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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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24.05.19

Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz... Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.

mpgpadre

1 – «Concedei-nos, Deus omnipotente, a graça de viver dignamente estes dias de alegria em honra de Cristo ressuscitado, de modo que a nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos». A primeira oração da Santa Missa faz-nos desejar que a nossa vida expresse a alegria da nossa fé em Cristo Ressuscitado e, ao mesmo tempo, nos comprometa na fidelidade Àquele que celebramos.

Jesus diz-nos como sermos seus discípulos e mostrar que O amamos verdadeiramente: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou».

Em Jesus, a Palavra é Vida, é Pessoa, é Ele mesmo, encarnado, historicamente visível pelo que diz e pelo que faz. As palavras e as obras expressem-n'O, mostram-n'O, tornam-n'O próximo.

Temos clara consciência que a palavra que não tem consequências, não gera compromissos, não conduz à vida, não envolve a nossa história concreta, é uma palavra que se converte em ruído! Temos consciência que as promessas e as juras valem quando se tornam visíveis. A palavra de honra que nos humanizava (e deveria humanizar) apresenta-se hoje sob suspeita. Sim acredito, mas qual Tomé, quando vir com estes olhos que a terra há de comer!

E também nós sabemos: amamos verdadeiramente alguém quando o escutámos, o perscrutamos, e procurámos que as suas palavras nos alimentem e nos façam agir em conformidade.

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2 – A garantia de Jesus é válida para hoje e para sempre. A promessa e a certeza baseiam-se na ligação ao Pai e ao Espírito Santo. «Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».

A palavra é poder. O conhecimento é poder que muitos usam para singrarem por cima e além dos outros. A transparência cria laços que nos aproximam, que nos tornam vulneráveis (no bom sentido, predispostos a acolher o que vem do outro e festejar a vida do nosso semelhante), que nos humanizam. A opacidade afasta-nos dos outros e cria barreiras, ruturas, contradições, desumaniza-nos, tornando-nos prepotentes, assumindo uma assustadora sobranceria que nos endeusa. Alguns guardam zelosamente conhecimentos, porque dessa forma podem manipular, chantagear e espezinhar os outros.

A postura de Jesus é um desafio e um estímulo à transparência, à delicadeza e à partilha da vida, também do que temos, conhecimentos e cultura. Só assim nos enriquecemos! O que partilhamos multiplica-se, o que guardamos perde-se, acabará por "enferrujar".

 

3 – «Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu».

A confiança gera alegria e pacificação; a desconfiança gera medo e irritação. Para a confiança, a transparência é fundamental. Ninguém confia numa pessoa opaca, cujo olhar e expressão denotam reserva, fechamento e antipatia. Jesus apresenta-Se como É, frágil e vulnerável, próximo, humano, procurando explicar tudo aos seus amigos, desafiando-os a darem sempre mais de si mesmos, envolvendo-os no caminho, dando-lhes as ferramentas necessárias para quando fisicamente estiver ausente. Alerta-os para os perigos, para o que hão de encontrar, mas afiançando-lhes que não os abandonará. Não doura a pílula! Podem, e podemos contar sempre com Ele, mas nem por isso as dificuldades e contratempos deixarão de surgir.

«Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração». A paz que nos comunica vem de antes, vem do Céu, vem do Pai, para o Qual regressa sem nos deixar. Deus, na Sua infinita Sabedoria tornou-Se tão presente que Se misturou connosco, sendo um de nós, em Jesus Cristo. Como um de nós, também Ele se submete à fragilidade e à finitude do tempo. Porém, antes que tal aconteça, prepara esse tempo que há de chegar, com a promessa e a garantia que virá, que estará connosco até ao fim do mundo, que virá pela ação do Espírito Santo que o Pai nos dará. É essa paz que reconforta e que nos apazigua, nos alegra. É uma paz não imposta, não disfarçada, não maquilhada, é uma paz que assenta no amor, na Palavra anunciada, vivida e partilhada. É uma paz que resiste, perdura para lá do tempo e se mantém jovem, porque vem de dentro, vem do alto, vem de Deus.

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Textos para a Eucaristia (ano C): Atos 15, 1-2. 22-29; Sl 66 (67); Ap 21, 10-14. 22-23; Jo 14, 23-29.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

23.02.19

Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam...

mpgpadre

1 –  Amar os amigos, rezar pelas pessoas de quem se gosta, emprestar de quem se espera algo em troca, fazer favores para mais tarde os cobrar, não é nada do outro mundo. Jesus convida a ir mais longe, a amar mais, a dar-se mais, a gastar-se totalmente em prol dos outros. «Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também».

Aquele é (ou era) uma pessoa cinco estrelas, amigo do seu amigo. Eu sou amigo de toda a gente, desde que não me cheguem mostarda ao nariz, pois aí é que me ficarão a conhecer. É uma tautologia. Ser amigo do amigo não custa, é natural, lógico, não se esperaria outra coisa. Ora o Evangelho desafia-nos a superar-nos, a perdoar a quem nos ofende, a dizer bem (= a abençoar) de quem nos injuria, a optar por inverter qualquer resquício de ódio, de irritação contra o outro, colocando de lado a vontade de vingança. Não apenas a não dizer mal, não apenas a não fazer mal, mas positivamente, dizendo e fazendo bem.

A referência é Cristo, que passou fazendo o bem, sem exceção de pessoas. Isso não invalida a Sua opção preferencial pelos mais pobres, os excluídos da sociedade, da cultura, da política e da religião, da economia, doentes, leprosos e coxos, cegos e surdos, pecadores e publicanos, mulheres de vida duvidosa e crianças, estrangeiros e pedintes. A lógica é essa: incluir, devolver a dignidade perdida, recuperar, refazer o tecido humano e social, salvar pecadores.

Por vezes, ao olharmos para o mundo, podemos desanimar perante a espiral de violência, pobreza, corrupção, expressão de egoísmo, de inveja e de prepotência. Sempre foi assim… Isso é para quem tem dinheiro e conhecimentos... Que posso fazer para mudar as coisas? E, depois, ouvimos a Santa Teresa de Calcutá: o que faço pode ser apenas uma gota de orvalho no vasto oceano, contudo, essa gota faz diferença, sem ela o oceano não está completo.

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2 – Jesus não Se rende, não vacila, não Se cala diante das injustiças, da hipocrisia. Mais do que palavras usa a vida, os gestos, convivendo com os excluídos, misturando-Se com o povo, como dirá o Papa Francisco, tem o cheiro das ovelhas, entranha-Se nas suas vidas, com as suas alegrias e tristezas, lutas e sofrimentos.

Pela palavra e pelos gestos, Jesus não Se conforma com a falsidade, com a arrogância, com os abusos de poder, mas a Sua luta não passa pela força, pela violência, não passa por pagar com a mesma moeda. A Sua força é amor, a Sua vingança é o perdão, a Sua revolta é a compaixão.

 

3 – Para seguir Jesus, ser cristão, não basta não fazer mal, é preciso imitá-l'O, sendo fiel aos Seus ensinamentos. Há, a propósito, uma estória de um homem, que no seu viver escrupuloso pediu para ser encerrado numa cabana, com as mãos e os pés atados, para não fazer nada a ninguém. Quando morreu e foi à presença do Senhor, apresentou-se feliz pois nunca tinha feito mal a ninguém. Então o Senhor perguntou-lhe: e fizeste bem a quem? Quantas pessoas ajudaste? Os dons que eu te dei o que fizeste, guardaste-os para quem?

Seguir Jesus implica-nos com os outros, com a transformação positiva da realidade, procurando ser mais-valia em todas as situações. «Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto».

Não precisamos de querer ser melhores que os outros, pelo menos na intenção e na definição, precisamos de ir mais além em tudo o que fazemos. «Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».

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Textos para a Eucaristia (ano C): 1 Sam 26, 2. 7-9.12-13.22-23; Sl 102 (103); 1 Cor 15, 45-49; Lc 6, 27-38.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

 

22.05.17

Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos...

mpgpadre

1 – «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos... Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei».

Jesus vai partir. Antes da partida, o Seu testamento. Amar, servir, dar a vida, permanecer. Ele não nos deixará órfãos. Permanecerá connosco, se permanecermos n'Ele. Vai partir, vai ser morto, mas ao terceiro dia ressuscitará. Irá para a Casa do Pai. Vai preparar-nos um lugar. Na Casa do Pai há muitas moradas. Precede-nos no tempo, preceder-nos-á na eternidade. Enquanto somos peregrinos, discípulos missionários, temos em nós o Espírito Santo Paráclito que o Pai nos envia em nome de Jesus. Ele estará connosco até ao fim dos tempos.

O mais importante na vida não se vê. A inteligência, os afetos, o amor, o que nos liga aos outros. É algo de intangível. Sabemos que amamos e somos amados, mas não vemos e, na maioria das vezes, não conseguimos explicar porquê, por que amamos esta pessoa e odiamos aqueloutra, por que alguém nos ama e aqueloutra nos odeia.

O Espírito que o Pai nos dá, através de Jesus Cristo, é Espírito de verdade. O mundo não O conhece, nem O vê. Mas nós, discípulos do Senhor, já O conhecemos. Como? Porquê? Porque Ele nos habita. Voltamos à dinâmica do amor: podemos não saber explicar, mas sabemos que esta pessoa nos ama, sabemos que amamos aquela pessoa!

Por outro lado, a separação física de alguém não implica o fim da ligação! Quando alguém se ausenta para trabalhar, quando os filhos vão para a universidade, quando o pai vai para o outro lado do mundo, a ligação acentua-se e a necessidade de comunicar é mais premente, utilizando-se hoje as redes sociais que permitem um contacto diário. Jesus não Se serve das tecnologias de comunicação, mas do Espírito Santo. Jesus permanecerá e ve-l'O-emos, porque Ele vive, pois estando no Pai está com todo aquele que O acolher.

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2 – A pessoa não é divisível. É corpo, alma e espírito. Dizemos que a pessoa é mais do que aquilo que come ou que veste, é mais do que aquilo que diz ou que faz. Por certo. Mas o que veste e sobretudo o que diz e o que faz revelam o seu carácter. Claro que não podemos julgar a pessoa por uma palavra ou por um gesto, pois a pessoa está (sempre) a crescer, a progredir, a peregrinar. Vai limando as imperfeições e superando as limitações, consciente que pode falhar, mas com a coragem de prosseguir. Só dessa forma realiza a vida.

A consistência da vida Jesus visualiza-se e concretiza-se no Seu dizer e no Seu fazer. O que diz e o que faz revelam-n'O como pessoa dócil e bondosa, preocupada com todos, empenhada em curar os que andam abatidos pelo cansaço, pela doença e pelo pecado. Há, como víamos na semana passada, continuidade entre o Filho e o Pai. Jesus, em tudo e em todos os momentos, procura transparecer, mostrar e realizar a vontade do Pai. Os discípulos devem agir da mesma forma.

A ligação é possível pelo cumprimento dos mandamentos, pela vivência das obras da misericórdia. Se fizerdes o que vos mando, permanecereis em Mim e Eu em vós, como Eu permaneço no Pai e o Pai em Mim. É também esse o melhor testemunho. As palavras que proferimos, as obras que realizamos, confirmam se amamos ou não amamos Jesus.

 

3 – Jesus morreu e ressuscitou. Ele vive e está no meio de nós, está connosco. Continua a agir na história, de um modo novo, através do Espírito Santo e com a nossa cooperação. Os discípulos completam a sua identidade ao tornarem-se também missionários, transparecendo a presença de Jesus.

As palavras de Filipe, na primeira leitura, são sancionadas pelos milagres que Deus continua a operar através dele, como Jesus lhes tinha prometido, «fareis obras maiores do que estas».


Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 8, 5-8. 14-17; Sl 65 (66); 1 Pedro 3, 15-18; Jo 14, 15-21.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

18.02.17

Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem

mpgpadre

1 – «Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo». Deus manda Moisés convocar o povo para a santidade. "Não odiarás do íntimo do coração os teus irmãos, mas corrigirás o teu próximo, para não incorreres em falta por causa dele. Não te vingarás, nem guardarás rancor contra os filhos do teu povo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor".

Só Deus é Deus e se o mandamento vem d'Ele então não há que temer não tem letras pequeninas nem condições escondidas. Deus é o Senhor, está acima e além de nós. Não nos faz sombra. Não tem a preocupação de nos mostrar que é melhor do que nós, como por vezes nos acontece, competimos tanto que nos esquecemos de viver. "Onde Deus reina como Pai, os homens já não podem reinar uns sobre os outros" (J. Antonio Pagola). Ser santo, aperfeiçoar-se como pessoa, tornar-se melhor, é isso que nos torna humanos.

A Lei dada por Deus ao povo através de Moisés prepara-nos para a grandeza! Atenção, não nos prepara para a sobranceria, para a arrogância, para prepotência! Mas para a grandeza que nos embeleza e nos humaniza, que nos aproxima uns dos outros e nos irmana, levando-nos a gastar-nos pelos outros, a persistir nas dificuldades, a solidarizar-nos nas aflições e a caminhar juntos!

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2 – Jesus faz-nos passar dos mínimos garantidos para o máximo. Não contra os outros. Mas em relação a nós próprios. O caminho é superar-nos constantemente. Não desistir. Insistir. Dando o melhor. No Sermão da Montanha Jesus exige de nós. Não exige pouco ou muito. Exige tudo. Sou abençoado na medida em que me torno bênção para os outros.

Hoje podemos escutar novamente a contraposição de Jesus, pela positiva. «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda». Jesus já tinha surpreendido com as Bem-aventuranças, invertendo a lógica do poder e da felicidade. Agora, à lei de talião, apõe a não-violência e o perdão. Diga-se que a lei de talião já era preventiva, olho por olho e dente por dente promovia uma justiça (popular) equitativa. Se me partem um dente, eu não tenho o direito a partir dois!

Jesus vai mais longe. «Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo uma milha, acompanha-o duas. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado. Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus».

 

3 – A santidade funda-se em Deus. Relembrando as sábias palavras do Cardeal Joseph Ratzinger (Bento XVI): para o Reino de Deus há tantos caminhos quantas as pessoas. Porém, Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. O meu caminho, o teu caminho, há de levar-nos a Jesus, há de levar-nos ao Pai. Sendo assim, quanto mais perto eu estiver de Jesus e quanto mais perto tu estiveres de Jesus, mais perto estaremos um do outro. E se estamos próximos poderemos apoiar-nos…

No Reino de Deus não há excluídos. Por conseguinte, estamos "condenados" a aproximar-nos uns dos outros. Na verdade, diz-nos Jesus, Deus é Pai de todos e «faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos». A bênção recai sobre todos. Temos afinidades. Por certo. Mas nem por isso estamos dispensados de amarmos até os nossos inimigos, os que nos são indiferentes, os que desprezamos. Aliás, questiona Jesus, que vantagem haveria em amar aqueles que nos amam? Isso todos podem fazer. Os discípulos de Jesus são desafiados ao máximo. E o máximo é Deus. «Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».


Textos para a Eucaristia (A): Lev 19, 1-2. 17-18; Sl 102 (103); 1 Cor 3, 16-23; Mt 5, 38-48.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

28.08.16

Leitura: TOMÁŠ HALÍK - QUERO QUE TU SEJAS

mpgpadre

TOMÁŠ HALÍK (2016). Quero que Tu sejas! Podemos acreditar no Deus do Amor. Prior Velho: Paulinas Editora. 272 páginas.

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       "Tomáš Halík nasceu emm Praga atual República Checa, no ano de 1948. Licenciou-se em Sociologia, Filosofia e Psicologia na Universidade de Charles, Praga, nos inícios dos anos 70. Estudou Teologia, clandestinamente, na mesma cidade, estudo que continuou na Universidade Lateranense, em Roma, e na Faculdade Pontifícia de Teologia, em Wroclaw (Polónia). Durante a ocupação comunista, sendo perseguido como «inimigo do regime», trabalhou como psicoterapeuta de toxicodependentes. Foi clandestinamente ordenado sacerdote em Erfurt (Alemanha do Leste, em 1978, e trabalhou na «Igreja subterrânea», onde foi um dos assessores mais próximos do cardeal Tomášek".

       Na lombada interior da capa, breve apresentação, de Tomáš Halík, de quem já sugerimos outro belíssimo título - O MEU DEUS É UM DEUS FERIDO. Depois de ter escrito sobre fé e esperança, alguém lhe perguntou porque não escrevia sobre o amor. 

       O autor começa por fazer uma pergunta que habitualmente vamos fazendo, mas para a qual nem sempre encontramos uma resposta satisfatória: deonde vem o mal?. "É possível que hoje em dia nos tenhamos acostumado tanto ao mal, à violência e ao cisnismo, que façamos a nós próprios, com surpresa, outra pergunta: donde provém a ternura e a bondade?

       Ao longo do livro, enraizado na Sagrada Escritura, mas também na história, na experiência, na cultura, o autor vai mostrando que o amor é fonte de todo o bem e em todo o bem é possível encontra Deus de amor. Um dos fios condutores é apresentar o duplo mandamento, a interligação entre o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo. Amar a Deus, amando o próximo. Deus está em nós. O amor habita-nos na identidade mais profunda, onde podemos encontrar Deus.

       Mais que uma resposta, Deus é pergunta. Não é um dado adquirido, mas sempre me transcende. Vai além de toda a compreensão humana, ainda que Se deixe ver em Jesus Cristo. "Os meus livros não são destinados àqueles que têm certeza absoluta de que compreendem perfeitamente o que significa o mandamento do amor a Deus. Esses certamente já têm a sua recompensa. Eu dirigo-me àqueles que buscam o significado dessas palavras, quer se considerem crentes... quase-crentes ou «antigos crentes»... incrédulos e agnósticos ou não crentes".

 

Algumas expressões:

"Associar os mandamentos do amor a Deus e o mandamento do amor uns aos outros - o núcleo do Evangelho - é a forma de redescobrir o Deus que «desapareceu», especificamente, na nossa relação com o próximo. Deus acontece onde quer que nós amemos as pessoas, o nosso próximo".
"Deus não pode ser obejeto de amor porque Deus não é um obejeto; a perceção objetiva de Deus conduz à idolatria. Eu não posso amar a Deus da mesma maneira que amo outro ser humano, a minha cidade, a minha paróquia ou o meu trabalho. Deus não está diante de mim, tal como a luz também não está diante de mim: eu não consigo ver a luz, só posso ver as coisas iluminadas pela luz".
"Deus acontece ali onde nós amamos".
"É necessário despir a própria alma, porque só quando já nada restar entre nós e a vontade de Deus, se poderá dar aquela união com Deus a que se chama Amor. Nesse momento somos «transformados em Deus por amor»".
"Há vários anos que me sinto fascinado com um definição do amor que é atribuída a Santo Agostinho: amo: volo ut sis (Amo-te, quero que Tu seja!)... «Eu quero que tu sejas». Esta frase exprime a ausência de dúvidas acerca da existência do amado; a sua existência é óbvia para mim, e o meus sentidos podem prová-la. esta frase exprime a minha confirmação fundamental da existência do meu amado, a minha alegria por ele existir. Eu não me limito a notar a sua existência, experimento-a como gratidão, como qualquer coisa que enriquece fundamentalmente a minha própria vida, sem o meu amado, o meu eu profundo perderia a sua integridade, sem ele o meu mundo ficaria desolado e terrivelmente cinzento.
No amor eu abro um lugar de segurança dentro de mim para a pessoa que amo, no qual ela pode ser plena e livremente quem é. Não precisa de representar nem de fingir para mim, nem de tentar merecer continuamente o meu amor através das suas ações. Além disso, só messe lugar seguro de amor é que uma pessoa se pode tornar aquilo que até então só era em potência. Só agora se pode aperceber do seu pleno potencial, que, sem amor, ficaria atrofiado, murcho e sufocado nas suas próprias raízes.
Estou contente por te ter conhecido; alegro-me pelo milagre do amor; quero que a pessoa a quem amo continue a estar comigo. Sim, gostaria que vivêssemos juntos para sempre. A frase «Eu amo-te, quero que Tu sejas» de Agostinho conduz a outra frase, ou seja, à definição magnífica de Gabriel Marcel: «Amar alguém é dizer-lhe: "Tu não morrerás"»... Dentro do verdadeiro amor há sempre uma fonte de eternidade".
"Deus não é «uma terceira pessoa» na relação entre duas pessoas; Deus é a base e a fonte dessa relação".
"Amar a Deus significa sentirmo-nos profundamente gratos pelo milagre da vida e exprimir essa gratidão ao longo da própria vida, aceitando a minha sorte mesmo quando esta não condiz com os meus planos e expectativas. Amar a Deus significa aceitar com paciência e atenção os encontros humanos como mensagens de Deus cheias de sentido - mesmo quando sou incapaz de as compreender devidamente. Amar a deus significa confiar que até os momentos difíceis e obscuros me revelarão um doa o seu significado".
"Deus não pode forçar os seres humanos a aceitar a salvação, o perdão e a misericórdia. Teoricamente é possível que alguém, pelo seu profundo desejo de que «Deus não seja», manifeste esse perverso desejo de forma tão consistente que acabe por se esquivar fatalmente a Deus e por se condenar a si próprio ao eterno afastamento de Deus e separação em relação a Ele".
"Aquilo que Deus traz para a história, onde nós o devemos procurar, é o amor. Eu sou cristão porque aprendi a acreditar nesse amor".
"A fé requer a coragem de escolher e de confiar".
Citando Teilhard de Chardin, "O amor é a única força capaz de unificar as coisas sem as destruir"

23.04.16

Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros

mpgpadre

1 – «Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».

Na Última Ceia, Jesus deixa aos seus discípulos a síntese e o essencial da Sua mensagem. Para serem Seus discípulos, e reconhecidos como tal, terão de se amar uns aos outros como Ele os amou. É a única condição. Para eles e para nós, discípulos deste tempo.

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2 – Um Pai, vendo aproximar-se a hora da morte, chamou os seus 10 filhos. Pediu que cada um pegasse num vime e o partisse. Um a um, todos partiram o respetivo  vime. Depois pediu ao filho mais velho que pegasse em 10 vimes, os juntasse e os partisse ao meio. Tentou uma e outra vez, mas não conseguiu. Pediu que os outros filhos tentassem, mas nenhum obteve melhor resultado. Conclusão: juntos é possível enfrentar os maiores obstáculos. A união faz a força!

Quando um pai vai para longe, durante algum tempo, chama os filhos e pede-lhes para se portarem bem e ajudarem nas tarefas de casa, para fazer os trabalhos da escola, para ajudarem a mãe.

Quando alguém está a morrer, chama os que que são mais próximos e manifesta-lhes as suas últimas vontades. Ou deixa em testamento os seus últimos desejos.

O Testamento de Jesus é este: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.

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3 – O que diz no final, Jesus viveu-o, amadureceu-o, experimentou-o ao longo de toda a sua vida. A família de Nazaré, passou por diferentes provações que, por certo, ajudaram a amadurecer a união e a entreajuda, o acolhimento dos estrangeiros e a delicadeza para com os vizinhos. Durante algum tempo, refugiou-se no Egito, regressando a Nazaré. Uma cidade-aldeia em que todos são vizinhos e familiares e se auxiliam para sobreviver e enfrentar as dificuldades.

Intuímos uma vida honrada, de trabalho e de sacrifício. Vive-se com pouco. Os elevados impostos do Templo, do Império e das autoridades locais não permitem uma vida desafogada. Por outro lado, a sobrecarga de leis e de preceitos. 613 Mandamentos, 365 negativos (correspondem aos dias do ano solar) e 248 positivos, tantos como os órgãos do corpo humano. Não seria fácil cumprir tantos preceitos.

A delicadeza e a docilidade de Jesus vêm-lhe de um ambiente de fraterna entreajuda. A sobrevivência, o pão de cada dia, depende desta solidariedade. Também aí se manifesta a fé e a confiança em Deus, o que lhes traz paz diante da prepotência dos dirigentes e os motiva para enfrentar as dificuldades.

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4 – Durante os três anos de vida pública, Jesus age em conformidade com a educação recebida, com a cultura e a religiosidade do seu povo. A graça de Deus, a sabedoria, levam a valorizar a palavra dada, a ternura e a compaixão, os laços de amizade. Percebendo as injustiças e a inutilidade de muitas leis, terá tudo isso em conta na hora de falar e sobretudo de agir. Coloca-Se do lado dos mais frágeis. Fez isso connosco. Como nos recorda o apóstolo, Ele deu a vida por nós quando éramos pecadores. Com efeito, a própria Encarnação significa a identificação com a humanidade, fez-Se pobre para nos enriquecer com a Sua pobreza, assumindo a nossa fragilidade, gastando-Se na nossa finitude, para nos resgatar ao poder do pecado e da morte.

Toda a mensagem de Jesus está condensada no mandamento do amor. Amar, servir, dar a vida, proximidade, abaixamento. Modos de agir e de viver. Quem não serve para servir, não serve para viver. A glorificação de Jesus é a Sua paixão por nós. Tudo se encaixa na Sua entrega. A ressurreição diz-nos que a Sua vida é o Caminho, a Verdade e a Vida se queremos alcançá-l'O e entrar na vida eterna.


Textos para a Eucaristia (C): Atos 14, 21b-27; Sal 144 (145); Ap 21, 1-5a; Jo 13, 31-33a. 34-35.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

 

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