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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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10.11.15

Leituras: ÓSCAR ROMERO - A IGREJA NÃO PODE CALAR-SE

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ÓSCAR ROMERO (2015). A Igreja não pode calar-se. Escritos inéditos 1977-1980. Prior Velho: Paulinas Editora. 144 páginas

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       D. Óscar Romero nasceu a 15 de agosto de 1917, na Cidade de Barrios. Aos 13 anos entrou no Seminário. Foi ordenado sacerdote a 4 de abril de 1942, em Roma, onde se encontrava a efetuar estudos na Universidade Gregoriana.

       Em 1970, foi sagrado Bispo. Tinha 53 anos.
       Em 15 de outubro de 1974, torna-se Bispo de Santiago de Maria.
       Em 3 de fevereiro de 1977, foi escolhido para Arcebispo de São Salvador, assumindo a Arquidiocese a 22 de fevereiro.
       É assassinado por um profissional, com um só disparo, uma bala de fragmentação no peito, a 24 de março de 1980, enquanto celebrava Missa. Tinha 62 anos de idade.
       Esta breve biografia permite-nos situar no tempo e no espaço o Bispo que ofereceu a vida pelo povo de Salvador. Como sacerdote procurou manter-se íntegro, na fidelidade ao Evangelho e à Igreja, mormente na unidade com o magistério papal.
       Um homem decidido. Quando foi necessário ir mais longe para defender os mais pobres não hesitou em usar os meios que tinha ao alcance para exigir justiça social, ordenados justos, atenção aos mais desfavorecidos. A oração e o Evangelho como ponto de partida e de chaga. A conversão a Jesus. A sociedade só se transformará com a conversão. Não adianta transformar as estruturas se os corações não mudarem.
       Em 10 de março de 1977, pouco tempo depois de tomar posse da Arquidiocese, foi assassinado o padre Rutilio Grande, juntamente com ele, dois camponeses, um idoso e um rapaz. A partir de então, as intervenções de D. Óscar Romero, no púlpito, na rádio, nos jornais, nos encontros com diversas pessoas, serão ocasião para reafirmar o Evangelho da caridade e do serviço, da liberdade e da dignidade humanas. Nas homilias eram relatados os casos que se iam sucedendo de perseguição àqueles que se opunham ao regime. D. Óscar Romero coloca-se ao lado dos mais pobres, mas além das facções de esquerda ou de direita. É acusado por uns e por outros. As suas palavras e os seus gestos visam a libertação integral de todos, de cada pessoa. Pede oração e Evangelho.
       Neste livro são recolhidos textos de cartas, mensagens, em que se vê a coerência das intervenções. O que diz em público defende-o também em privado. Conselhos, pensamentos, selecionados e comentados por Jesús Delgado, um dos seus primeiros biógrafos.
       Quase sempre pede à pessoa que lhe escreve que reze, que reflita, que leia o Evangelho. Por vezes refere os capítulos específicos que deve rezar aquele/a que lhe escreve. Elucida sobre a mensagem cristã, aponta caminhos, sugere ponderação, que passa inevitavelmente pela oração. Pede que rezem pelos perseguidores, pelos soldados, por aqueles que recorrem à violência.
       Numa das cartas, recomenda ao seu interlocutor, que faz questão em ouvir pela rádio  as suas homilias, que é preferível que vá à Missa, ou arranjar um horário para conciliar.
       O compromisso pela conversão é extraordinariamente explícito, mas firme na denúncia e na procura de ajudar os que se encontram em situações desesperantes.
       Já aqui recomendámos a Biografia D. Oscar Romero, de Roberto della Rocca, onde se encontram alguns trechos de homilias e/ou intervenções. Estes escritos inéditos poderão comprovar o quanto se disse na biografia e ao mesmo tempo permitem ler os textos do próprio, percebendo-se a sua sensibilidade e o amor a Jesus Cristo e à Igreja, no compromisso pelos outros, rementendo-nos para o capítulo 25 de São Mateus: o que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequeninos a Mim o fazeis!

05.11.15

Leituras: ROBERTO ROCCA - OSCAR ROMERO. A biografia

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ROBERTO MOROZZO DELLA ROCCA (2015). Oscar Romero. A biografia. Braga: Editorial A.O., 232 páginas.

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       No dia 3 de fevereiro de 2015, o Papa Francisco aprovou o decreto de beatificação D. Óscar Romero (1917-1980). Alguns dias depois, a 23 de maio de 2015, na Praça do Divino Salvador do Mundo, em São Salvador, foi proclamado Beato, em celebração presidida pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

       D. Óscar Romero nasceu a 15 de agosto de 1917, na Cidade de Barrios. Aos 13 anos entrou no Seminário. Foi ordenado sacerdote a 4 de abril de 1942, em Roma, onde se encontrava a efetuar estudos na Universidade Gregoriana. A estadia em Roma moldou o amor ao Papa, a fidelidade à Igreja, a devoção a São Pedro e a São Paulo. Em plena Segunda Guerra Mundial, Romero saiu de Roma para voltar a Salvador, fixando-se em São Miguel como pároco e logo como secretário do Bispo local. Segundo o biógrafo, Romero era amado e respeitado, pois conhecia e interpretava o sentir do povo. Alguns acusavam-no de comunismo. Por inveja. Romero não fugia aos conflitos. Não gostava da controvérsia, mas acabava por ser um jornalista combativo e polémico, não deixando de criticar abertamente o comunismo que procurava "desenraizar do homem qualquer sentimento religioso". Procurava a sintonia ao Papa, nomeadamente a João XXIII, colocando-se numa atitude de diálogo prudente e sincero para construir o mundo comum a todos. Também o estado liberal é criticável, tal como a influência maçónica.

       Em 1964, Romero foi acusado de ingerência em questões políticas e ameaçado com o tribunal.

       Em 1965, Romero era o padre mais ativo, mais culto, mais prestigiado de São Miguel. Tinha boas relações com o núncio apostólico, mas as relações com o clero não eram as melhores. Foi nomeado um Bispo auxiliar, norte-americano, quatro anos mais novo que Romero.

       Em 8 de junho de 1967 é nomeado como Secretário da Conferência Episcopal de El Salvador (CEDES). A notícia espalhou-se na diocese de São Miguel que protestou junto do núncio para que Romero regressasse. A gente simples estava com Romero. Romero convidou os diocesanos de São Miguel à obediência ao Bispo titular. Como secretário da CEDES, aproximou-se de Monsenhor Chávez, Arcebispo de São Salvador, que lhe pedia trabalhos pastorais na arquidiocese. A partir de maio de 1968, tornou-se secretário da SEDAC (Secretariado Episcopal da América Latina).

       Em 1970, foi sagrado Bispo. Tinha 53 anos. Em 15 de outubro de 1974, torna-se Bispo de Santiago de Maria.

       Fiel ao magistério (sobretudo) papal, tinha palavras duras para os teólogos da libertação, que não compreendiam que a verdadeira libertação era do pecado, vinha da cruz de Jesus e não apenas da militância política. Sintonizava com o Bispo Eduardo Pironio, sublinhando que este expressava com sabedoria e equilíbrio a teologia da libertação, e que sobressaia pela humildade, cultura e humildade.

       Em 3 de fevereiro de 1977 foi escolhido para Arcebispo de São Salvador, assumindo a Arquidiocese a 22 de fevereiro.

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       Não teve tempo para descansar na missão que assumia. Depois de várias tomadas de posição, conjuntamente com outros Bispos, e com o pulsar da Igreja, mostrando como a repressão não era a solução, mas a justiça social, a partilha, a atenção aos pobres, a distribuição da riqueza, em 10 de março de 1977, foi assassinado o padre Rutilio Grande, juntamente com ele, dois camponeses, um idoso e um rapaz. D. Óscar Romero, muito amigo de Rutilio, ficou muito perturbado. Foi a partir de então que se dá o que o inimigos ou oportunistas chamam de "conversão", mas que o próprio refere como "Fortaleza", dom do Espírito Santo.

       A intervenção de D. Romero será mais concreta, permanente, do púlpito, pela rádio, pela impressa da Arquidiocese, me reuniões oficiais e privadas, intervindo a libertar sacerdotes ou famílias, distanciando-se e a Igreja de qualquer ideologia ou compromisso político, A Igreja defende o bem, venha de onde vier e condena o mal, seja da esquerda seja da direita. Ao longo do seu magistério, na Arquidiocese e em todo o país, a Igreja é perseguida, sacerdotes e agentes da pastoral, presos, torturados, mortos e, os estrangeiros, expulsos.

       Em relação à Teologia da Libertação, alerta para o risco de se tornar uma vertente do marxismo, fixando-se apenas na vertente temporal. Oscar Romero perfilha a opção preferencial pelos mais pobres, mas sempre em lógica de libertação integral, na abertura ao transcendente. Não se podem mudar as estruturas sem a conversão, sem mudar os corações. Prefere a Teologia da Salvação. Cristo, pela Sua cruz, redime o homem todo. Ligação permanente ao Evangelho, ao magistério dos Papas, às conferências de Medellin e Puebla. De algum modo, Romero antecipa aquela que será a posição da Santa Sé, nomeadamente da Congregação da Doutrina da Fé, presidida pelo então Cardeal Ratzinger: a opção preferencial pelos mais pobres é cristológica. Cristo veio para libertar o Homem todo: o que fizerdes ao mais pequenino dos irmãos a Mim o fazeis. Romero não se opõe à Teologia da Libertação, mas purifica-a com a cristologia. Só há libertação autêntica com a cruz redentora de Jesus Cristo. | Em relação à Teologia da Libertação vale a pena ler o que escreveu sobre Romero aquele que é considerado o Pai da Teologia da Libertação, Gustavo Gutiérrez: ROMERO, o BISPO QUE MORREU PELO POVO. Poderia sublinhar-se que a acentuação de Romero acerca da Teologia da Libertação se enquadra nas reflexões de Gustavo Gutiérrez.

       As relações com a Santa Sé também não foram fáceis, sobretudo quando intermediadas com os núncios ou com enviados papais. Os encontros com o Papa Paulo VI e com João Paulo II transmitiram-lhe confiança, solidariedade, coragem para combater as injustiças, anunciar o Evangelho, testemunhar pelo serviço e pelo compromisso com os mais pobres.

       As ameaças foram aumentando de tom, como os atentados contra a Igreja. Ora a esquerda ora a direita. Qualquer intervenção de D. Romero tinha uma leitura "política", ainda que ele sublinhasse a equidistância do Evangelho e da fé em relação a qualquer facção. A Igreja seria uma terceira via.

       Outros dos aspetos vincados, é a inveja, o ódio, vindo de dentro, dos seus colegas de episcopado, mormente do Bispo Auxiliar, que faziam queixas ao núncio ou à Congregação dos Bispos. A sua ascensão a Arcebispo de São Salvador não agradou a muitos, mais velhos, com pretensões a tão elevada dignidade, mas também o sucesso que Romero tinha nas suas intervenções que era lidas e/ou ouvidas, comentadas e seguidas pelo clero de outras dioceses. Onde chegavam era cercado por crentes e pelos jornalistas. Foram várias as tentativas para o depôr. O autor sugere que a sua morte foi precipitada aquando da certeza que não seria substituído. A única forma de o calar foi matá-lo.

       Ainda lhe sugeriram seguranças, ou a retirada, por exemplo, para Roma. A decisão foi a fé, o testemunho. Se os cristãos de São Salvador não têm proteção também o seu Bispo não a pode ter. Se os cristãos são mortos sem razão, o Pastor tem que se manter no seu posto, testemunhando a fé, dando coragem a todos. "Seria um contratestemunho pastoral se pudesse mover-me seguro, enquanto o meu povo vive no perigo... o meu dever obriga-me a andar com o meu povo; não seria justo dar um testemunho de medo. Se a morte vier, será o momento de morrer como Deus quis".

       É assassinado por um profissional, com um só disparo, uma bala de fragmentação no peito, a 24 de março de 1980, enquanto celebrava Missa. Tinha 62 anos de idade. O funeral foi a 30 de março, Domingo de Ramos, na Plaza de Barrios e não chegou ao fim. Uma explosão colocou em perigo uma imensa multidão, cujo pânico provocou dezenas de mortes.

       Foi uma morte por ódio à fé. E essa é a razão para ser reconhecido como mártir pelo Papa Francisco. Porquê uma demora tão grande? Explica Bento XVI: "Monsenhor Romero foi certamente um grande testemunho da fé, um homem de grande virtude cristã que se empenhou pela paz e contra a ditadura e que foi morto durante a celebração da Missa. Portanto, uma morte verdadeiramente credível, de testemunho de fé. Havia o problema de uma facção política o querer assumir como bandeira, como figura emblemática, injustamente. Como fazer vir à luz verdadeiramente a sua figura, purificando-a destas tentativas de instrumentalização? Este é o problema. Não duvido que a sua pessoa merece a beatificação" (9 de maio de 2007). Bento XVI reavivou o processo que conduziu à beatificação de D. Óscar Romero.

28.02.14

GOMES MACHADO. Edith Stein: Pedagoga e Mística.

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António José GOMES MACHADO. Edith Stein: Pedagoga e Mística. Editorial A.O., Braga 2008, 304 páginas.

       António José Gomes Machado dá à estampa este livro correspondente à dissertação de Mestrado em Ciências Religiosas, sobre Edith Stein que viria a converter-se em Teresa Benedita da Cruz. Nasceu em Breslau, na Alemanha, em 12 de outubro de 1981. Este dia coincidia com o Dia do Perdão, para os judeus, uma das festas judaicas mais significativas.

       Como é sabido, o século XX é marcado pelas duas grandes guerras e também Edith Stein, como judia e como alemã, estará no centro destes dois conflitos. Na primeira, voluntariando-se como enfermeira para ajudar os muitos feridos que chegavam aos hospitais. Na segunda, como vítima da perseguição nazi. Pelo meio fica uma história de procura, de descoberta, de encontro, de conversão, de luta, de persistência.

       A sua família é judia. As festas principais são oportunidades para a família estar mais ligada ao povo da primeira Aliança, promovendo ritos, tradições, costumes. Cedo verificará que a vida não é consequente com a fé professada e celebrada, sendo que as festas judaicas se tornam sobretudo encontro com a família mas não tendo uma tradução prática na vida quotidiana. Por volta dos 14/15 anos chega assaltam em definitivo as dúvidas e a busca pela verdade, por um sentido mais pleno para a vida. Deixa a escola e passa por um tempo em que se mistura o agnosticismo, o indiferentismo religioso, e até o ateísmo, mas sem uma clara animosidade em relação à religião judaica ou outra.

       Como nos mostra o autor, a sua busca levá-la-á a Santa Teresa de Ávila (Teresa de Jesus), a mística que renovou o Carmelo. Nunca deixando de procurar um sentido para a vida, a verdade, Edith Stein volta a estudar, entra em contacto com o pai da Fenomenologia, tornando-se sua discípula, mas não se fixando aí. Contacta com outros filósofos como Max Scheler, católico. Lê a autobiografia de Santa Teresa de Jesus e dá-se o clique: é esta a verdade. A partir de então, embora continuando a investigar, a dar aulas, explicações, na área da educação e da pedagogia, procura assumir a conversão, compra o Catecismo da Igreja Católica e um Missal, pede a um sacerdote para ser batizada e torna-se católica. A sua busca continuará sempre. As suas investigações terão um ponto de apoio, Jesus Cristo, o Messias anunciando pela Sagrada Escritura, esperado pelos judeus, e que ela descobre em Jesus. Concorre para uma cátedra na universidade mas, por ser mulher, é impedida. Então resolve seguir em definitivo a sua vocação, torna-se religiosa, procurando imitar Santa Teresa de Jesus.

       Entramos na segunda guerra mundial. As religiosas acham por bem que se mude para a Holanda, para outro Carmelo. Os Bispos holandeses acharam por bem emitir uma Carta Pastoral denunciando as atrocidades cometidas pelos nazis. Esta carta foi lida em 24 de julho de 1942 em todas as Igrejas católicas da Holanda. Como resposta, os representantes do Reich ordenaram a deportação de todos os judeus católicos, arrancando-os dos conventos. Também Edith foi detida a 2 de agosto de 1942, juntamente com a irmã Rosa Stein. Passaram por alguns campos de concentração, até que no dia 7 de agosto foram deportadas para o mais famoso campo de extermínio Auschwitz-Birkenau, onde chegara no dia nove do mesmo mês. Nesse dia, as que chegaram nesta leva, foram conduzidas para uma câmara de gás para serem mortas. Durante a noite os seus corpos foram queimados.

       O livro apresenta os dados biográficos de Santa Teresa Benedita da Cruz, mas também os frutos da sua investigação acerca da educação e da pedagogia, sendo que ela própria procurar colocar em prática o que ensinava.

       É uma leitura que permite conhecer melhor a co-padroeira da Europa (ao lado de Santa Brígida da Suécia e Santa Catarina de Sena), com muitos textos da própria Edith Stein. O livro é um extraordinário testemunho de vida, na procura permanente pela verdade, pelo bem, por um sentido para a vida.

24.06.12

E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel

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       1 – "Entre os nascidos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista; e, no entanto, o mais pequeno no Reino do Céu é maior do que ele" (Mt 11, 11). O testemunho dado por Jesus acerca de seu primo João é por demais luminoso. Jesus reconhece e sanciona a vida e a missão de João Batista, apontando-o como referência. Por outro lado, um desafio incontornável: cada um de nós poderá superar o Precursor. Ele vem e está antes de Jesus. Nós somos batizados num batismo de fogo, na água e no Espírito Santo, configurados ao próprio Corpo de Cristo que é a Igreja.

       Fixemo-nos por ora em João Batista, a cujo nome se fixa a missão. Ele é o Batista. Não é a luz, mas vem guiar para a luz, vem "amaciar" o caminho, mergulhando-nos no arrependimento e na disponibilidade para nos convertermos de todo o coração.

 

       2 – São João Batista é primo de Jesus e nasce cerca de seis meses antes. O seu nascimento dá-se envolto em mistério. É uma esperança para Israel e para a humanidade inteira. Os seus pais, Isabel e Zacarias, eram já de idade avançada. Mas por graça e benevolência de Deus, geraram na velhice. É gerado para além da idade biológica. Os seus pais já passaram a idade fértil. Ou talvez não! Há sempre tempo para nos tornarmos férteis e gerarmos a vida em abundância que nos vem de Deus. 

       Para lá do tempo, anuncia-se um tempo novo, de graça e salvação, de conversão. O seu nascimento é sinal de que se aproximam os novos céus e nova terra. A promessa de Deus começa a cumprir-se. Como em límpida madrugada, em que já se insinua a claridade de um sol radiante, assim o Precursor nos coloca em espera próxima do Messias de Deus.

       João é abençoado desde o seio materno. A ele se adequam as palavras do profeta Isaías:

"O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome desde o seio de minha mãe. Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão. Tornou-me semelhante a uma seta aguçada, guardou-me na sua aljava" (primeira leitura).

       Tal como de Jesus, pouco mais se sabe da vida de João Baptista até à idade adulta. São Lucas refere que o menino crescia em robustez, e que se manteve no deserto até ao dia da sua apresentação a Israel:

"A mão do Senhor estava com ele. O menino ia crescendo e o seu espírito fortalecia-se. E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel".

 

       3 – As referências à sua missão e ao seu caráter estão amplamente relatadas nos evangelhos e em outros escritos do Novo Testamento. É descrito como um homem rígido, frontal, destemido, coerente, usando uma linguagem ríspida, apocalíptica, ameaçadora, como uma espada bem afiada que corta tudo onde toca.

       Usava trajes simples e pobres, alimentava-se frugalmente, dedicava-se à pregação e ao batismo de penitência. Alguns julgaram-no o Messias esperado, mas a todos foi respondendo que estava para chegar Alguém maior: "Prestes a terminar a sua carreira, João dizia: «Eu não sou quem julgais; mas depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés»" (segunda leitura). Desta forma, afirma-se pela humildade e pelo despojamento. Poderia canalizar o sucesso que granjeou em seu benefício pessoal. Mas não o faz. Aponta para diante. Para Outro.

       Vai para as margens, para fora da tenda de Israel, para o deserto e a partir daí retoma a caminhada para a terra prometida, a partir do exterior, vislumbrando a Promessa que se vai cumprir no Messias. Obriga as populações a saírem do seu espaço de conforto. As suas palavras desinstalam, provocam, dividem, geram conflito ou pelo menos incómodo. Não contemporiza. Não se lhe augura nada de bom!

       Denuncia injustiças, nomeadamente daqueles que estavam no poder. Herodes manda prendê-lo, mas João não deixa de o criticar. Herodes vivia com a mulher do seu irmão Filipe, Herodíades. Esta pedirá a cabeça de João. E assim ele morrerá decapitado. A persistência na denúncia custa-lhe a vida.

 

       4 – Há ainda outras facetas na vida de João Batista. Salientaríamos a ALEGRIA que leva ao testemunho. Um homem que se torna demasiado sério e virulento, mas cuja fonte é Jesus Cristo e a verdade. Já no seio materno, o Precursor transparece ALEGRIA no encontro com Jesus. "Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio" (Lc 1, 44).

       É Isabel, sua mãe, que expressa o júbilo daquele primeiro encontro, intrauterino, como que a dizer que mesmo no seio materno Jesus e João fazem acontecer o mistério de Deus no mundo. Ventres abençoados pelo Amor de Deus que neles opera e realiza maravilha em favor de todo o povo. 

       Um dia será o próprio João Batista a dar testemunho de Jesus num encontro carregado de simbolismo e iluminado com a presença amorosa de Deus, pelo mesmo Espírito de Amor:

«Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É Aquele de quem eu disse: ‘Depois de mim vem um homem que me passou à frente, porque existia antes de mim.’… Vi o Espírito que descia do céu como uma pomba e permanecia sobre Ele… Pois bem: eu vi e dou testemunho de que este é o Filho de Deus» (Jo 1, 19-34).

       Destarte, a passagem de testemunho, a missão de João Batista logo dará lugar à missão de Jesus Cristo.

 

       5 – O nascimento é uma promessa que transborda de alegria e de esperança. João Batista cumpre a sua vida e coroa-a como oblação. Jesus, por sua vez, na prossecução da vontade de Deus Pai, leva a Sua vida, como oferta, até ao fim. O nascimento abre-nos um mundo de possibilidades. Poderemos inserir-nos no Reino de Deus, para nos tornamos grandes aos olhos de Deus Pai, uma vez que já o somos pelo batismo, cabe-nos “gastar” a vida em lógica de oblação, de entrega, semeando a verdade e o bem, alimentando-nos do Espírito de Deus e produzindo n’Ele frutos de santidade, pela caridade e pelo compromisso com as pessoas que Ele colocou para caminharem connosco.

 


Textos para a Eucaristia: Is 49,1-6; Atos 13,22-26; Lc 1,57-66.80. 

 

Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço

29.03.11

Shahbaz Bhatti - mártir cristão deste mês

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       "Shahbaz Bhatti (9 Setembro 1968 – 2 Março 2011) foi um político paquistanês e membro eleito da Assembleia Nacional desde 2008. Foi o primeiro Ministro Federal para as Minorias até ao seu assassinato em 2 de Março de 2011 em Islamabas.
       Bhatti, era Católico e um destemido crítico da lei da blasfémia em vigor no Paquistão e o único cristão no gabinete ministerial
       Tehrik-i-Taliban do Paquistão reclamaram responsabilidade pelo assassinato e acusaram de blasfémia conta Maomé"
Para ler o texto clique sobre a palavra Fullscreen:

Fonte: O POVO.

15.09.10

Novena de Santa Eufémia: nono dia

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       O nono e último dia da novena de preparação para a festa/romaria de Santa Eufémia, coincide com a memória de Nossa Senhora das Dores. Se Nossa Senhora esteve sujeita a diversas DORES por amor a Jesus Cristo, também a vida de Santa Eufémia é marcada pela dor e sofrimento, por ver os cristãos a serem torturados e mortos, sendo também ela sujeita a diversos tipos de tortura e ao martírio.

Para aprofundar a reflexão deste dia:

14.09.10

Novena de Santa Eufémia: oitavo dia

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       Celebramos hoje a Festa da Exaltação da Santa Cruz, acentuando a nossa identidade cristã. A CRUZ é património indispensável na vida do cristão e da Igreja. Não há Igreja e não há cristãos sem a CRUZ de Jesus. É na CRUZ que Jesus nos salva, é a Cruz que nos traz a plenitude do AMOR. É pela CRUZ que chegamos à RESSURREIÇÃO.

       Santa Eufémia não rejeita a CRUZ de Jesus. Pelo contrário, também ela carrega a sua cruz por amor a Jesus. A relfexão de hoje tem necessariamente de se debruçar sobre os sofrimentos de Santa Eufémia, como assunção da Cruz de Jesus:

13.09.10

Novena de Santa Eufémia: sétimo dia

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       Aproxima-se rapidamente do dia da festa e romaria de Santa Eufémia. Porquanto, vivemos este riquíssimo tempo de retiro aberto, uma novena de oração, de encontro, de reflexão. O tema que propomos está relacionado com os leões na vida de Santa Eufémia, ligado à passgem de Daniel na cova dos leões e o seu louvor a Deus e a toda a criação.

       Veja os itens de reflexão para este dia:

12.09.10

Novena de Santa Eufémia: sexto dia

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       Neste Domingo, em que a Liturgia da Palavra nos fala da misericórdia de Deus para connosco, expressar brilhantemente na parábola do Filho Pródigo, o sexto dia de novena em honra de Santa Eufémia, fala da alegria, da alegria de quem ama, que não teme entregar-se alegremente pela pessoa amada: Jesus Cristo.

       Para reflexão, clique nos dois itens seguintes:

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Profissão de Fé 2013

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