Se tivésseis fé como um grão de mostarda
1 – Os Apóstolos fazem um pedido – aumenta a nossa fé – e Jesus revela que a fé é também um caminho: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia». Um horizonte, um ideal. Mas, antes de tudo, é dom e como tal fazem bem os apóstolos em pedir que a sua fé seja aumentada. E faremos bem em rezar a fé, em pedi-la a Deus. Se é dom depende, antes de mais, de Quem a dá.
Todo o dom precisa de ser acolhido! A dádiva é divina. O acolhimento, a aceitação terá de ser nossa, minha e tua, depende da nossa vontade e, depois, é necessário darmos os passos para que a fé se entranhe, amadureça e nos transforme a partir de dentro.
O dom efetiva-se na partilha, multiplicando-se pelos outros. O que guardamos para nós, morre, e não podemos guardar o que não é nosso. O dom (da fé) foi-nos dado para nos iluminar, e às nossas opções, mas precisa tanto de ser acolhido como oferecido. Jesus é dom dado pelo Pai à humanidade para a todos salvar.
2 – Jesus deixa de falar em fé e fala em serviço. A reflexão é importante, clarifica as escolhas e ajusta as opções. As palavras são importantes, dizem-nos, ajudam-nos a comunicar com os outros, expressam o que sentimos… Mas se ficarmos pela reflexão... se ficarmos pelas palavras... perdemos o comboio da vida, a carícia e o abraço, e a ajuda aos outros. A fé, parafraseando o Papa Francisco, trabalha-se artesanalmente!
«Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’? Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’».
Servir e cuidar dos outros não é uma opção que façamos quando nos agrada ou quando gostamos da pessoa, é uma obrigação, uma missão. Acreditar em Jesus implica segui-l'O e querer o que Ele quer, fazer como Ele faz, gastar-se, como Ele, inteiramente pelos outros.
3 – São Paulo interpela Timóteo para que este molde a fé com a caridade. "Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação".
A fé não nos livra das adversidades. Na carta encíclica A Luz da Fé, escrita a quatro mãos, por Bento XVI e Francisco, há uma passagem que nos diz que “a fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho... o serviço da fé ao bem comum é sempre serviço de esperança que nos faz olhar em frente, sabendo que só a partir de Deus, do futuro que vem de Jesus ressuscitado, é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros”.
Visualiza-se nesta expressão papal a estreita ligação da fé com a vida. A fé dilata o nosso coração, faz-nos perceber que não estamos sós, não somos ilhas isoladas.
São Paulo alerta para as dificuldades do caminho. Sermos discípulos de Jesus não nos livra da provação. "Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo.
Em tudo a confiança em Deus, a certeza que também na adversidade Deus Se faz presente, concedendo as forças para prosseguir e para testemunhar a Boa Nova. Em vez dos queixumes, a gratidão. Na perseguição e na prisão, Paulo não se resignou, continuou a evangelizar, a dar testemunho do Evangelho.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Hab 1, 2-3; 2, 2-4; Sl 94 (95); 2 Tim 1, 6-8. 13-14; Lc 17, 5-10
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço.