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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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10.04.17

Leituras: Bento XVI - Conversas Finais, com Peter Seewald

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BENTO XVI (2016). Conversas Finais, com Peter Seewald. Alfragide: Publicações Dom Quixote. 288 páginas.

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Decorria o ano de 1993, ainda seminarista quando tive a oportunidade de ler o livro-entrevista com os mesmos protagonistas, sob o título, Sal da Terra (1992), Peter Seewald à conversa com o então Cardeal Joseph Ratzinger. Além de todas as perguntas e respostas sobre a vida, a vocação, os tempos atuais, a Igreja nos nossos dias, como criança e jovem, como sacerdote, Bispo, Cardeal e Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, duas ideias ficaram-me gravadas na memória: para chegar a Cristo há tantos caminhos quantas as pessoas. O Cardeal respondia dessa forma a uma questão sobre se único caminho para Cristo era a Igreja. Outra ideia que surge também nesta obra é o facto da Igreja poder ser constituída por minorias. Bento XVI volta a reafirmar esta "profecia" sobretudo na Europa, sublinhando que não é algo de negativo ou desmotivador, pelo contrário, como no início da Igreja poderá levar os que são crentes a serem mais convictos, mais autênticos, mais missionários. "Os crentes terão de se esforçar ainda mais por continuarem amoldar e serem portadores da reflexão sobre os valores e a vida... a responsabilidade torna-se maior".

Como seminarista recorri a outros textos do então Cardeal Ratzinger, como leitura e para trabalhos a realizar no curso de teologia. É sempre um desafio ouvir ou ler Ratzinger e/ou Bento XVI. Esta esta entrevista não é exceção. Clareza, simplicidade, transparência, sem fugir às perguntas, sem falsas modéstias, reconhecendo decisões ou momentos em que falhou, em que foi ingénuo ou acreditou nas informações que lhe chegaram. Há muitos motivos para ler Conversas Finais, talvez por isso mesmo, por serem finais. O Papa da eleição, da sua e da do Papa Francisco, do oito anos de pontificado, e da frescura de Francisco, fala da infância, da juventude, do jovem sacerdote e professor, de perito do Vaticano II, Arcebispo de Munique, fala da ligação ao Papa João Paulo II e como tentou regressar ao sossego da investigação teológica, fala dos escândalos na Igreja e como os enfrentou. Tudo isso pode ser motivo para ler esta obra. Mas destacaria algumas curiosidades:

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  • O Pai era polícia e como tal tiveram que mudar de casa umas 14 vezes;
  • Família manifestamente contrária ao poder nazi. O pai era profundamente católico e contrário ao proceder de Hitler; o pai achava que a Igreja deveria ter uma intervenção mais ativa contra o nacional-socialismo, cardeais e papa...
  • depois da reforma do pai, a mãe teve que ir trabalhar para poder sustentar a casa, e possibilitar que os três irmãos pudessem estudar; o pai teve que aprender a cozinhar e a fazer a lide de casa;
  • Com a iminência da guerra que se adivinhava, os pais decidem comprar casa;
  • Nenhum dos irmãos tirou a carta de condução, embora fosse vontade expressa do pai que todos a tirassem;
  • Integrou o exército alemão, como todos os jovens alemãs que estivessem aptos. Ficou na retaguarda, acabando por desertar. Ainda assim foi preso pelos americanos... dormiam no chão, no exterior, passaram vários dias sem comer;
  • Não era muito bom em desporto, mas aguentava-se muito tempo a caminhar, pois percorria grandes distâncias ora a pé ora de bicicleta.
  • O ano mais feliz da sua vida, também dos mais dramáticos, foi o ano como vigário paroquial, um desafio... todos os sábados confessava umas duas horas...
  • A habilitação à docência universitária gerou a discussão entre dois dos seus mestres, elementos do júri, que em vez de fazerem perguntas e discutirem com Ratzinger, discutiram entre eles;
  • Uma das preocupações nesta habilitação era continuar a ajudar os pais;
  • Como teólogo sempre se considerou como progressista, com o recurso predominante à Sagrada Escritura e aos Padres da Igreja (Patrística). Os conservadores eram sobretudo escolásticos. Mais, muito mais Santo Agostinho que São Tomás de Aquino;
  • Obediência dialogada... recusou mudar de universidade, ainda que fosse o seu Bispo a pedir-lhe, adiou a ida para Roma, logo em 1979, um ano depois da eleição de João Paulo II, porém viria a aceitar o convite do Papa polaco em 1982. Comunicavam em alemão, que era a segunda língua de João Paulo II;
  • Chegou a ser acusado de maçónico e coisas do género... e até acusado de trair o Cardeal Frings, de que era conselheiro, acusação que não aceita...
  • Escreveu o texto para a Audiência Geral, na qual João Paulo II iria sancionar e identificar-se com o documento da Congregação da Doutrina da Fé, Dominus Iesus... foi então dito que o Papa se afastava do documento, quanto tinha sido o próprio a solicitar o texto... Curiosamente, diz Bento XVI, nunca escreveu nenhum texto da Congregação... «É obvio que colaborei e também reformulei criticamente o texto e assim. Mas eu próprio não escrevi nenhum dos documentos, nem sequer a Dominus Iesus».
  • Teve um papel importante no Vaticano II, como conselheiro do Cardeal Frings e depois como perito...
  • Os bispos alemãos, com os austríacos, terão tido um peso importante na eleição de João Paulo II... mais à frente, Bento XVI diz claramente que era favorável à eleição de João Paulo II...
  • Desde 1997 que Bento XVI tem um pacemaker...
  • Em 1994 perdeu por completo a visão do olho direito, em consequência de alguns derrames cerebrais. Em 1991 teve uma hemorragia cerebral, consequências sentidas nos anos seguintes...
  • Amigo de Hans Küng, cooperaram algum tempo, depois distanciaram-se, pois Küng foi-se radicalizando contra o Concílio e o primado do Papa... porém quando lhe perguntaram a opinião, respondeu: «Deixem-no». Mais tarde sancionou, com outros Bispos alemães, a decisão tomada pela Congregação da Doutrina da Fé pelo seu afastamento... O Cardeal Franjo Sper, Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé foi decidido: há quinze anos que a Igreja está a ser destruída e nós não fazemos nada...
  • No conclave para eleger o Sucessor de João Paulo II, o Cardeal Ratzinger estava sossegado, certo que iria finalmente descansar e dedicar-se ao estudo teológico, mas logo no primeiro dia de votações percebeu que poderia vir a ser o 265.º Papa da Igreja Católica... Bento XVI fala também das profecias de Malaquias...
  • Renovação do Papado, no ecumenismo e no diálogo inter-religioso, ambiente que lhe era familiar enquanto sacerdote e professor e como Arcebispo...
  • As Audiências Gerais agregaram multidões para o escutarem... discursos aclamados, por exemplo na Sede das Nações Unidas, milhões de pessoas leram as suas Encíclicas... 
  • Aquando da eleição não aceitou ficar no apartamento mandado construir por João XXIII, tendo preferido ficar em Santa Marta, até que algumas obras foram feitas no Palácio Apostólico... mandou tirar a alcatifa... ou chão ou alcatifa...
  • Dificuldade em usar os botões de punho, que não gostava de usar... "Irritavam-me bastante, tanto que cheguei a pensar que quem os inventou tinha de ir parar ao fundo do purgatório (ri)".
  • Precisa de dormir 7 a 8 horas...
  • Na Alemanha foi onde teve a maior contestação... num discurso falou na necessidade da "desmundanização" da Igreja... tema agora querido e explicitado pelo Papa Francisco...
  • Na Missa matinal, o Papa João Paulo II tinha sempre convidados, pessoas diferentes... com Bento XVI as Missas matinais passaram a ser em recolhimento, pois não se sentia preparado para ver todos os dias novos rostos, precisava de celebrar tranquilamente...
  • Não se considera místico... para escrever precisa de silêncio...
  • Na questão da pedofilia, chamou a Si, à Congregação da Doutrina da Fé, para que os processos fossem mais céleres, modificou a legislação, o que permitiu, já como Papa afastar 400 sacerdotes, reduzindo-os ao estado laical...
  • Em relação ao lobby gay, considera que foi desmantelado...
  • No caso Williamson, Bispo da Fraternidade de São Pio X, a quem o papa levantou a excomunhão... só foi informado depois de tudo ter acontecido... "Não compreendo como é que, sendo um caso tão conhecido, nenhum de nós deu por ele. Para mim é incompreensível, inconcebível"... "Na altura houve uma batalha propagandística gigante contra mim. Quem estava contra mim teve finalmente o pretexto para dizer «ele é incapaz, não é o homem certo para o lugar». Foi por conseguinte uma hora negra e um tempo difícil, mas as pessoas acabaram por compreender que eu não tinha sido realmente informado".
  • Em relação a Vatileaks, com o próprio mordomo a revelar documentos... "Não consigo compreender como é que se pode querer algo assim... Eu nem sequer o conhecia. Ele passou pelo crivo do sistema, passou todas as provas e em tudo parecia o homem certo".
  • "O lado político foi para mim o mais penoso" do pontificado...

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"Diria que tentei sobretudo ser um pastor, o que implica naturalmente também uma relação apaixonada com a Palavra de Deus, ou seja aquilo que um professor tem de fazer. Implica, além disso, ser um professante, um confessor. Os termos professor e confessor, filologicamente, significam mais ou menos o mesmo, sendo que a missão está naturalmente mais próxima da de confessor"....

"A direção prática não é bem a minha qualidade..."

"É preciso continuar a aprender o que a fé nos dia neste nosso tempo. É preciso aprender a ser mais humilde, mais simples, mais sofredor e a ter mais coragem para resistir; e, por outro lado, aprender a ser sincero e a estar disponível para continuar a caminhar".

27.03.17

Aura Miguel. Conversas em Altos Voos com o Papa Francisco

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AURA MIGUEL (2017). Conversas em Altos Voos. Encontros e entrevista com o Papa Francisco. Lisboa: Paulus Editora. 146 páginas.

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"A matéria-prima deste livro é a entrevista de uma hora que o Papa Francisco concedeu à Rádio Renascença, a 8 de Setembro de 2015, na Casa Santa Marta. Mas este livro inclui detalhes inéditos sobre como é viajar com o Papa Francisco e como é o seu estilo descontraído, dentro do avião e não só; há várias peripécias documentadas em muitas fotos, aqui reproduzidas, bem como minuciosos relatos dos bastidores. Mas o motivo principal deste livro relaciona-se com a próxima visita do primeiro Papa latino-americano a Fátima. A nossa esperança é que estas páginas ajudem a conhecer melhor o ilustre peregrino que aí vem e reforcem o amor dos portugueses pelo Sucessor de Pedro, tão inseparavelmente ligado à Mensagem que a Virgem, há cem anos, confiou a três crianças portuguesas" (contracapa).

Aura Miguel é "vaticanista", isto é, jornalista, da Rádio Renascença, e que está creditada junto da Santa Sé (Vaticano), acompanhando o Papa nas suas viagens apostólicas. Já conta mais de 80 viagens no avião que transporta o Papa para diversos países. Acompanhou João Paulo II, Bento XVI e agora Francisco. São muitas as histórias e as curiosidades. Neste livro conta o primeiro encontro com o Papa Francisco, como lhe solicitou uma entrevista para a Rádio Renascença e como Francisco respondeu num novo voo, numa nova Viagem Apostólica, seis meses depois, entregando-lhe um envelope, com a data para entrevista, o lugar e a hora.

A entrevista realizou-se a 8 de setembro de 2015, Natividade de Nossa Senhora, na Casa de Santa Marta, por ocasião da Visita Ad Limina dos Bispos portugueses, com início a 7 de setembro.

A publicação do livro e da entrevista, disponível digitalmente na Rádio Renascença, prepara e antecipa a Visita do Papa Francisco a Portugal como Peregrino de Fátima.

A entrevista começa precisamente por falar do conhecimento que o Papa tem dos portugueses, falando também encontro com os Bispos portugueses, com a acentuação nos jovens e na catequese, partindo depois para outros temas como a surpresa da eleição, as periferias, os jovens e a Europa envelhecida, os valores e a educação, a paz em que sente apesar de tamanha responsabilidade, o Jubileu da Misericórdia, a cultura do encontro, a criatividade na educação, os direitos e os deveres, os direitos com a verdade, a felicidade e os problemas a enfrentar, o empenho político e o cuidado pela criação, a preferência de uma Igreja acidentada que uma Igreja doente por não sair...

Além de outras curiosidades que constam do livro, o facto do Papa Francisco, juntamente com o envelope, ter entregado a Aura Miguel duas pagelas, uma de Santa Teresa do Menino Jesus e outra de São José.

29.01.16

Leituras: Papa Francisco - O NOME DE DEUS É A MISERICÓRDIA

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FRANCISCO (2016). O Nome de Deus é e Misericórdia. Lisboa: Planeta. 160 páginas

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         Vivemos o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, e cujas motivações se encontram na Bula de Proclamação deste Ano Santo: Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia), dada ao mundo no dia 11 de abril de 2015, em Roma, véspera do II Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia. A Bula vem anexada nesta publicação que ora recomendámos.

       Andrea Tornielli é um conhecido e reconhecido vaticanista (jornalista acreditado pela Santa Sé e que acompanha de perto o Papa, quer no Vaticano, quer nas suas viagens apostólicas), e que ao longo do tempo tem escrito sobre os Papas.

       Numa das primeiras Missas do Papa Francisco, na Igreja de Sant'Ana, no Vaticano, Andrea estava presente e ouviu as palavras do Papa Francisco: «A mensagem de Jesus é a misericórdia. Para mim, digo-o humildemente, é a mensagem mais importante do Senhor... O Senhor nunca se cansa de perdoar: jamais! Somos nós que nos cansamos de Lhe pedir perdão. Então, temos de dar graças por não nos cansarmos de pedir perdão, porque Ele jamais se cansa de perdoar».

       Mais tarde numa das Homilias do Papa Francisco na Casa de Santa Marta: "Deus condena não com um decreto, mas com uma carícia... Jesus vai além da lei e perdoa, acariciando as feridas do nosso pecado".

       Ou então: "A misericórdia é difícil de perceber: não apaga os pecados... o que apaga os pecados é o perdão de Deus... a misericórdia é a forma com que Deus perdoa... como o Céu: olhamos para o céu com muitas estrelas, mas quando nasce o Sol, com tantas luz, as estrelas não se veem. Assim a misericórdia de Deus: uma grande luz de amor, de ternura, porque Deus não perdoa por decreto, mas com uma carícia... acariciando as nossas feridas do pecado, porque Ele é o supremo perdão, a nossa salvação... É grande a misericórdia de Deus, é grande a misericórdia de Jesus: perdoa-nos e acaricia-nos"...

       A partir daqui nasceu o propósito de entrevistar o Papa sobre a misericórdia, por maioria de razão após a convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. É este diálogo que nos é apresentado em livro e que explicita, ou sublinhada, os propósitos do Magistério do Papa Francisco e do Jubileu da Misericórdia.

 

Algumas citações:

"A misericórdia divina contagia a humanidade. Jesus era Deus, mas também era um homem, e na sua pessoa também encontramos a misericórdia humana... A misericórdia será sempre maior que qualquer pecado, ninguém pode impor um limite ao amor de Deus que perdoa... Ele é misericórdia, e porque a misericórdia é o primeiro atributo de Deus. É o nome de Deus".

"Misericórdia é a atitude divina que abraça, é o dom de Deus que acolhe, que perdoa. Jesus disse que não veio para os justos, mas para os pecadores... a misericórdia é o bilhete de identidade do nosso Deus... a misericórdia está profundamente ligada à lealdade de Deus".

"Falta a experiência concreta da misericórdia. A fragilidade dos tempos em que vivemos é também esta: acreditar que não existe a possibilidade da redenção, uma mão que te levanta, que te inunda de amor infinito, paciente, indulgente, que te volta a pôr no caminho certo".

APOSTOLADO DO OUVIDO:

"Tenho de dizer aos confessores: falem, ouçam pacientemente e acima de tudo digam às pessoas que Deus quer o seu bem. E se o confessor não pode absolver, que explique porquê, mas que não deixe de dar uma bênção, mesmo sem absolvição sacramental. O amor de Deus também existe para quem não está disponível para receber o sacramento: também aquele homem e aquela mulher, aquele rapaz e aquela rapariga são amados por Deus, desejosos de bênção. Sejam afetuosos com estas pessoas. Não as afastem. As pessoas sofrem. Ser confessor é uma grande responsabilidade. Os confessores têm à frente as ovelhas tresmalhadas que Deus tanto ama, se não lhes demonstrarmos o amor e a misericórdia de Deus, afastam-se e talvez nunca mais voltem. Por isso, abracem-nos e sejam misericordiosos, mesmo que não os possam absolver. Deem-lhes uma bênção..."

Citação do Papa Bento XVI:

«A misericórdia é na realidade o núcleo central da mensagem evangélica, é o nome de Deus, o rosto com que Ele se revelou na antiga Aliança e plenamente em Jesus Cristo, encarnação do amor criador e redentor. Este amor de misericórdia também ilumina o rosto da Igreja e se manifesta quer através dos sacramentos, especialmente o da reconciliação, quer com as obras de caridade, comunitárias e individuais. Tudo o que a Igreja diz e faz é a manifestação da misericórdia que Deus nutre pelo homem».

Citação do Papa João XXIII, na abertura solene do Concílio Vaticano II:

"A esposa de Cristo [a Igreja] prefere usar o medicamento da misericórdia em vez de abraçar as armas do rigor".

03.10.14

Leitura: FEYTOR PINTO - A Vida é sempre um Valor

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FEYTOR PINTO (2014). A Vida é sempre um Valor. Não posso dizer «não» a ninguém. Entrevista de Octávio Carmo ao Padre Vítor Feytor Pinto. Prior Velho: Paulinas Editora. 144 páginas.

       Nos finais dos anos 90, o Pe. Feytor Pinto esteve no Seminário Maior de Lamego. Era conhecido da televisão e da rádio. Nessa ocasião ocupava um cargo importante, o de Alto Comissário do Projeto VIDA, programa governamental de combate à droga, mas que englobará outras dinâmicas de promoção da vida humana. 6 anos, três tendo como primeiro-ministro Cavaco Silva, três anos tendo como primeiro-ministro António Guterres. É certamente este cargo, esta missão, que lhe dá projeção nacional, e internacional.

       Quando o Pe. Vítor Feytor Pinto irrompe pela Capela do Seminário de Lamego o que vemos, seminaristas ainda em busca e em formação, um padre, de bom porte, sorridente mas cansado. Ajoelha-se e reza em silêncio. Quando chega a hora de falar, fá-lo em tom bastante baixo, sereno, como um pai diante dos seus filhos. Nessa viagem que efetuou, na qualidade de Alto Comissário, dormiu durante o trajeto de 4 horas, de Lisboa a Lamego. Segundo o motorista, era isso que acontecia em diversas ocasiões. Não havia tempo. Ou melhor, o tempo era para estar onde fosse solicitada a sua presença. Com os seminaristas, rezou o terço, se me não falta a memória, ou uma das horas litúrgicas, e fez-nos uma breve reflexão apontando para o sentido da Vida, e como Jesus era o centro de toda a vida. Penso que não estou a inventar. Ficou-me na lembrança sobretudo a acessibilidade do Pe. Feytor Pinto, irradiando alegria, apesar do cansaço e da viagem, agradecendo o facto de dispor de um motorista, pois assim tinha possibilidade de ir mais longe, aproveitando melhor o tempo.

       Nesta entrevista, conduzida pelo jornalista da Agência Ecclesia, Octávio Carmo, e que abarca a vida e a missão do Pe. Feytor Pinto, na Igreja e na Sociedade, na Cultura e na Pastoral da Saúde, envolvido na divulgação do Concílio Vaticano e no compromisso de testemunhar Jesus Cristo, nas responsabilidades no projeto Vida, mas também em outras tarefas, como pároco, como conselheiro, como homem de Deus.

       Este livro faz parte da coleção GRANDES DIÁLOGOS, das Paulinas, e que lendo já aconselhamos alguns deles. D. Manuel Clemente, entrevistado por Paulo Rocha: UMA CASA PARA TODOS; Frei Joaquim Carreira das Neves, entrevistado por António Marujo: O CORAÇÃO DA IGREJA TEM DE BATER; Pe. António Rego, entrevistado por Paulo Rocha: A ILHA E O VERBO, e agora a VIDA É SEMPRE UM VALOR.

       A primeira parte do livro é constituído pela entrevista. A segunda parte recolhe uma conjunto de textos e intervenções do entrevistado, neste caso, do Pe. Vítor Feytor Pinto: Discurso proferido na 48.ª Assembleia Geral das Nações Unidas enquanto Alto-Comissário para o Projeto Vida; Congresso Mundial da FIAMC (Federação Internacional de Médicos Católicos); Comunicação na reunião da OMS (Organização Mundial de Saúde) para a Europa, na qualidade de observador por parte da Santa Sé; Perante a toxicodependência: uma atitude ética; Linhas Pastorais para redescobrir e revalorizar o Viático (neste caso, proferida no Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, no Vaticano, em 2005). 

       Para quem trabalha na área da pastoral da saúde, ou melhor, para todos os que lidam com pessoas, pois todas as pessoas aspiram a uma vida saudável. Aliás, o sublinhado da Pastoral da Saúde em lógica de promoção de vida saudável. Atenção, cuidado, respeito, tolerância, diálogo, assunção de convicções próprias. Tratar a pessoa como pessoa. Amá-la. Cuidar dela. Ao jeito de Jesus. Sem olhar à doença, ao credo, ao sexo ou à religião.

"O jogo dos afetos pede respeito profundo pelo outro, se realmente queremos encontrar saída para os problemas. Depois, há um ponto fulcral, absolutamente fulcral: é preciso ter em consideração que a pessoa humana é mais importante do que a economia. A economia que não serve a pessoa está em pecado, é pecaminosa" (pp 21-22)
"Amor e dor: não se recebe o amor sem se sofrer por ele. Aliás, é o mistério de Jesus Cristo. Ele amou a humanidade de uma maneira radical, a ponto de dar a vida pela própria humanidade. Ele próprio diz: «Não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles a quem se ama»... (p 53)
"Hoje, a fé, em tempo de nova evangelização, tem de exprimir-se de outra maneira, através da autenticidade e coerência de vida, através de gestos concretos de solidariedade e serviço, através da autenticidade e coerência para além da dor, do cansaço e do fracasso" (p. 86).

06.03.14

VÍTOR GASPAR por MARIA JOÃO AVILLEZ

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VÍTOR GASPAR por MARIA JOÃO AVILLEZ. Edição de Maria João Avillez e Publicações Dm Quixote. Alfragide 2014. 416 páginas.

 

       Vítor Gaspar, reconhecido pelos seus pares, mas desconhecido do público português até ao dia em que foi anunciado como Ministro das Finanças, do Governo de coligação, liderado por Pedro Passos Coelhos. Quando surge alguma figura, cuja missão, papel, cargo, se reveste de uma importância crucial para os destinos da nação portuguesa, logo vem a curiosidade, o querer saber melhor quem terá a responsabilidade de gerir os meios humanos e económicos, para que os laços entre todos possam ser fortalecidos, precavendo ou corrigindo as estruturas e/ou mecanismos que arredam alguns para as periferias.

       Teixeira dos Santos, do governo anterior, ou Vítor Gaspar, deste governo nos dois primeiros anos de governação, são dois excelentes técnicos de Finanças, competentes, que certamente procuraram fazer o melhor, num serviço ao país, cujas intervenções políticas foram marcadas pela moderação, responsáveis por gerir um dos maiores défices orçamentais, com limitado acesso aos mercados para financiar os compromissos do Estado português e, onsequentemente, de empresas e famílias.

 

MARIA JOÃO AVILLEZ - A Entrevistadora.

       Conhecida jornalista, envolvida nestas lides, com participação em jornais e programas de televisão e com alguns livros publicados, como três volumes da biografia de Mário Soares; Francisco Sá Carneiro: Solidão e Poder; Conversas com Salazar. É arguta. Não aceita qualquer resposta. Tem a mesma curiosidade que grande parte dos portugueses sobre quem é e as medidas que este homem assume. Cedo solicita-lhes permissão para o acompanhar, colhendo impressões, informações, comentários. Depois da demissão de Vítor Gaspar do governo, propõe-se a prosseguir o intenso debate, reflexão, diálogo com um Ministro que deixa um rasto de críticas mas também de reconhecimento aquém e além fronteiras. A jornalista percorre com Vítor Gaspar várias etapas da sua vida: infância e juventude, o homem, o estudioso, negociador, membro de várias instâncias internacionais, o Ministro... Perante a "normalidade" do processo político português e internacional, e com o facto de Vítor Gaspar insistir, com otimismo (cético), em sublinhar positivamente os vários acontecimentos, até as manifestações pedindo a sua demissão, sem nunca apontar defeitos a outros, quase que se ouve a gritar-lhe para que diga nomes, que mostre quem lhe fez a folha. Às tantas... sobre os problemas políticos: "Exatamente quais, santo Deus?" A resposta serena (ou não) de Vítor Gaspar: "Não preciso, não quero e não lhe vou comentar isso", "Ah... Ficaríamos a entender melhor o seu raciocínio e o seu julgamento se fosse mais claro". Resposta: "Pode-me fazer a pergunta 500 vezes que não vai ter uma resposta. Estive plenamente dedicado a esta tarefa durante dois anos. Foi para mim muito difícil. A minha única motivação doi o interesse de Portugal. Estou convencido de que responder à sua pergunta seria contraproducente". "Talvez fosse... mas as pessoas esperariam outra análise sua?" Resposta: "As pessoas esperam imensas coisas sobre os outros e são frequentemente desapontadas. Não vejo razão porque no meu caso haveria de ser diferente. Nenhuma personalidade pode satisfazer as expectativas que o público tem sobre ela, a menos que desista de ser quem é". "E o que é que o faz dizer isso?" Resposta: "O facto de as pessoas poderem ter certas expectativas a meu respeito. Não determina nem quem sou, nem a perceção que tenho de quem sou".

O livro traz um diálogo extremamente vivo, acutilante, com varidas questões, sobre variados assuntos, da vida profissional e "política" de Vítor Gaspar. A jornalista está sempre em busca da melhor e mais clarificadora resposta, colcoando-se no lugar dos portugueses, como crítica, em busca se razões e de esperança para Portugal e para a Europa.

 

VÍTOR GASPAR - O entrevistado.

       Em todo o livro não diz mal de ninguém. E se há algum reparo, incide sobre decisões políticas. Mesmo de quem publicamente mais o terá contrariado, Paulo Portas, formula um juízo positivo e generoso. É política. Terá razões e responsabilidades com o partido. Sobre António José Seguro. Sobre o Tribunal Constitucional - cumpre com as suas responsabilidades. Sobre os outros ministros. Sobre Mário Soares. Sobre Cavaco Silva. Sobre os portugueses e as manifestações. Vivemos em democracia - é normal, faz parte da cultura de uma país moderno, livre e democrático...

       Independentemente do que se possa pensar sobre Vítor Gaspar, e sobre a sua atuação como Ministro das Finanças, este é um diálogo inspirador, respeitando divergências, acolhendo contributos, envolvendo um desafio de esperança em Portugal e na Europa. É impressionante como em 400 páginas, centenas de perguntas, não se encontrem críticas pessoais, ou reparos cáusticos sobre outros intervenientes. Goste-se ou não, vale a pena a leitura deste diálogo, pelos muitos conhecimentos, informações  culturais, sociais, políticos, de alguém que conhece de forma bastante bem os mecanismos decisores na Europa e no Mundo, e em Portugal.

 

GUILHERME D'OLIVEIRA MARTINS - Posfácio.

       O conhecido político e atualmente Presidente do Tribunal de Contas, de uma área política diferente da de Vítor Gaspar, pelo menos no que diz respeito ao cargo que este último desempenhou como Ministro das Finanças, convida a fazer uma leitura atenta deste diálogo, que fará história, no seu entender, será um contributo significativo para narrar os tempos da crise económico-financeira, na qual o então Ministro das Finanças esteve de perto envolvido na procura de uma resposta eficaz. Reconhecendo o valor da entrevistadora, reconhece também que a história presente precisa de um certo distancionamento no tempo, para um juízo mais apurado, reconhecendo também a necessidade de se continuar a apostar no rigor das finanças públicas e no equilíbrio das contas.

 

Nota final - Neste como em outros governos, os ministros mais expostos foram e são os que não têm filiação partidária, pois além dos ataques dos media são atacados pelos partidos. Alguns dados mais: Miguel Relvas - muito atacado pela comunicação social e pela opinião pública, sempre defendido pelo partido. José Sócrates - atacado pelos mass media e pela opinião pública, sempre defendido pelo partido. Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira - dentro dos partidos da coligação muitas vozes a pediram as suas cabeças. Em concreto, se o Ministro da Economia fosse do PSD ou do CDS nunca teria sido forçado a sair para dar lugar a outro membro, cujo papel será igual, mas com a diferença de ter um cartão de militante.

15.11.13

LEITURAS: Antonio Spadaro - Ciberteologia

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ANTONIO SPADARO. Ciberteologia. Pensar o cristianismo na era da internet. Paulinas Editora, Prior Velho 2013, 192 páginas.

        Uma sugestão de leitura que antes nos foi sugerida. Quando sugerimos uma leitura, fazemo-la por ser envolvente, pelo conteúdo, pela forma, pela beleza, pela importância deste ou daquele texto. Na última Assembleia do Clero, da Diocese de Lamego, no dia 5 de outubro de 2013, alguém, em plenário, recomendou esta leitura. Seguindo a recomendação, logo procurámos o livro, e depois da nossa leitura, recomendamo-lo nós também.

 

       António Spadaro, diretor da Revista Cevittá Cattolica, entrevistou há pouco tempo o Papa Francisco, o que o tornou bem mais conhecido. A entrevista, de que já demos nota, é a primeira grande entrevista do Papa Francisco, concedida às revistas da Companhia de Jesus, a que também o papa pertencia. Spadaro é consultor nos Pontifícios da Cultura e das Comunicações Sociais. É docente na Universidade Gregoriana.

       Ao longo dos tempos têm-se dedicado a refletir sobre os meios de comunicação social, nomeadamente no contexto da REDE. O livro Ciberteologia é resultado das reflexões colocadas no blogue com o mesmo nome, com conferências dadas, com investigação e estudo.

       É uma obra de pensamento amadurecido. Apresenta a Internet como um ambiente humano. Não apenas um instrumento, ou um meio, para chegar mais longe, mas uma realidade que facilmente passa do virtual ao encontro.

       São muitos os termos presentes nestes meios que são transferidos da teologia: justificar, apagar, partilhar, grupos, busca, pesquisa, caminho, links, salvar, converter, navegar, home (casa, o ambiente da família). Linguagem da teologia na internet, mas também termos que se tornam mais compreensíveis quando voltam para a teologia.

        Antonio Spadaro traça a evolução técnica da rede, a grande revolução, a necessidade de refletir sobre este ambiente humano. As pessoas estão interligadas, conectadas, de certa maneira, em comunhão. Quando se fala de internet fala-se de vida, e não de fios, cabos, modems, gadgets. É uma experiência de vida. Um EU que se encontra com um TU. A internet é uma ambiente de evangelização.

       Sublinha-se no livro, e na entrevista que se segue, que a Internet não substitui o encontro pessoal, como não substitui a liturgia da Igreja, a inserção na comunidade crente. Ambiente digital que ajuda a conhecer o mundo, aproxima as pessoas,...

       A era da Rede também altera a comunicação, influencia a evangelização, a educação, a relação com a Igreja e com as instituições tradicionais.

       Nos dias 3 e 4 de outubro de 2013, decorreram, em Fátima, as Jornadas de Comunicação Social. Um dos convidados foi precisamente Antonio Spadaro. Segue-se a conferência que ajuda a perceber o que significa ciberteologia, motivando a leitura deste livro, ou a leitura deste livro poderá despertar um maior interesse para escutar esta exposição:

Veja também a pré-publicação de Cibertelogia na página do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura: AQUI.

10.10.13

Papa Francisco - Transitar em paciência

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TRANSITAR EM PACIÊNCIA:

 

       "É um tema do qual me fui apercebendo, durante anos, ao ler um livro de um autor italiano, com um título muito sugestivo: Teologia del fallimento, ou seja, teologia do fracasso, onde se expõe como Jesus entrou em paciência. Na experiência do limite, no diálogo com o limite, forja-se a paciência. Às vezes, a vida leva-nos não a «fazer», mas sim a «padecer», suportando, sustentando as nossas limitações e as dos outros. Transitar a paciência é apercebermo-nos de que o que amadurece é o tempo. Transitar em paciência é deixar que o tempo paute e amasse as nossas vidas".

       "Transitar em paciência implica aceitar que a vida é isso: uma aprendizagem contínua. Quando uma pessoa é nova, julga que pode mudar o mundo; e isso está certo, tem de ser assim. Mas, depois, quando procura, descobre a lógica da paciência na própria vida e na dos outros. Transitar em paciência é assumir o tempo e deixar que os outros façam a sua vida. Um bom pai, tal como uma boa mãe, é aquele que vai intervindo na vida do filho o suficiente para lhe marcar as pautas de crescimento, para o ajudar, mas que depois sabe ser espetador dos fracassos próprios e alheios, e os supera".

 

       "... segurar o papagaio [de papel] assemelha-se à atitude que é preciso ter perante o crescimento da pessoa: em dado momento, é preciso dar-lhe corda, porque «rabeia». Dito de outra maneira: é preciso dar-lhe tempo. Temos de saber pôr o limite no momento justo. Mas, outras vezes, temos de saber olhar para o outro lado e fazer como o pai da parábola, que deixa que o filho se vá embora e desperdice a sua fortuna, para que faça a sua própria experiência"

 

       "Quantas vezes, na vida, é preciso travar, não querer atingir tudo de repente! Transitar na paciência pressupõe todas essas coisas: é claudicar da pretensão de querer solucionar tudo. É preciso fazer um esforço, mas entendendo que uma pessoa não pode tudo. Há que relativizar um pouco a mística da eficácia".

 

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio.

09.10.13

Papa Francisco - CREDO de Bergoglio

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«Quero crer em Deus Pai, que me ama como filho, e em Jesus, o Senhor, que me infundiu o seu Espírito na minha vida, para me fazer sorrir e levar-me assim ao reino eterno da vida.

Creio na minha história que foi trespassada pelo olhar amoroso de Deus e, num dia de Primavera, 21 de Setembro, saiu ao meu encontro para me convidar a segui-lo.

Creio na minha dor, infecunda pelo egoísmo, onde me refúgio.

Creio na mesquinhez da minha alma, que procura engolir sem dar… sem dar.

Creio em que os outros são bons, e que devo amá-los sem temor, e sem trai-los nunca à procura de segurança para mim.

Creio na vida religiosa.

Creio que quero amar muito.

Creio na morte quotidiana, ardente, de que fujo, mas que me sorri convidando-me a aceitá-la.

Creio na paciência de Deus, acolhedora, boa como uma noite de Verão.

Creio que o meu papá está no Céu junto do Senhor.

Creio que o padre Duarte também lá está intercedendo pelo meu sacerdócio.

Creio em Maria, a minha mãe, que me ama e nunca me deixará só.

E espero a surpresa de cada dia na qual se manifestará o amor, a força, a traição e o pecado, que me acompanharão até ao encontro definitivo com esse rosto maravilhoso que não sei como é, de que me desvio continuamente, mas que quero conhecer e amar.

Ámen.»

 

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio. Paulinas Editora. Prior Velho 2013

08.10.13

Papa Francisco - sobre a DOR

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       "A dor não é uma virtude em si mesma, mas o modo como é assumida pode ser virtuoso. A nossa vocação é a plenitude e a felicidade, e, nessa busca, a dor é um limite. Por isso, o sentido da dor só é entendido plenamente através da dor de Deus feito Cristo...

       Por isso, a solução passa por entender a Cruz como semente de ressurreição. Toda a tentativa de suportar a dor obterá resultados parciais, se não for fundamentada na transcendência. É uma dádiva entender e viver a dor em plenitude. Mais ainda: viver em plenitude é uma dádiva...

       Tanto a dor física como a espiritual puxam para dentro, onde ninguém pode entrar; implicam uma dose de solidão. Do que a pessoa precisa é de saber que alguém a acompanha, que gosta dela, que respeita o seu silêncio e reza para que Deus entre nesse espaço que é pura solidão".

 

       "A dor é algo que está ligado à fecundidade. Atenção! Não é uma atitude masoquista, mas sim aceitar que a vida nos marca limites".

 

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio. Paulinas Editora. Prior Velho 2013

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