1 – «Senhor, Pai santo, que na Sagrada Família nos destes um modelo de vida, concedei que, imitando as suas virtudes familiares e o seu espírito de caridade, possamos um dia reunir-nos na vossa casa para gozarmos as alegrias eternas».
No Seu amor imenso, Deus vem habitar connosco. Assume-nos por inteiro, nas nossas fragilidades e na nossa finitude. O nosso Deus, Deus de nossos Pais, Abraão, Isaac e Jacob, Moisés e David, o Deus que Se revela plenamente em Jesus, é um Deus de amor, que nos ama sem desistir de nós. Ama-nos como Pai e como Mãe. É este o mistério do Natal, expressão visível da Encarnação de Deus.
Deus criou-nos por amor, à Sua imagem e semelhança, capazes de amar e ser amados. Deus é Amor, Deus é família: Pai, Filho e Espírito Santo, comunidade de vida e amor.
Para entrar no mundo, Deus escolheu uma família humana. Jesus não é um extraterrestre, ou uma espécie de super-homem caído do espaço. Deus humaniza-Se, encarnando, por ação do Espírito Santo, no ventre virginal de Maria. Na normalidade da família de Jesus, Maria e José, Deus mostra-nos o caminho do amor que une e salva.
2 – José e Maria são um casal jovem, judeus, descendentes da linhagem de David. Em Belém ou em Nazaré, ninguém dirá que Aquele Menino é Filho de Deus. Nada há de estranho na família de Jesus. Os Seus pais trabalham arduamente para terem o necessário para viverem com dignidade, participam na vida da comunidade, nas festas e nos lutos, entreajudam-se nos trabalhos do campo e da vinha, trocam saberes e bens que manufaturam segundo a arte de cada um.
Como praticantes judeus, completando-se os dias da purificação, Maria e José levam Jesus ao Templo de Jerusalém para O apresentarem ao Senhor, cumprindo as prescrições da Lei de Moisés. É um momento importante para os Pais, pois dessa forma confiam o seu filho a Deus e inserem-se na Aliança de Deus com o Seu povo.
No Templo, Maria e José vão escutar palavras promissoras acerca do Seu querido filho. Um filho é uma bênção, ou deveria ser, nunca um estorvo ou empecilho. O Filho de Maria e de José foi inesperado, talvez até fora de tempo, acolhido com todo o amor. No Templo vão perceber que Ele será uma bênção para todo o Povo, conforme as palavras de Simeão: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo».
Também Ana, profetisa, mulher de idade avançada louva o Senhor Deus pelas maravilhas que fará através d'Aquele Menino.
3 – Mas a história não acaba aqui, muito pelo contrário.
Os pais tudo farão para evitar qualquer sofrimento ao(s) seu(s) rebento(s). As palavras de Simeão e de Ana acalentam a esperança de um futuro risonho para o Seu Menino. Porém, a vida é um mistério que se abre à nossa frente e que o futuro só a Deus pertence. Haverá sempre surpresas e nem todas fáceis de dirigir. É a vida! Um mistério a viver! Uma história a sonhar e a realizar. Os imponderáveis fazem parte da vida.
O Velho Simeão tem um recado para Maria e para José, ainda que se volte mais para Maria: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».
A Luz de Israel – iluminará as Nações da terra inteira – ferirá os olhos habituados às trevas, à escuridão do pecado, do egoísmo e da vida cómoda; levará uns a lutar pela justiça e pela verdade, exporá outros que vivem à custa da exploração corrupta, à custa dos mais frágeis. A vida de Jesus, Aquele Menino-Deus, será uma caixinha de surpresas. Será uma bênção, entre muitas adversidades!
Textos para a Eucaristia (ano B):Sir 3, 3-7. 14-17a; Sl 127 (128); Col 3, 12-21; Lc 2, 22-40.