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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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27.01.13

O Espírito do Senhor está sobre mim

mpgpadre

       1 – Regressa São Lucas, que nos acompanhará durante este ano litúrgico e que hoje nos apresenta o seu propósito: investigar, desde o princípio, a vida de Jesus, recolher toda a informação possível depois de outros já o terem feito a partir de testemunhos oculares, para que o amigo Teófilo fique seguro do que lhe ensinaram.

       O evangelho mostra outro início, depois do Batismo e das Bodas de Caná, Jesus entra, em Nazaré, numa espiral de vida pública, de anúncio da Boa Nova. Vai à Sinagoga, ao sábado, e respeita a tradição religiosa. Dão-lhe, para ler o rolo sagrado, com o texto de Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor».

       Após a proclamação do texto, senta-se, para refletir aquela passagem. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga. Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».

       2 – O texto de Lucas, seguindo o profeta Isaías, acentua a BOA NOVA da salvação e não tanto a dinâmica de juízo, ainda que este se entenda por salvífico. Aquele que julga é o Mesmo que AMA e salva. A linguagem cristã – fazendo como Lucas, voltando ao início, ao contexto em que vive Jesus e os seus discípulos –, há de ser sobretudo positiva, num olhar carregado de esperança, de alegria, sabendo da proximidade da salvação.

       Há situações na vida que não permitem exuberância. Porém, a certeza de nos sentirmos salvos em Jesus Cristo, permite-nos viver confiantes. Nem as alegrias nos colocam na lua, nem as tristezas nos levam ao inferno. Deus conduz a história e a garante a nossa vida para lá das oscilações do tempo presente. No entanto, esta garantia de Deus passa pelo nosso empenho em tornarmos visível no mundo inteiro o ROSTO e a PRESENÇA de Deus.

 

       3 – Não estamos sós, nesta peregrinação pela vida e pelo tempo. Deus, em Jesus, faz-Se um de nós, entranhando-se na vida humana e ensinando-nos a viver humanamente.

       Não estamos sós, há uma multidão de santos que nos precede, que exemplifica a vivência da fé, e que junto de Deus ilumina a nossa caminhada. Questionava Bento XVI, ao inaugurar o Seu pontificado: “E agora, neste momento, eu, frágil servo de Deus, devo assumir esta tarefa inaudita, que realmente supera qualquer capacidade humana. Como posso fazer isto?” E continuava: “não estou sozinho. Não devo carregar sozinho o que na realidade nunca poderia carregar sozinho. Os numerosos santos de Deus protegem-me, amparam-me e guiam-me. E a vossa oração, queridos amigos, a vossa indulgência, o vosso amor, a vossa fé e a vossa esperança acompanham-me”.

       Quando Jesus Se levanta para ler e para refletir a palavra de Deus, repete a Sua pertença ao POVO da Aliança. Quando, em cada Domingo, nos levantamos para escutar o Evangelho e nos sentamos para meditar, atualizamos o mistério que nos liga à humanidade, reunida para acolher Deus e a Sua mensagem de amor.

 

       4 – Na comunidade todos têm missões diferentes.

       “Assim como o corpo é um só e tem muitos membros, assim sucede também em Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito para constituirmos um só corpo e a todos nos foi dado a beber um só Espírito” (segunda leitura).

       Note-se, por exemplo, um aspeto que diferencia João Batista e Jesus Cristo. João “obriga” o Povo a reentrar na Terra Prometida. Conversão, penitência, mudança de vida, para “merecer” a Terra prometida. Jesus é a própria Terra Prometida que Deus nos dá por herança, gratuitamente. Está no centro, entre nós, atraindo as margens para Si, para que todos O possam encontrar. Ele vê-Se bem.


Textos para a Eucaristia (ano C): Ne 8, 2-4a.5-6.8-10; 1 Cor 12, 12-30; Lc 1, 1-4; 4, 14-21.
 

Reflexão Dominical COMPLETA na Página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE

18.01.11

O nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata?

mpgpadre

       "Comecemos talvez de um modo desajeitado, perguntando: o nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata? A pergunta faz-nos sorrir, é um bocado cómica, mas, se quisermos, acaba por colocar-nos perante a nossa realidade de uma forma bastante profunda. A pergunta pode ser feita numa cozinha, por uma criança que está a descobrir o mundo, pode ser proferida por filósofos nos seus tratados ou pode ser formulada por um mestre espiritual. O nosso mundo interior é uma cebola ou uma batata? Nietzsche, por exemplo, dizia que «tudo é interpretação», isto é, não há um núcleo de Ser a sustentar a nossa experiência de vida, tudo são cascas de cebola, modos de ver, perspetivas, interpretações. Para lá disso não há mais nada. Uma visão espiritual do mundo, por outro lado, está certamente do lado da batata, pois considera que mesmo escondida por uma crosta ou por um véu persiste uma realidade que é substanciosa e vital.

 

       A verdade é que mesmo sabendo que a vida é uma batata, nós vivêmo-la muitas vezes como se fosse uma cebola. Vivemos de opiniões, de verdades parciais e provisórias, de paixões, vivemos de aparências e modas como se a vida fosse isso. Esgotamo-nos a desfilar cascas e camadas, sem um centro que nos dê realmente acesso ao pleno sentido. Há uma escritora contemporânea, Susan Sontag, que diz que a nossa existência como que fica sequestrada neste sem fim de interpretações que nos distraem da viagem essencial. Não habitamos em nós próprios, levados por ideias, pontos de vistas, cascas e mais cascas. Segundo ela, o mais urgente seria apurar e aprofundar os nossos sentidos, aprendendo a ver melhor, a sentir melhor, a escutar melhor.

 

       Na vida espiritual também é isso o mais importante. Simone Weil escrevia que ela é fundamentalmente feita de atenção: «é a orientação para Deus de toda a atenção de que a alma é capaz». Da qualidade da atenção depende em muito a qualidade da vida espiritual.

 

       Possamos dizer a verdade do poema de Sophia de Mello Breyner Andresen:

«Deixai-me limpo

O ar dos quartos

E liso

O branco das paredes

Deixai-me com as coisas

Fundadas no silêncio.»

       Os sentidos espirituais abrem-se e maturam no silêncio. Se mergulharmos neles, tornam-se trilhos para o nosso caminho. É esse o conselho que os mestres unanimemente fazem para passarmos da cebola à substanciosa e vital batata. O conselho de Arsénio, um dos Padres do Deserto (eremitas cristãos que fundaram a espiritualidade monacal) soava assim - «Foge. Cala-te. Permanece no recolhimento». Poemen garantia - «Se fores realmente silencioso, em qualquer lugar onde estiveres encontrarás repouso». João Clímaco, na primeira metade do século VII, escreveu: «o amigo do silêncio aproxima-se de Deus, e encontrando-se com Ele em segredo, recebe a sua luz». Isaac de Nínive prescrevia aos que o procuravam: «Ama o silêncio acima de todas as coisas; ele concede-te um fruto que à língua é impossível descrever… Dentro do nosso silêncio nasce alguma coisa que nos atrai ao silêncio. Que Deus te conceda perceber aquilo que nasce do teu silêncio.»

 

José Tolentino Mendonça, In Diário de Notícias - Madeira (16-01-11)

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