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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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13.08.16

Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra?

mpgpadre

1 – Seguir Jesus é a vocação primeira do cristão. Seguir e amar. Não podemos seguir quem não amamos. Não amamos para ficarmos de braços cruzados a ver se chove!

Seguir Jesus acarreta riscos. Renunciar a si mesmo. Não à sua identidade mais profunda, mas ao que mais facilmente vem ao de cima. Renunciar à aparência. Renunciar ao egoísmo. Centrar a vida em Cristo, ocupando-se dos outros. Amar, cuidar, servir. Para encontrar Jesus em cada pessoa. Para se dar a Jesus, nos outros, como Jesus Se deu, por inteiro, a favor da humanidade. Por nós. Para nossa salvação.

Vai valer a pena, pois Ele agirá em nós. Segui-l'O implica que, como Ele, abramos os braços e estendamos as mãos e demos ao pedal ao encontro dos outros com o fito de deles cuidarmos.

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2 – «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda? Tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize. Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão. A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».

Jesus insiste numa paz que brota do amor, da garra em viver a vida e viver em prol da justiça e da verdade. A paz, como o amor, a verdade, a misericórdia, compromete-nos e desafia-nos. Não é passividade de quem cruza os braços a ver a maré passar. É luta e compromisso com o bem de todos. Quem luta por mais justiça, sabe de antemão que vai encontrar resistências, obstáculos, contrariedades.

Quem não quer chatices cruza os braços e enterra a cabeça na areia para não ver. A paz de Jesus é fogo que interpela, que nos responsabiliza uns pelos outros e por toda a criação.

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3 – A primeira leitura traz-nos uma belíssima página sobre Jeremias, um dos profetas maiores do judaísmo. E herança comum para judeus e cristãos. Um profeta que apela à interioridade, à conversão e a agir em conformidade com os mandamentos de Deus.

Jeremias é uma pedra no sapato do rei e dos seus conselheiros que não escutam o clamor dos pobres, o sofrimento do povo que deveriam servir. Jeremias é luz que expõe as trevas.

Os ministros aconselham o rei: «Esse Jeremias deve morrer». O rei não se opõe: «Ele está nas vossas mãos; o rei não tem poder para vos contrariar». Faz-nos lembrar um episódio posterior, o de Pilatos. Lavo as mãos. Fazei como vos aprouver. Mas quem não age, por comodismo, também é responsável pelo mal realizado. Os ministros e seus sequazes prendem Jeremias e fazem-no descer a uma cisterna, onde morreria atolado no lodo, sem pão para comer. Um estrangeiro, o etíope Ebed-Melc, intervém junto do rei denunciando o mal feito a Jeremias e obtém permissão para tirar o profeta da cisterna.

Os que lutam pela paz, pela justiça, pela verdade, sabem que podem ser injuriados, maltratados, perseguidos e mesmo mortos, como aconteceu com Martim Luther King, com Mahatma Gandhi, com Dom Óscar Romero…

 

4 – O autor da Epístola aos Hebreus fala-nos da fé como um combate. Deixando o pecado, fixemo-nos em Jesus que suportou a Cruz, por amor, mas agora vive na glória do Pai. Portanto, refere a carta aos Hebreus, "pensai n’Aquele que suportou contra Si tão grande hostilidade da parte dos pecadores, para não vos deixardes abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue, na luta contra o pecado". Ainda estamos a caminho.

Não estamos sozinhos. É n'Ele que nos apoiamos. É Ele que nos atrai. Para a Cruz? Não, para a Misericórdia! Todavia, sabemos a priori que todo o compromisso exige esforço, sacrifício, renúncia e está sujeito ao sofrimento. Quem se sujeita a amar, sujeita-se a padecer.

Da Palavra de Deus, a certeza que Ele não nos abandona, antes nos sustenta. "Esperei no Senhor com toda a confiança e Ele atendeu-me. Ouviu o meu clamor e retirou-me do abismo e do lamaçal, assentou os meus pés na rocha e firmou os meus passos" (salmo).


Textos para a Eucaristia (C): Jer 38, 4-6. 8-10; Sl 39 (40); Hebr 12, 1-4; Lc 12, 49-53.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

18.08.14

Leituras - DANIEL SILVA - Retrato de uma Espia

mpgpadre

DANIEL SILVA (2012). Retrato de uma espia. Lisboa: Bertrand Editora. 432 páginas.

       Para os leitores de Daniel Silva este livro não é surpresa até porque está no mercado há algum tempo, tedo atingido topo de vendas. No entanto não foi essa a razão que nos levou a mais um título deste autor. Num presente comemorativo tive a oportunidade de pela primeira vez contactar com o autor, em ANJO CAÍDO que logo recomendámos - AQUI -. Quando um autor nos supreende logo queremos ler mais alguma coisa e foi o que me levou a este outro título.

        O protagonista é o mesmo: Gabriel Allon, espião israelita, reformado, que se dedica a restaurar quadros de famosos pintores. A mulher - Chiara - vem do mesmo ramo, a espionagem, e, além de companheira afetiva, com ele está ligada à arte mas também com ele regressa para ajudar casos que põem em causa a segurança de Israel e de todo o mundo ocidental. As forças são as conhecidas. Ambientando-se no 11 de setembro de 2001, no ataque à torres gémeas nos EUA, várias explosões, em vários países europeus, sintonizados com os horários dos atentados de 11 de setembro, provocam o regresso de Allon à espionagem. Colaboração com governos, com a CIA, FBI, M15, e outras secretas ocidentais é possível pôr em marcha uma plano de desmantelamento de algumas redes que se vão formando. A guerra entre palestinianos e israelitas é uma constante, assim como o fundamentalismo islâmico, ainda que se encontrem crentes muçulmanos moderados.

       Por outro lado, os que denunciam correm o sério risco de ser perseguidos ou meso mortos...

        O mundo da arte, compra e venda de famosos quadros ambienta ainda mais a intriga, o mistério, a espionagem.

       Infelizmente, ainda que o livro seja ficcionado, tem muitas semelhanças com a tensão entre países, entre grupos extremistas, toca de perto a violência gratuita contra inocentes, a explosão de bombas, os suícidos-bomba. A espionagem e contra-espionagem, lamentavelmente, não são apenas fruto da imaginação do cinema ou da literatura.

03.09.13

Papa João XXIII - Hoje, somente hoje...

mpgpadre

       Belíssima reflexão do bom Papa João XXIII, o Papa que convocou o Concílio Vaticano II. Vale a pena soltal a estas palavras. É no HOJE de Jesus que havemos de sintonizar a nossa vida. É HOJE que somos cristãos.

1. Somente hoje, procurarei viver o presente (em sentido positivo), sem querer resolver o problema da minha vida inteiramente de uma só vez.

2. Somente hoje, terei o máximo cuidado pelo meu aspecto: vestirei com sobriedade; não levantarei a voz; serei gentil nos modos; ninguém criticarei; não pretenderei melhorar ou disciplinar alguém, a não ser eu mesmo.

3. Somente hoje, serei feliz na certeza de que fui criado para ser feliz não só no outro mundo, mas também neste.

4. Somente hoje, adaptar-me-ei às circunstâncias, sem pretender que as circunstâncias se adaptem aos meus desejos.

5. Somente hoje, dedicarei dez minutos do meu tempo a uma boa leitura, lembrando que como o alimento é necessário para a vida do corpo, do mesmo modo a boa leitura é necessária para a vida da alma.

6. Somente hoje, realizarei uma boa acção e não o direi a ninguém.

7. Somente hoje, farei algo que não gosto de fazer, e se me sentir ofendido nos meus sentimentos, farei de modo que ninguém perceba.

8. Somente hoje, organizarei um programa: talvez não o siga exactamente, mas o organizarei. E tomarei cuidado com dois defeitos: a pressa e a indecisão.

9. Somente hoje, acreditarei firmemente, não obstante as aparências, que a boa providência de Deus se ocupa de mim como de ninguém no mundo.

10. Somente hoje, não temerei. De modo particular, não terei medo de desfrutar do que é bonito e de acreditar na bondade. Posso fazer, por doze horas, o que me espantaria se pensasse em ter que o fazer por toda a vida.

 

Conclusão: um propósito totalitário: "Quero ser bom, hoje, sempre, com todos".

18.08.13

Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra?

mpgpadre

       1 – De que é que precisamos para nos sentirmos realizados? O que é mais importante no nosso dia-a-dia, para sermos felizes?

       Ao longo dos últimos domingos, Jesus tem exposto as prioridades para o discipulado: a fé que se concretiza e traduz pelo serviço, pela partilha, pela conciliação, dando primazia aos bens espirituais, colocando Deus em primeiro lugar para n’Ele descobrimos os outros como irmãos, acolhendo sobretudo os mais frágeis.

       Ele próprio assume esta opção preferencial, como inclusão de todos, para que os excluídos sejam incluídos, os pobres tenham acesso a trabalho honesto e a condições para viver dignamente, os que são descriminados pela raça, pela religião, pelo género, sejam assumidos como filhos de Deus. Ouvíamos as palavras inequívocas de Jesus: acolher Deus como tesouro e n'Ele colocar o nosso coração. Quem se sente salvo por Deus, não poderá deixar de testemunhar com alegria, procurando que outros se deixem contagiar por este AMOR, esta PRESENÇA, na certeza que o dom da fé só o é verdadeiramente se nos compromete na caridade. O DOM (recebido) é para ser dado (e não retido ou usurpado).

       2 – Jesus traz-nos Deus. Ele mesmo é Deus, Filho Bem-amado, assumindo-nos como irmãos. Traz-nos a eternidade. É PORTA que torna acessível o Coração de Deus para cada um de nós. É o Príncipe da Paz. O seu messianismo assenta na graça de Deus, no amor sem limites para a redenção de todos os pecadores. Os pilares do Seu reino são o amor, a justiça e a paz.

       Curiosas as palavras do Evangelho: «Eu vim trazer o fogo à terra e que quero Eu senão que ele se acenda? Tenho de receber um batismo e estou ansioso até que ele se realize. Pensais que Eu vim estabelecer a paz na terra? Não. Eu vos digo que vim trazer a divisão. A partir de agora, estarão cinco divididos numa casa: três contra dois e dois contra três. Estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».

       Aparentemente, Jesus traz a divisão, o conflito, o fogo. Voltemos a ler o evangelho. Neste e noutros ambientes, Jesus assume as dificuldades em propagar o Evangelho, a verdade, na denúncia da hipocrisia, da falsidade, do abuso do poder civil e religioso, relevando a priorização do serviço, em todas as dimensões da vida social, política e religiosa. As suas palavras geram respostas diferentes.

       «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou. Não se perturbe o vosso coração nem se acobarde» (Jo 14, 27). Ele vem para nos redimir, chamando-nos a dar o melhor de nós, a darmos Deus aos outros. Isto é algo que inquieta, que perturba, que não nos pode deixar sossegados no nosso canto, com as nossas coisas, achando que já fazemos muito.

 

       3 – A prossecução deste desiderato pode trazer-nos dissabores. Nem tudo correrá como esperado. Acontece com Jesus. Também Ele sente a incompreensão, a começar por aqueles que tinham maior obrigação de compreender, de acolher e de O seguir. Os Apóstolos, sempre que detetam o perigo, escondem-se atrás d’Ele, ou desviam-se do caminho, mantêm-se à distância e fogem, negam, fecham-se em casa.

       Hoje como ontem. Com Jesus como no tempo dos profetas. Remar contra a maré não é fácil. Muito mais fácil é desistir.

       Jeremias, na primeira leitura, experimenta a perseguição, a calúnia, a tortura, a ameaça de morte. A sua palavra é fogo: denuncia a prepotência e o poder abusivo do rei, contrapondo com a vontade de Deus. O rei, ungido do Senhor, deveria servir o povo de Deus e não os seus interessas promovendo a inclusão de todos.

       “Os ministros disseram ao rei de Judá: «Esse Jeremias deve morrer, porque semeia o desânimo entre os combatentes que ficaram na cidade e também todo o povo com as palavras que diz. Este homem não procura o bem do povo, mas a sua perdição». O próprio rei se deixa levar pela corrente. Não contrapõe. Fazei o que quiserdes.

       Eis que surge alguém com vida própria, com convicções, um estrangeiro, Ebed-Melec, e chama o rei à razão: «Ó rei, meu senhor, esses homens procederam muito mal tratando assim o profeta Jeremias: meteram-no na cisterna, onde vai morrer de fome, pois já não há pão na cidade». O rei altera o mal feito: «Leva daqui contigo três homens e retira da cisterna o profeta Jeremias, antes que ele morra». Não embarquemos nas tendências gerais, sem refletirmos seriamente.

 

       4 – Questionemo-nos de novo: o que verdadeiramente nos faz felizes? O dinheiro? Os bens materiais? Sermos melhores que os outros? A amizade? A família? Os afetos? O bem que fazemos? A imagem que os outros têm de nós? O que é que nos dignifica? O nome e a honra que impusemos? A verdade da nossa vida? A honestidade? O que vale mais, o mundo inteiro a nossos pés ou o trabalho honesto e dedicado e a ajuda que prestamos aos outros? Em que situações nos sentimos melhor? Como perguntava o Papa Francisco, no Brasil, em que pessoas nos miramos? Em Pilatos que lava as mãos e se coloca em atitude de indiferença? Ou em Maria que se apressa para casa de Isabel e em Caná intervém vigorosa junto de Jesus?


Textos para a Eucaristia (ano C): Jer 38, 4-6.8-10; Hebr 12, 1-4; Lc 12, 49-53.

 

23.09.12

Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos...

mpgpadre

       1 – O anúncio da Cruz é uma evidência na vida de Jesus. Para os cristãos, é um projeto de vida, a sua maneira de ser.

       Depois da confissão de fé de Pedro – “Tu és o Messias” –, o anúncio progressivo, mas sem recuos, dos sofrimentos que o Mestre vai enfrentar. O caminho do sucesso e da fama, que se vinha a espalhar e a consolidar, dá lugar rapidamente à desilusão.

       É neste sentido que vemos Pedro a repreender Jesus por Ele anunciar o fracasso: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará».

       A visão de Pedro, e dos demais apóstolos, corresponde à tentação de Satanás: o reino de Deus será do poder, de domínio e de violência sobre os outros. Para Jesus o caminho é outro: a CRUZ.

       2 – A Cruz é símbolo da entrega total de Jesus a favor de todo o povo. É necessário que UM morra por todos. É consequência lógica da Sua vida.

       Jesus coloca-Se do lado do pedinte, do órfão e da viúva, do estrangeiro e do perseguido, do pobre e do doente, coloca-Se do lado dos mais frágeis. Quem assume a defesa dos mais pobres, cedo sofrerá o desprezo e a perseguição dos mais fortes, dos que vivem pela violência. Jesus sabe isto. Não o esconde. Não faz campanha. Não diplomatiza para ter mais seguidores.

       Para Jesus, dar a outra face, deixar-se machucar, é mais humano do que agredir, morrer é muito mais humano do que matar. Ao egoísmo contrapõe o serviço, o amor e o perdão. Ao poder contrapõe a humildade: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos».

 

       3 – As palavras da Sabedoria são clarificadoras:

       “Disseram os ímpios: «Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação…».

       O justo não procura aniquilar-se, não parte em busca de problemas, ou provocando os outros para a guerra. No entanto, a sua existência é já um atentado a quem pratica o mal. Ora o justo é provocador pelas palavras, denunciando, e muito pela vida de retidão, de justiça e de verdade.

 

       4 – “Como Eu vos fiz, fazei-o vós também”. Jesus consagra o serviço como única forma de chegar perto de Deus. Ele que era Mestre e Senhor não Se valeu da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se, tornou-Se servo, humilhou-Se em obediência até à morte, até à cruz, como se reza e poetisa na Epístola aos Filipenses. Ele não vem para ser servido, mas para servir e dar a vida pela vida de muitos.

       Pode até doer, levar-nos à Cruz, mas não há outro caminho que nos leve a Deus que não seja o da caridade, do serviço, da verdade, do perdão. Não nos salvamos sozinhos. Não seguimos pela estrada de ninguém. A nossa estrada é aberta para que possamos seguir juntos.

       A Cruz guia-nos pela caridade, pela paz, pela justiça.

       Pelo contrário, como insiste São Tiago, “onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más ações. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz”.

       À inveja e ao egoísmo, à injustiça e à guerra, opõe-se como purificação e cura o serviço, o amor, o diálogo, o perdão, e a oração, para que a corrente de Deus nos mantenha vigilantes e atentos e prontos para nos ajudarmos, quem quiser ser o primeiro de todos seja o servo de todos.


Textos para a Eucaristia (ano B): Sab 2, 12.17-20; Tg 3, 16 – 4, 3; Mc 9, 30-37.

 

Reflexão DominicaL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARISTAS IN VERITATE.

01.01.12

Santa Maria Mãe de Deus - Dia mundial da Paz

mpgpadre

       1 - Hoje, neste domingo, ao começar um novo ano, reunimo-nos para celebrar o Filho de Deus feito homem. Fazemo-lo, contemplando-O nos braços de Maria, que no-l’O oferece, que nos convida a aproximar-nos d’Ele como fizeram os pastores em Belém.

       Com fé e com esperança, peçamos a Jesus, Príncipe da Paz, que o seu amor e a sua paz alcancem o mundo neste ano que hoje começamos.

       Desde há 45 anos que, por iniciativa do Papa Paulo VI, o primeiro dia do ano, dia da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, é celebrado como Dia Mundial da Paz. E como admirar-se desta escolha, se no fim da Ladainha de Nossa Senhora nós a invocamos como Rainha da Paz, coroando com esta invocação um dos bens maiores pelo qual anseia a humanidade!

        2 - O tema da mensagem de Bento XVI para este Dia Mundial da Paz é: Educar os Jovens para a Justiça e a Paz. O Santo Padre está convencido de que os jovens podem, com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo. E é com esperança que o Papa afirma: “Com qual atitude devemos olhar para o novo ano? No Salmo 130, encontramos uma imagem muito bela. O salmista diz que o homem de fé aguarda pelo Senhor ‘mais do que as sentinelas pela aurora’ (v.6), aguarda por Ele com firme esperança, porque sabe que trará luz, misericórdia, salvação. Esta expectativa nasce da experiência do povo eleito, que reconhece ter sido educado por Deus a olhar o mundo na sua verdade sem se deixar abater pelas tribulações. Convido-vos a olhar o ano de 2012 com esta atitude confiante.”

       A mesma toada confiante nos é transmitida por D. António Couto, o nosso novo bispo, que iniciará o seu ministério episcopal na diocese no próximo dia 29: ”Com alegria e confiança de criança, levanto os meus olhos para os montes, para Aquele que guarda a minha vida, de noite e de dia, quando saio e quando entro, desde agora e para sempre! É com esta luminosa melodia do Salmo 121, que canto, neste dia, ao bom Deus, que sei bem que «tem sido o meu pastor desde que existo até hoje» (Génesis 48,15). D’Ele quero ser transparência pura, sempre, como Ele, pastor que visita, com um olhar repleto de bondade, beleza e maravilha, os seus filhos e filhas que Ele agora me confia. Enche sempre, Senhor, o meu olhar, mãos e coração com a tua presença bela e boa. Que, em mim, sejas sempre Tu a visitar o teu povo. É esta divina maneira de ver bem, belo e bom (episképtomai), que diz o bispo (epískopos) e a visita ou visitação pastoral (episkopê) (Lucas 1,78; 7,16; 19,44).” 

       Unamo-nos nos mesmos sentimentos aos nossos Pastores e enfrentemos o novo ano na confiança, na esperança e na paz.

 

       3 – A paz é dom de Deus, mas é também trabalho do homem. Deus não nos dispensa do nosso trabalho e a tarefa que Bento XVI que aponta é a aposta na educação. O Santo Padre lembra que educar – na sua etimologia latina “educere” - significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo a uma felicidade que faz crescer a pessoa. E aponta lugares concretos para uma verdadeira educação para a paz e a justiça:

  • A família, já que os pais são os primeiros educadores e a família é a célula originária da humanidade;
  • Os responsáveis das instituições com tarefas educativas, que devem velar para que, em todas as circunstâncias, seja valorizada e respeitada a dignidade de cada pessoa;
  • Os responsáveis políticos, que devem ajudar as famílias e as instituições educativas a exercerem o seu direito - dever de educar;
  • O mundo dos media, para que não se limitem a informar mas também a formar na medida em que existe uma ligação estreitíssima entre educação e comunicação;
  • Também os jovens são convidados a fazer um uso bom e consciente da liberdade para serem responsáveis pela sua própria educação e formação para a justiça e a paz. 

        Aceitemos a missão que o sucessor de Pedro nos confia, com a mesma confiança e generosidade com que Nossa Senhora aceitou a interpelação do Anjo, que lhe permitiu ser a Mãe de Deus.

 

Pe. João Carlos,

31.12.11

Santa Maria, Mãe de Deus, Rainha da Paz

mpgpadre

       1. Oito dias depois da Solenidade do Natal do Senhor, que a liturgia oriental designa significativamente por «a Páscoa do Natal», eis-nos no Primeiro Dia do Ano Civil de 2012, tradicionalmente designado como Dia de «Ano Bom», a celebrar a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus.

 

       2. Afigura que enche este Dia, e que motiva a nossa Alegria, é, portanto, a figura de Maria, na sua fisionomia mais alta, a de Mãe de Deus, como foi solenemente proclamada no Concílio de Éfeso, em 431, mas já assim luminosamente desenhada nas páginas do Novo Testamento.

 

       3. É assim que a encontramos no Leccionário de hoje. Desde logo naquela menção sóbria, e ousamos mesmo dizer pobre, com que Paulo se refere à Mãe de Jesus, escrevendo aos Gálatas: «Deus mandou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei» (Gálatas 4,4). Nesta linha breve e densa aparece compendiado o mistério da Incarnação, ao mesmo tempo que se sente já pulsar o coração da Mariologia: Maria não é grande em si mesma; é, na verdade, uma «mulher», verdadeiramente nossa irmã na sua condição de humana criatura. Não é grande em si mesma, mas é grande por ser a Mãe do Filho de Deus, e é aqui que ela nos ultrapassa, imaculada por graça, bem-aventurada, nossa mãe na fé e na esperança. Maria não é grande em si mesma; vem-lhe de Deus essa grandeza.

 

       4. O Evangelho deste Dia de Maria guarda também uma preciosidade, quando Lucas nos diz que «todos os que tinham escutado as coisas faladas pelos pastores ficaram maravilhados, mas Maria GUARDAVA (synetêrei) todas estas Palavras que aconteceram (tà rhêmata), COMPONDO-as (symbállousa) no seu coração» (Lucas 2,18-19). Em contraponto com o espanto de todos os que ouviram as palavras dos pastores, Lucas pinta um quadro mariano de extraordinária beleza: «Maria, ao contrário, GUARDAVA todas estas Palavras que aconteceram, COMPONDO-as no seu coração». Há o espanto e a maravilha que se exprimem no louvor e no canto, e há o espanto e a maravilha que se exprimem no silêncio e na escuta. Maria, a Senhora deste Dia, aparece a GUARDAR com premura todas estas Palavras que acontecem, todos estes acontecimentos que falam e não esquecem. O verbo GUARDAR implica atenção premurosa, como quem leva nas suas mãos uma coisa preciosa. Este GUARDAR atencioso e carinhoso não é um acto de um momento, mas a atitude de uma vida, uma vez que o verbo grego está no imperfeito, que implica duração. O outro verbo belo mostra-nos Maria como que a COMPOR, isto é, a «pôr em conjunto» (symbállô), a organizar, para melhor entender. É como quem com aquelas Palavras COMPÕE um Poema, uma Sinfonia, e se entretém a vida toda a trautear essa melodia e a conjugar novos acordes de alegria.

 

       5. Esta solicitude maternal de Maria, habitada por esta imensa melodia que nos vem de Deus, levou o Papa Paulo VI, a associar, desde 1968, à Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, a celebração do Dia Mundial da Paz. Hoje é já o 45.º Dia Mundial da Paz que se celebra, e o Papa Bento XVI apôs-lhe o tema «Educar os jovens para a justiça e a paz». Na sua Mensagem para este Dia, Bento XVI desafia os jovens a adoptarem a atitude da sentinela que ansiosamente espera pela aurora (Salmo 130,6), e a manterem os olhos levantados para os montes, para o alto, pois é de Deus que vem a salvação (Salmo 121,1). Diz-lhes ainda, olhos nos olhos, que levantem bem alto os seus ideais, e não se deixem atolar no lamaçal desta «noite do mundo», em que tudo aparece sem rosto e sem rumo. Que abram os olhos, dêem asas aos seus sonhos belos, dêem as mãos e tenham a coragem de começar a fazer, ser pioneiros. Que não se fechem no mundo egocêntrico e egolátrico da hipertrofia do «eu» que pensa que se basta a si mesmo, e não precisa de nada nem de ninguém. Contra a sedução das ideologias, que não salvam ninguém, de reduzir o mundo a três dimensões – comprimento, largura e altura –, anulando o horizonte de Deus, Bento XVI exorta ainda a família, a escola, a política, os media a remarem juntos para construir novas atitudes e novas relações estáveis e felizes, assentes na gratuidade, na fraternidade e no amor, novos cenários que proporcionem que chegue a todos os homens o mundo belo que Deus a todos reparte dia após dia. E lembra que educar, na sua etimologia latina, de educere, significa, não levar para dentro de qualquer prisão do «eu» ou outra, mas conduzir para fora de si mesmo, ao encontro dos outros e da realidade. E é sempre bom lembrar que a justiça é o sabor que vem de Deus, e a paz não é a paz romana, assente no poder das armas, nem a paz do judaísmo palestinense, assente nos acordos entre as partes. A paz é um Dom de Deus. 

 

       6. De Deus vem sempre um mundo novo, belo, maravilhoso. Tão novo, belo e maravilhoso, que nos cega, a nós que vamos arrastando os olhos cansados pela lama. Que o nosso Deus faça chegar até nós tempo e modo para ouvir outra vez a extraordinária bênção sacerdotal, que o Livro dos Números guarda na sua forma tripartida: «O Senhor te abençoe e te guarde./ O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável./ O Senhor dirija para ti o seu olhar e te conceda a paz» (Nm 6,24-26).

 

       7. Que seja, e pode ser, Deus o quer, e nós também podemos querer, um Ano Bom, cheio de Paz, Pão e Amor, para todos os irmãos que Deus nos deu! E que Santa Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe nos abençoe também. Ámen!

 

D. António Couto, Bispo de Lamego, in Mesa das Palavras

27.10.11

Bento XVI no encontro de Assis, contra a violência...

mpgpadre

       Com o lema: Peregrinos da Verdade, Peregrinos da Paz, líderes e fieis das religiões reuniram-se pela paz, em Assis, comemorando os 25 anos desde o primeiro encontro, convocado então pelo Papa João Paulo II. Veja o desenvolvimento da notícia.         Pode ler as palavras proferidas pelo Papa Bento XVI, clicando sobre o sublinhado: Peregrinos da Verdade, Peregrinos da Paz.

27.10.11

Bilhete para Assis - 25 anos do encontro da Paz

mpgpadre

Assumem-se como «passageiros do mesmo comboio», numa linha que esperemos não corra o risco de fechar

       Em 2002, quando o João Paulo II convidou pela terceira vez líderes religiosos de todo o mundo para um encontro de oração pela paz em Assis, o então cardeal Ratzinger referiu-se a esse acontecimento a partir da simbologia de um caminho, de uma viagem. E encontrou no facto do papa Wojtyla ter percorrido a distância entre Roma e Assis na companhia de representantes de outras religiões em carruagens do mesmo comboio analogias suficientes para afirmar a pertinência e importância destes encontros.

       No mesmo artigo (30 Giorni, nº 1 de 2002) afirmava, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o caminho da construção da paz, com outras religiões e a exemplo de S. Francisco, como meio para encontrar a identidade cristã católica. Escreve: “Se nós, como cristãos, empreendermos o caminho pela paz a partir do exemplo de S. Francisco, não devemos ter medo de perder a nossa identidade: é precisamente então que a encontramos. E se outros se unem a nós na procura da paz e da justiça, nem eles nem nós temos de temer que a verdade possa ser pisada por bonitas frases feitas”.

       Na semana em que a mesma pessoa, agora Bento XVI, toma a iniciativa de convocar também representantes de religiões de todo o mundo para uma jornada de reflexão, diálogo e oração para a paz e a justiça no mundo, vale a pena criar sintonias com o significado que o então cardeal Ratzinger atribuiu ao que chamou “Evento Assis”. Afirma, no mesmo artigo, que esse encontro “foi sobretudo a expressão de um caminho, de uma busca, da peregrinação pela paz que só acontece se unida à justiça. De facto, onde falta a justiça, onde aos indivíduos são negados os direitos, a ausência de guerra pode ser apenas um véu detrás do qual se escondem a injustiça e a opressão”.

       Como João Paulo II nesse encontro de 2002, também Bento XVI fará a viagem de comboio entre Roma e Assis com as delegações de várias religiões. “Este comboio pareceu-me como que um símbolo da nossa peregrinação na história”, considerava na altura a respeito da viagem do seu antecessor. E, como a prever uma nova viagem com o mesmo destino, referia: “o facto que o comboio tenha escolhido como seu destino a paz e a justiça, a reconciliação dos povos e das religiões, não é com certeza uma grande ambição e, ao mesmo tempo, um sinal de esperança?”

       25 anos depois do primeiro encontro mundial de oração pela paz em Assis, o atual Papa volta aos lugares de S. Francisco com líderes de outras religiões. Todos querem ser “Peregrinos da verdade, peregrinos da paz”, como indica o tema deste encontro. E assumem-se como “passageiros do mesmo comboio”, numa linha que esperemos não corra o risco de fechar. Basta para isso que não diminuam os interessados num bilhete para Assis...

 

Paulo Rocha, in Agência Ecclesia

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