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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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26.05.12

Editorial Voz Jovem - maio 2012

mpgpadre

       A comunidade de Jerusalém é modelar, ainda hoje, ou sobretudo hoje, para as comunidades cristãs. “Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações… Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum… Como se tivessem uma só alma, frequentavam diariamente o templo, partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração” (Atos 2, 42-47).

       A descrição dá-nos uma ideia da vivacidade dos crentes e das relações solidárias e fraternas entre todos. Funcionam a um só coração, voltados para Jesus Cristo e para a Sua postura de amor, de entrega, de inclusão.

       A partir desta descrição, nestes meses de maio e de junho, mas solidificando o que deve ser sempre a comunidade dos cristãos, sublinhamos três realidades essenciais na vivência da nossa fé e no compromisso com os outros.

       A oração é o ponto de partida e de chegada da nossa fé. Há de ser o nosso alimento. O paradigma é Jesus Cristo. Sempre que se aproximam ocasiões decisivas, Ele afasta-Se para rezar, para escutar a Deus, Seu e nosso Pai. Este afastamento é físico mas não espiritual, pois pela oração tornamo-nos mais próximos uns dos outros. Se todos estamos unidos a Deus nem a realidade espácio-temporal inibe a nossa cumplicidade, a nossa comunhão.

       Por outro lado, há de ser na oração que descobrimos a alegria de sermos cristãos, filhos amados de Deus, abrindo a nossa mente e o nosso coração para acolhermos o Espírito Santo na força da Sua luz e da Sua graça santificante.

       Como fácil se conclui, a oração não nos isola, não nos desliga do mundo das pessoas. Ao invés, a oração une-nos mais radicalmente aos outros e ao mundo. A oração reenvia-nos na missão de testemunharmos a todos e em toda a parte o amor de Deus que experimentamos em nossas vidas, ainda que em momentos de sofrimento, de solidão e de doença, tenhamos mais dificuldade em expressar a alegria e a confiança no Deus da Vida e do Amor, do Encontro e da Festa. 

       Em Jesus, Deus faz-nos para sempre partícipes da Sua vida. Somos filhos no Filho. Somos herdeiros da vida eterna. Somos raça de Deus, portamos em nós as marcas do amor divino. No código de barras, que é cada um de nós, pode ler-se a pertença a Deus, a nossa origem, o nosso chão seguro, a casa do nosso conforto, da nossa confiança. É o amor maior. Somos habitação de Deus. Jesus, o rosto do Pai, e nós, o rosto de Cristo, que nos mostra os sinais da Sua paixão, as marcas do amor que nos devota. O amor que O leva a estender os braços na Cruz, é o mesmo Amor que se desprende da Cruz e nos abraça, terna e longamente. Da Sua à nossa Ressurreição. Até à eternidade.

       Se cada um é filho de Deus, somos todos irmãos. Comunidade. Família. Não são já os laços de sangue que nos identificam com os outros, mas os laços do amor de Deus em nós. A oração provoca-nos para a missão, com o fito de estreitarmos a comunhão entre todos, coração a coração, como repetidamente nos diz o nosso Bispo.

       Não bastam espaços físicos de encontro, é imperioso que nos encontremos nos sentimentos, nas emoções, nas alegrias e nas tristezas, fazendo da Igreja casa de todos e fazendo com que em cada casa brilhe a luz do Evangelho e da fé em Cristo Jesus. Como no princípio, na comunidade de Jerusalém, bata em nós o coração de Jesus.

07.03.12

Cáritas Diocesana de Lamego: mensagem do Responsável

mpgpadre

O calendário litúrgico aproxima-nos a passos largos de mais um Dia Cáritas (III Domingo da Quaresma - 11 de março).

 

"Edificar o Bem Comum, tarefa de todos e de casa um", é o tema deste ano. Cada cristão, em verdadeiros espírito de partilha, é chamado a cooperar na construção dum mundo mais justo e fraterno, começando, antes de mais, pela atenção aos irmãos que fazem parte da comunidade paroquial.

 

"Se a caridade não está presente no anúncio do Evangelho, qual o Evangelho que se anuncia? Se a caridade não transparece do que se celebrar, que vida cristã é a que se celebra? Que Ressurreição?". Estas questões basilares expressam na perfeição a necessidade de viver a comunhão, promovendo a articulação/cooperação entre todas as Instituições, Movimentos, Grupos que, nas paróquias, atuam na dimensão do Serviço, sem desprezar a participação dos outros setores da Pastoral, em torno da opção preferencial de Cristo pelos mais pobres. É neste sentido que o Sr. Bispo exorta à prioritária e urgente organização do setor da caridade ao nível comunitário/paroquial.

 

A Cáritas, na qualidade de Serviço do Bispo para a dimensão sócio caritativa, congrega, em si mesma, as referidas "entidades" da Igreja que atuam no espaço diocesano, promovendo a sua animação e sensibilizando para um trabalho que é tão mais urgente, quanto a exigência dos tempos que estamos a atravessar.

 

Que cada paróquia possa partilhar um pouco do que tem.

Que o amor de Deus, derramado sobre nós, a todos se manifeste na partilha solidária.

 

Lamego, 27 de fevereiro de 2012

O Presidente da Direção,

 

Pe. Adriano Monteiro Cardoso.

 

Não deixe de ler também a Nota Pastoral para o Dia Cáritas 2012

01.02.12

32. Alegre-se com a felicidade dos outros

mpgpadre

Alegre-se com a felicidade dos outros, rejubile com os sucessos dos que o/a rodeiam.
Nos dias que recebemos de Deus a vida e o tempo, de forma gratuita - não pedimos para nascer -, encontramos pessoas várias que se alegram mais com os infortúnios alheios do que com as coisas boas que podem apreciar em suas vidas.
Impressiona-me quando vejo pessoas tristes porque outros têm sucesso, ou obtiveram algum ganho significativo.
Mas por quê?
O que as outras pessoas têm ou o sucesso que obtêm não me diminui, de forma nenhuma. Pode até não acrescentar nada à minha existência pessoal, mas também não me retira nada, absolutamente nada.
Pelo contrário, se me comprazo na infelicidade alheia isso é sinal evidente que a minha vida não é agradável, não tenho valor, não valorizo o que há de bom em mim e na minha vida, sou vazio, preencho o meu coração e o meu pensamento com situações que, de forma solidária, me deveriam penalizar.
Claro, posso dizer que os outros também se alegram com os meus fracassos. E depois? Que me há de interessar isso.
Escolha, como refletimos em outro momento, valorizar os outros e alegrar-se com o sucesso até dos seus inimigos...
É mais uma forma de ser feliz, de viver pela positiva.
Alegre-se por que o outro se encontrou, por que o outro é feliz.
Mesmo que agora as coisas não te/lhe estejam a correr bem, há de chegar também o teu dia, a tua hora, confia, vive, aprecia...
Foi assim que o Mestre dos Mestres viveu... sempre à procura de retirar de cada um, as melhores pérolas, mesmo onde só havia visível pedra rústica e informe.

19.01.12

19. Faça das suas insuficiências oportunidade de partilha

mpgpadre

Faça das suas insuficiências oportunidade de partilha, de comunhão, de enriquecimento espiritual, de fortalecimento psicológico, numa palavra, faça que os seus limites sejam uma porta aberta para a saúde (física e espiritual) e para a felicidade.

Numa série de desenhos animados, muito popularizada entre adolescentes/jovens, Naruto, uma das personagens, dá-nos uma lição extraordinária, e onde se pode reler excertos da Sagrada Escritura. Jiraiya Sam, um dos três ninjas lendários, da aldeia oculta na folhagem, depara-se com o momento da morte e como numa crónica da sua vida deixa este testamento:
"Os fracassos são distrações, são testes que aperfeiçoam as nossas qualidades. Vivi a acreditar nisso e em troca jurei cumprir uma missão tão importante que me fizesse esquecer os meus fracassos, assim morreria como um grande ninja... no final também falhei nessa escolha... que história mais inútil... o mais importante é a capacidade de nunca desistir, nunca faltar à palavra, e principalmente nunca desisti, aconteça o que acontecer... Nunca desistir, era essa a verdadeira escolha que tinha de fazer...".

Encontramos esta riqueza de linguagem no livro de Eclesiastes e no livro de Job, que integram a literatura sapiencial, isto é, fazem parte do conjunto de livros do Antigo Testamento, que nos falam da sabedoria humana e divina, dos Provérbios, dos ensinamentos, das grandes máximas do povo de Israel, das lições de vida deixadas de pais para filhos, de mestres para discípulos.

Diz Qohélet (Eclesiastes) - vaidade das vaidades, tudo é vaidade... não há nada de novo debaixo do sol, tudo o que o homem faz é vaidade, não passa de um sopro que logo desaparece.
"Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há de voltar a fazer-se: e nada há de novo debaixo do Sol!... apliquei o meu espírito a estudar e a ex­plorar, pela sabedoria, todas as coi­sas que sucedem debaixo do céu. É uma tarefa ingrata que Deus deu aos homens e os oprime... Apli­quei, igualmente, o meu co­ra­ção a conhecer a sabedoria, a lou­cura e a insensatez; e reconheci que também isto é correr atrás do vento. Por­que na muita sabe­do­ria há mui­­ta arrelia, e o que au­men­ta o co­nhe­ci­mento, aumenta o sofri­mento" (Ecl 1, 17-18).

Vamos ao livro de Job e encontramos o mesmo lamento. O mal seria consequência/castigo do pecado. Job descobre que a sua vida corre mal, mas ao mesmo tempo trata-se de uma enorme injustiça. Sempre se aplicou a fazer o bem, a viver segundo a justiça, a praticar boas obras, a usar de misericórdia. No final, de nada lhe adiantou ser bom e justo.

Se ficássemos por aqui, não teria sentido a nossa busca, tudo seria inútil, passageiro, efémero. Se bem, que essa constatação nos pudesse levar a desfrutar melhor da vida, positiva ou negativamente. O vazio seria sempre o destino dos nossos atos, e os nossos fracassos seriam sempre avassaladores.
Job e Qohélet abrem a nossa mente para algo de grandioso e que nos ultrapassa, abrem para Deus. Tudo é vaidade, a não ser que se sob o olhar de Deus. "O resumo do discurso, de tudo o que se ouviu, é este: teme a Deus e guarda os seus preceitos, porque este é o dever de todo o homem. Deus pedirá contas, no dia do juí­zo, de tudo o que está oculto, quer seja bom, quer seja mau".
Job da mesma forte disponibiliza-se com humildade para a justiça de Deus que ultrapassa toda a justiça humana, mesmo quando o nosso espírito ainda não esteja capacitado para ver.

Voltando ao ponto de partida, importa fazer de todas as nossas experiências, como já vimos num destes dias anteriores, oportunidade para nos tornarmos mais fortes, para, com inteligência e humildade, aprendermos a viver melhor, mais confiantes, disponíveis para acolher o que o tempo nos pode trazer e sobretudo as pessoas e o mistério de Deus nos podem dar.

Como recordávamos ontem, com São Paulo, quando sou fraco é que sou forte, ou por outras palavras, as minhas fraquezas e insuficiências podem efetivar a decisão firme de me abrir ao semelhante e me disponibilizar para aprender, para crescer. Os fracassos de hoje podem ser janelas abertas que me trazem o vento fresco, o sol que me inunda de luz a minha casa, possibilitando que veja mais ao longe, que veja para lá das dificuldades do tempo presente.

 

O tempo presente não se compara ao que há de vir, onde veremos Deus face a face, porquanto o nosso compromisso é com o tempo, com o mundo, com a história. É a nossa missão maior, que nos coloca a caminho. (São Paulo lembra: não me importava de morrer e ir já contemplar a glória de Deus, mas é necessário que continue a ser útil para os meus irmãos; São João, numa das suas epístolas lembra que o que somos é uma pequena amostra do que seremos).

20.05.11

Não contar só com a ganância do padeiro

mpgpadre

Hoje são os próprios economistas a recordar-nos que temos de enriquecer as nossas existências por outros meios e em outras dimensões. Por exemplo, a espiritual.

       Um dos clássicos da economia moderna, Adam Smith, resumia desta maneira pragmática o funcionamento do sistema económico: devemos o nosso pão fresco diário não ao altruísmo do padeiro, mas  à sua ganância.  É graças à ambição do ganho, que os bens de que precisamos chegam às prateleiras dos supermercados. Esse dado é, de resto, comummente aceite e consensualmente aceitável.

       O facto que hoje se coloca, sempre com maior urgência, é, porém, de outra natureza. Claro que não perde validade a justa expectativa de que a atividade laboral produza o seu lucro, mas o que se coloca às nossas sociedades é a questão da sua capacidade para resolver, ainda que de modo não completamente perfeito, os desequilíbrios que elas próprias geram e que ameaçam a sua preservação. Ora, este processo de reajuste e maturação do sistema não parece que possa ficar unicamente dependente daquilo que Adam Smith chamou “a ganância do padeiro”.

       A difícil situação atual mostra-nos, sem margem para hesitações, como se tornou urgente e vital introduzir alternativas de fundo num campo que é económico e financeiro, mas também é humano e cultural. Nesse sentido, vale a pena olhar para os três pontos propostos recentemente por Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey, que nos desafia a redefinirmos o que entendemos por prosperidade.

       O primeiro ponto prende-se com a necessidade de nos consciencializarmos todos de que o crescimento económico tem limites. O segundo passa por aceitarmos distribuir os lucros não apenas segundo critérios financeiros, mas também em função de um benefício social e ambiental. O terceiro ponto diz-nos que é preciso mudar a lógica cultural dominante, que identifica prosperidade com enriquecimento material.

       Hoje são os próprios economistas a recordar-nos que temos de enriquecer as nossas existências por outros meios e em outras dimensões. Por exemplo, a espiritual.

 

José Tolentino Mendonça, in Editorial da Agência Ecclesia.

10.05.11

A Dívida Soberana - 7 Mandamentos...

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O pão multiplica-se quando aceita ser repartido.

A gramática da Vida é a condivisão.

       1º - A primeira de todas as dívidas soberanas, e certamente a mais fundamental, é aquela que cada um de nós mantém para com a Vida. Essa dívida nunca a pagaremos, nem ela pretende ser cobrada. Reconhecer isso em todos os momentos, sobretudo naqueles mais exigentes e confusos, é o primeiro dos mandamentos.

 

       2º - Se a maior de todas as dívidas soberanas é para com um dom sem preço como a vida, cada pessoa nasce (e cresce, e ama, luta, sonha e morre) hipotecada ao infinito e criativo da gratidão. A dívida soberana que a vida é jamais se transforma em ameaça. Ela é, sim, ponto de partida para a descoberta de que viemos do dom e só seremos felizes caminhando para ele. É o segundo mandamento.

 

       3º - O terceiro mandamento lembra-nos aquilo que cada um sabe já, no fundo da sua alma. Isto de que não somos apenas o recetáculo estático da Vida, mas cúmplices, veículos e protagonistas da sua transmissão.

 

       4º - O quarto mandamento compromete-nos na construção. Aquilo que une a diversidade das profissões e as amplas modalidades do viver só pode ser o seguinte: sentimo-nos honrados por poder servir a Vida. Que cada um a sirva, então, investindo aí toda a lealdade, toda a capacidade de entrega, toda a energia da sua criatividade.

 

       5º - A imagem mais poderosa da Vida é uma roda fraterna, e é nela que todos estamos, dadas as nossas mãos. A inclusão representa, por isso, não apenas um valor, mas a condição necessária. O quinto mandamento desafia-nos à consciência e à prática permanente da inclusão.

 

       6º - As mãos parecem quase florescer quando se abrem. Os braços como que se alongam quando partem para um abraço. O pão multiplica-se quando aceita ser repartido. A gramática da Vida é a condivisão. Esse é o mandamento sexto.

 

       7º - O sétimo mandamento resume todos os outros, pois lembra-nos o dever (ou melhor, o poder) da esperança. A esperança reanima e revitaliza. A esperança vence o descrédito que se abate sobre o Homem. A esperança insufla de Espírito o presente da história. Só a esperança, e uma Esperança Maior, faz justiça à Vida.

 

José Tolentino Mendonça, Editorial Agência Ecclesia.

23.07.10

O espinheiro que quis ser rei

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       Uma lenda do povo judeu diz que, uma vez, as árvores resolveram escolher um rei ou uma rainha.

 

 

       Primeiro elegeram a oliveira, mas ela recusou:
       – Acham que eu ia deixar de produzir azeitonas e o saboroso azeite só para reinar?
       Então as árvores resolveram escolher a figueira:
       – Nem pensar, retorquiu a figueira. – Eu não posso deixar de produzir os meus doces frutos só para ficar acima das outras árvores.
       Depois procuraram convencer a videira a aceitar o cargo.
       – Não quero deixar de produzir as minhas uvas saborosas só para ser mais poderosa do que as outras árvores. – Explicou a videira. Depois de várias reuniões, as árvores foram consultar o espinheiro.
       – Mas é claro que aceito disse o espinheiro entusiasmado –, ó árvores, venham todas descansar à sombra dos meus espinhos.
 
 
       Esta lenda não tem como objetivo comparar governantes a espinheiros sem valor, mas encerra uma lição valiosa: o verdadeiro líder não está interessado em posições, em poder, em mandar nos outros, como o espinheiro. Mas, pelo contrário, é alguém preocupado em servir os semelhantes, tal como as árvores que produzem frutos, sem buscar os seus próprios interesses.

Mónica Aleixo, in Boletim Voz jovem, julho 2010.

04.06.10

O Pão de Cristo - o Pão da Vida

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       Celebrámos ontem a Solenidade de Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (Corpo de Deus) e esta é uma estória que nos ensina a partilhar genuinamente o pão que temos, na certeza que o multiplicaremos...
       Depois de meses sem encontrar trabalho, viu-se forçado a recorrer à mendicidade para sobreviver, o que o entristecia e envergonhava muito.
       Numa tarde fria de inverno, encontrava-se nas imediações de um restaurante de luxo, quando viu chegar um casal. Vítor pediu-lhe algumas moedas para poder comprar algo para comer.
       - Não tenho trocos - foi a resposta seca.
       A mulher, ouvindo a resposta do marido, perguntou:
       - Que queria o pobre do homem?
       - Dinheiro para comer. Disse que tinha fome - respondeu o marido encolhendo os ombros.
       - Lourenço, não podemos entrar e comer comida farta de que não necessitamos e deixar um homem faminto aqui fora!
       - Hoje em dia há um mendigo em cada esquina! Aposto que ele quer é dinheiro para beber!
       - Mas eu tenho uns trocos comigo. Vou dar-lhe alguma coisa!
       Mesmo de costas para eles, Vítor ouviu tudo o que diziam. Envergonhado, queria afastar-se e fugir dali, mas a voz amável da mulher reteve-o:
       - Aqui tem qualquer coisa. Consiga algo de comer, e, ainda que a situação esteja difícil, não perca a esperança: há-de haver, nalgum lugar um trabalho para si. Faço votos para que o encontre.
       - Muito obrigado, minha senhora. A senhora ajuda-me a recobrar o ânimo! Nunca esquecerei a sua gentileza.
       - Você vai comer o Pão de Cristo! Partilhe-o! - acrescentou ela com um largo sorriso, dirigido mais ao marido do que ao mendigo.
       Vítor sentiu como se uma descarga eléctrica lhe percorresse o corpo.
       Foi a um lugar barato para comer um pouco. Gastou só metade do que tinha recebido e resolveu guardar o restante para o dia seguinte: comeria do 'Pão de Cristo' dois dias.
       Mas uma vez mais sentiu aquela descarga eléctrica a percorrer-lhe o corpo: O PÃO DE CRISTO!
       "Um momento! - pensou - Eu não posso guardar o 'Pão de Cristo' só para mim".
       Parecia-lhe como que escutar o eco de um hino antigo que tinha aprendido na catequese. Naquele momento, passava um velhote ao seu lado. - Quem sabe, se este pobre homem não terá fome também - pensou - Tenho de partilhar o 'Pão de Cristo'.
       - Ouça - chamou Vítor - Quer entrar e comer uma comidinha quentinha? O velho voltou-se e encarou-o de olhar incrédulo.
       - Está a falar sério, amigo?
       O homem não acreditava em tanta sorte, até estar sentado à mesa coberta com uma toalha e com um belo prato de comida quente à frente. Durante a refeição, Vítor reparou que o homem envolveu um pedaço de pão num guardanapo de papel.
       - Está a guardar um pouco para amanhã? - Perguntou.
       - Não, não. É conheço um miúdo da rua e que tem passado mal ultimamente. Estava a chorar com fome, quando o deixei. Vou levar-lhe este pão.
       - O Pão de Cristo! - Recordou novamente as palavras da senhora e teve a estranha sensação de que havia um terceiro convidado sentado naquela mesa.
       Ao longe, os sinos da igreja pareciam entoar o velho hino que antes lhe tinha ressoado na cabeça. Os dois homens foram levar o pão ao menino faminto que o começou a devorar com alegria. Subitamente, deteve-se e chamou um cãozinho, um cachorrinho pequeno e assustado.
       - Toma lá. Metade é para ti - disse o menino. O Pão de Cristo também chegará para ti.
       O catraio tinha mudado de semblante. Pôs-se de pé e começou a correr com alegria.
       - Até logo! - disse Vítor ao velho - Nalgum lugar encontrará emprego. Não desespere! Sabe? - sussurrou - Isto que comemos é o Pão de Cristo. Foi uma senhora que me disse quando me deu aquelas moedas para o comprar. O futuro só nos poderá trazer algo de muito bom!
       Enquanto se afastava, Vitor reparou melhor no cachorrinho, que lhe farejava as pernas. Abaixou-se para o acariciar, quando descobriu que ele tinha uma coleira onde estava gravado o nome e o endereço do dono. Vítor pegou nele e caminhou um bom bocado até à casa dos donos do cão, e bateu à porta. Ao ver que o seu cãozinho tinha sido encontrado, o homem primeiro ficou todo contente; depois, tornou-se mais sério, pensando que se calhar o teriam roubado; mas, encarando a cara séria de Vítor e vendo no seu rosto um ar de dignidade, disse então:
       - Pus um anúncio no jornal oferecendo uma recompensa a quem encontrasse o cão. Tome!
       Vítor olhou o dinheiro, meio espantado, e disse:
       - Não posso aceitar. Eu apenas queria fazer bem ao animal.
       - Pegue-lhe! Para mim, o que você fez vale muito mais que isto! E olhe, se precisar de emprego, vá amanhã ao meu escritório. Faz-me falta, ao pé de mim, uma pessoa íntegra assim.
       Vítor, ao voltar pela avenida, como que volta a ouvir aquele hino que recordava a sua infância e que lhe ressoava no espírito. Chamava-se 'REPARTE O PÃO DA VIDA'.
NÃO TE CANSES DE DAR,
MAS NÃO DÊS SOBRAS,
DÁ COM O CORAÇÃO,
MESMO QUE DOA.
QUE O SENHOR NOS CONCEDA
A GRAÇA DE TOMAR
A NOSSA CRUZ E SEGUI-LO,
MESMO QUE DOA!
       Bem, agora se o desejares, reparte com os teus amigos. Ajuda-os a repartir e a reflectir. ESPERO QUE SIRVA para a tua VIDA... QUE DEUS NOS ABENÇOE SEMPRE...!!! Jesus: Senhor, eu amo-te muito, e necessito de ti sempre: estás no mais profundo do meu coração. Abençoa, com o Teu carinho, a minha família, a minha casa, o meu emprego, os meus bens, os meus sonhos, os meus projectos e os meus amigos.
Autor desconhecido.

25.03.10

I want to tell you about my feelings

mpgpadre

QUERO FALAR CONTIGO SOBRE OS MEUS SENTIMENTOS [1]

       Quero falar contigo sobre os meus sentimentos. Foi assim que a comunicação começou.

       Comunicar é como jogar a bola. Eu atiro a bola e tu apanha-la. E outra vez: eu atiro a bola…

       “Eu quero falar contigo sobre os meus sentimentos”. Foi assim que a comunicação começou. Tal como precisamos de lançar a bola de uma lado para o outro para que haja jogo, nós, para comunicar, precisamos de falar de uns para com os outros sobre os nossos sentimentos.

       Se vós estiverdes demasiadamente perto, ou se estiverdes demasiadamente longe um do outro, não é fácil jogar à bola. Se vós estiverdes demasiadamente perto, ou demasiadamente longe, da pessoa a quem amam, ou do vosso amigo, ou do vosso filho, ou dos vossos pais, não é fácil comunicar.

       A comunicação não começa com as duas pessoas a falar ao mesmo tempo. De um lado ou do outro tem de partir o primeiro movimento. Alguém tem de lançar primeiro a bola.

       Mas tu podes não querer ser o primeiro a atirar a bola – talvez queiras esperar que alguém te atire a bola. (Porque quando a atiras e ninguém a apanha, ficas infeliz). Há ocasiões em que, sem o esperares, és rejeitado. Há ocasiões em que, quando atiras a bola, porque queres jogar com outra pessoa, essa pessoa atira-a para outra.

       Desde muito cedo que nos habituámos a ter algumas pessoas que não ouvem o que dizemos. "Agora estou muito ocupado", dizem. "Falamos mais tarde, está bem?" Por isso, acabamos por pensar: "Não tem importância o que eu possa dizer". É por isso que é preciso ter coragem para ser o primeiro a atirar a bola.

       Às vezes ganhaste finalmente coragem para lançar a bola a outra pessoa só para a ver lançá-­la para longe. Alguma vez isto aconteceu contigo? Ou então tu lanças a bola a partir do teu coração, só para que a pessoa a quem a lançaste lhe dê um pontapé... Alguma vez isto aconteceu contigo?

       Ou então tu lanças uma bola com meio metro de diâmetro, mas, quando ela volta para ti, só tem alguns centímetros... Alguma vez isto aconteceu contigo?

       Alguma vez disseste para ti mesmo "Em vez de ser eu a lançar a bola e ser infeliz, é melhor não lançar a bola; espero que alguém me lance a bola"? Mas, e se ninguém te atira a bola…?

       Tu não és o único que foste surpreendentemente rejeitado, que já recebeu uma bola devolvida, que é infeliz. Talvez tu já tenhas dado também alguns pontapés na bola, e feito alguém infeliz, e nem saibas que o estás a fazer. Todos nós queremos que apanhem as nossas bolas. Todos nós queremos que as pessoas ouçam o que temos para dizer. Todos nós queremos que as pessoas percebam que nós existimos.

       Quem é que no mundo vai aceitar todas as pessoas que querem ser aceites?

       Se a pessoa a quem atiraste a bola do coração a apanha, e se tu apanhas a bola que essa pessoa te atirou do coração, então uma fase da comunicação foi preenchida.

       Mas algumas vezes nós sentimos que "Ele não a apanhou da maneira que eu queria!", ou que "Não tenho possibilidade de apanhar a bola que ele me atirou!", Nós temos muitas formas como estas de falta de comunicação.

       Quando se acumulam momentos de falta de comunicação, as nossas emoções ficam instáveis. Nós ficamos aborrecidos, preocupados, zangados, com preconceitos, hostis. De vez em quando, explodimos... Depois, aos poucos e poucos, começamos a não sentir nada... E, mais cedo ou mais tarde, estamos sozinhos.

       Se a pessoa a quem atiraste a bola não a apanhou da maneira que tu querias, não culpes essa pessoa. Talvez ela não seja muito boa a jogar a bola. Talvez ela estivesse nervosa, e a sua mão tenha deslizado. Talvez a tua bola fosse demasiado pesada.

       Se o teu chefe, ou os teus pais, ou o teu companheiro nunca te deixam dizer o que queres, como te sentes? Se houver três ou quatro bolas que são atiradas para ti ao mesmo tempo, como te sentes?

       Medes a tua capacidade de comunicar através da reacção da pessoa com quem estás a tentar comunicar. Mesmo que não o queiras admitir.

       Há uma maneira boa e uma maneira má de comunicar. Trocar comunicação é uma maneira boa de comunicar. Não trocar comunicação é uma maneira má de comunicar. Igualmente má, é trocar alguma coisa que é parecida com comunicação – mas que não é realmente comunicação.

       O que significa ser parecido com comunicação? Só falar do tempo, ou de desporto, ou do sexo oposto, é parecido com comunicação. Só falar do que fazes na vida (como alguém mais velho, como professor, como jovem, como marido, como mulher) é parecido com comunicação. Quando trocas alguma coisa parecida com comunicação, não tens de te preocupar por te sentires só, ou sentires dor. Não tens de te preocupar com sentimentos ou argumentos inesperados. Mas também não tens a experiência de uma alegria inesperada – ou a sensação de estar realmente vivo.

       Se o comportamento da pessoa com quem estás a comunicar não muda, isso significa que realmente aí não houve comunicação. Houve apenas conversa social. A verdadeira comuni­cação leva sempre a novos comportamentos.

       Há uma diferença entre comunicar com as pessoas e simplesmente confirmar a relação com essas pessoas. As relações tornam-se rígidas. A comunicação muda isso.

       Que tipo de relações queres ter?

       Uma das razões para a existência de problemas na comunicação é que, quando dizes ser amigo de alguém, com que estás mesmo preocupado é em mostrar a essa pessoa que és melhor do que ela.

       Que tipo de relação queres ter com outra pessoa? Uma relação unilateral? Queres que se igno­rem uma à outra? Ou queres jogar "contra a parede"? Ou queres conservar os teus sentimentos fechados dentro de ti?

       "Se ao menos eu fosse melhor do que aquela pessoa", dizes tu. Sem se perceber, muitas vezes usamos a comunicação como uma forma de competição. Mas, mete isto na tua cabeça: o preenchimento da fase seguinte da comunicação vem daquilo a que se pode chamar aceitação. As pessoas mudam o seu comportamento quando se sentem aceites.

       Gostar de outra pessoa não é necessariamente aceitá-la. Se houver uma pessoa de que tu não gostes, primeiro aceita o "tu" que não gosta dessa pessoa. O grau em que tu aceitas outra pessoa coincide exactamente com o grau com que te aceitas a ti.

       Aceitar é ouvir o que a outra pessoa tem para dizer.

       "Eu quero falar sobre os meus sentimentos", podes dizer, "mas ninguém me ouve". Tu não és a única pessoa que pensa assim muitas vezes. De facto, isto é o que acontece sempre que as pessoas tentam usar a comunicação para competir, em vez de ser para aceitar.

       Enquanto pensares que a tua capacidade de comunicar é a tua capacidade de falar, nunca poderás experimentar a sensação de estar com outra pessoa. A tua capacidade de comunicar depende da tua capacidade de fazer com que a outra pessoa fale – e a tua capacidade de ouvir o que essa pessoa está a dizer. Ouvir só é ouvir quando se escuta tudo o que o outro está a dizer, sem julgar ou negar, ou comparar essa pessoa contigo.

       Se estiveres realmente a ouvir, e se estiveres preparado para aceitar, será fácil para a outra pessoa falar. Mesmo se a bola for difícil de apanhar, ou tiver sido atirada com pouca força, se fizeres o melhor que puderes para a apanhar... tu consegues.

       Não consegues apanhar uma bola se só ficares à espera. Se estás realmente preparado para aceitar, dá um passo em frente. Usa o teu corpo todo. Estica a tua mão e aceita o que está mesmo à tua frente.

Se achas que aceitar outra pessoa quer dizer concordar com tudo o que ela diz ou faz, a aceitação não será fácil.

       Aceitar significa ouvir tudo o que a outra pessoa tem para dizer e dar-lhe valor.

       Se houver aceitação, pode-se pensar de maneira diferente, ter interesses diferentes, sentimentos diferentes – e mesmo assim estar junto.

       Quando a aceitação acontece, foi preenchido um novo estádio da comunicação. Quando um estádio da comunicação foi preenchido, sentimo-nos aliviados.

       Quando duas pessoas se conhecem, estão as duas ansiosas. O problema não é a ansiedade. O problema surge quando se tenta esconder isso. Estás tão preocupado com a forma como vais atirar a bola que ignoras a preocupação e tentas agir como se não estivesses ansioso. Estás tão preocupado com a forma como apanhas a bola que ignoras a preocupação e ages como se não estivesses ansioso. No momento em que paras de agir como se nada estivesse errado, tu aceitas-te a ti próprio. Só depois de te teres aceitado a ti próprio é que a verdadeira comunicação acontece.

       "Quero falar contigo sobre os meus sentimentos". No momento em que te começas a sentir assim, começas a atirar bolas que são fáceis de apanhar. (É impossível para uma pessoa que não tenha jogado muito a bola apanhar bolas rápidas e curvas, mesmo que ela queira. Se a pessoa com quem estás a jogar não estiver pronta para aceitar, atira a bola de uma maneira suficientemente fácil para que ela a possa apanhar.)

       Nós vivemos através da comunicação. Quando a tua comunicação muda com outra pessoa, a tua relação muda com todas as outras pessoas também. A tua relação com o teu trabalho e as relações na tua vida mudarão também. E a tua relação contigo mudará também.

       "Quero ouvir-te falar sobre os teus sentimentos".

       É assim que a comunicação começa.

------------------------------------------

[1] ITOH, MAMORU (1992), I want to tell you about my feelings, translated by Leslie M. Nielsen, William Morrow and Company, Inc., NY. Traduzido do inglês por Helena Gil da Costa (2002). Este texto já foi publicado aqui, em 11 de Outubro de 2007.

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