Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada
1 – Seguir Jesus é a vocação primeira do cristão. Não de qualquer jeito, mas segui-l'O imitando-O. Para O seguirmos precisamos de estar perto d'Ele, escutando-O, sentindo o bater do Seu coração, cruzando o nosso com o Seu olhar, fazendo com que o Seu sorrir passe para o nosso rosto, que as Suas palavras saiam dos nossos lábios, para multiplicarmos os Seus gestos de ternura, de perdão e de amor, de proximidade e delicadeza, de misericórdia e de serviço.
2 – Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
3 – O evangelho familiarizou-nos com a vocação, o seguimento, o envio e as exigências para sermos autênticos discípulos de Jesus. O tempo dirá da nossa maturidade e persistência, da nossa fidelidade e propósito, da nossa conversão permanente e adesão a Cristo . Como o ouro no crisol, também nos vamos moldando para fazermos emergir em nós a imagem e a presença de Cristo Jesus.
Jesus deixa claro a prioridade do discípulo: a proximidade e a escuta. É necessário não O perder de vista. Segui-l'O, deixando que Ele nos guie e não o contrário. Não nos podemos colocar à frente, como quereria Pedro, sob risco de provocarmos um eclipse. Somos mais lua do que sol. Somos discípulos e não mestres. A luz não é a nossa. É Cristo. A palavra não é a nossa. É Cristo. A projeto não é nosso. É o reino de Deus, visualizado na pessoa de Jesus Cristo. A vontade a realizar não é a nossa, mas a de Cristo, a de Deus.
4 – “Faz isso e viverás”. “Vai e faz o mesmo”. São respostas de Jesus ao doutor da Lei. O mandato é para agir em conformidade com o que se sabe, com o que se diz.
Marta anda atarefada. E bem. Para acolher bem Jesus. Para Lhe agradar e aos seus discípulos, fazendo com que se sintam em casa. Maria faz o mesmo, fica sentada a ouvir Jesus. Oração e trabalho (ora et labora – a máxima de São Bento, Padroeiro da Europa e que celebramos a 12 de julho). Completam-se. A oração implica-nos com seriedade no trabalho. O trabalho pode tornar-se uma forma de oração, quando nos aproxima dos outros e nos faz transformar o mundo.
Se agimos sem a ligação a Jesus Cristo corremos o risco de instrumentalizar os outros e de desanimar diante das dificuldades.
Jesus precisava de se alimentar e de descansar. Mas precisava muito de se sentir em casa e não ser mais uma peça de mobília. Há tanta coisa que nos dispersa. Alguém chega e a azáfama continua. E quem chega pode sentir que está a dar trabalho como convidado ou até estranho e não como membro da casa e da família.
Devemos dar o melhor de nós mesmos, mas a prioridade é a pessoa que nos visita. Marta anda de um lado para o outro, como uma barata tonta. Não está concentrada nem no trabalho nem em Jesus. Está incomodada com o que os outros não fazem. Quer a atenção só para ela e para o que está a fazer. O centro é Cristo, que chegou e que importa acolher e amar. Jesus aprecia o trabalho e a dedicação de Marta. Mas o trabalho a contragosto nem rende. Percebemos que nos tornamos um estorvo, ainda que a pessoa não o faça por mal.
Maria faz-se casa para Jesus. Mais importante que o espaço é o tempo e a qualidade do mesmo. Há lugar para Marta e para Maria em nós, na Igreja e na sociedade. Como cristãos sabemos a primazia para vivermos e darmos Jesus Cristo: primeiro há que O acolher, pela oração, pela escuta e meditação da Palavra de Deus. Não podemos dar o que não temos. A luz que há em nós é Jesus. Se nos distanciamos d'Ele, escurecemos e Ele fica esbatido em nós e para os outros.
______________________
Textos para a Eucaristia (C): Gen 18, 1-10a; Sl 14 (15); Col 1, 24-28; Lc 10, 38-42.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE