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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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04.01.24

Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O

mpgpadre

«Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Vieram de longe, mas querem estar perto do Messias. Andam em busca. No Céu uma estrela brilhante aponta-lhes um caminho, uma estrada, um sentido novo para as suas buscas. Perguntam. Informam-se. Acreditam que outros possam ter informações mais precisas. Em definitivo é a Estrela que os conduz até Jesus, até Belém.

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Num olhar rápido sobre o Evangelho, algumas notas soltas:

  1. Procurar sempre, sem desfalecer. Por cada descoberta, novos desafios. Buscar Deus em toda a parte, na terra, nas pessoas, no céu.
  2. Atentos e vigilantes. Nunca nos darmos por satisfeitos. Despertos para perceber os sinais de Deus que surgem no horizonte.
  3. Levantar o olhar, o coração e a vida. Há mais mundo e mais vida para lá do nosso umbigo. Levantar o olhar para o horizonte, para o Céu, para Deus, donde nos virá a luz. Se olharmos apenas para baixo, para os pés, acabaremos por tropeçar e de nos perdermos dos outros que seguem connosco.
  4. Não ter medo de sair, de ir ao encontro de Deus.
  5. Pôr-se a caminho. Não basta um exercício intelectual sobre a busca. É necessário descruzar os braços e mover as pernas, sair do seu espaço de conforto, fazer-se à estrada que se faz tarde.
  6. Vigilância. Pelo caminho surgirão outras luzes. A confusão da cidade. Os apelos do mundo, da moda, do tempo. Algumas luzes serão brilhantes e ofuscarão a Luz que vem das alturas, podem levar-nos a errar, podem baralhar-nos na nossa busca.
  7. g)Não desistir. Se estamos baralhados. Se há muitas luzes, muitos caminhos, procuremos o que nos leva mais longe, o que nos leva a Belém, o que nos leva a Jesus. Ainda que tenhamos que abandonar a cidade e ir ao deserto, aos nossos desertos. Não desista. Procure. Há de encontrar.
  8. É sempre possível retomar o caminho (enquanto estamos vivos).
  9. Ir até à fonte. Beber nos afluentes pode ajudar-nos a prosseguir viagem, mas a sede só se saciará verdadeiramente quando chegarmos à fonte, ao Presépio, quando chegarmos junto do Deus Menino.
  10. A leveza dos passarinhos, que os faz voar, é precisamente a agilidade em dobrar as pernas. Prostremo-nos em adoração diante d'Aquele que Se abaixou à nossa dimensão.
  11. Demos o melhor que temos. Demos o nosso coração, a nossa vida por inteiro. Os magos deram as suas riquezas. A nossa riqueza é a nossa vida, a nossa fragilidade, a nossa pobreza e o nosso pecado.
  12. Façamos a experiência da Alegria no encontro com Jesus. Há momentos da nossa vida em que tudo parece estar contra nós. Deus está a nosso favor. Encontramo-nos com Ele e ainda não experimentámos uma alegria profunda? Talvez ainda não O tenhamos encontrado. A luz da Fé abre-nos para a alegria do encontro com Jesus.
  13. Não voltemos ao mesmo lugar, mesmo que aí já tenhamos sido feliz, como nos diz a canção. Se encontrámos Jesus, a nossa vida não mais será a mesma. Regressámos à nossa vida, mas por outros caminhos, com outro sentido e outra luz. Doravante temos um MOTIVO maior que preenche todos os nossos dias e os nossos afazeres e nos compromete com os irmãos. Há que buscar e prosseguir por novos caminhos. Mas sobretudo deixar que Jesus Se faça CAMINHO connosco.

06.01.18

Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O

mpgpadre

1 – Do Oriente, diz-nos Mateus, chegam a Jerusalém uns Magos, por ocasião do nascimento de Jesus em Belém da Judeia. «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». A pergunta é acompanhada de um propósito: adorar Aquele que nasceu.

Vêm de onde? Do Oriente, isto é, de todo o mundo. Só se conheciam povos a Oriente; a Ocidente, água e mar. Por conseguinte, os Magos foram adquirindo ao longo do tempo nomes e cor de pele diferente, para significar/representar as nações do mundo inteiro.

Quantos eram? A tradição mais popular popularizou-os em três, a conta que Deus fez. Porém, o Evangelho só se refere a Magos! Serão dois? Serão três? Quatro? Talvez! Ou cinco ou seis, eu e tu também queremos estar lá para adorar o Senhor Jesus!

Quem são os Magos? Eu e tu? Podemos ser todos! São Reis ou são Magos? São sábios! Hoje seriam os homens da ciência e da cultura. Jesus veio para os pastores! Veio para mim e para ti. Veio para os Magos! Veio por mim, por ti e por todos e todos somos convidados a adorá-l'O, reconhecendo-O como Deus, para nos reconhecermos iguais e caminharmos fraternalmente. Os Reis ficam descansados, fartos, acomodados no Palácio! Os magos são buscadores da luz e da verdade! No final, é um Rei que encontram! Mas um Rei-Menino, pobre, simples, Deus, despojado, sem ouro nem adornos.

Que presentes dar? O melhor que têm! Ouro, Incenso e Mirra. Divindade, Realeza, Humanidade. Reconhecimento do mistério que se desvela e se esconde n'Aquela criança. O facto de serem três presentes, levou a tradição a considerar que os magos eram tantos quantos os presentes que deram a Jesus! Talvez tenhamos que colocar aos pés do Menino-Deus mais alguns presentes para lá cabermos também nós: o nosso olhar, o nosso coração, a nossa vida! A minha e a tua!

Na Eucaristia rezamos para que seja Ele o nosso presente: «Olhai com bondade, Senhor, para os dons da vossa Igreja, que não Vos oferece ouro, incenso e mirra, mas Aquele que por estes dons é manifestado, imolado e oferecido em alimento, Jesus Cristo».

adoracao dos magos -  Francesco Bassano - 1567-69.

2 – O encontro com Jesus provoca alegria. Com efeito, quando a estrela «parou sobre o lugar onde estava o Menino, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra».

 

3 – A vinda de Jesus ao mundo é para todos. Para mim e para ti! Certamente! Mas também para ele! Para aqueles que estão perto e para aqueles que estão longe! O desafio papal em colocar a Igreja em rota de saída, de evangelização, indo às periferias (não apenas geográficas, mas sobretudo) existenciais recorda-nos que Jesus veio para todos e a todos deve ser anunciado.

 

4 – O encontro com Jesus provoca a mudança de rumo. O encontro dos Magos com Jesus muda as suas vidas. A alegria do encontro deixo-os prostrados em adoração. Quando regressam às suas terras, regressam por outro caminho, percebendo que não podem voltar aos mesmos lugares. Num primeiro plano, não podem regressar ao palácio, pois Herodes tem o propósito de matar o Menino. Num plano mais abrangente, o encontro é de tal forma luminoso e redentor que a vida nunca será como dantes. A Luz que os guiou está mais viva, mais dentro, levá-los-á mais longe! Há que rasgar novos horizontes, novas vias, estradas e avenidas!

Predisponhamo-nos a seguir a Estrela de Belém, a seguir a Luz que é Jesus e a deixarmo-nos guiar por Ele. «Senhor Deus omnipotente, que neste dia revelastes o vosso Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós que já Vos conhecemos pela fé levai-nos a contemplar face a face a vossa glória». E, uma vez inundados pela Luz de Jesus, deixemos que a luz passe para os outros.


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 60, 1-6; Sl 71 (72); Ef 3, 2-3a, 5-6; Mt 2, 1-12.

02.01.16

Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O

mpgpadre

1 – Todos os encontros podem deixar marcas em nós, mas contam verdadeiramente aqueles que nos tocam a alma e mudam a nossa vida. Se cada encontro pode influenciar-nos e enriquecer-nos, há aqueles que nos ajudam a ver a vida de um perspetiva diferente, a acreditar no amanhã, a depositar os nossos sonhos no futuro com esperança. Sentimos que chegamos a casa. Há estrelas que brilham no firmamento e nos atraiam para o melhor que a vida tem para nos dar.

Os Magos vêm de longe. Seguem com leveza e com pressa de chegar. É uma das características destes dias: Maria com pressa de chegar junto de Isabel; os pastores com pressa de chegar ao Presépio, e os Magos com pressa de adorarem o Deus Menino.

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2 – «Onde está o rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Quando não sabemos a direção é melhor parar e perguntar. O GPS – a estrela – levar-nos-á ao destino, mas a confusão da cidade pode distrair-nos do caminho.

Herodes fica perturbado. O medo toma conta do seu coração. Habituou-se ao poder e não quer que nada ponha em causa a sua comodidade. Chama os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, informa-se acerca do local do nascimento do Messias, que segundo as profecias será «em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’».

O alvoroço provocado pela notícia de que o Messias nasceu mobiliza Herodes e a cidade. Deve também inquietar-nos, desinstalar-nos, levar-nos a querer saber mais, a descobrir onde O encontrar.

O mais triste é se estamos ao pé do sino e não ouvimos as horas, por habituação, por desleixo ou preguiça. O alvoroço está instalado. Ficamos com Herodes, comodamente instalados à espera que as notícias nos cheguem aos ouvidos, ou seguimos com os Magos, para fora do palácio e da cidade, e vamos a Belém?

 

3 – A esperança de Israel concretiza-se n'Aquele Menino. Todos se hão de prostrar diante d'Ele porque d'Ele virá todo o bem. "Prostrar-se-ão diante dele todos os reis, todos os povos o hão de servir. Socorrerá o pobre que pede auxílio e o miserável que não tem amparo".

O nascimento de Jesus é um acontecimento inaudito, Deus assume-nos por inteiro. A todos. Vem para o Seu povo, mas ao alcance de todos os povos, como relembra o Velho Simeão: «Agora, Senhor, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo» (Lc 2, 22-35). Os magos mostram que a Mensagem de Deus e os sinais da Sua presença no meio de nós chegam a toda a parte.

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4 – Logo que os magos se afastam do palácio, da cidade, e das distrações, a Estrela que os guia volta a estar visível. Por vezes precisamos de nos afastarmos um pouco, fazendo silêncio para ver melhor e para perceber o que nos rodeia e que caminho havemos de retomar.

"Eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra".

Os magos chegam finalmente onde se sentem em casa, junto de Jesus. E dão-lhe os presentes, simbólicos, a um tempo: ouro realeza; incenso divindade, e mirra humanidade. Há mais alegria em dar do que em receber. E mais que dar, importa dar-se. É o que fazem os pastores, é o que fazem os magos. Dão o melhor que têm porque se querem dar fazendo-se presentes. E recebem o maior presente: Jesus, Deus Menino. E tudo muda.

O encontro com Jesus fá-los voltar por outro caminho. "E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho". Também o nosso encontro com Jesus nos há de levar por outro caminho, não preferentemente ao palácio, mas ao mundo.

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Textos para a Eucaristia: Is 60, 1-6; Sl 71 (72); Ef 3, 2-3a. 5-6; Mt 2, 1-12.

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE.

04.01.14

Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O

mpgpadre

       1 – Dia de Reis, ainda que sejam magos (estudiosos) e não reis, este é o Dia da manifestação de Jesus ao mundo inteiro como o verdadeiro Rei de Israel. Os Magos, vindos do Oriente, de todo o mundo conhecido naquela época, representam a humanidade que procura Deus e se prostra diante d'Ele em adoração, não como o escravo frente ao seu senhor, mas como filho diante do Pai.

       A Boa Nova para hoje mostra os Magos à procura do Messias, o rei dos judeus que acaba de nascer: «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Tal notícia apanha alguns desprevenidos e instalados, como Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Ali tão perto e não se deram conta de nada, ao pé do sino sem ouvir as horas! A preocupação primeira de Herodes é saber se de facto os “boatos” se confirmam, pois logo vislumbra uma possível ameaça ao seu poder. Afinal é ele o rei dos judeus e não qualquer criança que possa nascer. “Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela”. Para Herodes aquela criança é uma ameaça!

       Os Magos seguem a estrela que tinham visto no Oriente. Quando veem a estrela a fixar-se no lugar onde estava o Menino, “sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho”.

       2 – A adoração dos Magos é um quadro que poderemos e deveremos viver na atualidade. Em primeiro lugar, a certeza de que Deus é Pai, e nunca abandona a obra criada. Ele toma a iniciativa de nos procurar, de vir ao nosso encontro. Dá-nos sinais para O encontrarmos.

       Os Magos. Acolhem o chamamento de Deus. Vivem disponíveis para escutar e para ver. Deixam-se surpreender pela novidade. Não estão enclausurados na sua concha. Levantam o olhar para o horizonte e para os outros. O limite é o céu. Buscam a vida até ao Infinito. Uma estrela nova. É necessário disposição para a escuta, para acolher o chamamento. Não se enche um cálice que está a transbordar!

       Mas não basta acolher os sinais que vêm do Céu, é preciso pôr-se a caminho, arriscando, sabendo que haverá dificuldades. Os Magos deixam o conforto da sua casa e da sua terra e partem ao encontro d'Aquele que a estrela lhes revelará. Nem sempre a estrela estará visível, a dúvida e a hesitação podem advir, a incerteza sobre o caminho a percorrer. Herodes recebe o mesmo sinal, o Menino que nasceu, mas nem por isso se põe a caminho, deixa-se ficar, juntamente com escribas e sacerdotes, no Palácio, no seu lugar de conforto.

       Chegados ao local onde está o Menino, rapidamente se prostram em adoração, transparecendo amor, entrega, proximidade, contemplando o mistério do mundo com ternura e benevolência, com amor. A adoração não nos desliga do compromisso. Quanto mais perto de Deus, mais perto dos Seus filhos. «Quem meus filhos beija minha boca adoça». A adoração leva-nos a oferecer o melhor de nós mesmos, em atitude de reconhecimento e louvor. Magos e pastores dão do que têm, as suas vidas, deixam o que estão a fazer e partem ao encontro de Jesus, dão o tempo e o coração, a vida. Os magos oferecem também: ouro – símbolo da dignidade do ser humano; incenso – abertura ao transcendente, disponibilidade para participar na vida de Deus; mirra – todos buscamos cura, cuidados, alívio, conforto, justificação. De onde nos virá a resposta à nossa inquietação?

       Alegria, que atinge a sua expressão máxima no encontro com Jesus, o Deus Menino. Os magos vivem pequenas alegrias que os faz caminhar com esperança, culminando no encontro com o Menino, com Maria e José. Esta alegria contagiante levá-los-á por novos caminhos. Com efeito, o encontro com Deus provoca conversão. Aquele que se encontra com Jesus não pode voltar à vida anterior. Há novos desafios. São os mesmos Magos que se puseram a caminho, mas transformados pelo olhar d'Aquele criança, comprometidos com o anúncio da Boa Notícia a todos os povos. A imensidão da alegria e da conversão fazem trasvazar o que nos vai na alma. Não é possível guardar tamanho tesouro só para nós. A luz não se pode esconder debaixo do alqueire!

       Chamamento. Resposta – pôr-se a caminho. Atitude – adoração. Sentimento – alegria. Frutos – conversão e anúncio do Evangelho. Testemunho.


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 60, 1-6 ; Ef 3, 2-3a.5-6 ; Mt 2, 1-12.
 
ou no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

06.01.13

Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O

mpgpadre

       1 –  Celebramos hoje a solenidade da Epifania do Senhor, revelação ao mundo inteiro da realeza de Jesus Cristo, reconhecida e dada a conhecer pelos Magos vindos do Oriente.

“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O»... E eis que a estrela seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram e viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho”.

       Quando encontrámos Jesus na nossa vida, qual o caminho que percorremos? Voltamos ao mesmo de sempre, ou regressamos à vida por uma caminho novo, diferente?

 

       2 – Os magos de então seriam hoje astrónomos (e não tanto astrólogos); simbolicamente representam o mundo da ciência e da cultura, que se abre à fé e presta adoração a Deus que Se revela na fragilidade daquele Menino. A grandeza e o extraordinário quase sempre se faz ver no que passa despercebido.

       Os Magos vêm do Oriente, vêm do mundo inteiro, representam a Humanidade toda. E nesta medida, a Visita dos Magos é Epifania do Senhor, é o reconhecimento de Cristo como Rei do Universo. Os magos estavam ao serviço do rei; agora deixam o serviço real e prostram-se diante do Rei por excelência.

       Olham para o Céu, e não apenas para si mesmos. Quando nos centramos apenas em nós, acabaremos sós, em ruína, tropeçando nos acontecimentos. A Estrela que está no Céu só é visível pela fé, por um olhar que escuta. É possível que quem se centre em si mesmo, não veja outra luz (ou outra escuridão) que não seja a sua.

       No Céu daquele tempo havia uma nova Estrela, mais brilhante que todas as outras. E nós? Olhamos para o Céu, para Deus? Quais são as estrelas que nos guiam? Onde está colocado o nosso olhar? Que luz nos faz caminhar, procurar, peregrinar, descobrir, partir? Que estrela nos faz sair de casa para encontrar Deus?

       Voltam por outro caminho. O encontro com Jesus é revelador e transformador. A vida não voltará a ser como dantes. Os caminhos serão outros, transformados pelo olhar e pela fé. É bem diferente olhar a vida a partir do nada, ou olhar a vida a partir da Estrela, a partir de Jesus Cristo, do amor que Deus nos tem.

 

       3 – O profeta Isaías, na primeira leitura, canaliza a esperança de todo o Israel para a LUZ de Deus que está a chegar. A estrela que guia os Magos até Jesus, também guiou os profetas, através dos tempos, levando-os a preparar a humanidade para reconhecer e acolher a Luz viria irradiar todas as trevas.

“Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro”.

       O que Isaías vê para o futuro, como esperança, os Magos contemplam agora, em intensa alegria, e pode ser experimentado por todos os discípulos de Jesus, como bem o refere São Paulo:

“Foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho”.

       A Luz de Deus já não é apenas para o povo da Aliança, mas estende-se, em Jesus Cristo, Nova Aliança, a toda a humanidade.


Textos para a Eucaristia: Is 60, 1-6 ; Sl 71 (72); Ef 3, 2-3a.5-6 ; Mt 2, 1-12

08.01.12

8.º DIA da nova criação.

mpgpadre

8.º DIA da nova criação.
A criação fica completa ao 7.º dia.
Como víamos ontem. o sete tem o significado, no mundo judaico, de perfeição, plenitude. Para nós cristãos, existe o 8.º dia da nova criação, que coincide com o primeiro dia da semana. Jesus ressuscita no primeiro dia da semana, é um tempo novo, com Ele, com a Sua ressurreição, despontam os novos céus e a nova terra, como lugar de encontro com o melhor de nós mesmos, Jesus coloca a nossa humanidade à direita de Deus Pai, de onde nos atrai.
Nas grandes solenidades celebramos a Oitava - Natal, Páscoa - oito dias como se um só dia se tratasse, sublinhando a grandeza do nosso dia na presença de Deus.
Este 8.º dia do ano, coincide com o Domingo (oitavo e primeiro dia da semana: nova criação, no seu primeiro dia).
Em Portugal, a Igreja celebra a Epifania do Senhor, a adoração dos Magos diante do Menino Deus, do Deus que Se faz Menino.
Oito dias, oito desafios que os Magos nos colocam (vd a nossa proposta de reflexão para este dia).

 

1. Abertura aos outros.

Os Magos, sábios daqueles e estes tempos, são pessoas atentas, despertas, disponíveis para ouvir, para aprender, para descobrir "coisas" novas. Não olha apenas para si mesmos. Se assim fosse não veria a luz de uma nova estrela no Céu. Olham para as alturas, para o infinito.

Quando nos fechamos, debruçando-nos sobre nós próprio, individualmente ou mesmo como família (de sangue), desligados de todas as comunidades, quando chega a "tragédia" - pode ser a doença, a solidão, a perda de alguém - não há casa onde refugiarmos o nosso espírito, um ombro amigo, um lugar de paz e de encontro, de refúgio.

2. Caminhar. O caminho faz-se caminhando.
Com os Magos aprendemos a sair do nosso espaço de conforto para irmos ao encontro dos outros, imiscuindo-nos no mundo de que fazemos parte. Não perdem muito tempo a discutir a origem da estrela, ou se os seus olhos, cansados da idade, estão a ver bem. Põem-se a caminho. Saem dos palácios e dos lugares de conforto a que tinham acesso por serem sábios, requisitados para ajudarem em escolhas, e agraciados pelos conselhos. Vão, partem, há desafios maiores.

 

3. Não desistir diante das dificuldades.

O caminho não está isento de dificuldades. Há caminhos mais fáceis que outros, pelo caminho ou pela pessoa que o percorre. Mas nunca isentos de dificuldades, de problemas, ainda não estamos no paraíso. Também os magos enfrentarão a chuva, a dúvida, os atalhos, o desânimo. Na cidade de Jerusalém perdem o norte, a orientação, deixam de ver a Estrela. Mas não desistem, até que de novo reencontram a luz, a estrela que os levará a Belém. Há momentos na nossa vida que parece que nada nos corre bem, não confiamos em ninguém, às vezes duvidamos até de nós mesmos, não vemos senão a treva. Os magos convidam-nos, apesar de tudo, a seguir,logo veremos um rasto de luz que nos conduzirá à luz verdadeira.


4. Participar de um Reino de Deus sem fronteiras, o Reino de Deus.

Existem os nossos reinos, a nossa vida pessoal e familiar, e depois existem reinos maiores, que nos desafiam a ultrapassar os limites da nossa casa, da nossa família, desta ou daquela comunidade, deste ou daquele partido ou grupo, há algo maior que não se esgota no nosso mundo. Os magos partem por um REINO maior que está a despontar. Deixemos-nos surpreender por Deus, por tudo o que nos envolve na transformação do mundo.


5. Colocar o coração no ESSENCIAL, em Deus. Adorar a Deus e a Deus só.
Na continuação do desafio anterior. Colocar a nossa vida naquilo que não perece. Onde estiver o nosso tesouro, aí estará o nosso coração. Os magos colocam o seu coração aos pés de Jesus. Estão ao serviço de reis e de governadores, mas com o olhar aberto, com o coração pronto para servir o Rei dos Reis, Aquele que é origem e fim de todas as coisas, o Salvador do mundo. Se colocarmos a nossa confiança última nas coisas, em alguma pessoa, partido, líder social ou cultural, mais tarde ou mais cedo podemos ser surpreendidos pela desilusão. Lembremos daquele homem que servia a mais bela das rainhas. Quando ela morreu, pôde ver que estava reduzida a um esqueleto. Onde estaria a beleza que o levou até ela? Então decidiu servir a BELEZA que não se esgota, que não se apaga. Obviamente, a adoração de Deus levar-nos-á a servir os nossos semelhantes.


6. Experimentar a alegria, deixando-se surpreender pelo que a vida nos vai dando.

Com os magos devemos experimentar a alegria do encontro. Deixarmo-nos contagiar pelas pequenas coisas que a vida nos dá. Se estivermos sempre à espera de ganhar a lotaria para sermos felizes, porque é lotaria, pode nunca nos calhar em sorte. Então não deixemos a alegria e a felicidade em mãos alheias, experimentemos a alegria com o que somos, com as pessoas que fazem parte da nossa vida, e com o compromisso com o bem e a verdade, na construção de um mundo habitável para todos.


7. Dar o melhor de nós mesmos.

Os magos levam os presentes mais valiosos que têm. E nós? Demos o melhor que temos, a Jesus, ou, se a fé ainda não nos envolve, demos o melhor de nós mesmos em cada momento. Não perdemos nada. Quanto mais nos damos, por causas, por projetos voluntariosos, mais ganhamos. Os dons valem na medida em que os recebemos e que os transformamos em dons para os outros. Mesmo que haja momentos em que nos sintamos descompensados, não cessemos de dar o melhor de nós mesmos, a melhor compensação é a certeza de que cumprimos com o que estamos ao nosso alcance, procurando ultrapassar o limite que nos afastaria dos outros, do mundo, de Deus.


8. Regressar à nossa vida por outro caminho.

Quando regressam, os Magos tomam outro caminho. Não são mais os mesmos. O encontro com a LUZ, com a fonte de toda a luz, transforma-os para sempre. É uma experiência vital, decisiva. O encontro com Jesus Cristo - como todo e qualquer encontro - há de transformar-nos, de preferência, positivamente. Experimentemos encontrar-nos com Jesus, descobrir a alegria desse encontro, deixando-nos converter por Ele.

08.01.12

Regressaram à sua terra por outro caminho...

mpgpadre

       1 – A luz que surge numa gruta, acessível a Nossa Senhora, a São José, e aos pastores, que são avisados pelos anjos, torna-se cada vez mais visível. Tal é a intensidade desta LUZ, que vem do Céu à terra, que não cabe em nenhuma gruta, ilumina todas as grutas, toda a escuridão.

       A luz é visível à distância, ainda que seja necessário os nossos olhos estarem abertos para contemplar a Luz que brilha nas alturas. No Oriente, em toda a parte, os Magos – de todos os tempos, cuja sabedoria os desperta para perscrutarem tudo o que os rodeia, as pessoas, a terra, o céu, os sinais, a presença do Invisível – vigilantes, deparam-se com uma Estrela mais brilhante e deixam-se conduzir por ela.

       O primeiro desafio para hoje é a abertura aos outros, ao mundo circundante. Se estivermos debruçados sobre nós mesmos, nada se passará à nossa volta, nada nos fará mudar do registo melancólico, da pena que acabaremos por sentir e que queremos que os outros sintam por nós. É preciso levantar o olhar para ver mais longe, para ver além, é necessário olhar até às alturas. É o primeiro passo, estar atentos ao mundo, aos outros, a Deus, às oportunidades com que nos deparamos todos os dias, todo o dia.

       2 – "Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora".

       Não basta comprazermo-nos na contemplação do mistério, do que de novo surge ao nosso olhar. É um primeiro passo, mas que desafia a outros. É necessário levantar-nos e pormo-nos a caminho.

       É o convite do profeta Isaías, a todo o povo, e que se cumpre nos Magos (vindos do Oriente, vindos de toda a parte). O caminho faz-se caminhando. Os Magos não se põem a fazer cálculos, não convocam uma comissão para avaliar os sinais do Céu e da terra, partem, seguem a Estrela. Logo se verá. Confiam.

       "Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O". É desta forma que se apresentam diante de Maria, José e o Menino. A Luz que se avista no Oriente (em toda a parte) leva-os, trá-los, a Belém. A LUZ que irradia do presépio também nos há de fazer levantar, ir ao encontro de Jesus, ir ao encontro do Homem e de Deus. Os magos saem do seu espaço de conforto. E nós estamos prontos para sair do nosso mundo, do nosso conforto, do nosso comodismo para nos deixarmos surpreender por Deus?

       Quem já não se deixa surpreender pela vida, quem vive cinicamente, nunca apreciará convenientemente a alegria de viver, o prazer de estar, de se sentir vivo.

       Como não lembrar aqui o episódio da visitação de Nossa Senhora à Sua prima Isabel. Atenta aos sinais, não precisa que lhe digam o que fazer, Maria sabe que Isabel precisa dos seus cuidados, vai apressadamente em seu auxílio. Sem calculismos, sem medos, saindo de sua casa, do seu conforto. Assim também nas bodas de Canaã. Podia ficar remetida ao silêncio, à indiferença, mas atenta aos outros, intercede por eles.

       É este o segundo desafio para hoje: sair do nosso espaço de conforto para ir ao encontro dos outros.

 

       3 – "Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra".

       O que nos há de impulsionar é o encontro com Jesus, com a fonte de toda a LUZ. Os Magos seguem a intensidade da Luz, não se limitam a aceitar que é um fenómeno interessante, maravilhoso. Põem-se a caminho. Nada os detém, nada os faz desistir, ou relaxar. Mesmo encontrando os obstáculos da cidade - aqui podia entender-se tudo o que pode distrair-nos do essencial; na cidade perdem o rasto da LUZ, da estrela. Quantas vezes perdemos o norte, o rasto da luz? Quantas vezes desistimos, ou desanimamos, ou tememos continuar? Quantas vezes, já cansados, nos resignamos à vida que levamos, ao nosso comodismo?

       Este é outro desafio: não desistamos de procurar. Quem procura, encontra, a quem pede dar-se-á, como um dia dirá Jesus aos seus discípulos. Não esgotemos a procura. Encontramos a luz, pusemo-nos a caminho, e agora, ficamos a meio do caminho? Olhamos para trás, esquecemos o que poderemos vir a encontrar? Quantas coisas nos impedem de ver, de olhar em frente? Que situações nos fazem perder a Luz que nos vem do alto?

 

       4 – "Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra" (resposta ao Salmo). "Agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho".

       No presépio de Belém, com Jesus, Maria e José, encontramo-nos com a Salvação, com o Salvador do mundo, com a fonte de toda a luz, de toda a graça, de todo o amor. É LUZ para se revelar a todas as nações e não apenas a Israel, Seu povo eleito. N'Ele, o Emanuel, assentará a nova e eterna Aliança, com os todos povos. Une-se o Céu à terra e tudo é ligado pela LUZ de Deus.

       Os Magos entenderam os sinais vindos do Céu, porque estavam vigilantes, disponíveis, prontos para caminhar, envolvidos pela luz que os precede, avançam destemidos, ainda que tenham que enfrentar dificuldades, e até se tenham desorientado. Não desistem, voltam a procurar a luz, a estrela, seguem até Belém.

       Mas não acaba aqui.

       "E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho". Encontram a LUZ e esse encontro será verdadeiramente transformador. Quem se encontra com Jesus não pode regressar pelo mesmo caminho, tem de transformar a sua vida, tem de regressar fortalecido, rejuvenescido, por outro caminho.

       A luz mata as trevas, destrói a escuridão, guia-nos para outra vida (ou uma vida nova). É este outro desafio: encontrar-nos com Jesus, e deixarmo-nos transformar pela Sua luz, deixarmo-nos converter. O encontro com o Deus que Se faz Homem coloca-nos na senda da conversão.


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 60,1-6; Sl 71 (72); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12.

 

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