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24.06.16

LEITURA - Lucien Israël . CONTRA A EUTANÁSIA

mpgpadre

LUCIEN ISRAËL (2016). Contra a Eutanásia. Lisboa: Multinova. 136 páginas.

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       A temática da Eutanásia, a suposta defesa da dignidade humana, através da morte induzida a quem nos parece estar a sofrer, por decisão do próprio ou da família, ou por opção médica... volta a estar na moda para alguns partidos políticos... Depois da introdução de temas fraturantes, na sociedade portuguesa, voltam-se agora para a Eutanásia, colocando-a em paralelo com o aborto ou a defesa dos animais... infelizmente vai chegar o tempo e já chegou, que é crime matar ou maltratar um animal, mas é legal e justo maltratar e matar um ser humano.

       Vejamos algumas razões por que Lucien Israël é contra a eutanásia e a favor da vida e da dignidade da pessoa:

  • Os defensores da despenalização/liberalização da eutanásia são pessoas saudáveis
  • Quando ficam doentes, os defensores da eutanásia, deixam de a pedir para si próprios
  • Os idosos holandeses têm emigrado para a França ou outros países onde a eutanásia não é legalmente aceite
  • Os familiares, por motivos diversos, por cansaço, porque a pessoa doente ou idosa se tornou um fardo, porque não querem deparar-se com o sofrimento e com a morte, desejam a eutanásia, isto é, a morte para os seus familiares... porque adiar por 6 meses se já não vai sobreviver...
  • Seis meses, diz o autor, pode significar, novas terapêuticas, e ganhar 4 ou 5 anos, ao fim dos quais podem ter surgido novos fármacos capazes de dar mais qualidade e mais tempo à vida
  • Como médico oncologista, o autor só se deparou com um caso de pedido expresso do próprio doente...
  • A longevidade da vida... 4 gerações que podem ser 5 que convivem... fardo para a Segurança Social e para os sistemas de providência e seguro, que tornam oneroso a sobrevivência dos mais idosos ou das pessoas doentes...
  • Com o avanço da medicina, é possível aliviar os sofrimento de maneira aceitável, ainda que se aumentem as doses e em consequência se possa diminuir o tempo de vida...
  • Com o avanço da medicina, mais camas são ocupadas... é preciso disponibilizar camas para os que vão chegando...
  • A aposta na eutanásia vai significar a não-aposta na medicina, na investigação, nos cuidados paliativos. A eutanásia pode ter mais motivos económico-financeiros que compaixão pela pessoa em sofrimento.
  • O pedido da eutanásia muitas vezes é uma cedência aos familiares, para não se ser um fardo, um estorvo... deixam-se convencer... um exemplo de uma mulher com uma doença terminal... os filhos, vendo que não haveria cura, convenceram a mãe que era melhor acabar com a vida, para ela e, sobretudo para os filhos, ela aceitou, já que os filhos achavam que era o melhor...
  • Muitos dos defensores da eutanásia colocam-se como defensores da liberdade e todos os que não estão de acordo são retrógradas, conservadores, ditatoriais...
  • Os médicos estão no lado da vida, da defesa da vida, procurando com a sua arte ajudar as pessoas, curando-as, aliviando-lhes o sofrimento, dando sentido às suas vidas... os médicos não podem tornar-se carrascos... quem irá confiar num médico, em quem confia e coloca a vida, sabendo que em algum momento esse médico optará pela morte?!
  • A solidariedade intergeracional começa a estar em causa. A eutanásia significa que as gerações anteriores estão em risco, porque as mais novas não se comprometem com a sua sobrevivência... porquê gastar dinheiro em centros de cuidados paliativos quando se pode acabar com o sofrimento dos outros, herdar mais cedo o que lhe pertencerá posteriormente e aliviando o peso da Segurança Social?

       Lucien Isräel, um não-crente e homem da ciência. Este francês foi médico e professor universitário de Pneumologia e Oncologia. Deu aulas em França, Estados Unidos da América, Canadá e Japão. Fez parte também de várias organizações da área da oncologia e da investigação, chegando mesmo a fundar o Laboratório de Oncologia Celular e Molecular Humana, em Paris. Foi membro da Academia de Ciências de Nova Iorque.

       É um livro-entrevista, publicado em França em 2002, mas com uma atualidade surpreendente.

18.05.11

Leituras: D. Joaquim Gonçalves - "O outro JONAS"

mpgpadre

JOAQUIM GONÇALVES (Bispo de Vila Real, substituído na Diocese, hoje, por D. Amândio Tomás, até agora Coadjutor), O Outro Jonas. Nas Bodas de Ouro Sacerdotais. Gráfica de Coimbra 2: Vila Real 2010.

 

       Este é o pequeno livro, que se lê no intervalo de qualquer coisa, mas grande para reflectir, rezar, para louvar a Deus, para agradecer o dom da vida e da técnica, da pessoa humana, da humildade, da bondade e da generosidade.

       Nas Bodas de Ouro Sacerdotais, D. Joaquim Gonçalves deu à estampa um texto poético: O outro JONAS. Partindo desta figura bíblica, dois anos depois de lhe ser feito um transplante ao coração, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, pelo cirurgião, Dr. Manuel Antunes, comparando o transplante ao percurso feito por Jonas, que é engolido por uma baleia, durante três dias. Também D. Joaquim desceu da Montanha de Vila Real, ao coma em Gaia, e ao transplante em Coimbra.

       O texto divide-se em 4 partes:

  1. Missão

  2. Naufrágio

  3. O Sermão de Jonas

  4. A conversão de Jonas

        Entrelaça-se no texto os anos de sacerdócio, de Bispo Auxiliar em Braga, de Bispo em Vila Real, e os momentos de doente coronário. É também uma proposta de vida. Um desafio à pastoral do coração a coração, das pessoas, dos grupos.

       O livro inclui ainda a belíssima reflexão de D. Joaquim, explorando o texto poético, acrescentando dados, aprofundando, dando mais explicações, fundamentando, agradecendo, louvando a Deus pela técnica e sobretudo pelas pessoas que a utilizam positivamente, ao serviço da criação.

        Para enriquecer esta pequena reflexão, uma entrevista concedida pelo Próprio ao "Correio de Coimbra", Como vive um Bispo um transplante cardíaco, quando ainda estava em convalescença.

       Na parte final, duas intervenções dos dois últimos papas: João Paulo II e Bento XVI, sobre o transplante e a doação de órgãos.

       Deixamos três excertos da reflexão de D. Joaquim sobre o seu texto poético, O outro Jonas:

       "Moldado pela técnica, o homem urbano é prisioneiro das mãos e da eficácia da produção, mãos que não se cruzam para rezar, e o homem torna-se uma ovelha sem rebanho e sem pastor, sem Igreja e sem Deus. A tecnociência substitui a Providência e embotou o espírito do homem em relação a tudo o que vá para além da eficácia..."

       "Religiosamente, o homem moderno tende a ser agnóstico inquieto. Vive uma filosofia do cansaço: não sabe como ser crente, mas não tem força para ser herege. Sensível às dores do homem, sonha ajudá-lo sem cultivar o amor de Deus, um filantropia sem calor. Em muitos casos, essa sensibilidade aos outros abre uma janela para Deus".

      "Deus acompanha sempre com amor a nossa vida, mesmo na doença e na morte. A isso chamamos Providência, mas essa Providência não pode ser controlada pelos nossos meios. Acredita-se. Por isso, quando nos encontramos gravemente doentes, é vontade de Deus que recorramos ao saber científico como se tudo dependesse dos homens, que lutemos sempre pelo dia seguinte e, ao mesmo tempo, nos confiemos à Providência, como se tudo dependesse de Deus..."

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