Está aqui um rapazito com 5 pães de cevada e 2 peixes. Mas que é isso para tanta gente?
1 – O bem faz milagres e centuplica-se. O que se partilha, mesmo que pouco, dá para muitos! A docilidade e delicadeza de Jesus hão de mover-nos para a bondade para com todos, para que as palavras e os gestos produzam a abundância da ajuda e da partilha.
Na semana passada víamos como Jesus atende à necessidade de descanso dos Seus discípulos e logo dá atenção à multidão. Hoje o mesmo enfoque do cuidado, da atenção, da proximidade de Jesus e da Sua resposta pronta às necessidades da multidão que se aproxima ora para O escutar, ora por ver os milagres que Ele fazia, por curiosidade ou arrastados pelos amigos e vizinhos. As multidões que vão a Fátima ou que vão ao encontro do Papa são movidas por diferentes razões, algumas vão quase por desporto ou para manter a linha, mas pode acontecer que Deus lhes dê a volta!
2 – «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Os discípulos vão-se apercebendo que não podem lavar as mãos diante dos contratempos. Perante as dúvidas – «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um» – a ordem de Jesus é clara: «Dai-lhes vós mesmos de comer» (Mt 14, 16).
Os discípulos fazem as contas. As possibilidades são diminutas! Nem dinheiro nem pão suficiente, como se vê pela intervenção de André: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Os discípulos fazem sobretudo um diagnóstico, fixam-se nos problemas. Também nos acontece por vezes! Jesus procura respostas, aponta caminhos possíveis: «Mandai-os sentar». É tarefa que também nos cabe!
Jesus faz o que está ao Seu alcance. Toma os pães e os peixes, dá graças e distribui-os pelos 5 mil homens (além das mulheres e das crianças). Comeram quanto quiseram. Todos ficaram saciados. Por fim, Jesus manda que se recolha o que sobrou para que nada se perca. As sobras, com os bocados dos pães de cevada, deram para encher 12 cestos. Abundância da multiplicação ou da partilha? Sobressai a certeza que com Cristo o alimento se multiplicará, sobejando em abundância. Dará para todos os presentes e para os que venham depois!
3 – O milagre da multiplicação continua a produzir-se na atualidade! Falta o milagre da partilha.
Jesus faz o que está ao Seu alcance. E nós?
Como discípulos deste tempo temos em mão a tarefa de distribuir o pão que Deus nos dá em abundância.
Num primeiro momento vemos que os discípulos procuram situar Jesus diante dos obstáculos. A seguir, Jesus coloca-os, e a nós também, diante do compromisso com os outros, procurando respostas. André olha em volta e vê que há um rapazito que tem alguns pães (5) e alguns peixes (2), ainda que não perceba que já é uma ajuda enorme. Tendo em conta a simbologia hebraica, o 7 é o número da perfeição, da plenitude. Têm o que é necessário para agir.
Mas não termina ali o trabalho dos discípulos. Eles são responsáveis por levar a Jesus o jovem rapaz com os pães e os peixes. Subentende-se que serão eles a distribuir os pães e os peixes pela multidão. Nota evidenciada nos evangelhos sinóticos. E depois de todos estarem saciados, sãos os discípulos que recolhem o que sobrou, para que nada se perca!
Ao longo do tempo, muitos se debruçaram sobre estes milagres da multiplicação dos pães, uns fixando-se mais no milagre da multiplicação, outros sobretudo no milagre da partilha. Mas seja qual for a acentuação, o milagre existe, sendo que é mais difícil a partilha que a multiplicação.
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Textos para a Eucaristia (ano B): 2 Reis 4, 42-44; Sl 144 (145); Ef 4, 1-6; Jo 6, 1-15.