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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

Escolhas & Percursos

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24.08.24

Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna

mpgpadre

       1 – «Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?» A partir de então, muitos dos discípulos afastaram-se".

       Continuamos com o texto de São João, no qual Jesus Se apresenta como o verdadeiro Pão da Vida, o Pão de Deus. A afirmação de Jesus gera polémica na população, nos judeus e nos discípulos.

       Perante a dispersão dos judeus e dos discípulos, Jesus questiona os Doze: «Também vós quereis ir embora?». Pedro, em nome dos outros Apóstolos, responde inequivocamente: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus».

       A dissidência dá lugar à firmeza, à convicção, ao seguimento consciente e livre. O projeto de Jesus Cristo é um projeto de salvação, de vida nova, desafiando os limites do tempo e do espaço.

       2 – Jesus Cristo, Deus entre nós, é o Pão que nos dá ânimo (alma) para vivermos confiantes, em momentos favoráveis como em ocasiões de tormenta, com alegria, sabendo que Ele é OLHAR que nos eleva, mão que nos segura, COMPANHIA que nos fortalece, é a VIDA nova que oxigena o nosso coração, por inteiro.

       Não Se impõe. Vive no tempo e na história. Habita a humanidade. Caminha nas nossas buscas. Insere-Se nos nossos sonhos. Sofre e diverte-se com os nossos filhos e irmãos e pais. Chora e ri nas praças e nas vielas dos nossos corações. Não Se impõe. Tem a força e o poder que Lhe vêm do alto, de DEUS, mas faz-Se pobre, frágil, mendigo da nossa vontade, ajoelha-Se diante do nosso olhar.

       "Quereis ir embora?"

       A liberdade integra o plano salvador de Deus. Sem ameaças. Cabe a cada um, ainda que com a ajuda dos irmãos, decidir. É este o jeito de Deus, como os pais em relação aos filhos seus. Querem o melhor para nós, mas cabe-nos fazer as nossas próprias escolhas.

"Josué disse ao povo: «Se não vos agrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir. Eu e a minha família serviremos o Senhor». O povo respondeu: «Longe de nós abandonar o Senhor para servir outros deuses; porque o Senhor é o nosso Deus..."

       3 – Quando uma criança descobre que não pode ter dois brinquedos, opta pelo melhor. O buscador de pérolas, ou de pedras preciosas, nas parábolas de Jesus sobre o Reino de Deus, quando encontra a mais bela pérola, ou a pedra mais preciosa, deixa/vende tudo o que tem de valioso para ficar com a que é mais preciosa e bela.

       As escolhas podem exigir renúncia. Há escolhas que devem fazer-nos sentir preenchidos, a transbordar de júbilo. Se escolho este marido, esta esposa, se escolho este caminho, não fico a chorar pelo que deixo, ou será que não encontrei o amor maior?! Quando escolho Jesus Cristo, escolho a vida, e abrir-me à graça de Deus.

       Confiemos! Não nos deixemos levar pela multidão. Vivamos! Neste concreto, não importa tanto a maioria, mas saber que o CAMINHO é verdade e vida para nós. E na certeza que os outros continuarão a ser atraídos por Deus, ainda que por meio da Sua luz em nós.

 

       4 – Ele é o Pão vivo. A Sua carne e o Seu sangue são alimento que nos salva. Comungamos o mesmo corpo, constituímos um só Corpo. Daí a certeza que a Eucaristia nos compromete com os outros. Recebemos para dar, para partilhar, para entrar em comunhão.

       Como nos diz Bento XVI, "o pão é para mim e também para o outro. Assim Cristo une todos a Si mesmo e une-nos uns aos outros".

       O caminho da Eucaristia é caminho do amor.

       A este propósito vale a pena mastigar as palavras de São Paulo, exemplificado o amor entre marido e mulher, expressão do AMOR único de Cristo à Igreja e pela humanidade, paradigma do amor que nos há de mobilizar uns para os outros e para Deus:

"Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Ninguém, de facto, odiou jamais o seu corpo, antes o alimenta e lhe presta cuidados, como Cristo à Igreja; porque nós somos membros do seu Corpo...".


Textos para a Eucaristia (ano B): Jos 24, 1-2a.15-17.18b; Ef 5, 21-32; Jo 6, 60-69.

24.02.24

Se Deus está por nós, quem estará contra nós?

mpgpadre

       1 – "Se Deus está por nós, quem estará contra nós? Deus, que não poupou o seu próprio Filho, mas O entregou à morte por todos nós, como não havia de nos dar, com Ele, todas as coisas? Quem acusará os eleitos de Deus? Deus, que os justifica? E quem os condenará? Cristo Jesus, que morreu, e mais ainda, que ressuscitou e que está à direita de Deus e intercede por nós?"

       Duas certezas inabaláveis na nossa vida terrena: a morte e o amor (de Deus).

       O mal – expressão/manifestação da morte – é mais visível, mostra-se com mais facilidade, preenche as páginas dos (tele)jornais, choca mais, entra-nos pelos olhos, enquanto o bem muitas vezes passa despercebido.

       O amor – para além do mal e da morte – gera a vida. O amor é criativo, inventa a arte, a música, a beleza, a comunhão entre pessoas e povos. Se o amor não existisse, o mundo já há muito tinha desaparecido do mapa. O amor guarda a história, cimenta a cultura, constrói as civilizações, protege-nos do deserto da solidão e do abandono.

       Para o crente, o amor é mais forte que a morte e tem um nome: DEUS. O AMOR é Deus e Deus é Amor, é origem e sustentáculo do amor humano. O Apóstolo São Paulo, na sua epístola aos Romanos, na segunda leitura, coloca em evidência esta ligação a Deus, que nada poderá aniquilar. Deus está por nós. Ama-nos. Vem ao nosso encontro. Protege-nos como uma mãe a um filho que muito ama. Tal é o Seu amor que nos dá o Seu próprio Filho. Não O poupa ao sofrimento e à morte. Em Jesus, o amor de Deus vai até ao fim, até Se esvair em sangue, até a vida biológica se extinguir. 

       Abraão é testemunha privilegiada do amor de Deus e de como Deus Se coloca a nosso favor. "Abraão, Abraão, não levantes a mão contra o menino, não lhe faças mal algum... porque obedeceste à minha voz, na tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra". Deus não poupa o Seu filho por amor à humanidade, poupa a humanidade, por amor.

        O mandamento de Deus é categórico: "Não matarás... não levantes a mão contra o teu filho... contra o teu irmão". Se assim for, a bênção espalhar-se-á pelas gerações.

 

       2 – Preparamo-nos para a Páscoa, acontecimento fulcral da história da salvação, acontecimento fundante da Igreja. Deus entra na história e no tempo, entranha-Se na humanidade, por Jesus Cristo. N'Ele, Deus feito homem, somos enxertados na vida de Deus. Com a ressurreição de Cristo, a nossa natureza humana é colocada à direita de Deus Pai. Nem o tempo nem a eternidade, nem a vida nem a morte nos separa do amor de Deus, pois Ele está por nós, como refere São Paulo.

       No episódio que o Evangelho deste domingo nos apresenta – a TRANSFIGURAÇÃO – Jesus irradia a presença luminosa de Deus, fazendo-nos vislumbrar os tempos da ressurreição e da eternidade.

       "Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e subiu só com eles para um lugar retirado num alto monte e transfigurou-Se diante deles. As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia assim branquear. Apareceram-lhes Moisés e Elias, conversando com Jesus. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra para Elias». Não sabia o que dizia, pois estavam atemorizados. Veio então uma nuvem que os cobriu com a sua sombra e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado: escutai-O»".

       Como aquela que está para ser mãe vai vivendo na expetativa, com o vislumbre do filho que vai chegar, através das ecografias, das fotos intrauterinas do feto, e experimentando a vida nova pelos movimentos no seu ventre, assim Jesus mostra, em antecipação, os tempos futuros, para solidificar confiança nos seus discípulos mais próximos. A alegria definitiva, a LUZ da ressurreição, transparece nesta epifania de Jesus. Uma evidência que nos envolve e desafia: no meio do quotidiano e da turbulência da vida atual é possível extrair luz, paz, vida, amor, encontro com Deus.

 

       3 – Uma certeza e uma tarefa neste segundo domingo da Quaresma.

       A certeza, que clarifica a nossa postura existencial: quanto mais perto de Deus e do Seu amor, mais distantes estaremos da morte e das suas manifestações (mal, injustiças, mentira, corrupção, conflitos, pobreza, distúrbios afetivos e emocionais).

       A tarefa (de sempre): escutar. A transfiguração faz-nos vislumbrar a Páscoa, cativando a nossa atenção, ajudando-nos a enquadrar o tempo presente, perpassado de alegrias e dores, temperado com mil cores de bem, de beleza e de amor, e de dúvida, conflito e de morte. O olhar não engana, mas por ora é a voz que ressoa nos nossos ouvidos: "Este é o meu Filho muito amado: escutai-O".

       A certeza facilita a tarefa de escutar Jesus, procurando que a Sua palavra se transforme em vida, cimentando e aprofundando em nós as marcas da ressurreição e do amor de Deus, sintonizando-nos com as pessoas que são pedacinhos de Deus, e despertando o nosso olhar para a LUZ que d'Ele nos chega.


Textos para a Eucaristia (ano B): Gen 22,1-2.9a.10-13.15-18; Rom 8,31b-34; Mc 9,2-10.

 

Reflexão Dominical na página da paróquia de Tabuaço.

03.02.24

Todos Te procuram... Vamos a outros lugares...

mpgpadre

       1 – "De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu. Retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar. Simão e os companheiros foram à procura d’Ele e, quando O encontraram, disseram-Lhe: «Todos Te procuram». Ele respondeu-lhes: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim». E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demónios".

       O relato do Evangelho que nos é proposto neste domingo acompanha Jesus no Seu ministério público, em vários momentos, e em diferentes acentuações.

       Desde logo, a narração mostra como a fama de Jesus já se tinha espalhado e como são muitas as pessoas que O procuram. As razões podem ser diversas como diversa é a vida de cada um, com as suas preocupações e com os seus sonhos/projetos.

       Os discípulos mostram a preocupação: "todos Te procuram", parecendo que Jesus se tinha alheado das pessoas e desta procura. Mas escutemos: Vamos a outro lugares, ao encontro das pessoas, há mais pessoas que querem e precisam de escutar a palavra de Deus. É essa a minha missão: pregar, levar a todos a Palavra de Deus para que todos tenham a oportunidade de acolher os novos tempos da salvação.

       Como sublinhou o nosso Bispo, na tomada de posse, mais perto de Deus para se fazer mais próximo dos homens. "Pertinho de Deus, cheio de Deus, Jesus leva Deus aos seus irmãos" (D. António Couto). É o ponto de partida de Jesus. Há de chegar a ser também o nosso. Jesus não Se afasta para Se isolar, para ficar longe das pessoas, afasta-Se para rezar, para ficar pertinho de Deus e depois voltar com toda a força aos caminhos dos homens e levar Deus a todos.

 

       2 – Vejamos como São Marcos nos mostra Jesus em momentos distintos.

       Jesus avança para Cafarnaum. Vai à Sinagoga, oração, leitura, reflexão da Sagrada Escritura, cura um homem com um espírito impuro.

       Mas a Sua jornada ainda não acabou. "Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falaram dela. Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los". Depreende-se que entretanto Jesus e os seus discípulos comam, descansem um pouco, retemperem forças.

       O dia ainda não terminou, ainda há muito que fazer. "Ao cair da tarde, já depois do sol-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos e a cidade inteira ficou reunida diante da porta. Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias doenças, e expulsou muitos demónios..." 

       Manhã cedo, antes que os outros despertem, já Ele se levantou, saiu para um lugar sossegado, para que a Sua intimidade com Deus Pai se torne mais evidente. O alimento de Jesus é fazer a vontade do Pai. Os seus gestos, palavras, milagres, encontros, com a multidão ou em casa de pessoas concretas, são momentos que espelham o fazer a vontade do Pai. Mas por vezes, a necessidade de parar, avaliar, refletir, rezar, ouvir, fazer silêncio, para que a voz do Pai ressoe mais fundo.

 

       3 – Todos O procuram. Jesus vai, parte, industria/ensina os Seus discípulos para que eles possam ajudar, testemunhar, anunciar o AMOR de Deus em toda a parte, em todos os lugares, em todos os tempos, até ao fim do mundo.

       Disso nos dá a certeza o Apóstolo da Palavra:

       "Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta. Ai de mim se não anunciar o Evangelho! Se o fizesse por minha iniciativa, teria direito a recompensa... Em que consiste, então, a minha recompensa? Em anunciar gratuitamente o Evangelho, sem fazer valer os direitos que o Evangelho me confere. Livre como sou em relação a todos, de todos me fiz escravo, para ganhar o maior número possível. Com os fracos tornei-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo. E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens". 

       Que há de mais sublime que viver Deus, deixando que Ele transborde para os outros, para o mundo. Cada cristão há de tornar-se anunciador do Evangelho, é a condição de todo o batizado, o compromisso de todo/a aquele/a que quer seguir Jesus. Anunciar o Evangelho com a vida que se leva, em cada encontro, em cada lugar, para inserir a própria vida na eternidade de Deus.

 

       4 – Crente é aquele que se abre ao mistério. A vida não se resume à materialidade, à dimensão biológica. O homem ultrapassa infinitamente o homem (Blaise Pascal), está inscrito nos seus genes, aspirar sempre mais, até ao Infinito. Deus criou-nos por amor, atrai-nos constantemente. Quando nos esquecemos da nossa identidade, da nossa origem, envia profetas, envia o Seu próprio Filho. 

       Aspiremos às coisas do alto. É da eternidade que Deus nos busca. Vem. Desce. Habita-nos. Encarna. Faz-Se história. Faz-Se tempo. Vive no meio de nós. É Deus connosco. Percorre, em Jesus Cristo, os dramas e os sonhos da (nossa) humanidade. Carrega a cruz do nosso sofrimento, não por ter muitas forças, mas por transbordar de Amor. Amar é a força maior. Quem ama vai mais longe. Quem ama carrega todas as cruzes, todo o sofrimento, até ultrapassar. Quem ama dá a vida, predispõe-se a oferecer a vida pelo outro, pelo filho, pelo irmão, pela mãe e pelo pai, pela humanidade.

       O nosso desejo, sermos mais, vivermos mais, vivermos melhor, é o caminho da santidade. Aperfeiçoar-nos, não para sermos melhores que os outros, mas nos tornamos aquilo que somos, imagem e semelhança de Deus. Para sermos felizes. Quando nos dispersamos, confundimo-nos, desorientamo-nos. Não sabemos para onde ir. Não nos reconhecemos. Não sabemos por que estamos aqui. Não sabemos por que estamos e outros não. Na dispersão, diabolizamos, tornamo-nos estorvo, pedra de tropeço uns para os outros.

       A vida é efémera. Avança. Rápida. Veloz. À velocidade da luz. Estamos, e logo já não estamos. Amanhece e logo nos tornamos demasiados velhos, pesados, já não voamos, já não sonhamos, já não nos resta nem vida nem esperança.

       "Job tomou a palavra dizendo: Os meus dias passam mais velozes que uma lançadeira de tear e desvanecem-se sem esperança. – Recordai-Vos que a minha vida não passa de um sopro e que os meus olhos nunca mais verão a felicidade". 

       A vida é como um sopro. Se ela acaba na morte, é demasiado frágil, inócua, vazia, perde-se toda a esperança, tudo o que fomos, o que somos não tem saída, não tem horizonte, abertura. A nossa vida e identidade dispersam pelo cosmos como poeira insignificante. Não ficará qualquer registo da nossa passagem pelo mundo, a não ser poeira, entre poeira.

       A vida é história que nos compromete. Se na nossa fragilidade encontrarmos o Deus da vida, a esperança recoloca-nos na eternidade, o nosso fim é o Céu, e então a duração da nossa existência medir-se-á pela intensidade com que vivemos, pelo amor, pela paixão, pelo sonho, pela beleza. Enlevados para o alto para o encontro de Deus na história. Podemos alcançar Deus, melhor, podemos deixar-nos alcançar por Deus na história deste tempo, na nossa vida quotidiana.

       Evangelizar também é isto: viver na dinâmica do amor de Deus.


Textos para a Eucaristia (ano B): Job 7,1-4.6-7; 1 Cor 9,16-19.22-23; Mc 1,29-39.

20.01.24

Ninguém faz festa se não tiver com quem festejar

mpgpadre

       1 – "Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

       O primeiro anúncio de Jesus corresponde ao pré-anúncio de João Batista que proclamava iminente a vinda do reino de Deus e do Messias, promovendo a conversão, o arrependimento, a penitência, para que desse modo as pessoas pudessem reconhecer e acolher o dom de Deus. Em Jesus cumpre-se esse desiderato de João.

       No Evangelho de São Marcos, que nos irá acompanhar mais de perto neste ciclo de leituras do ano B, refere-se que o início da vida pública de Jesus prossegue depois de João ter sido preso, pressupondo que existe uma ligação próxima e subsequente entre uma e outra missão.

       Com Jesus cumpre-se o tempo, é chegada a plenitude dos tempos, na qual Deus Se manifesta pelo Seu Filho muito amado. E para que essa missão se possa efetivar através dos tempos, Jesus chama a Si discípulos. Quando chegar o momento de Jesus regressar ao seio de Deus Pai serão eles a prosseguir com a missão de anunciar a Boa Nova a todos os povos e a tornar presente o mistério de Deus connosco e no meio de nós.

       "Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus". 

       2 – A conversão é a atitude de todo aquele que quer acolher o dom que vem dos outros e, para nós crentes, o dom que Deus nos dá constantemente. Conversão e humildade, neste concreto, significam a mesma disponibilidade para se abrir ao outro e ao Totalmente Outro (ou Totalmente Próximo), ao mistério da vida divina que irrompe na nossa história através de Jesus, o Emanuel, Deus feito homem para viver em nós, connosco, nos revelar o caminho para sermos felizes, para chegarmos ao Pai, e a fim de nos inserir na lógica da salvação, da vida eterna que pode e deve iniciar-se já no tempo que dispomos neste mundo.

       Na primeira leitura que escutamos, vemos como a palavra de Deus é anunciada ao povo de Nínive. Sob a ameaça de castigo, sobressaindo uma linguagem muito humana, Deus faz saber que o caminho para que o povo se mantenha como povo e as pessoas possam viver confiantes e com dignidade, e possam encontrar a felicidade, passa pela conversão, pela mudança de hábitos e de atitude, passa por alterarem a forma de se relacionarem e de se protegerem mutuamente. Se cada um só pensar em si mesmo, fechando-se ao outro, mais tarde ou mais cedo sobrevém a desgraça, a frustração, o vazio, a ansiedade. Precisamos dos outros para nos sentirmos bem, para partilharmos o que somos, o que temos e o que fazemos, para desabafar nos momentos de crise, e para apreciarmos as coisas boas. Isso só é possível com os outros. Ninguém é alegre sozinho por muito tempo. Ninguém faz festa se não tiver com quem festejar. Do mesmo modo, precisamos de pátria, de casa, de espaços comuns. Somos ser sociais. Se cada um só pensar em si, pouco restará para a nossa dimensão social e solidária. Com efeito é na solidariedade que sobrevivemos como sociedade.

       "Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou". 

       Esta é uma mensagem muito atual e pertinente para nós, para a sociedade deste tempo, para Portugal, para a Europa e para o mundo. Se os países mais ricos só pensarem nos seus cidadãos, se os mais ricos, empresas e pessoas, só pensarem nos lucros que poderão obter, a sociedade corre o sério risco de se autodestruir, como facilmente se pode ver nesta Europa pouco comunitária.

 

       3 – Para nós cristãos importa em cada momento viver na presença do Senhor, como se fora a última oportunidade para realizar algo de grandioso e definitivo. Diz de forma intuitiva o Apóstolo São Paulo, na segunda leitura, "o que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se realmente não o utilizassem. De facto, o cenário deste mundo é passageiro".

       Chegou o tempo, o reino de Deus está entre nós, em desenvolvimento. Cabe-nos a tarefa importante de o tornar visível para os nossos companheiros de viagem, neste tempo em que vivemos. O tempo é pouco, é sempre insuficiente para o bem que podemos fazer. É breve se o aplicarmos em ternura, perdão, em partilha solidária, na luta pela justiça, na prossecução da paz.

       A nossa fragilidade, porém, nem sempre nos envolve positivamente na transformação do mundo. Por conseguinte, ousamos pedir: "Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas. Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me, porque Vós sois Deus, meu Salvador". Deixemos que no nosso coração ressoe esta oração, para também nós nos torarmos a oração de Deus para o tempo de hoje.


Textos para a Eucaristia (ano B): Jonas 3,1-5.10; Sl 24 (25) 1 Cor 7,29-31; Mc 1,14-20. 

18.06.13

D. António Couto, Bispo de Lamego - O livro do Génesis

mpgpadre

ANTÓNIO COUTO, O Livro do Génesis. Letras & Coisas, Leça da Palmeira 2013, 180 páginas (livro de bolso).

 

       O livro do Génesis suscita curiosidade e estudos diversos, para os homens da fé, da história, da cultura, da ciência. Umas vezes como fonte, outras para contraposição, às vezes para confirmar o que se sabe, outras vezes para conhecer a cultura e a época em que foi escrito, às vezes para escarnecer, outras para aprofundar a própria fé em Deus criador.

       Há aqueles que fazem do livro do Génesis um texto como que ditado por Deus, sem margem para erro; há quem perceba a inspiração de Deus, a leitura religiosa da criação, e se sinta inspirado para agradecer, para louvar a criação e amor de Deus, e para perceber como Deus age na história, por vezes silenciosamente.

       D. António Couto, neste estudo, aborda diversas questões, a criação de Deus, o ser humano como dom da criação, a cultura envolvente, a originalidade do texto bíblico, a igual dignidade do homem e da mulher, criados por Deus - não são extensão ou da mesma natureza, mas são dom -, o pecado, o paraíso/jardim como dádiva de Deus, que dele cuida, confiando-o ao homem, o pecado dos primeiros pais, o fratricídio de Caim, a teologia da eleição, da aliança, de Deus que nunca desiste da humanidade e sempre nos salva.

       As figuras patriarcais, Abraão, Isaac e Jacob, mas também a sugestiva história de José, o filho predileto, o irmão rejeitado, mas que é eleito para a salvação da família de Jacob, para a preservação da aliança de Deus com o Povo.

       Notório nesta páginas a eleição, um povo, mas instrumento de salvação e de bênção para todos os povos. Só nessa medida faz sentido a eleição, como mediação para todos os povos.

       Para quem quiser aprofundar o estudo do livro dos Génesis, para crentes que queiram acolher a história da salvação, como dom a rezar, a agradecer, para outros que queiram alargar os horizontes das suas questões, ou dúvidas, ou enriquecer-se com reflexões sugestivas.

       É um estudo mais científico, mais académico, em relação a outras sugestões que aqui trazemos, mesmo de D. António, como conjunto de reflexões e homilias, mas que se lê e percebe com facilidade. Será uma belíssima oportunidade para ficar por dentro de toda a problemática levantada sobre o livro do Génesis, e sobre a teologia da criação, em diálogo com a ciência, a história, a antropologia, e com uma referência que passa como fio condutor, a encarnação de Jesus Cristo, a Sua morte e ressurreição, o seu ministério de amor e de salvação. Neste fio condutor percebe-se como tudo desemboca em Jesus Cristo, no Qual todas as coisas foram criadas.

       Boa leitura. Meditada. rezada. "Que o leitor se delicie com estas páginas, em que Deus e o homem se procuram e encontram, ou se distanciam. Foi um prazer, espanto e proveito sempre renovados que as fui escrevendo" (D. António Couto).

 

Veja também a sugestão deste estudo na Livraria Fundamentos: AQUI.

09.04.13

Leituras: Tolentino Mendonça - Nenhum Caminho será Longo

mpgpadre

José TOLENTINO MENDONÇA. Nenhum Caminho será Longo. Para uma teologia da amizade. Paulinas Editora, 2.ª edição, Prior Velho 2012.

       Para lá dos muitos textos que colocámos por AQUI, recomendámos duas obras do Pe. Tolentino Mendonça: Pai-nosso que estais na terra e O tesouro escondido. Duas excelentes leituras, para cristãos, para crentes, ou para pessoas que procuram sentidos ou SENTIDO para as suas vidas. A linguagem é por demais acessível e gera vontade de ler mais, de sublinhar e reler passagens. 

       Este livro que ora sugerimos é mais uma excelente reflexão sobre a amizade, com um fundo cristão, inspirado em Jesus Cristo e no Evangelho, mas com um diálogo atento a filósofos, artistas, poetas, personalidades, pequenas histórias, parábolas, poemas.

       É mais um registo simples, de fácil compreensão, e com a densidade a que o Pe. Tolentino Mendonça nos habituou. É um texto sem teias nem falsas presunções, que desafia a encontrar pérolas nas pessoas que vêm até nós, elevando a amizade no reino do amor. Jesus é também uma referência fundamental, como AMIGOS que considera, acolhe, promove, desafia, envia. Com Pedro que nega. Com Judas que trai. Com outros discípulos que se afastam. Mas há outras figuras bíblicas que revelam a pureza, a beleza e a profundidade da amizade, como David e Jónatas, como Abraão ou Moisés, amigos de Deus, os amigos de Job e muitos outros amigos.

       Quem encontrou um amigo encontrou um tesouro.

       A amizade coloca-nos em comunhão com os outros, mas também com a eternidade. Só o amigo diz bem o meu nome. Bons amigos comunicam por palavras, mas entendem-se bem sem palavras, os silêncio, entre amigos verdadeiros, não incomodativo, mas apaziguador. A amizade não se alimenta de tensões, mas de comunhão, olha para o outro, para o que ele é, não para o que ele tem.

10.03.13

Este meu filho estava morto e voltou à vida...

mpgpadre

       1 – O evangelho deste dia apresenta-nos uma das mais extraordinárias parábolas de Jesus, um exclusivo de São Lucas, conhecida como a Parábola do Filho Pródigo. Uma verdadeira pérola!

       2 – A figura central é o Pai, que facilmente se pode identificar com Deus (PAI). Depois de algumas murmurações, Jesus deixa claro que Deus é Pai, e ama como Pai e como Mãe, é um AMOR entranhado na vida, na história do ser humano.

       Aquele pai cria as condições para os filhos. Trabalha em função deles. Quer que não lhes falte um abraço, a presença dos amigos, a alegria de desfrutar da vida, diariamente, no meio das fragilidades, em dias mais alegres e em dias mais sombrios. Quer que aprendam a trabalhar, a ser responsáveis, a cuidar da casa. Os filhos acompanham-no nos negócios. Partilha com eles a responsabilidade. Não se esconde nas preocupações do trabalho ou na acumulação de fortunas. Os filhos também vão para o campo. Misturam-se com os criados, pois para o Pai também contam, também precisam de casa, de amigos, de apreciar a vida.

       Os filhos já estão crescidos. Já orientam a sua vida, assumem as suas responsabilidades e as consequências dos seus atos. Conhece os filhos como a palma das suas mãos. Deteta sinais de alarme no filho mais novo. Dá-lhe espaço, mas está mais vigilante. Vê-o inquieto, ansioso. Não vê motivos para isso. Mas sabe que os filhos têm de viver a sua vida e passar por momentos menos bons. Também assim se cresce. Que andará a turbar-lhe a mente? Com a naturalidade de sempre pergunta-lhe sobre o que lhe vai na alma. Não obtém resposta satisfatória. Vê que o filho se mantém distante e a fazer perguntas e mais perguntas aos servos e aos viajantes.

       Está a desligar-se. Está a crescer. Está a pensar pela sua cabeça. Há que esperar e dar tempo ao tempo. Eis que o filho mais novo se abeira cheio de si mesmo: “Pai, dá-me a parte da herança que me toca”. E parte. O pai sente que lhe falta o ar. Uma parte de si é-lhe arrancada. Não quer acreditar. Morre um pouco. O pedido do filho é um desejo de morte. A herança herda-se pela morte dos pais, e não em vida. O filho deseja que o pai morra.

 

       3 – Durante a ausência do filho, o Pai cuida da casa, para que o outro filho se sinta protegido. O tempo cura as maleitas dos afetos e dos sentimentos. Pelo menos dilui. A sua casa está incompleta, falte-lhe um membro. Todos os dias fixa o olhar no horizonte, aguardando que o AMOR profundo que nutre pelo filho o faça regressar. A sua aposta não é defraudada. Demorou demasiado tempo. Vê uma sombra ainda distante. Não tem dúvidas. Só pode ser o seu filho que “estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado”. Lança-se ao seu encontro. Abraça-o. Devolve-lhe a dignidade de filho. No seu coração continuou a ser filho. Não o avalia pelos desaires, mas pelo coração. O amor não tem preço. Não há nada que pague o bem do filho. É a vez de esbanjar a sua riqueza com o regresso do filho pródigo. A sua maior riqueza é o amor. Pelos filhos. Não importa o que tem de fazer. “Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos”.

       A mesma atitude diante da intransigência do filho mais velho. Procura entender as razões que lhe assistem. Sempre esteve em casa. Certinho. Cumpridor. Fiel. De tão zeloso que não quer desculpar a safadeza e a rebeldia do irmão. Como é possível o regresso à normalidade? Como é possível que o Pai o trate como se nunca tivesse ido para longe, como se nunca lhe tivesse desejado a morte? Será que o pai perdeu o juízo e a vergonha? Só o amor do Pai/Mãe entende como o coração tem razões que a razão desconhece.

       Jesus mostra-nos como é imenso o amor de Deus por nós. Muito maior que a nossa fragilidade e o nosso pecado. Se nós quisermos, não há nada que nos possa separar do amor de Deus.


Textos para a Eucaristia (ano C): Jos 5, 9a.10-12; 2 Cor 5, 17-21 ; Lc 15, 1-3.11-32.

 

03.03.13

Vou cavar-lhe em volta... Talvez venha a dar frutos

mpgpadre

       1 – Jesus conta mais uma parábola:

«Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontrou. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».

       A paciência de Deus constrói, espera por nós, aguarda a nossa conversão, respeita a nossa liberdade, as nossas escolhas, mas não nos abandona, mesmo em situações em que nós O arredamos da nossa vida, em situações em que, tal como a figueira, não damos fruto. No entanto, Deus continua a cuidar de nós, a tratar-nos como filhos. Mais dia, menos dia, poderemos dar fruto.

       2 – Com Jesus Cristo chega até nós um tempo novo, perfumado com a alegria e a graça de um Deus próximo, amigo, companheiro, entranhado no sofrimento e no labor humanos, e que se situa dentro da humanidade, da história, na assunção da finitude e fragilidade que nos caracteriza. Ele é o novo Moisés, inscrevendo definitivamente a Lei no coração.

       Vejamos a Aliança feita com Moisés:

“Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés, Moisés!». Ele respondeu: «Aqui estou!» Continuou o Senhor: «Não te aproximes. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada… Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor… Conheço, pois, as suas angústias… Assim falarás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus de vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós’».

       Moisés sobe à montanha [veja-se o evangelho do domingo passado: Jesus sobe à montanha, levando alguns discípulos]. Deus fá-lo olhar noutra direção. Aquele é chão sagrado. Todo o chão que nos leva a Deus é sagrado. Todo o chão que nos leva aos irmãos parte do chão sagrado que nos levou a Deus.

       Revisitemos novamente as palavras de Bento XVI, Papa emérito, na Sua Mensagem para esta Quaresma: “A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus”. Moisés aproxima-se de Deus, para ser por Ele enviado a libertar o povo escravizado no Egipto.

 

       3 – Precisamos de nos descalçar para sentimos a terra firme e que nada nos separa de Deus. Sem calçado, os pés transmitem a todo o corpo a textura da terra. Descalços somos mais iguais uns dos outros, em contacto com o mesmo húmus, com a mesma origem.

       Se os nossos pés tiverem a poeira da terra, não nos esqueceremos tão facilmente da nossa humana, frágil e fraterna condição. Com os pés assentes em terra firme não corremos o risco de flutuar, sem rumo nem norte. Para que o nosso olhar permaneça fixo na eternidade de Deus, é urgente firmar o nosso caminhar na terra que nos permite ver, encontrar e acolher os outros como irmãos.

       É o chão que nos une e nos conduz à Terra Prometida, para os judeus um território, para nós, Jesus, o Filho de Deus.

       O apóstolo São Paulo faz-nos percorrer o caminho da Aliança de Deus com o Povo Eleito: “Não quero que ignoreis que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, passaram todos através do mar e na nuvem e no mar, receberam todos o batismo de Moisés. Todos comeram o mesmo alimento espiritual e todos beberam a mesma bebida espiritual. Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava: esse rochedo era Cristo... Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair”.

       Em Dia Nacional da Cáritas, sobressai o desafio: o compromisso na fé para uma cidadania ativa, quebrando as cadeias injustas, eliminando as barreiras do preconceito e do egoísmo, respondendo ao amor de Deus com o amor aos irmãos e irmãos que Ele nos dá.


Textos para a Eucaristia (ano C): Ex 3, 1-8a.13-15; 1 Cor 10, 1-6.10-12; Lc 13, 1-9.

 

Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

05.09.12

CARTA DO JUDEU DO GUETO DE VARSÓVIA

mpgpadre

       "... O texto apresenta o ambiente de 1943: o gueto de Varsóvia está cercado e em chamas. Um após outro, caem todos os seus defensores. Numa das últimas casas em que ainda resiste está presente o filho de Israel. E mete numa garrafa vazia um escrito com as suas últimas palavras:

...

       Creio no Deus de Israel, embora Ele tenha feito de tudo para arrasar a minha fé n'Ele. As minhas relações com Ele já não são as de um servo diante do seu senhor, mas a de um discípulo perante o seu mestre...

       Morro, mas não satisfeito; como um homem abatido, mas não desesperado; crente, mas não suplicante; amando a Deus, mas sem dizer cegamente: Ámen. Segui a Deus, mesmo quando Ele me repeliu. Cumpri o seu mandamento, mesmo quando, para premiar a minha observância, Ele me castigava. Amei-o, amava-o e amo-o ainda, embora me tenha abaixado até ao chão, me tenha torturado até à morte, me tenha reduzido à vergonha e ao escárnio. Podes torturar-me até à morte, acreditarei sempre em ti; amar-te-ei sempre, mesmo que não queiras. E estas são as minhas últimas palavras, meu Deus de cólera: Não conseguirás fazer com que Te renegue.

       Tentaste de tudo para fazer-me cair na dúvida, mas eu morro como vivi: numa fé inabalável em Ti. Louvado seja o Deus dos mortos, o Deus da vingança, o Deus da verdade e da fé que imediatamente mostrará os fundamentos com a sua voz omnipotente. Shema' Israel, Adonai Elohenu, Adonai echad! Escuta, Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é um!

in BRUNO FORTE, As quatro noites da salvação, Prior Velho, Paulinas 2009.

12.07.12

Para o amor, nenhum sacrifício é demasiado grande

mpgpadre

       Para o amor, nenhum sacrifício é demasiado grande; de facto, só se pode sacrificar o que se mama. Sacrificar o que não se ama é até demasiado fácil: o difícil é oferecer a Deus o amor verdadeiro da nossa vida! Diz Kierkegard: «Abraão ama Isaac com toda a alma e quando Deus lho pede, ama-o, se possível, ainda mais; só assim pode fazer dele um sacrifício». Abraão só pode sacrificar Isaac porque o ama infinitamente. A Deus não se oferece o refugo do coração, pois só se pode oferecer-lhe o amor maior... Crer é oferecer o Isaac do seu coração, o único, o amado, oferecê-lo a Deus, porque só Ele é digno desta oferta e deve ser amado assim. Morrer para nascer. Perder-se para encontrar-se...

       A fé consiste em: crer na possibilidade impossível de Deus, confiar em Deus, apesar do silêncio de Deus, não obstante a noite escura das suas exigências impossíveis.O homem da fé sabe que Deus é Deus e que é preciso confiar em Deus sem condições. Na verdade, também Deus vivi a sua noite por amor aos homens, também Ele como Abraão oferecerá por nós o Isaac do Seu coração...

 

BRUNO FORTE, As quatro noites da salvação, Prior Velho, Paulinas 2009.

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