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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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25.08.16

VL – A luz que encadeia também ilumina,

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       Os tempos conturbados, sob ameaça constante do terrorismo, não trazem originalidade, a não ser pela extensão, pela globalização rápida da violência, pela generalização e visualização das agressões, das mortes… há desculpas e justificações que se repetem e há fundamentalismos que não olham a meios.
       O terrorismo é surpreendente. Atualmente é levado a cabo sem precisar de muita organização ou preparação. Acontece em qualquer lugar, a qualquer hora, sem qualquer suspeita. O vizinho do lado. Um membro da família. Alguém que frequenta os mesmos espaços culturais, sociais e lúdicos.
       Violência sempre existiu. Houve momentos na história em que as trevas fizeram perigar a luz e a esperança. Numa guerra convencional há algumas regras. Só se atacam os exércitos ou locais de armamento. Civis, mulheres, crianças são para proteger. Sabe-se quem são os beligerantes. O terrorismo não respeita ninguém, nenhuma regra, nenhuma conduta, nenhuma trégua.
       A desculpa da religião existiu no passado, por exemplo, nas Cruzadas, levadas a cabo pelos países católicos para “evangelizar” os países muçulmanos; a caça às bruxas nos países evangélico-protestantes. A luz que se queria impor afinal eram trevas que impediam a verdadeira luz, inclusiva, promotora da verdade, da paz, da justiça, do respeito pelos outros, pela sua cultura e pela sua idiossincrasia e bem longe da postura de Jesus.
        O Papa Francisco, por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude, voltou a insistir que as religiões promovem a vida, a paz e concórdia. Há grupos fundamentalistas islâmicos, como há grupos católicos fundamentalistas. Há que procurar a paz. Lutar pela justiça. Usar de misericórdia.
       A violência confunde. A ameaça constante traz insegurança e incerteza.
        A Europa continua a dizer-se cristã. Já pouco. Os símbolos cristãos foram escondidos, privatizados, disfarçados e assim muitas manifestações culturais que pudessem beber na fé, na religião, no evangelho. Deus morreu com Nietzsche, mas também com muitos líderes políticos, sendo substituído pelo relativismo, pela indiferença, pela igualdade de ideologias, de géneros, de religiões… uma mixórdia onde vale tudo. A Europa (e o Ocidente), cada vez menos cristã, foi uma civilização inclusiva, com muitos pecados ao longo dos tempos, mas que promoveu a inculturação. Hoje, em qualquer cidade, por mais pequena que seja, há pessoas de várias cores, religiões, etnias…
       É sempre necessário a vigilância e o cuidado para que prevaleça a vida, a verdade, a solidariedade, a inclusão de todos e especialmente dos mais frágeis. O medo que se está a implantar é contrário a uma civilização integradora, capaz de respeitar e até promover as diferenças, sem as anular ou esquecer.
 
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4375, de 9 de agosto de 2016

25.08.16

VL – A luz que ilumina também encandeia

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       “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de som­bras, mas uma luz brilhou sobre eles” (Is 9, 1). Este texto do profeta Isaías é lido e relido no Natal, sublinhando que Jesus é essa LUZ: “O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina... E a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam” (Jo 1, 4-5.9). Jesus é Luz que ilumina todo o homem! Logo acrescenta São João: nem todos se abrem à Luz verdadeira.
       Jesus vem libertar-nos de toda a espécie de escravidão, das superstições, do medo em relação às forças da natureza e a um Deus-Juiz iníquo, pondo a descoberto também aqueles que em nome da política ou da religião usurpam o lugar de Deus e espezinham aqueles que deveriam ajudar e servir.
       Jesus traz esperança. Devolve a dignidade às pessoas. Dá coragem aos mais frágeis para não desistirem dos seus sonhos e lutarem pelos seus direitos. O obstáculo nunca poderá ser Deus, que é Pai. Deus não pode ser nem desculpa nem justificação para amordaçar, para controlar, para subjugar, para agredir, para matar. Jesus leva até ao fim este propósito. Morre por amor, para nos libertar, para nos devolver por inteiro à nossa filiação divina, com a força de nos irmanar.
       O mundo ocidental levou tempo a assimilar esta mensagem libertadora e luminosa. A cristandade viveu momentos de trevas, de preconceito, sob ameaças do inferno. Contudo, a revolução francesa como a globalização cultural, as democracias modernas como a luta pela igualdade entre os géneros foram possíveis num mundo amplamente cristianizado.
       Hoje convivem no mundo judaico-cristão pessoas de todas as cores, raças, culturas, religiões. Verificou-se, porém, que o chão que se tinha como cristão permitiu duas guerras mundiais, a crise económico-financeira, que tem sacrificado milhões de pessoas, a crise dos refugiados, os atos terroristas. Não a LUZ mas as trevas. A luz não leva ao mal, mas o mal pode querer de regresso as trevas, a desconfiança, o medo, o preconceito. É um medo que se espalha pela violência gratuita perpetrada por interesses encapotados, como sublinhou o Papa Francisco, a caminho das Jornadas Mundiais da Juventude, na Polónia: encontramo-nos em guerra, mas não de religiões, mas de interesses estranhos e egoístas.
       O mal não vem da LUZ. Esta pode erradicar as trevas. Todavia, pode encandear aqueles que vivem nas trevas. As obras das trevas desejam trevas.
 
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4374, de 2 de agosto de 2016

16.08.15

Franca Zambonini: MADRE TERESA, a mística dos últimos

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FRANCA ZAMBONINI (2005). Madre Teresa. A mística dos últimos. Prior Velho: Paulinas Editora. 176 páginas.

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       Há muita bibliografia sobre a Madre Teresa de Calcutá, a Mãe dos pobres, a pequena freira que se dedicou aos mais pobres dos pobres. Neste biografia, de Zambonini, ressalva-se o essencial da vocação, da vida, da obra de Madre Teresa, bem assim como das Missionárias da Caridade que ela fundou e que estão espalhadas um pouco por todo o mundo. A escolha pelas mais pobres, pois em cada um deles está impresso o rosto de Jesus Cristo.

       Tocar as feridas de um leproso, recolher um moribundo, acolher uma criança abandonada, adotar uma criança que estava para ser descartada antes de nascer, ir pelas ruas pedir esmola para alimentar os famintos, instruir as crianças, apoiar os mas desfavorecidos... como refere muitas vezes a Madre Teresa, é tocar as feridas de Cristo, acolhê-l'O, cuidar d'Ele, "Isto Me fizeste a Mim" (expressão adaptada do inglês para português: cada palavra corresponde a um dedo da mão). É a expressão do juízo final, o que fizeste ao mais pequeno dos meus irmãos a Mim o fizeste. Tem a ver com as obras de misericórdia. Sublinhe-se, como se pode ver no livro, que as Missionárias da Caridade têm casas abertas em muitos países ocidentais, onde a maior pobreza e mais difícil de atender é mesmo a pobreza da solidão, da perda de sentido de Deus, de abertura aos outros e à vida.

       Madre Teresa nasceu a 26 de agosto de 1910 - embora ela refira o dia 27, dia do seu batismo, como o dia do seu nascimento - em Skopje, na Albânia. O nome de batismo é Agnes (Inês) Ganxhe Bojaxhui. Com 18 anos vai para a Irlanda, onde se torna irmã de Loreto, cuja Ordem envia missionárias sobretudo para a Índia. Em 1928 vai finalmente para a Índia, com a missão, como as companheiras, de ensinar (geografia e religião) no colégio de St. Mary, em Entally, Calcutá, de que se tornará Diretora.

       Em 1946, sente a "vocação dentro da vocação", para sair ao encontro dos mais pobres dos pobres daqueles que ninguém quer. Cerca de 2 anos depois solicita ao Vaticano a autorização para deixar a Ordem de Loreto e fundar uma nova Congregação. A partir daqui nunca mais descansará no serviço diário de ajuda aos mais pobres. Pouco a pouco engrossa o números das irmãs que se querem dedicar como ela aos mais pequeninos. vai abrindo casas, primeiro na Índia mas logo em outros países. É um trabalho árduo. Pelo menos 12 horas dedicadas a serviço dos outros, percorrendo as ruas de Calcutá, batendo a muitas portas, autoridades, hospitais, recolhendo as pessoas encontradas abandonadas para morrer. Mais 2 horas de oração, indispensável ao trabalho prático. As Missionárias da Caridade têm também um ramo contemplativo. A Irmã Nirmala, que viria a ser a Sucessora de Madre Teresa à frente da Congregação, ficou responsável por abrir a casa das Missionárias da Caridade, no ramo da Contemplação, em Nova Iorque, invertendo as horas, 12 horas para a oração, duas horas para o serviço aos outros, indicando desta forma que a contemplação leva ao serviço, o serviço leva à oração.

       Pelo caminho a Madre Teresa é reconhecida pelo seu trabalho, nomeadamente sendo-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz e, na Índia, tendo direito a funeral de Estado. Morreu a 5 de setembro de 1997. Continua a inspirar cristãos e não cristãos em todo o mundo. Marcou a Índia, o mundo e a Igreja, com a sua vontade férrea de chegar aos mais desfavorecidos.

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       Como a própria referia, não se podem resolver todos os problemas do mundo, comecemos por resolver o que está à nossa frente. Mesmo que sejamos como uma gota de água, mas ainda ainda o oceano ficará incompleto sem essa gota. Começar por nós, amar os de nossa casa. É sempre mais fácil amar e cuidar daqueles que não conhecemos. É imperativo que amemos os que estão perto de nós.

       Este livro é uma biografia, mas é sobretudo um testemunho de vida. A autora conviveu em diferentes ocasiões com Madre Teresa, entrevistando-a e acompanhando-a em viagens, e beneficiando de gestos concretos que demonstram a postura de Madre Teresa de Calcutá.

29.03.14

Os que não veem ficarão a ver

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       1 –  Jesus é a ÁGUA VIVA, que sacia a nossa busca de sentido (3.º Domingo da Quaresma). É a LUZ que ilumina o nosso peregrinar, o bom PASTOR que nos conduz às águas calmas, a pastagens verdejantes (Sl); destrói a nossa cegueira (Evangelho), desperta o nosso coração para reconhecermos os outros como irmãos. É a RESSURREIÇÃO e a VIDA. Faz-nos passar da morte à vida, ressuscitando-nos com o Seu amor e com a Sua entrega (próximos Domingos).

       2 – A palavra de Deus proposta para este 4.º Domingo da Quaresma – Laetare – incentiva a ver além das aparências (1.ª Leitura), a iluminar a nossa visão com a luz da fé, para dessa forma abandonarmos as trevas e as obras do mal (2.ª Leitura), vendo a vida e os outros com o olhar de Jesus, Ele ajuda-nos a ver com amor e bondade (Evangelho), levando-nos pela mão, como o Pastor (Salmo).

 

       3 – Samuel é enviado a Belém, para ungir um descendente de Jessé. Ele será o novo Rei de Israel. O profeta deixa-se levar pelas aparências e de cada vez que um dos filhos de Jessé lhe é apresentado ele tem a certeza que será o escolhido de Deus. Samuel repara na beleza, na estatura, na robustez, ou seja, nos aspetos que são visíveis ao primeiro olhar. O escolhido de Deus não está visível, é aquele que não faz parte da contagem, um simples pastor, insignificante, criança ainda, franzino, no qual não se divisa futuro. «Deus não vê como o homem; o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração».

       Chegada a plenitude dos tempos, Jesus será o novo David, o verdadeiro Pastor de Israel, cuja fragilidade será a salvação da humanidade inteira. Julgar-nos-á pelo amor!

       4 – Com a Sua morte e ressurreição, Jesus introduz-nos numa nova criação. Pela água e pelo Espírito Santo passamos da morte à vida, das trevas à luz. Se somos filhos da luz e do dia, pratiquemos o que é justo e agradável ao Senhor do dia e da noite. O nosso compromisso com os outros tem a sua origem na gratuidade do amor de Deus.

       "Outrora vós éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz, porque o fruto da luz é a bondade, a justiça e a verdade. Procurai sempre o que mais agrada ao Senhor. Não tomeis parte nas obras das trevas, que nada trazem de bom... «Desperta, tu que dormes; levanta-te do meio dos mortos e Cristo brilhará sobre ti».

       5 – No encontro de hoje, Jesus faz-Se caminho e luz para aquele cego de nascença. Adentra-se na sua vida. A Sua mensagem não é um discurso genérico à humanidade, é um encontro com pessoas concretas, de carne e osso, materializa-se em gestos de bondade e misericórdia. A Encarnação "localiza" o amor de Deus num tempo e num lugar.

       Com a cura do cego de nascença, Jesus mostra também que a Sua missão é devolver-nos a vista, libertando-nos das cadeias injustas, das trevas que dificultam a nossa relação com os outros.

       Pelo caminho, exige-se a nossa cooperação. Não somos marionetas nas mãos de Deus. Ele cria-nos livres para amar. Liberta-nos pela verdade e pela doação da Sua própria vida. O Seu amor desafia sem forçar. Será sempre uma proposta de vida nova.

       É no mundo que encontramos, pelo Espírito Santo, a redenção de Cristo. Ele utiliza ferramentas que estão no mundo. Com efeito, Jesus "cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego". Vem depois a proposta para ficar curado: «Vai lavar-te à piscina de Siloé». Ele fez como Jesus lhe ordenou, lavou-se e ficou a ver. Purificados na água e no Espírito também nós ficamos a ver...

       Mais cego é quem não quer ver. Neste ditado popular encontrámos a resistência à Palavra de Deus por parte dos fariseus de ontem e de hoje. A salvação é colocada ao nosso alcance por Jesus, mas por vezes ainda arranjamos umas desculpas para não ver, para não fazer, para não nos comprometermos.


Textos para a Eucaristia (ano A): 1 Sam 16, 1-13; Sl 22 (23); Ef 5, 8-14; Jo 9, 1-41.

 

08.02.14

Vós sois o sal da terra, a luz do mundo...

mpgpadre

       1 – Disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há de salgar-se? Vós sois a luz do mundo. Não se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».

       2 – Vós sois para o mundo o que o sal é na comida: tempero, sabor, sentido. Sois no mundo o que a luz é no meio das trevas: caminho, orientação, transparência.

       Já todos fomos surpreendidos, em alguma ocasião, por uma refeição insossa. Curiosamente, a sabor está nos alimentos, na carne, no peixe, na hortaliça, nas batatas, no arroz, nos ovos. O sal permite-nos apreciar as diferentes dietas alimentares. Se falta sal nada sabe bem.

       Habituados que estamos à eletricidade, quando falha logo ficamos desnorteados e procuramos resolver o problema com uma vela, uma lanterna, com a luz do telemóvel,  com o medo de chocar contra algum objeto. É um transtorno.

       Mas basta um lampejo de claridade e já nos orientamos. E se cada um de nós for essa pequena luz para os outros? E se juntarmos a nossa à luz do vizinho?

        3 – E como ser luz e sal, que dá tempero e ilumina a vida, no nosso dia-a-dia?

       A belíssima página de Isaías mostra-nos o caminho, revelando-nos as palavras de Deus: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar... Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia».

       Na mesma sequência o salmista nos envolve na resposta à palavra de Deus: «O justo deixará memória eterna. O seu coração é inabalável, nada teme; reparte com largueza pelos pobres, a sua generosidade permanece para sempre e pode levantar a cabeça com altivez».

       Como sublinha Jesus no Evangelho: as vossas/nossas boas obras serão a luz que brilha diante dos homens e iluminam o mundo.

 

       4 – O cristianismo não é um exercício intelectual ou uma abstração. É uma realidade concreta, situada no tempo e no espaço. O ponto de partida e de chegada, o chão que nos ampara, é Deus e o Deus de Jesus Cristo. Deus connosco. Próximo, e que Se faz estrada e vem sujar as mãos na terra, envolvendo-se com a nossa fragilidade e finitude. Procura-nos.

       É isto mesmo que sublinha o apóstolo, que não se anuncia a si mesmo ou alguma doutrina especial, que não tenta iludir com bonitas palavras, mas apresenta Jesus Cristo: “Irmãos, pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado”.

       A fé une-nos uns aos outros e compromete-nos com o bem de todos. Não é possível, sob pena de nos tornarmos mentirosos, separar a fé das obras e da vida. A fé faz-nos olhar para Deus com amor. Se olhamos para Deus com Amor, acolhendo-O na nossa vida, não poderemos desprezar a vida dos nossos irmãos, que são ROSTO e PRESENÇA de Deus, aqui e agora (hic et nunc).


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 58, 7-10; Sl 111 (112); 1 Cor 2, 1-5; Mt 5, 13-16.

 

25.01.14

Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens

mpgpadre

       1 – «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus». Comum a João e a Jesus, o convite ao arrependimento, aderindo ao bem, à justiça e à verdade. A motivação maior é a proximidade do Reino de Deus. São Mateus mostra-nos esta continuidade entre a voz e a palavra, entre o Precursor e o Messias, entre o Batista e o Cristo, o Filho de Deus, mas também a rutura: Jesus é a Luz para as Nações.

       Mateus mostra-nos outra continuidade, Jesus é o Messias anunciado pelo profeta: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita… Vós quebrastes o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor”.

       Jesus, qual servo sofredor, impõe-se pela Palavra, pelo Amor, pela Bondade. Com Ele, a grande LUZ, o Céu desce à terra, Deus faz-Se tão frágil, que Se torna homem, um de nós, um dos nossos.

       2 – Veja-se, antes de mais, a delicadeza de Jesus. Inicia a vida pública, ou pelo menos, torna mais visível e intensa a sua atividade missionária a partir do momento em que João Batista foi preso. Não faz concorrência a João, nem ofusca o seu ministério, ainda que a consciência cada vez mais esclarecida de João apontem para Jesus.

       A continuidade discursiva (e prática) é evidente. A marca dos discípulos de João é a mesma dos de Jesus: conversão, adequação da própria vontade à vontade de Deus. Com Jesus vem a força do Espírito Santo que Ele dará a todo aquele que se predispuser a alargar o próprio coração para acolher Deus e se dar aos irmãos.

       De início Jesus faz-Se acompanhar mais de perto por alguns discípulos. Anuncia-se o Evangelho a pessoas concretas, ao Sr. António, à D. Maria que todos dias vejo à janela, ao Sr. Joaquim que me dá boleia para o trabalho, ao Luís que sempre me fala, ao tio Zé que fica feliz quando me vê e lhe pergunto se a esposa está melhor.

       Jesus cruza-se com pessoas de carne e osso e, sendo verdadeiramente Homem, precisa de outras mãos e de outros corações. Precisa de quem possa continuar o que Ele diz e faz. Chama Pedro, Tiago e João, André e Filipe, Mateus e Judas, Ana e Sofia, Ricardo e Maria, chama cada um de nós. Ouçamos o que diz, vejamos o que faz, para depois sermos nós evangelizadores, refletindo o Deus que nos habita.

       «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens». Eles foram. E nós, aceitamos o repto de Jesus? Pelo caminho, Jesus anuncia o Reino de Deus, cura as pessoas das suas enfermidades. As palavras concretizam-se em gestos concretos.

 

       3 – Para seguir Jesus há certamente muitas condições, o essencial, porém, é deixar-se plasmar e guiar pelo Espírito Santo. Não vamos sozinhos. Deus está connosco, através do Seu Espírito de Amor. Quando as trevas forem mais fortes, rezemos, voltemos a rezar, para que a Sua vontade se realize em nossas vidas.

       “O Senhor é minha luz e salvação: a quem hei de temer? O Senhor é protetor da minha vida: de quem hei de ter medo?”. Se Ele está por nós, quem estará contra nós?


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 8, 23b – 9, 3 ; Sl 26 (27); 1 Cor 1, 10-13.17; Mt 4, 12-23.

 

Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE.

11.07.13

Papa FRANCISCO - Carta Encíclica LUMEN FIDEI

mpgpadre

       Com a chancela do Vaticano, datada de 29 de junho de 2013, solenidade do martírio de São Pedro e São Paulo, a primeira Carta Encíclica, LUMEN FIDEI, do Sumo Pontífice FRANCISCO aos bispos, aos presbíteros e aos diáconos, às pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos sobre a FÉ.

       Como reconhece o Papa, esta é uma encíclica muito forte sobre a fé, a luz da fé, que brota do amor de Deus, que implica escuta do chamamento de Deus e da Sua Palavra, que Se revela ao longo da história e assume um ROSTO humano, Jesus Cristo... foi escrita a 4 mãos:

"Estas considerações sobre a fé — em continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta virtude teologal — pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança. Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De facto, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a «confirmar os irmãos » no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho" (LF 7).

       Esta é uma CARTA escrita com fé, com alma, de forma muito simples, acessível, procurando comunicar a FÉ em Cristo, vivida em Igreja, ao longo da história, com a memória que transmite a fé, mas que vem do futuro e que a todos nos atrai com a Sua luz, com o Seu amor.

       Curioso: se tentarmos ver que partes escreveu Bento XVI e o Papa Francisco, será muito difícil, ainda que possa haver algumas expressões características de um ou de outro, e que poderá ficar mais especialistas. É a primeira Encíclica do Papa Francisco, em que assume um esboço já muito avançado sobre a vivência da fé e da luz que esta irradia sobre a pessoa, sobre o mundo. Lendo, poderíamos dizer que Bento XVI a escreveu do início ao fim. Lendo-a, poderíamos dizer que é inteiramente de Francisco. Para quem lê ou escuta Bento XVI ou Francisco (também como Cardela Jorge Bergoglio), percebe-se, nos dois, uma grande força espiritual, uma linguagem muito simples, de fácil leitura, com exemplos que ajudam a perceber o que se quer transmitir, com poucas citações, a não ser as citações bíblicas, ainda assim com citações dos Padres da Igreja, mas também de intelectuais além da Igreja visível.

        Quatro partes - Acreditamos no amor (cf. Jo 4, 16); Se não acreditardes, não compreendeis (cf. Is 7, 9); Transmito-vos aquilo que recebi (cf 1 Cor 15, 3); Deus prepara para eles uma cidade (cf. Heb 11, 16). Nesta parte final, salienta-se o testemunho de fé de Nossa Senhora - Feliz daquela que acreditou (cf. Lc 1, 45).

"A fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho... o serviço da fé ao bem comum é sempre serviço de esperança que nos faz olhar em frente, sabendo que só a partir de Deus, do futuro que vem de Jesus ressuscitado, é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros. Neste sentido, a fé está unida à esperança, porque, embora a nossa morada aqui na terra se vá destruindo, há uma habitação eterna que Deus inaugurou em Cristo, no seu corpo (cf. 2 Cor 4, 16 - 5, 5). Assim o dinamismo de fé, esperança e caridade (cf. 1 Tes 1, 3; 1 Cor 13, 13) faz-nos abraçar as preocupações de todos os homens, no nosso caminho rumo àquela cidade, «cujo arquitecto é o próprio Deus» (Heb 11, 10), porque «a esperança não engana» (Rom 5, 5)".

       É um texto, para quem tem fé, para quem gosta de ler, para quem gosta de se enriquecer espiritualmente, um texto excelente. Como é possível que tamanha sabedoria se veja na maior das simplicidades? O grande faz-se pequeno. Deus Infinito assume a nossa finitude e fragilidade. Bento XVI e Francisco escrevem e falam como se estivessem olhos nos olhos diante de cada um de nós e com a clara preocupação de serem transparentes, compreensíveis, deixando que nas suas palavras muito humanas deixem que fale a Palavra de Deus.

       Já aqui trouxe muitas sugestões de livros ou textos. Eis uma CARTA que por nada perderia. Do princípio ao fim. No final bem que poderia ser assinada, não por Bento XVI ou Francisco, mas poderia ser assinada por Jesus, tanta é a luminosidade que transmite.

05.02.13

Festa da Apresentação de Jesus - Festa das Crianças

mpgpadre

       No passado dia 2 de fevereiro, tradicionalmente o Dia das Candeias, a Igreja celebra a festa da Apresentação de Jesus no Templo (mas algumas terras continuam a clebrar em honra de Nossa Senhora das Candeias).

       Como em outras paróquias, também na de Nossa Senhora da Conceição, oportunidade para envolver as ciranças da catequese, acentuando a LUZ, a BÊNÇÃO, as primícias. A clebração da Eucaristia iniciou com a bênção das velas, recordando o nosso batismo: à LUZ que é Cristo Jesus vamos buscar luz para as nossas vidas.

       O Evangelho (que disponibilizámos), foi encenado por crianças e adolescentes da catequese, e com um bébé. No momento de ação de graças, a bênção e distribuição do pão, símbolo da primícias da terra, como oferenda a Deus, pedindo que nos dê fartura de pão e sobretudo de sentido para a nossa vida. No final a bênção de todas as crianças da catequese, renovando o desafio da fé para nos tornarmos bênção uns para os outros.

       Para outras fotos visitar a página da Paróquia de Tabuaço no facebook.

30.08.12

O NEVOEIRO... em nossas vidas! E como sair... para a LUZ!

mpgpadre
       Hoje de manhã, quando saí de casa, estava nevoeiro e tive de ligar as luzes do carro para que os outros condutores me vissem, mas também para alumiar um pouco o meu caminho.
        Dei comigo a pensar que por vezes o nevoeiro é tão intenso, que precisamos adiar a viagem, e decidimos que mal o nevoeiro passe a continuaremos em segurança.
        Realmente, na vida do dia-a-dia da natureza, o nevoeiro não é coisa de muito tempo e passado uns minutos, umas horas, com a luz do Sol, acaba por levantar e permitir-nos uma visão mais nítida, a fim de podermos prosseguir a viagem
       É curioso, também, que às vezes nas nossas vidas se instala um “nevoeiro” que não nos deixa ver mais ao longe e às vezes até nos quer impedir de fazer a viagem da vida.
        Preferimos assim ficar sentados, prometendo que iniciaremos a viagem assim que o “nevoeiro” passar.
       Só que este “nevoeiro” da vida não desaparece com a luz do Sol, nem desaparece se nada fizermos para o combater.
        É preciso então, não esperar pela luz, mas sim procurar a Luz que possa iluminar o caminho das nossas vidas.
       E procurar essa Luz, é procurar a oração, é procurar a Confissão, é procurar a Comunhão, é procurar viver a vida de fé, com confiança e esperança, afastando então o “nevoeiro” das dúvidas e das dificuldades.
       Então, Aquele que é a Luz que nos ilumina, dá-nos a mão, “acende” os nossos “faróis” da fé, e assim podemos conduzir as nossas vidas com uma visão mais nítida do caminho a viver.
       E essa luz que Ele coloca em nós, (e que nos compete manter acesa com a Sua permanente presença em nós), serve também para avisar os outros do caminho que percorremos, iluminando também um pouco o caminho daqueles que quiserem ver e viver o Caminho que Ele, Jesus Cristo, é para todos nós.
 
Joaquim, in Que é a Verdade?

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