“A peregrinação a Portugal foi para mim uma experiência tocante e rica de muitos dons espirituais”, afirmou Bento XVI na audiência geral desta Quarta-feira, no Vaticano.
“Agradeço a Deus que me deu a possibilidade de prestar homenagem àquele povo, à sua longa e gloriosa história de fé e de testemunho cristão”, disse o Papa.
“Enquanto permanecem vincadas na minha mente e no meu coração as imagens desta inesquecível viagem, o acolhimento caloroso e espontâneo e o entusiasmo das pessoas, dou graças ao Senhor porque Maria, aparecendo aos três Pastorinhos, abriu no mundo um espaço privilegiado para encontrar a misericórdia divina que cura e salva”, referiu Bento XVI.
Depois de recordar que a viagem ocorreu “por ocasião do décimo aniversário da beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco”, Bento XVI afirmou sentir-se “espiritualmente sustentado” pelo seu “amado predecessor, o venerável João Paulo II”, que por três vezes se deslocou a Fátima, “agradecento àquela ‘mão invisível’ que o salvou da morte no atentado de treze de Maio [de 1981], aqui, nesta Praça de São Pedro”.
Bento XVI afirmou que confia a Deus os frutos que a viagem “trouxe e vai trazer à comunidade eclesial portuguesa e a toda a população”.
O Papa passou em revista os vários momentos da visita, nas três cidades por onde passou, começando por Lisboa, onde, "no encantador cenário do Terreiro do Paço”, presidiu a uma missa que contou com “uma assembleia litúrgica de festa e de esperança, animada pela participação jubilosa de numerosos fiéis”.
Depois de recordar que de Lisboa partiram ao longo dos séculos muitos missionários para levar o Evangelho a outros continentes, o Papa recordou que encorajou a “Igreja local a uma vigorosa acção evangelizadora nos diversos ambientes da sociedade, para serem semeadores de esperança num mundo muito marcado pela desconfiança”.
No encontro com o mundo da cultura, que ocorreu no Centro Cultural de Belém, a 12 de Maio, Bento XVI assinalou que sublinhou “o património dos valores com os quais o cristianismo enriquecer a cultura, a arte e a tradição do povo português”.
“Nesta nobre terra, como em outros países profundamente marcados pelo cristianismo, é possível construir um futuro de fraterna compreensão e de colaboração com as outras instâncias culturais”, realçou.
Na sua catequese, em italiano, Bento XVI disse ter ido a Fátima “movido especialmente por um sentimento de reconhecimento para com a Virgem Maria”.
No Santuário, assinalou, Nossa Senhora “transmitiu aos seus videntes e aos peregrinos um intenso amor pelo sucessor de Pedro”.
Em Fátima, onde é perceptível “de maneira quase palpável” a presença de Maria, Bento XVI disse ter-se feito “peregrino com os peregrinos”, no Santuário que é “o coração espiritual de Portugal e meta de uma multidão de pessoas provenientes dos lugares mais diversos da terra”.
Neste Ano Sacerdotal prestes a terminar, Bento XVI afirmou ter encorajado os padres a dar prioridade à escuta da Palavra de Deus, ao conhecimento “íntimo” de Cristo e à “intensa” celebração da missa, tendo ainda consagrado ao “Coração Imaculado de Maria, verdadeiro modelo de discípula do Senhor, os sacerdotes de todo o mundo”.
À noite, “com milhares de pessoas”, Bento XVI participou na oração do Rosário, que “encontrou em Fátima um centro propulsor para toda a Igreja e para o mundo”; “Podemos dizer que Fátima e o Rosário são quase um sinónimo”, realçou.
Para o Papa, o ponto mais alto da visita a Fátima foi a missa a que presidiu a 13 de Maio, “aniversário da primeira aparição de Maria a Francisco, Jacinta e Lúcia”, ocorrida em 1917.
No entender de Bento XVI, a mensagem de Fátima está centrada “na oração, na penitência e na conversão, que se projecta para além das ameaças, dos perigos e dos horrores da história”, convidando “o homem a confiar na acção de Deus, a cultivar a grande Esperança, a fazer a experiência da graça do Senhor”, fonte “do amor e da paz”.
Durante a tarde de 13 de Maio, aquando do encontro com representantes da Pastoral Social e de organiszações de apoio aos mais carenciados, o Papa salientou que “muitos jovens aprendem a importância da gratuidade” em Fátima, que é “uma escola de fé e de esperança”, bem como “de caridade e de serviço aos irmãos”.
A reunião com os bispos de Portugal, que se seguiu, “foi classificada por Bento XVI como “um momento de intensa comunhão espiritual”, durante o qual se agradeceu a Deus pela “fidelidade” da Igreja portuguesa e se “confiou à Virgem” as expectativas e preocupações pastorais.
No Porto, a 14 de Maio, perante uma “grande multidão de fiéis” congregada na Avenida dos Aliados, “recordei o compromisso de testemunhar o Evangelho em todos os ambientes, oferecendo ao mundo Cristo ressuscitado, a fim de que todas as situações de dificuldade, de sofrimento, de medo sejam transformadas, através do Espírito Santo, em ocasiões de crescimento e de vida”, assinalou Bento XVI.
O Papa voltou a agradecer ao presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e às autoridades do Estado pela “cortesia” com que o acolheram.
Agradecimento extensivo aos Bispos de Portugal, pela “preparação espiritual e organizativa” da visita, em particular ao Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, ao Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, e ao Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, bem como aos “vários organismos da Conferência Episcopal”, presidida por D. Jorge Ortiga.