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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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17.11.23

Sugestão de Leitura - Jon Fosse - Prémio Nobel da Literatura

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Jon Fosse nasceu em 1959, em Strandebarm, na Noruega.

Escritor e dramaturgo reconhecido, estreou-se em 1983 com o romance Raudt, svart [Vermelho, preto]. Ao longo da sua carreira, recebeu inúmeros prémios literários, entre os quais o Prémio Internacional Ibsen, o Prémio Europeu de Literatura e o Prémio de Literatura do Conselho Nórdico. A sua está traduzida em mais de cinquenta línguas e inclui romance, teatro, poesia, livros para crianças e ensaio.

É o Prémio Nobel da Literatura 2023 e foi escolhido «pelas suas peças e prosa inovadora».

Para quem gosta de ler, este é um escritor que, na minha opinião, é de leitura obrigatória. É certo que, desde que foi anunciado como vencedor o Prémio Nobel da Literatura, os seus livros triplicaram de preço, com novas capas para aí constar o respetivo prémio, até por questões de marketing. Em todo o caso, a escrita de Fosse é muito viva, agradável, escorreita, que envolve e nos faz querer ler até ao fim, com rapidez.

Poderíamos sugerir um ou outro título em concreto, como por exemplo, “trilogia” e “manhã e noite”. Como, por certo, muitas pessoas, após o anúncio da atribuição do Prémio, logo procurei saber mais sobre o autor, que desconhecia por inteiro, e adquirir uma ou outra obra para ler. Assim, optei pelos dois títulos referidos, que li quase devorando.

A trilogia é composta de três histórias, novelas, editadas ao longo dos anos, Vigília (2007), Os sonhos de Olav (2012) e Fadiga (2014), fundindo-se numa única história. É, segundo se anuncia, uma parábola com inspiração bíblica sobre amor, crime, castigo e redenção. Valeu-lhe o Prémio de Literatura do Conselho Nórdico.

Os estudiosos poderão confirmar ou não, mas, a meu ver, há alguns pontos de contacto com José Saramago, com as devidas diferenças e características de cada um, a escrita é como que uma longa e viva conversa, em que não há pontos finais, havendo vírgulas ou espaços. O narrador mais que escritor é um contador de histórias, numa linguagem muito viva e direta, avançando progressivamente e recuperando frases, expressões, situações, como quando se está a falar e se repetem deixas ou argumentos. Um jovem e uma jovem que saem da sua terra e que na terra para onde vão ninguém lhes quer dar dormida, ela por estar grávida, os dois por não serem casados, predominando o preconceito. Pelo meio, crimes cometidos por Asle, que depois se torna Olav, que desembocará no seu enforcamento. A sua companheira, Alida, desconhecendo muito do que o seu amado fez, acaba na penúria, sendo resgatada na vida por uma antigo conhecido da sua terra natal. Na terceira novela, Ales, já velha, “vê” a mãe já velha também, que morreu alguns anos.

Em “manhã e noite”, Johannes é a personagem que atravessa toda a história. A primeira parte , narra o nascimento, os medos, a ansiedade, a expectativa, a chegada de um segundo filho. Se for rapaz o nome está escolhido. A parteira está ocupada em preparar o parto e trazer a criança ao mundo e o pai nervoso, com o que pode acontecer naquele quarto, quer os silêncios, quer os gritos, não lhe permitem qualquer tipo de sossego. Mas a hora do menino nascer chegou e, sendo rapaz, herda o nome do avô. A segunda parte narra o dia da morte de Johannes já velhinho, pai e avô, e viúvo, com a dúvida a instalar-se, se se levanta, como todos os dias faz, vai à cozinha, enrolar um e outro cigarro e fumar, beber o café da manhã e sair para dar o passeio a pé ou no seu barco de pescador. Todos os dias, o mesmo ritual, mas parece que hoje não sente dores. A filha mais nova vem visitá-lo quase todos os dias e liga-lhe muitas vezes, ela e o marido trabalho, e vivem perto, com o seu filho, neto de Johannes. Podia bater-lhe à porta, mas parece que é muito cedo, talvez esteja atrapalhada para ir trabalhar ou para deixar o menino na escola. Vai até à enseada e encontra Peter, o velho amigo, que morreu há alguns anos, mas apesar disso está ali, pronto para a pesca ou já regressado da pesca. Combinam encontrar-se em cada de Pete. Como sempre fizeram, vai lá cortar-lhe o cabelo. Assim fizeram durante muitos anos, cortavam o cabelo um ao outro, poupando umas coroas. Ficou combinado. Johannes regressa a casa, mas fica indeciso, se vai para casa ou vai já a casa de Johannes, que talvez ainda não tenha regressado, bate e ninguém atende, espera, mas ele não chega, volta a bater à porta, não vá ele não ter ouvido. Entretanto, preocupada, a filha, no final do dia vai ver do pai, que se cruza com ela e a chama, mas ela não o ouve e não se desvia, atravessando-o. Que coisa estranha, pois também ela sentiu um frio que a trespassou. Encontra o pai na cama, morto. Chama o médico que lhe diz que morreu de manhã, deitou-se para dormir e já não acordou. Peter volta à sua presença e Johannes percebe que está morto. O amigo veio para o receber e o acompanhar a outra vida. É verdadeiramente uma história fascinante, num discurso muito vivo, muito oralizante, que nos empolga a prosseguir a história até ao fim.

10.05.21

ABEL BOTELHO - MULHERES DA BEIRA

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ABEL BOTELHO (2004). Mulheres da Beira. Porto: Lello Editores. 228 páginas.

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A Câmara Municipal de Tabuaço instituiu, em cooperação com a Escola EB 2,3/S Abel Botelho, o Prémio Abel Botelho, atribuído aos melhores alunos do segundo e terceiro ciclos e de cada ano do Ensino Secundário e Cursos Profissionais, e que se realiza no dia do nascimento deste patrono, a 23 de setembro. Houve por bem reeditar os livros deste reconhecido escritor. Em 2004, foi republicado "Mulheres da Beira", um conjunto de contos sediados na região.
O conto "Cerro" situa-se bem em Tabuaço, na Vila, nos arredores, e em aldeias próximas, sobretudo Távora, Castanheiro, Chavães, Barcos e Santo Aleixo, e com indicações de Santuários ou lugares de culto, Santa Luzia, Santa Eufémia, Freixinho; Igreja Matriz de Tabuaço e Capela de São Plácido. É mais uma história de amores e desamores, cujo romantismo é evidente nas descrições, mas sobretudo no amor impossível, com o fito de salvaguardar a honra, o nome, o estatuto da família. Sacrifica-se o amor à manutenção do status social e sublima-se no fanatismo religioso. E o romantismo também tem destas coisas: amores não realizados definham no pessimismo doentio e que desemboca na pobreza e na morte.
Este conto inicia precisamente com a vindima, preparativos, a chegada dos "serranos" de Chavães, a azáfama, as cantorias, a refeição bem matinal/madrugadora, a adega onde homens vão aliviar a garganta depois do transporte de pesados cestos, cheios de uvas, sobre as enxergas. E o pisar das uvas, a lagarada!
Há depois outros contos que nos fazem visualizar belíssimas paisagens, descrições pormenorizadas de casas senhoriais, da lavoura, dos caminhos e morros, dos montes, das pessoas que circulam nesses contos. Lamego e a Senhora dos Remédios, a Música de Magueija, passagem por Penude, Feirão, Gralheira, Arouca, Alhões, Oliveira e Tendais, Cinfães, Resende, Cambres, Longroiva e Mêda e tantas outras terras nossas conhecidas.
Mas não apenas as terras que nos fazem ler "Mulheres da Beira", mas as descrições, as histórias apaixonadas das personagens de cada conto, tradições, usos, religiosidade, superstições, lutas pela amada, traições e abusos, procura da felicidade, renúncia ao amor para salvaguardar a honra, definhamento e morte.
São contos agradáveis de ler, apesar do romantismo, apesar do fatalismo, situados no final do século XIX e que nos fazem conhecer ambientes e as ideias em voga nessa altura.

22.12.15

SVETLANA ALEKSIEVITCH - O fim do Homem Soviético

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SVETLANA ALEKSIEVITCH (2015). O fim do Homem Soviético. Um tempo de desencanto. Porto: Porto Editora. 472 páginas.

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Quando um/a escritor/a é considerado/a Nobel da Literatura logo desperta a atenção de milhares de leitores em todo o mundo. Por vezes essa atribuição reconhece autores já consagrados, outras vezes autores desconhecidos do grande público, mesmo que sejam considerados no meio literário, ou numa região do globo.

Como leitor estou sempre à espera que Haruki Murakami receba esta distinção, tal é, a meu ver, a criatividade, imaginação, as histórias que se multiplicam dentro de outras histórias, além da ponte entre a cultura ocidental, com as suas tradições, superstições, descobertas, tendência e a cultura oriental, nipónica sobretudo, mas abrangendo costumes e tradições e superstições do mundo oriental, com a sua história ancestral. Esta seria uma mais valia para lhe poder ser atribuído o Prémio Nobel da Literatura. Mas pelos vistos o Júri ainda não é dessa opinião.

O Prémio Nobel da Literatura foi atribuído a esta escritora, Svetlana Alexksievitch e certamente por mérito próprio, tal é, como este livro que agora sugerimos como leitura, a arte com que escreve e, como muitos outros autores que receberam esta distinção, o seu contributo para conhecermos a Rússia e todo o mundo soviético, a passagem de um império para uma república mas que quer continuar a impor-se como superpotência mundial.

O fim do Homem soviético (ou "O tempo em segunda mão" - título original traduzido à letra) faz parte de um quinteto, em que a autora escuta testemunhos de pessoas reais, em diferentes contextos, do mundo soviético, em que vem ao de cima sobretudo o desencanto, o vazio, a indefinição. As promessas de liberdade e de democracia defraudaram as expectativas e aqueles que foram para a rua manifestar-se desiludiram-se, os heróis das guerras travadas pela União Soviética, nomeadamente no Afeganistão chegaram a ser considerados assassinos, sem honra e sem causas para lutar. O desmoronar da URSS, com a independência dos diversos Estados que a constituíam trouxeram muitas dúvidas. Milhares de pessoas que cresceram num império, estudaram a sua história, cultura, tradições, e de repente estão uns contra outros por que agora pertencem a países diferentes.

A liberdade aplaudida não cumpriu as promessas de uma mundo melhor, em que todos pudessem desfrutar das potencialidades europeias e norte-americanas. As calças de ganga não trouxeram a felicidade. A miséria era imensa, mas todos viviam com dificuldades, com o advento da democracia, muitos enriqueceram, controlando a riqueza, e os que viviam na miséria perderam até o que tinham, continuaram a ser explorados e espoliados dos seus bens.

Terá valido a pena a revolução? A perestroika? Alguns ainda olham com esperança para este tempo, a maioria parece viver na nostalgia de uma passado mais ou menos glorioso. Por conseguinte, na atualidade, Putin pareça estar a recuperar o imperialismo e a ditadura, sem oposição de relevo.

É um livro extraordinário. Permite conhecer a alma russa e soviética. Parecem ser palavras de desencanto, mas que correspondem ao pulsar de centenas de pessoas entrevistadas pela autora. Histórias que nos fazem sentir dentro daquele contexto, daquele momento da História, ainda que estejamos à distância, temporal e culturalmente. O livro é um desafio, para percebermos melhor as diferenças dos mundos que compõem o mundo. Questões de humanidade e de fé e de poder e de controlo, de riqueza e exploração.

Como refere a autora, na entrevista que aparece no final do livro, foram cinco livros "vermelhos", daquele tempo de transição, em que os revolucionários saíram sem pátria nem identidade e muitas vezes crucificados aos ideais comunistas, um socialismo que não protegeu os seus. Findo este ciclo, a autora escreverá sobre o amor, a velhice, a morte, mas num registo diferente, pois também há esperança e há muitas pessoas otimistas.

Para quem goste de ler, é um livro que se lê de fio a pavio, histórias dentro da história, envolventes, com todos os ingredientes de uma realidade que se vive naquela zona do planeta, mas em tudo idênticas as outras vidas a a outras histórias vividas por muitos que sonharam um mundo novo e acordaram sem o mundo antigo e sem se sentirem parte integrante do mundo que entretanto chegou e que eventualmente ajudaram a construir. Nem pão nem liberdade. Pois liberdade sem ter que comer, sem casa nem trabalho, nem que vestir de pouco vale.

03.11.14

Leituras - GISELDA ADORNATO - PAULO VI | Biografia

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GISELDA ADORNATO (2014). Paulo VI. Biografia. A história, a herança, a santidade. Lisboa: Paulus Editora. 296 páginas.

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        Surpreendente. Um retrato muito completo de um Papa que trouxe a Igreja para a atualidade, no meio de grandes provações, na procura de a manter fiel ao Evangelho da Verdade e da Caridade, tornando-a próxima do nosso tempo, da cultura e da ciência, apostando na evangelização, no compromissso missionário, aberta ao mundo, promovendo o ecumenismo e o diálogo com outras religiões e outras sensibilidades.

       A recente beatificação de Paulo VI, no passado dia 19 de outubro, no encerramento da III Assembelia Extraordinária do Sínodo dos Bispos (instituído por Paulo VI no prosseguimento do Vaticano II) e dedicada à família, tema amplamente refletido por ele que lhe trouxe muitos dissabores nomeadamente com a publicação da Exortação Apostólica Humanae Vitae, que suscitou as mais variadas reações, algumas de violento ataque ao papado e à Igreja, e que mesmo dentro da Igreja suscitou oposição e rutura.

       O pontificado de Paulo VI transformou a Igreja, ainda que tenha ficado marcado por vários episódios de tormento e provação. Depois da morte do bom Papa João XXIII, o Cardeal Montini, depois de um tempo de fervor pastoral na maior Diocese do mundo, Milão, regressa a uma casa que conhece bem, no serviço aos seus antecessores, nomeadamente Pio XII. Regressa como Papa, escolhendo o nome de Paulo, sublinhando desde logo a missionaridade da Igreja. 1963, o concílio está a meio e com a morte do Papa saltam as dúvidas se continuará e terá um desfecho. Logo Paulo VI retomará as sessões do Concílio, com uma intervenção muito interventiva, procurando pontes, não cedendo a pressões, com visões muitas vezes antagónicas entre os chamados conservadores e os progressistas. Paulo VI procura que uns e outros dialoguem, e se aproximem da verdade que é Jesus Cristo.

       Com Paulo VI iniciam-se as Viagens Apostólicas do Papa a diversos países do mundo: Israel, EUA, Portugal, Índia, Colómbia, Uganda... e um intenso trabalho apostólico de diálogo com os Ortodoxos, com as diversas confissões cristãs, mas também o diálogo interreligioso, com judeus e muçulmanos, mas também com outras culturas religiosas, encontro com o Dalai Lama.

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       Para quem viveu e cresceu com a figura de João Paulo II, de depois Bento XVI, e agora Francisco, os Papas anteriores são uma memória longínqua que nos é recordada de tempos a tempos. No entanto, com o reconhecimento da heroicidade das virtudes de Paulo VI, em 20 de dezembro de 2012, pela mão de Bento XVI e agora a beatificação, pelas mãos de Francisco, tornou-se urgente redescobrir esta figura iminente da Igreja.

       Tantas foram as vicissitudes que atravessaram a Igreja no século XX. Num tempo de grande transformação, a Igreja contou, no Papado, com figuras extraordinárias, pela inteligência, pela cultura, pela bondade, pela fé. Alguns dos Papas foram entretanto canonizados: Pio X, João XXIII, João Paulo II, e beatificado Paulo VI, mas decorre também o processo de beatificação de Pio XII aberto ainda por Paulo VI.

 

       Curiosa, nesta biografia, a grande proximidade de Paulo VI com os Predecessores mas também com os Sucessores. Trabalhou diretamente, na Cúria Romana, com Pio XI, Bento XV, Pio XII.

 

       João XXIII criou-o Cardeal, em 15 de dezembro de 1958. Por sua vez, Paulo VI cria Cardeal dois dos seus Sucessores, o futuro João Paulo II e Bento XVI.

       As intervenções de Paulo VI encontram eco alargado, pela clareza, pela insistência, pela frontalidade, pela humildade. Alguns temas são problemáticos e geram tensões. Ficará conhecido sobretudo pela Humanae Vitae, mas o seu magistério é muito mais abrangente, com a reforma litúrgica, a implantação do Concílio, a intervenção e compromisso social, o diálogo com a cultura e com a ciência, a aproximação aos jovens, a colegialidade dos Bispos em comunhão com o Papa, o ecumenismo, o diálogo interreligioso, as conferências episcopais, o dia Mundial da Paz, as viagens apostólicas, a intervenção na ONU, peregrino de Fátima, a internacionalização da Cúria Romana, e a reforma da mesma, o Ano da Fé (1968) e o Ano Santo (1975), acentuando precisamente a fé, a reconciliação, a centralidade de Jesus Cristo. As dissensões com os Bispos Holandeses, com Lefebrve, o beijar da terra em Milão, o beijar o pés a Melitone, metripolita de Calcedónia, estreitando os laços com a Igreja Luterana. A abertura da Igreja às mulheres e aos leigos. A Ação Católica.

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        Nasceu a 26 de setembro de 1987, em Bréscia, e faleceu a 6  de agosto de 1978, em Castel Gandolfo. Formado em Filosofia, Direito Canónico e em Direito Civil. Durante a Segunda Guerra Mundial é o chefe do Serviço de Informações do Vaticano e repsonsável por procurar soldados e civis presioneiros ou dispersos. A 1 de novembro de 1954, é eleito por Pio XII para Arcebispo de Milão, é ordenado a 12 de dezembro do mesmo ano, no Vaticano. A 15 de dezembro de 1958, é feito Cardeal. É eleito Papa a 21 de junho de 1963. A 8 de dezembro de 1965 encerra o Concílio Ecuménico Vaticano II.

       Em 21 de novembro de 1964, Consagra Nossa Senhora com o Título de Mãe da Igreja, isto é, Mãe de todo o Povo de Deus.

       Em 24 de dezembro de 1964, proclama São Bento como Padroeiro principal da Europa.

       Em 1971, atribui o prémio da Paz João XXIII a Madre Teresa de Calcutá.

       Morre "velho e cansado", mas com esperança na Igreja, conduzida por Cristo, o verdadeiro timoneiro. Alguns meses passa por mais uma grande provação: o rapto (16 de março de 1978) e morte do estadista democrata cristão Aldo Moro, cujo funeral se realiza na Basílica de São João de Latrão, a 13 de maio. Depois a aprovação da Lei do Divórcio, em Itália, no seu último ano de vida assiste ainda à entrada em vigor da Lei do Aborto. Morre às 21h40 de 6 de agosto de 1978.

 

       O futuro Papa João XXIII sobre Montini quando este vai para Arcebispo de Milão: "E agora, onde poderemos encontrar alguém que saiba redigir uma carta, um documento como ele sabia?"

 

       João XXIII, em Carta ao Arcebispo de Milão: "Deveria escrever a todos: bispos, arcebispos e cardeais do mundo [...]. Mas para pensar em todos contento-me de escrever ao arcebispo de Milão, porque nele levo-os a todos no coração, tal como diante de mim ele a todos representa".

 

       Montini-Paulo VI sobre João XXIII: "Que Ele fosse bom, sim, que fosse indiferente, não. Como ele se atinha à doutrina, como temia os perigos, etc. [...] Não foi um transigente, não foi um atraído por opiniões erradas. [...] O seu diálogo não foi bondade renunciatória e pacífica..."

 

       Em 27 de junho de 1977, nomeia Cardeal Joseph Ratzinger, arcebispo de Mónaco e Frisinga. Sobre o futuro Bento XVI:

"Damos atestado desta fidelidade também a V. Eminência, cardeal Ratzinger, cujo alto msgistério teológico em prestigiosas cátedras universitárias da Sua Alemanha e em numerosas e válidas publicações fez ver como a investigação teológica - na via maestra da fides quarens intellectum - não possa e não deva nunca andar separada da profunda, livre a criadora adesão ao Magistério que autenticamente interpreta e proclama a Palavra de Deus...".

       Sobre JOÃO PAULO II... Paulo VI nomeia-o Arcebispo de Cracóvia em 1964 e Cardeal em 1967. Recebeu-o pessoalmente 20 vezes e outras quatro com o Cardeal Wyszynski ou outros bispos polacos. Pedir-lhe-á para orientar os exercícios Quaresmais de 1976. 

       João Paulo II sobre Paulo VI: "Paulo VI trazia no seu coração a luz do Tabor, e com essa luz caminhou até ao fim, levando com alegria evangélica a sua cruz".

 

       Os os Bispos da América Latina que tomaram a iniciativa de promover o processo de Paulo VI para ser elevado aos altares. Por aqui se pode tirar um fio de ligação ao Papa Francisco...

31.01.14

Pe. Tolentino Mendonça - O Hipopótamo de Deus

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José TOLENTINO MENDONÇA. O Hipopótamo de Deus. Quando as perguntas que trazemos valem mais o que as respostas provisórias que encontramos. Paulinas Editora, 320 páginas.

       Mais um extraordinário livros que agrega várias reflexões de Tolentino de Mendonça, com a idiossincrasia bem portuguesa, madeirense, cristão, poeta. Em cada texto um olhar de esperança, de desassossêgo, de provocação, de desafio, numa prosa bem poética como nos tem habituado nas suas publicações e/ou intervenções. Uma linguagem simples, familiar, tocando realidades distintas, cultura, religião, fé e fado, raízes madeirenses, e raízes do poeta, família, vida e morte e sofrimento, pintura, literatura e religião, música, economia, imperfeição, Fátima, e o silêncio de Deus, Advento, Natal e Páscoa, Outono e Inverno, Verão e Primavera e as diferentes idades do ser humano, a vocação, ser padre e ser poeta, a cruz e a bondade, filosofia e filósofos...

       Desde logo a justificação do título deste conjunto de escritos, que acompanha a publicitação do livro:

"Um dos passos mais belos da Bíblia tem a ver com um hipopótamo. E não é propriamente um divertimento teológico, pois surge numa obra que explora muito seriamente a experiência do Mal. Falo do Livro de Job, claro. O que primeiro nos surge ali é o protesto de Job contra o Mal que se abate inexplicavelmente sobre a sua história, protesto que se estende até Deus. Mas depois vem o momento em que Deus se propõe interrogá-lo. E, nesse diálogo, desenvolve-se um raciocínio que não pode ser mais desconcertante. Job só consegue pensar nas suas dores e nos porquês com os quais, inutilmente, esgrime. Deus, porém, desafia-o a olhar de frente para… um hipopótamo. O método de Deus neste singular encontro com Job é abrir a medida do seu olhar, rasgá-lo imensamente a tudo o que é grande, a tudo o que não tem resposta, mostrando-lhe que se o Mal é um enigma que nos cala, o Bem é um mistério ainda maior".

       Muitas reflexões oportunas. Lido em diferentes ocasiões podem haver um texto que chame mais atenção. Curioso o título e o texto: Onde é a nossa casa?

       "Acho que foi Alberto Camus que disse que a questão mais premente do nosso tempo é cada homem descobrir onde é a sua casa... Dia a dia há uma rota que voltamos a trilhar sem especiais hesitações, entre a fadiga e a esperança, cruzando as paredes do tempo: esse é o caminho para a nossa casa. Cada um cumpre, mesmo sem especial reflexão, trajetórias e rituais que são seus: a estrada que escolhe para regressar (sempre a mesma, sempre a mudar...); a forma familiar que tem diariamente de rodar a chave; o modo (mais lento, mais repentino) de abrir para o que ali habita; aquela fração de segundo, absolutamente impressiva, antes da primeira palavra, em que a casa inteira parece que vem ao nosso encontro, ofegante ou em puro repouso...

       ... cada pessoa tem o irrecusável dever de descobrir-se, vivendo com paixão e sabedoria a construção de si, esse processo que, por definição, está em aberto e que ao longo da existência se vai efetivando. NÓS SOMOS A NOSSA CASA. E poder dizer isso, com simplicidade e verdade, equivale a perpetuar aquilo que Albert Camus também escreveu: «no meio de um inverno, finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível» (pp 141-142).

 

Dois lugares para visitar acerca deste livro:

 

(que publicou alguns dos textos agora coligidos,

por exemplo o que partilhamos aqui: "Onde é a nossa casa?".

10.10.13

Papa Francisco - Transitar em paciência

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TRANSITAR EM PACIÊNCIA:

 

       "É um tema do qual me fui apercebendo, durante anos, ao ler um livro de um autor italiano, com um título muito sugestivo: Teologia del fallimento, ou seja, teologia do fracasso, onde se expõe como Jesus entrou em paciência. Na experiência do limite, no diálogo com o limite, forja-se a paciência. Às vezes, a vida leva-nos não a «fazer», mas sim a «padecer», suportando, sustentando as nossas limitações e as dos outros. Transitar a paciência é apercebermo-nos de que o que amadurece é o tempo. Transitar em paciência é deixar que o tempo paute e amasse as nossas vidas".

       "Transitar em paciência implica aceitar que a vida é isso: uma aprendizagem contínua. Quando uma pessoa é nova, julga que pode mudar o mundo; e isso está certo, tem de ser assim. Mas, depois, quando procura, descobre a lógica da paciência na própria vida e na dos outros. Transitar em paciência é assumir o tempo e deixar que os outros façam a sua vida. Um bom pai, tal como uma boa mãe, é aquele que vai intervindo na vida do filho o suficiente para lhe marcar as pautas de crescimento, para o ajudar, mas que depois sabe ser espetador dos fracassos próprios e alheios, e os supera".

 

       "... segurar o papagaio [de papel] assemelha-se à atitude que é preciso ter perante o crescimento da pessoa: em dado momento, é preciso dar-lhe corda, porque «rabeia». Dito de outra maneira: é preciso dar-lhe tempo. Temos de saber pôr o limite no momento justo. Mas, outras vezes, temos de saber olhar para o outro lado e fazer como o pai da parábola, que deixa que o filho se vá embora e desperdice a sua fortuna, para que faça a sua própria experiência"

 

       "Quantas vezes, na vida, é preciso travar, não querer atingir tudo de repente! Transitar na paciência pressupõe todas essas coisas: é claudicar da pretensão de querer solucionar tudo. É preciso fazer um esforço, mas entendendo que uma pessoa não pode tudo. Há que relativizar um pouco a mística da eficácia".

 

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio.

09.10.13

Papa Francisco - CREDO de Bergoglio

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«Quero crer em Deus Pai, que me ama como filho, e em Jesus, o Senhor, que me infundiu o seu Espírito na minha vida, para me fazer sorrir e levar-me assim ao reino eterno da vida.

Creio na minha história que foi trespassada pelo olhar amoroso de Deus e, num dia de Primavera, 21 de Setembro, saiu ao meu encontro para me convidar a segui-lo.

Creio na minha dor, infecunda pelo egoísmo, onde me refúgio.

Creio na mesquinhez da minha alma, que procura engolir sem dar… sem dar.

Creio em que os outros são bons, e que devo amá-los sem temor, e sem trai-los nunca à procura de segurança para mim.

Creio na vida religiosa.

Creio que quero amar muito.

Creio na morte quotidiana, ardente, de que fujo, mas que me sorri convidando-me a aceitá-la.

Creio na paciência de Deus, acolhedora, boa como uma noite de Verão.

Creio que o meu papá está no Céu junto do Senhor.

Creio que o padre Duarte também lá está intercedendo pelo meu sacerdócio.

Creio em Maria, a minha mãe, que me ama e nunca me deixará só.

E espero a surpresa de cada dia na qual se manifestará o amor, a força, a traição e o pecado, que me acompanharão até ao encontro definitivo com esse rosto maravilhoso que não sei como é, de que me desvio continuamente, mas que quero conhecer e amar.

Ámen.»

 

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio. Paulinas Editora. Prior Velho 2013

08.10.13

Papa Francisco - sobre a DOR

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       "A dor não é uma virtude em si mesma, mas o modo como é assumida pode ser virtuoso. A nossa vocação é a plenitude e a felicidade, e, nessa busca, a dor é um limite. Por isso, o sentido da dor só é entendido plenamente através da dor de Deus feito Cristo...

       Por isso, a solução passa por entender a Cruz como semente de ressurreição. Toda a tentativa de suportar a dor obterá resultados parciais, se não for fundamentada na transcendência. É uma dádiva entender e viver a dor em plenitude. Mais ainda: viver em plenitude é uma dádiva...

       Tanto a dor física como a espiritual puxam para dentro, onde ninguém pode entrar; implicam uma dose de solidão. Do que a pessoa precisa é de saber que alguém a acompanha, que gosta dela, que respeita o seu silêncio e reza para que Deus entre nesse espaço que é pura solidão".

 

       "A dor é algo que está ligado à fecundidade. Atenção! Não é uma atitude masoquista, mas sim aceitar que a vida nos marca limites".

 

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio. Paulinas Editora. Prior Velho 2013

07.10.13

Papa Francisco - o trabalho e o desemprego

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       - Certamente, a longo da sua vida sacerdotal, muita gente desempregada o deve ter procurado. Qual a sua experiência?

       É gente que não se sente pessoa. É que, por mais que as suas famílias e os seus amigos os ajudem, querem trabalhar, querem ganhar o pão com o suor do seu rosto. É que, em última instância, o trabalho unge a dignidade a pessoa. A unção de dignidade não é dada pelos antepassados, nem pela formação familiar, nem pela educação. A dignidade, enquanto tal, só vem pelo trabalho. Comemos o que ganhamos, mantemos a nossa família com o que ganhamos. Não interessa se é muito ou pouco. Se é mais, melhor. Podemos ter uma fortuna, mas se não trabalharmos, a dignidade vai-se abaixo.

 

- A pior parte fica com os que querem trabalhar e não podem.

 

       O que acontece é que o desempregado, nas suas horas de solidão, sente-se infeliz, porque «não ganha a vida». Por isso, é muito importante que os governos dos diferentes países, através dos ministérios competentes, fomentem uma cultura do trabalho, e não da dádiva. É verdade que em momentos de crise há que recorrer à dádiva para sair da emergência (...). Mas depois é preciso ir fomentando fontes de trabalho porque, e não me canso de o repetir, o trabalho outorga dignidade.

 

- Na outra ponta está o problema do excesso de trabalho... Será necessário recuperar o sentido do ócio?

 

       O seu sentido mais recto. O ócio tem duas aceções: como desocupação e como gratificação. Dizendo de outra maneira: uma pessoa que trabalha deve ter tempo para descansar, para estar em família, para ter prazer, ler, ouvir música, praticar um desporto. Mas isto está a ser destruído, em boa medida, com a supressão do descanso dominical. Há cada vez mais pessoas a trabalhar aos domingos, consequência da competitividade introduzida pela sociedade de consumo. Nesses casos vamos para outro extremo: o trabalho acaba por desumanizar. Quando o trabalho não dá lugar ao ócio saudável, ao repouso reparador, então escraviza, porque uma pessoa já não trabalha pela dignidade, mas sim pela competitividade. Está viciada a intenção pela qual estou a trabalhar...

       A Igreja sempre disse que a chave da questão social é o trabalho. O homem trabalhador é o centro. Hoje, em muitos casos, isto não é assim. Facilmente se é despedido, se não render como previsto. Passa a ser uma coisa, não é tido em conta como pessoa... Não nos esqueçamos que uma das principais causas do suicídio é o fracasso laboral no âmbito de uma competitividade feroz. Por isso, não se pode olhar para o trabalho apenas pelo lado funcional. O centro não é o lucro, nem o capital. O homem não é para o trabalho, mas sim o trabalho para o homem.

 

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio, Paulinas Editora. Prior Velho 2013

15.11.12

Leituras: D. ANTÓNIO COUTO - Estação de Natal

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D. ANTÓNIO COUTO, Bispo de Lamego, Estação de Natal. Paulus Editora, Apelação 2012.

       Quando se aproxima o tempo do Advento, para preparar a celebração do Natal, a Paulus Editora dá à estampa “Estação de Natal”, apresentando pequenos textos, “pedaços de poesia e prosa poética” sobre o Natal, enquadrando a história, as figuras principais, Jesus, Nossa Senhora, São José, São João Batista.

       Vejamos a apresentação da obra:

 

“Neste Natal vai até Belém / Vence o mal com o bem / Na tua história / Entrará o Rei da glória / Não deixes ir embora / O único rei que não reina desde fora.

 

       Integram este livrinho três partes: a primeira, intitulada «Natal», tem naturalmente sabor natalício direto. São Pedaços de poesia e prosa poética, tudo embrulhado em papel Bíblia; a segunda, intitulada «Tempo do Advento», traz-nos luzes bíblicas que preparam o lume vivo e cristalino do Natal; a terceira, intitulada «Maria, Natal, Família, Paz, Epifania», acende luzes, também bíblicas, litúrgicas e celebrativas, indispensáveis à iluminação interior da maravilhosa estação do Natal.

       Algumas notas históricas, culturais e arqueológicas, disseminadas ao longo destas páginas, trazem-nos o sabor do céu, sem termos de tirar os pés da terra”.

 

       D. António Couto, nas suas reflexões tem-nos habituado a um leitura fácil dos acontecimentos da Bíblia e da vida. Este livrinho é mais um exemplo concreto, como é possível dizer bem de forma acessível para todos. Com as reflexões aqui propostas poder-se-á fazer uma preparação mais consciente dos domingos do Advento, Natal e até à Epifania, Imaculada Conceição, Sagrada Família, Santa Maria, Mãe de Deus.

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