso para todos os portugueses... a taxa de audiovisual deixaria de existir ou converter-se-ia para gerar receita para a educação ou para a saúde, ou para a segurança social, ou para a promoção de emprego... e claro a injecção anual dos milhões de euros...
       Talvez esteja errado, é bem possível, mas ainda não vi nenhum argumento que me convencesse que a RTP seja um bem para os portugueses... isto para já não falar da orientação política a que está sujeita a informação do canal, afinal está sob a tutela do Estado, ou melhor, do governo em funções em cada altura...

17.10.11

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

mpgpadre

       No dia 22 de Dezembro de 1992, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o "Dia Internacional  para Erradicação da Pobreza" e que se comemora a 17 de Outubro de cada ano. O propósito é incentivar, envolver, mobilizar esforços no combate à pobreza. Ainda que a humanidade tenha capacidade para produzir em excesso o necessário para alimentar todas as pessoas do mundo, o que é certo, é que ainda são demasiadas as pessoas e os povos que vivem abaixo do limiar da pobreza... e mesmo nos países do primeiro mundo se encontram com demasiada facilidade pessoas que pouco ou nada têm... nem oportunidades para trabalhar e ganhar o seu pão. Há ainda um longo caminho a percorrer... só será dia quando no outro reconhecermos o irmão...

       A Associação CAIS oferece-nos esta música, acompanhada de imagens fortes e sugestivas.

04.05.11

Proibido dizer...

mpgpadre

Em nome de todas as crianças sem pão

e de todas as crianças com pão a mais,

proibimos a palavra FOME.

 

Em nome de todos os pobres envergonhados

e de todos os ricos avarentos,

proibimos a palavra INJUSTIÇA.

 

Em nome de todas as palavras sem corpo

e de todas as almas sem rosto,

proibimos a palavra MENTIRA.

 

Em nome de todos os velhos sem luz

e de todos os jovens sem verdade,

proibimos a palavra IGNORÂNCIA.

 

Em nome de todos os pretos

e de todos os brancos,

proibimos a palavra RACISMO.

 

Em nome de todos os vencidos

e de todas as vitórias mal ganhas

proibimos a palavra VINGANÇA.

 

Em nome de todos os emigrantes sem voz

e de todos os oportunistas com sorte,

proibimos a palavra DISCRIMINAÇÃO.

 

Em nome de todos os doentes sem cura

e de todos os médicos sem escrúpulos,

proibimos a palavra INDIFERENÇA.

 

Em nome de todas as vítimas da violência

e de todos os que proíbem a paz,

proibimos a palavra GUERRA.

 

Em nome de todos os pais

e de todos os que amam a vida,

proibimos a palavra MORTE

(Frei Manuel Rito Dias, in CJovem)

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