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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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18.05.24

Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós...

mpgpadre

      1 – A Páscoa é o mistério maior da fé cristã. A morte, em definitivo, não tem a última palavra. A última palavra é de Deus: da Vida e do Amor. A Ressurreição é o Amor mais forte que a morte. A morte faz parte da humanidade, mortal e finita. Com a Sua Ressurreição, Jesus coloca a nossa natureza junto de Deus, de onde nos atrai. Como em tantas situações da vida, mais dramático que os problemas e dificuldades, é a solidão e a falta de justificação da vida. Jesus dá-nos, com a Sua vida, morte e ressurreição, uma justificação e faz-nos companhia: a morte não é o fim, é passagem a uma vida nova, não ficamos sós, Ele conduz-nos ao coração de Deus, no qual nos descobrimos irmãos. 

       Ressurreição/Ascensão/Pentecostes são faces da mesma moeda. É o mesmo acontecimento pascal. Passagem. Vida nova. Vida no Espírito Santo. Missão. Ele connosco, pelo Espírito, em comunidade, mas doravante somos nós os portadores da Boa Notícia. Ele vem salvar-nos. Morre. Ressuscita. Ascende para Deus. Envia-nos o Seu Espírito, que por sua vez, nos dá (de novo) Jesus Cristo na Palavra proclamada e acolhida, nos Sacramentos e em todas as boas obras.

       A primavera desemboca no verão. A flor dará lugar ao fruto. Se o trigo não morrer não germinará vida nova. Se a flor permanecer sempre em flor, não descobrirá a beleza do fruto que está para chegar.

"Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos»".

       O Evangelista São João relata com clareza o acontecimento Páscoa: Jesus aparece no meio deles, não à parte, fora, ou de lado, mas no meio. Ele vem para o meio de nós. Mostra-lhes os sinais da paixão. O corpo glorioso de Jesus não anula as marcas do amor, presentes na crucifixão e na morte. A mensagem é a mesma: a paz. Os sorumbáticos apóstolos enternecem-se ao ver o Senhor e ficam cheios de alegria. Jesus sopra sobre eles, dá-lhes o Espírito Santo e envia-os, como o Pai O enviou.

       A linguagem do amor e do bem não tem fronteiras/barreiras, é facilmente percetível e universal. Todos nos entendemos facilmente nas palavras e nos gestos de carinho e de perdão, de amor e de partilha solidária.

 

       2 – São Lucas, evangelista, e autor do Livro dos Atos dos Apóstolos, apresenta-nos uma narração mais detalhada, com a preocupação de visualizar à comunidade cristã a grandeza do mistério vivido por Jesus Cristo, Deus feito homem. E, por outro lado, parte da constatação de que precisamos de tempo para amadurecer, para acolher, para compreender em toda a sua amplitude a grandeza do amor de Deus.

       Numa linguagem bíblica, usa os números para nos ajudar a compreender os passos de Jesus. Como víamos no Domingo passado, acerca da Ascensão, depois da ressurreição, Jesus permanece 40 dias com os Seus, elevando-se então ao Céu. Por outras palavras, Jesus prepara os discípulos e permanece o tempo necessário para eles crescerem e para os enviar em missão. Hoje, o relato do Pentecostes, na versão lucana, situa-nos 50 dias depois da Páscoa, chegou a plenitude da manifestação pascal. Os discípulos estão preparados para se tornarem apóstolos.

       Prestemos atenção às palavras da Escritura:

"Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem. Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar [proclamar as maravilhas de Deus] na sua própria língua…?»".

 

       3 – O Espírito Santo que Deus nos dá há de inundar de alegria, de paz e de amor, toda a nossa vida; como rajada de vento que tudo "arrasta" assim o Espírito de Deus nos "arrasta" para uma vida transformada, nova, comprometida. Como em outras ocasiões acentuámos, a dádiva do Espírito Santo assume uma dinâmica instrumental: converte-nos e leva-nos aos outros, insere-nos no mundo, mais e mais, na transformação das realidades que nos envolvem ou chegam até nós. Quem faz a experiência de encontro com Jesus ressuscitado, pela força do Espírito Santo, como escutámos no Evangelho, transborda de alegria. E quem transborda de alegria quer comunicar o sucedido a todo o mundo.

       O Espírito Santo liberta-nos das amarras do medo, das portas e das janelas fechadas, do egoísmo que nos destrói, do pessimismo que inquina o nosso quotidiano, da desconfiança que nos agita e nos distancia dos outros, da arrogância que nos isola. Não nos livra das dificuldades, mas fortalece-nos e acompanha-nos para ressuscitarmos em cada momento de morte e de desalento, de incerteza e fracasso, de insegurança e de perda.

       O Apóstolo São Paulo fala do Espírito como oportunidade para o bem comum, para fundar ou refazer laços fraternos e duradouros. Cada pessoa é querida por Deus e dotada de qualidades que postas ao serviço dos outros mais se desenvolvem.

       Mas fixemo-nos nas palavras de São Paulo.

"Ninguém pode dizer: «Jesus é o Senhor», a não ser pela ação do Espírito Santo. De facto, há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum. Assim como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo. E a todos nos foi dado a beber um único Espírito".

       Belíssima a comparação! Como Igreja, comunidade dos seguidores de Cristo Jesus, somos como corpo e tal como o corpo é uma unidade/organismo com diversos membros, cada um de nós, com a sua vida, é membro do Corpo místico de Cristo, que é a Cabeça. 


Textos para a Eucaristia (ano B): Atos 2,1-11; 1 Cor 12,3b-7.12-13; Jo 17, 20-26.

08.06.19

Recebei o Espírito Santo...

mpgpadre

1 – Jesus cumpre a Sua promessa. E o último momento desse comprometimento ainda acontece nos nossos dias: Ele estará connosco. Sempre que nos reunimos em Seu nome. De cada vez que fazemos o bem ao mais pequeno dos irmãos. Quando e sempre que assumimos a nossa pertença à Igreja, Seu Corpo, do qual somos membros, e deixamos que a Sua graça nos acaricie o coração, para que uma vez redimidos, possamos transparecer aos outros o Seu amor.

Eu vou partir, mas não vos deixarei órfãos. Vou preparar-vos um lugar, em casa de Meu Pai, há muitas moradas, para que onde Eu estiver vós estejais também. Por ora ficareis tristes, mas então a vossa tristeza converter-se-á em alegria, duradoura, que ninguém vos poderá tirar. É bom que Eu vá, para vos enviar o Espírito Santo, o Paráclito, o Consolador. Ele vos revelará toda a verdade. Não precisais de preparar a vossa defesa, o Espírito Santo inspirar-vos-á o que haveis de dizer! Não tenhais medo. Eu estarei convosco até ao fim dos tempos.

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2 – Ele dá-nos o Espírito Santo em abundância, mas como sói dizer-se, com o poder vem a responsabilidade. No Evangelho de São João, a dádiva do Espírito Santo acontece ao domingo, naquele domingo, o primeiro dia da semana. Jesus regressa, como prometido, e regressa colocando-Se no MEIO deles. Independentemente das portas e janelas fechadas, dos muros e das paredes, Jesus vem para nos ligar a partir do centro. Ele está ao meio.

A mensagem já a conhecemos: a paz! A paz que Ele nos deixa, uma paz que é cozinhada pelo amor, revestida de perdão, de serviço e do cuidado ao semelhante; a paz que nos faz querer ser como Ele, apostando na ternura e na compaixão, e na proximidade aos mais frágeis. Paz que se constrói a partir de dentro, a partir do coração, a partir de cada um de nós. A paz entre nós será possível quando e sempre que estivermos reconciliados connosco, com a nossa identidade e a nossa pertença. Não esqueçamos, pertencemos uns aos outros. A nossa identidade irmana-nos a Jesus, porque assim Ele o quis, e irmana-nos aos outros, onde Ele Se esconde e onde O poderemos encontrar.

«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Jesus não Se apresenta só, mas com o Pai (e com o Espírito Santo). É em Nome do Pai que anuncia e realiza prodígios. Eu e o Pai somos Um. A nossa vocação, discipulado e missão decorrem desta comunhão trinitária. Somos enxertados em Jesus Cristo, no batismo, pela ação do Espírito Santo. E, por conseguinte, somos discípulos missionários, não por autorrecreação, mas na dependência estreita com Jesus. Quando esquecermos esta ligação, seremos como ramos decepados (cortados da cepa) que logo secam e só servirão para queimar.

 

3 – E se o chamamento vem de Deus, então a missão levar-nos-á a anunciar a vontade, a vida e a Palavra de Deus. Não nos anunciamos. Anunciamos Aquele que nos chama e nos envia. E como sabermos qual a vontade de Deus? Com as nossas limitações e fragilidade?

Olhemos para Jesus, para a Sua vida, e para a Sua entrega a favor de todos, especialmente dos pobres, dos despojados, dos pequeninos! E como Ele faz, façamos nós também. Eu que Sou Mestre e Senhor, lavei-vos os pés, para que, assim como Eu vos fiz, o façais uns aos outros. «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

A ternura, a compaixão e o perdão, a bondade, a delicadeza, o amor e a proximidade são a marca de Jesus que passa pelo mundo fazendo o bem. A marca de Jesus será a marca obrigatória dos Seus discípulos, dos cristãos, a marca da minha e da tua vida.

A oração convoca-nos para este caminho de santificação, acolhendo, desenvolvendo e partilhando os dons que Deus nos dá: «Deus do universo, que no mistério do Pentecostes santificais a Igreja dispersa entre todos os povos e nações, derramai sobre a terra os dons do Espírito Santo, de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho».

A oração compromete-nos na realização daquilo que pedimos a Deus.

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Textos para a Eucaristia (ano C): Atos 2, 1-11; Sl 103 (104); 1 Cor 12, 3b-7. 12-13; Jo 20, 19-23.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

19.05.18

Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados

mpgpadre

1 – O Jovem galileu percorreu montes e vales, cidades e aldeias, pelo campo e à beira mar, espalhou um sonho, o sonho de Deus de reunir a todos numa só família, em que todos possam sentar-se à volta da mesma mesa, sob o mesmo teto, sentindo-se em casa.

Os discípulos puderam acompanhá-l'O, puderem ver a Sua postura diante das autoridades e em relação aos mais pobres e frágeis. Puderam testemunhar a Sua intimidade com o Pai, a Sua delicadeza com todos, a sua proximidade aos doentes e aos pecadores, a predileção para com as crianças e os estrangeiros, as mulheres (algumas de vida duvidosa) e os publicanos. Escutaram discursos, mas sobretudo diálogos e pequenas estórias desafiando ao melhor, à inclusão, ao amor, ao perdão, à partilha, à confiança em Deus que é Pai e nos ama daqui até ao infinito, nos ama como Mãe.

Jesus sujeita-se às coordenadas espácio-temporais. Não estará para sempre (fisicamente) no meio de nós. Antes, porém, previne e prepara os Seus discípulos, não os deixará órfãos, enviar-lhes-á, de junto do Pai, o Espírito Santo. Anuncia-O e comunica-O: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

A continuidade é assegurada pelo Espírito Santo. A presença de Jesus faz-Se notar. É Páscoa. Vida nova, ressuscitada! Ele está no meio de nós! Vive em nós e através de nós. Vivamos na Sua paz!

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2 – A Páscoa, ressurreição de Jesus e ascensão aos Céus, implica-nos, não podemos ficar a olhar para Céu, pasmados à espera que a vida se resolva. Somos chamados a seguir Jesus, a amar Jesus, a viver Jesus, a testemunhar e transparecer Jesus. Em todos os momentos! Em todas as circunstâncias! Em toda a parte! Onde estiver um cristão está a ressurreição.

Em dia de Pentecostes, os Apóstolos estão reunidos. Os discípulos ainda não estavam suficientemente amadurecidos na sua fé, esperavam que a manifestação final de Jesus transformasse por completo o mundo onde vivemos, com a destruição do mesmo e com o surgimento de um mundo novo! Ao ascender para Deus, a mensagem que volta é do comprometimento com o mundo: Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura, fazei discípulos de todas as nações! Não fiqueis aí a olhar para o Céu, ide, Jesus virá do mesmo modo que O viste partir. Antes, no mistério da Encarnação, veio incógnito, na simplicidade e pobreza da família de Nazaré, homem entre os homens, passando despercebido! Agora está da mesma forma no meio de nós, homem entre os homens, escondido mas presente em cada pessoa que encontramos no nosso caminho.

3 – O apóstolo São Paulo relembra-nos como a ação do Espírito Santo é imprescindível para acolhermos Jesus, para acreditarmos em Jesus, para nos predispormos a integrar o Seu Corpo, como membros, procurando constituir uma só família, um só rebanho. Com efeito, o Espírito Santo que recebemos permiti-nos encontrar Jesus na nossa vida e agir para que a Sua vida e a Sua mensagem continuem a germinar no mundo. É por Ele que fomos/somos salvos. É n'Ele que tudo se renova, aparecendo os novos céus e a nova terra.

O Espírito Santo revela-nos a verdade que há em Cristo, toda a verdade, a verdade que nos salva, nos aproxima uns dos outros e nos faz participantes da vida divina. O projeto de Cristo, o sonho de Deus, o reino dos Céus já começou em Cristo Jesus e continua em mim e em ti, comigo e contigo, connosco. Os dons que Deus nos dá só o são verdadeiramente enquanto e na medida em que beneficiam todo o Corpo. Será disfuncional e destrutivo se um membro não "puxar" com todo o corpo!

«Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Em cada um se manifestam os dons do Espírito para o bem comum... fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo».

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Textos para a Eucaristia: Atos 2, 1-11; Sl 103 (104); 1 Cor 12, 3b-7. 12-13; Jo 20, 19-23.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

26.06.17

VL – A manhã de Páscoa é (também) hoje - 2

mpgpadre

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O mistério da morte e da ressurreição de Jesus faz-nos entrar na comunhão de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, inserindo-nos no Seu Corpo que é a Igreja. Ele a cabeça, nós os membros. Pelo batismo somos imersos na vida de Deus. Somos novas criaturas. Mergulhamos na Sua morte para ressuscitarmos com Ele. Hoje, como ontem, precisamos de viver ressuscitados e ressuscitar a cada instante na nossa identidade original: filhos de Deus, irmãos em Jesus Cristo.

A sociedade do nosso tempo é altamente individualista. A cultura do "eu" está na mó de cima. Verificável também no meu grupo, partido, no clubismo, na ideologia. Imersos num mundo global, mas cujas referências e gostos nos comprometem, não com o diferente, mas com quem tem os mesmos gostos que nós. Nas redes sociais aderimos aos grupos afins e excluímos rapidamente quem pensa diferente. Eu e o meu grupo.

O grupo dos apóstolos faz esta experiência até ao fim. De diferentes origens e com temperamentos diversos. João e André, filhos do trovão; Pedro, impulsivo; Judas Iscariotes tendencialmente revolucionário; Mateus, cobrador de impostos. Filipe letrado. Tão diferentes mas todos lutam por se colocar acima e disputar o lugar cimeiro na futura hierarquia do Reino de Deus. Como grupo fecha-se e impede que outras pessoas entrem. Afastam as crianças (cf. Mt 19, 13-15). Quando encontram um homem a pregar em nome de Jesus e a curar, proíbem-no: "ele não andam connosco" (cf. Mc 9, 38-41). A resposta de Jesus é clarificadora: deixai vir a mim as crianças, é delas o reino de Deus; não o proibais, quem não é contra nós é por nós.

Olhamos a vida a partir da nossa janela. O outro vê-nos partir da sua janela. São olhares que não se anulam, não veem o mesmo, não são fundíveis. Duas linhas retas, paralelas, nunca se tocam. Também a nossa vida. O problema não está em sermos diferentes, o problema está em não nos aceitarmos diferentes, valorizando as diferenças que nos enriquecem, pois nos fazem ver, ouvir, saborear, saber outras realidades.

Não é fácil deixarmos alguém entrar no nosso grupo. Não é fácil sentir-nos em casa num grupo que não é o nosso grupo de origem. Somos invasores, o grupo já existia quando chegamos. Quando chega alguém ao nosso grupo parece dividir a atenção que tínhamos uns com os outros, vem desestabilizar os equilíbrios que construímos ao longo do tempo.

Jesus faz essa experiência com os apóstolos, não desistindo de nenhum, treinando-os para viver em lógica de serviço e de amor.

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4416, de 13 de junho de 2017

25.06.17

VL – A manhã de Páscoa é (também) hoje

mpgpadre

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O acontecimento fundante do cristianismo é a Páscoa, a ressurreição de Jesus. Não é isolável de toda a Sua vida e do mistério da encarnação. A postura de Jesus ao longo do tempo que vive entre nós também ressuscita: a bondade, a delicadeza, a atenção aos mais frágeis, a convivência com os excluídos ou relegados para as periferias existenciais tais como crianças e mulheres, pecadores e publicanos, doentes e estrangeiros, pobres e escravos. Ressuscita com Jesus uma clara opção pelo amor preenchido de verdade e de doçura.

Hoje também é dia de Páscoa, pois Jesus vive e está no meio de nós. Liturgicamente, o tempo da Páscoa encerrou com a solenidade de Pentecostes. Na Diocese de Lamego algumas paróquias seguiram a proposta do Plano Pastoral Diocesano, com a Caminhada Quaresma-Páscoa, acentuando em cada domingo um aspeto da liturgia da Palavra, sobretudo a partir do Evangelho, um gesto, um símbolo, um desafio, sempre sob lema “Ide e anunciai o Evangelho a toda a criatura”.

A CRUZ foi o elemento constante, como expressão de entrega, de amor levado às últimas consequências. A cruz tem Jesus. Jesus leva-nos com a Sua cruz até ao calvário, mas não nos deixa aí, eleva-nos com Ele para a direita do Pai. No final da caminhada, a Cruz preenchida de vida, de colorido, de desafios – vida, ide, paz, amor, pão – e, no centro, Jesus.

Uma certeza: quem não carrega a sua cruz não pode seguir Jesus. “A cruz de Jesus não é submissão ou resignação, mas um sinal do que supõe fazer frente ao mal… As contrariedades são normais… O sofrimento em si mesmo não é bom nem positivo, é uma parte da existência humana. Só é possível quando é vivido a partir do Amor. É o preço do Amor, do dar-se a si mesmo e isso leva consigo o sofrimento” (Pe. Ricardo, OP).

Se em cada ano celebramos solenemente a Páscoa de Jesus, em cada domingo, a Páscoa semanal. Em cada Eucaristia, a ação do Espírito Santo torna presente a morte e a ressurreição de Jesus e a Sua presença atual e atuante no meio de nós, até ao fim dos tempos. A Eucaristia faz-nos celebrar a vida de Jesus e confiar-Lhe também a nossa, com os seus escolhos e com as suas esperanças. O desafio e o compromisso é que da Eucaristia nós transpareçamos Cristo Jesus vivo. Por conseguinte, é preciso viver hoje a Páscoa de Jesus, anunciando-O com os nossos gestos de bondade e com a mesma paixão de Jesus, gastando a vida a favor dos outros.

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4415, de 6 de junho de 2017

03.06.17

Mandai, Senhor, o Vosso Espírito e renovai a terra...

mpgpadre

1 – «Se mandais o vosso espírito, retomam a vida e renovais a face da terra».

Só Deus é o Senhor da Vida. Ele a dá e a retoma e no-la devolve. «Como são grandes, Senhor, as vossas obras! A terra está cheia das vossas criaturas. Se lhes tirais o alento, morrem e voltam ao pó donde vieram. Se mandais o vosso espírito, retomam a vida». É o Espírito do Senhor que nos dá a vida.

Parafraseando o nosso Bispo, D. António Couto, na homilia do Crisma, em Tabuaço, é o Espírito de Deus que nos capacita para criar um mundo novo. Melhor do que o que está poderá ser ainda mau. É urgente criar um mundo novo, com o olhar cheio de Jesus, com o coração cheio do amor de Deus. A salvação já se deu, com a morte e ressurreição de Jesus. Cabe-nos transparecê-la, através das palavras e das obras, através do nosso compromisso sério uns com os outros, sob a dinâmica (ou o dinamite) do Espírito Santo.

É esse o dinamismo com que Jesus, no primeiro dia da semana, primeiro dia da Nova Criação, Se apresenta vivo no meio dos discípulos e Lhes comunica a paz, dando-lhes o Espírito Santo: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

O Espírito que recebemos é dinamismo que nos envia. A mensagem de Jesus é clara. A paz que Ele nos traz, a paz que nos dá, não é para nos adormecer, mas para nos comprometer. Recebei o Espírito e ide, perdoai. Como o Pai Me enviou também Eu vos envio a vós.

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2 – «Se mandais o vosso espírito, retomam a vida e renovais a face da terra».

O Espírito que nos renova, tornando-nos criaturas novas, envia-nos de imediato. Não é para amanhã. Não é para quando estivermos bem-dispostos. Não é para quando nos convém. Não é para quando as circunstâncias forem mais favoráveis. Não é para quando tivermos tempo e/ou disponibilidade. É para ontem. Hoje já é tarde. O Espírito Santo é fogo que arde em nós e nos preenche e nos provoca. A paz que Eu vos dou há de inquietar-vos até que a todos chega a vida, chegue a paz, chegue a Boa Nova da salvação.

 

3 – «Se mandais o vosso espírito, retomam a vida e renovais a face da terra».

A fraternidade constrói-se com o contributo de cada um. Não nos diluímos, desaparecendo, uns nos outros, mas somos diante e com os outros. Temos por fundamento e modelo a Santíssima Trindade: Um só Deus em Três Pessoas, comunhão perfeita de vida e de amor. Com efeito, somos um só Corpo, pois recebemos um só Espírito, todos fomos batizados na morte e na ressurreição de Jesus Cristo.

«Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo». É Deus que opera em nós e cada um recebe d'Ele os dons, não para seu benefício, para em prol do bem comum. O corpo é um todo constituído por diversos membros. Também nós em Cristo, judeus e gregos, portugueses e chineses, somos um só Corpo.


Textos para a Eucaristia (A): Atos 2, 1-11; Sl 103; 1 Cor 12, 3b-7. 12-13; Jo 20, 19-23.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

21.05.16

Em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo

mpgpadre

1 – Somos tolerantes e compreensivos quando concordam connosco ou quando estimamos aqueles que se nos contrapõem. É conhecido o episódio em que os discípulos voltam para junto de Jesus, dizendo-Lhe que proibiram um homem de expulsar espíritos impuros em Seu nome por não fazer parte do grupo (Mc 9, 38-40 ). Jesus dir-lhes-á que o serviço aos outros deve ser um compromisso constante. E, por outro lado, o bem é sempre bem, venha de onde vier!

Na política, no desporto e até na Igreja existe muito a tentação de excluir quem pensa diferente. Só o que vem da minha bancada, da minha janela, do meu grupo, do meu clube é que é positivo e defensável. Somos pouco trinitários, temos dificuldades ancestrais em valorar o que não é familiar, por defesa, por medo, por insegurança ou por sobrevivência. Quando duas tribos se encontravam, lutavam pelo mesmo lugar, mediam forças e tentavam aniquilar-se mutuamente garantindo que não estariam sujeitas a novas ameaças. Cortava-se o mal pela raiz! Ou, estabeleciam uma aliança de cooperação, garantida por casamentos mistos, envolvendo famílias das duas tribos.

Deus criou-nos para vivermos como família. O pecado – quando cada um encara o outro como adversário e como inimigo, o outro como impossibilidade para "eu" ser deus – gera conflitos e ruturas. Afastam-se os mais frágeis. Impõem-se os mais fortes. Pelo menos até certo ponto, pois os mais fracos fortalecer-se-ão para voltar à luta.

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2 – A solenidade da Santíssima Trindade cria mais uma oportunidade para louvarmos o Deus que nos é revelado por Jesus Cristo, que O encarna, dando-Lhe um rosto, um corpo. Em Jesus Cristo, vemos Deus. Nos seus gestos e palavras. Na Sua postura e nas Suas escolhas. Na Sua delicadeza e na Sua compaixão. Cumprido o tempo, Ele enviar-nos-á o Espírito Santo, para que continue a revelar-nos a misericórdia infinita do Pai e a suscitar em nós a docilidade para O acolhermos, vivendo-O e testemunhando-O.

Acompanhando Jesus, os discípulos veem que para Deus não há excluídos. Na expressão do Papa Francisco, não há santos sem passado nem pecadores sem futuro. Para Jesus, os pecadores, os excluídos do poder, da sociedade, da cultura, da religião; doentes, os publicanos, os pequeninos, as prostitutas; pessoas cujas profissões "menores" as afastam dos reinos deste mundo, têm preferência no Reino de Jesus, não por serem melhores mas precisamente porque são os primeiras a precisarem de ser socorridos. Ser família é isto: cuidar uns dos outros, a começar pelos mais frágeis. Atravessamos a cultura do descarte! Desafio: construir a cultura da proximidade, da inclusão, a civilização do amor e da vida, preconizada por Paulo VI, acentuada por João Paulo II, clarificada por Bento XVI e globalizada por Francisco.

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3 – Jesus sabe que os seus discípulos ainda precisam de tempo, mas sobretudo precisam da ligação ao Pai, pelo Espírito Santo. Se nos apoiarmos em nós, as nossas limitações e fraquezas virão ao de cima e facilmente podemos ensoberbecer-nos. Se nos deixarmos guiar pelo Espírito, Ele nos revelará a verdade, além das nossas debilidades e pecados. Somos vasos de barro, mas ainda assim Deus manifesta-Se em nós e através de nós. O Espírito de Deus faz-nos perceber a nossa grandeza, porque filhos de Deus, e a nossa dependência aos outros, porque irmãos; faz-nos acolher os outros como família e não como adversários e inimigos, mostrando-nos o caminho a percorrer e a distância que nos separa – e nos atrai – da misericórdia de Deus.

Diz Jesus: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará».

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Textos para a Eucaristia (C): Prov 8, 22-31; Sl 8; Rom 5, 1-5; Jo 16, 12-15.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

19.05.16

A Páscoa de Jesus e o nosso compromisso batismal

mpgpadre

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Liturgicamente, tendo celebrado a Ascensão do Senhor, vamos centrar-nos no Pentecostes, a dádiva do Espírito Santo. Com a plenitude da Páscoa, nasce a Igreja e os cristãos que a constituem. Doravante, Jesus tem outros olhos, outra voz, outras mãos, outros pés. Ele está vivo em nós e através de nós.

As Suas últimas palavras são de despedida, de promessa, de esperança e de envio. Sintetizam o mistério pascal, comprometendo os discípulos. Doravante não poderão calar o que viram e ouviram: «Vós sois testemunhas destas coisas» (Lc 24, 48).

Ao longo de três anos – a vida pública de Jesus –, os apóstolos foram testemunhas de um sonho, um projeto de vida, um desafio envolvente. O reino de Deus a emergir na pessoa de Jesus Cristo, nas Suas palavras e nos Seus gestos de compaixão e de proximidade, de delicadeza e de acolhimento. Uma mesa posta para todos. Um banquete para incluir, a começar pelos excluídos. Um reino de portas abertas, integrador, em que ninguém está a mais. Acompanham-n'O camponeses, pedintes, doentes, maltrapilhos. Não admira que Ele tenha o cheiro das ovelhas. Mais que um estilo (exterior) é um jeito de ser, um compromisso. A santidade de Jesus mistura-se com o (nosso) pecado, a divindade abaixa-Se para caminhar connosco e nos elevar.

A Ascensão de Jesus e o dom do Espírito Santo leva-nos a sério. Não somos mais crianças de levar pela mão. O tempo de aprendizagem perdura a vida toda mas há um momento em que as aprendizagens e os instrumentos nos responsabilizam e nos é passada a bola. Cabe-nos prosseguir o caminho aberto por Jesus.

Depois da Sua paixão, diz-nos São Lucas, Jesus apareceu vivo aos Seus discípulos, durante 40 dias (tempo necessário para iniciar e cimentar uma nova forma de se relacionarem com o Mestre), falando-lhes ainda e sempre do reino de Deus. Agora é tempo de descobrirem Jesus no mundo das pessoas e não ficar simplesmente à espera que do Céu venha a resolução de todas as dificuldades (cf. Atos 1, 1-11).

Não apenas eles. Também nós. Quantas vezes ficamos à espera? De sinais! De respostas! De soluções! Por vezes deixamos o tempo passar a ver se tudo se resolve! Ou deixamos para ver se outros resolvem! Então do Céu a mesma voz: Por que esperais? Ele está convosco e através de vós continua a agir no mundo.

Ele não nos faltará com a Sua presença e o Seu amor. Até ao fim!

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4362 , de 10 de maio de 2016

14.05.16

Todos ficaram cheios do Espírito Santo...

mpgpadre

1 – A Páscoa é um acontecimento inaudito que altera a história para sempre. Não é um acontecimento materialmente comprovável (em si mesmo) mas é visível e real pelos frutos que gera. Apanha os apóstolos desprevenidos e apanha-nos entre dúvidas e questionamentos. É uma enxurrada de vida e de luz, que por vezes nos sossega e nos impele para o futuro e outras vezes nos assusta e nos retém no passado ou na fragilidade do momento. Com a ressurreição de Cristo, a vastidão do Céu abre-se para nós. Já não vivemos marcados pelas trevas, mas pela claridade, pela luz. Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. Por Ele vamos ao Pai. É o Rosto e o Corpo e a Presença do Pai.

Encarnou, viveu, foi morto, ressuscitou. Agora vive junto do Pai, mas com a missão de nos dar a eternidade e nos mostrar o Céu. Está presente de maneira nova, pelo Espírito Santo, que Ele envia de junto do Pai e nos dá em abundância. Encarnação, Paixão, Páscoa, Ascensão e Pentecostes. Um único mistério de amor. Deus dá-Se totalmente. Ele que nos criou por amor, por amor nos redime.

No primeiro dia da Semana, tempo novo, de graça e de salvação, de luz e de misericórdia, os apóstolos estão inconsoláveis com os acontecimentos dos dias anteriores. Jesus cumpriu o tempo, inundou o mundo com a misericórdia de Deus. Três anos intensos. Por campos e cidades. Ao encontro das pessoas. Com gestos e palavras convida todos para o Seu Reino de amor. Com a Sua morte, e previamente preparados, os discípulos assumem a mesma missão de viver e testemunhar o Reino de Deus, levando-o a toda a parte, a todas as pessoas.

Jesus coloca-Se no MEIO, sopra sobre eles e diz-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

O Espírito Santo é dado para partilhar a vida e os dons e todo o bem, nunca para reter. O que se guarda perde-se. Ganha-se o que se partilha. Só nos pertence o que damos.

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2 – São Lucas desdobra o mistério pascal, temporal mas sobretudo espiritualmente. É um mistério tão grande que precisamos de tempo. Precisamos de rezar, meditando a grandeza da bondade de Deus que nos salva. Jesus vive na Palavra proclamada e vivida, vive nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia, que nos deixou como memorial da Sua morte e ressurreição. O pão e o vinho, pela força do Espírito, convertem-se no Corpo e no Sangue de Jesus, alimentando-nos até à vida eterna. Vive por todo o bem que façamos. Vive quando acolhemos os que Ele acolheu, amou e serviu, os mais frágeis.

A Ascensão torna claro que Jesus agirá nos e pelos Apóstolos. Agora são eles. Agora somos nós. Ficar especados a olhar para o Céu para que Deus resolva o que nos compete não nos insere no reino de Deus. Este constrói-se connosco, com os nossos talentos, com o nosso esforço. Melhor, com a mesma docilidade de Jesus, deixando que Deus Pai atue em nós pelo Seu Santo Espírito.

Vejamos como é que o Pentecostes mudou para sempre a vida dos discípulos. "Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem".

Aproximam-se uns "judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu". O Espírito Santo não se confina a um lugar ou a um grupo de pessoas. Se alguém se sente agraciado e se abre ao Espírito de Deus perceberá que é constituído missionário a favor de outros. Os Apóstolos são inundados com o fogo do Espírito e imediatamente se tornam o que são: Apóstolos. Quem os ouve percebe-os. É a linguagem do Espírito, do amor, é a linguagem do bem e dos afetos. Todos percebem. Também nós percebemos e nos fazemos perceber se a linguagem é da escuta, do acolhimento e do serviço, da misericórdia, da bênção e do perdão.

______________________

Textos para a Eucaristia (C): Atos 2, 1-11; Sl 103 (104); 1 Cor 12, 3b-7. 12-13; Jo 20, 19-23.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

23.05.15

Recebei o Espírito Santo...

mpgpadre

1 – «Enquanto a sociedade se torna mais globalizada, faz-nos vizinhos mas não nos faz irmãos» (Bento XVI, Caritas in Veritate). Nesta expressão do Papa Emérito constata-se que a globalização dos meios de comunicação social, o desenvolvimento das vias de comunicação, a evolução técnica e tecnológica, nos aproximou, vencendo barreiras geográficas, culturais, sociais, mas o excesso de comunicação e a fácil mobilidade não enriqueceu a relação entre as pessoas, não eliminou conflitos, intolerâncias ou a indiferença. Não basta ter os meios, é necessário ter vontade. Não basta estarmos lado a lado, é necessário que nos vejamos e nos reconheçamos como irmãos.

Há excelentes meios técnicos, mas para se comunicar bem é preciso comunicar com o espírito, com alma, comunicando-nos, pondo nas palavras, nos gestos e nas obras o que somos, dando o melhor.

Cristo dá-nos o Espírito Santo para que as nossas palavras não sejam vazias, para que as nossas palavras nos aproximem, nos levem aos outros e nos tragam os outros. Para que não fiquemos na eficácia da técnica, que é útil e necessária, mas cheguemos ao coração dos outros, com palavras que animem, deem esperança e vida.

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2 – Há uma linguagem para lá de todas as palavras e de todos os gestos, a linguagem do amor, da amizade, da compaixão, a linguagem dos afetos, da proximidade, do olhar penetrante, do sorriso que comunga e partilha a vida, do rosto que se identifica com o sofrimento alheio. Há uma linguagem de ternura que atrai e que é facilmente percetível por todos. É possível que nos entendamos, quando utilizamos a linguagem da verdade e do bem, uma linguagem com espírito, uma linguagem que serve para dar as mãos e unir esforços. Como família.

Jesus confirma os Seus discípulos. Naquela tarde, primeiro dia da semana, Domingo de ressurreição e vida nova, Jesus ultrapassa as portas e das janelas do medo e da desconfiança, e coloca-Se no MEIO dos Seus discípulos. Não há barreiras para esta nova forma de estar. Não há muros intransponíveis para Jesus Ressuscitado. Só é preciso que os nossos corações estejam abertos, dóceis, prontos a acolher o Espírito que d'Ele nos vem, a paz que Ele nos traz, a paz que experimentamos se Ele está connosco no Meio de nós. «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

A alegria que os discípulos experimentam naquela ocasião repetir-se-á em cada um de nós, em cada momento que deixarmos que Ele nos habite, irrompa na nossa vida e nos transforme. Alegria e paz quando e sempre que formos instrumento de perdão e de misericórdia, contribuindo para a paz e a alegria dos outros.

 

3 – Não há portas nem janelas que blindem o amor e a compaixão. Um coração ferido só se cura com a força da ternura, da doçura, da proximidade. Não há medicamentos que curem a solidão, não há anestésicos que resolvam a vida e nos tornem irmãos. Não há antibióticos que anulem a indiferença, a intolerância, a ganância ou a prepotência. Só o amor. Deus é amor!

Há momentos da vida em que os medicamentos ajudam, anestesiando, mas só a amizade, o calor humano, a proximidade física e espiritual curam verdadeiramente. Os motivos do sofrimento podem não desaparecer, mas são integrados na partilha e na comunhão, na amizade solidária e compassiva, confiando-os a Deus.

_________________

Textos para a Eucaristia: Atos 2, 1-11; Sl 103; 1 Cor 12, 3b-7. 12-13; Jo 20, 19-23.

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