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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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14.04.14

LEITURAS: José Antonio Pagola - JESUS E O DINHEIRO

mpgpadre

JOSÉ ANTONIO PAGOLA (2014). Jesus e o dinheiro. Uma leitura profética da crise. Lisboa: Paulus Editora. 88 páginas.

       Para quem conhece este sacerdote e teólogo espanhol, sabe que é uma apaixonado por Jesus como fica explicita na contracapa deste livro. Centra-se sobretudo na figura de Jesus Cristo, inserindo-nos junto d'Ele naquele tempo, como seguidores, discípulos, apóstolos, medrosos e renitentes, outras vezes interesseiros e calculistas. Mas afabilidade de Jesus, a Sua compaixão pelos mais frágeis, as palavras carregadas de coerência e autoridade, inquietantes, provocadoras, continuam a ser um desafio para os nossos dias.

       A fé não está desligada da vida. Jesus mantém demasiado perto dos doentes, leprosos, surdos, mudos, invisuais, coxos, os mais pobres, viúvas, galileus, crianças, mulheres, dos pecadores públicos, publicados, mulheres de má vida. Nas suas fileiras tem de tudo e quando chegam as horas decisivas, acobardam-se, protegem-se, resguardam-se dos perigos.

       Este é mais um testemunho que procura trazer-nos Jesus e os Seus ensinamentos, a Verdade que nos salva, a opção clara e inequívoca pelos que são vítimas desta crise que uns criaram e que outros sofrem. A Igreja, seguidora de Jesus Cristo e, por conseguinte, imitadora, terá que ser um voz atenta e comprometida, do lado dos mais pobres, dos desvalidos, dos desempregados, das famílias endividadas, dos trabalhadores e reformados cada vez mais explorados, quando se protegem as finanças, os bancos, as grandes multinacionais, ainda que promotoras de emprego e riqueza. Teremos de viver mais pobres, mas nem por isso menos comprometidos com o vizinho, com os pobres cada vez em maior número.

       A situação que serve de ambiente a Pagola é Espanha, mas em Portugal, como sublinham os editoras, é em tudo idêntica. A intervenção da troika ajuda a equilibrar as contas públicas, financiando os bancos e o estado, mas há cada vez mais pobres, mais desempregados, com os jovens a serem  obrigados a sair do seu país, não podendo gerar riqueza nos países de origem.

       A crise económico-financeira é, antes de mais, uma crise da humanidade.

 

Algumas frases do autor que sustenta a argumentação e a militância dos cristãos:

"Jesus não separou Deus do Seu projeto de transformação do mundo. É possível um mundo diferente, mais justo, mais humano e feliz, precisamente porque Deus o quer assim" (p 19).
"Deus não pode ser Pai de todos sem reclamar justiça para aqueles que são excluídos de uma vida digna. Por isso não O podem servir os que, dominados pelo dinheiro, afogam injustamente os Seus filhos e filhas na miséria e na fome" (p 23).
"Este sistema faz-nos escravos da ânsia de acumular. A História organiza-se, move-se e dinamiza-se a partir desta lógica. Tudo é pouco para nos sentirmos satisfeitos" (p 25).
"Não deis a César o que é de Deus: os pobres. Jesus proclamou repetidamente esta mensagem. Os pequeninos sãos os prediletos do Pai; aos pobres pertence o Reino de Deus. Não se pode sacrificar a vida nem a dignidade dos indefesos a nenhum poder político, financeiro, económico ou religioso. Os humilhados pelos poderosos são de Deus. E de mais ninguém (p 29).
"Chegou o momento de recuperar a compaixão e a misericórdia como herança decisiva que Jesus deixou à humanidade, a força que há de impregnar a marcha do mundo, o princípio de ação que há de mover a história em vista de um futuro mais humano... A misericórdia é o modo de ser de Deus, a Sua maneira de olhar para o mundo e reagir perante as Suas criaturas (pp 33-34).
"O primeiro olhar de Jesus não se dirige ao pecado do ser humano, mas ao sofrimento... Para Jesus, a primeira preocupação foi o sofrimento das pessoas enfermas e subalimentadas da Galileia, a defesa dos aldeões explorados pelos poderosos donos das terras ou o acolhimento dos pecadores e prostitutas, excluídos da religião. Para Jesus, o grande pecado contra o projeto de Deus consiste sobretudo em resistirmos a tomar parte no sofrimento dos outros, fechando-nos no nosso próprio bem-estar" (p 35).
O "sofrimento injusto dos últimos do planeta ajuda-nos a conhecer a realidade do mundo que estamos a construir. Não se conhece o mundo a partir dos centros de poder, mas a partir das massas sem nome nem rosto dos excluídos, os únicos para os quais, paradoxalmente, não há lugar no nosso mundo globalizado. São as vítimas as que mais nos levam a conhecer aquilo que somos" (p 40).
"Os que nada importam são os que mais interessam a Deus. Os que sobejaram dos impérios construídos pelos homens têm um lugar privilegiado no Seu coração. Os que não têm uma religião que os defenda, têm a Deus como Pai (p 45).
"Ser compassivos como o Pai implica lutar contra o esquecimento das vítimas inocentes. Não é possível introduzir no mundo uma cultura da compaixão se não se refletir contra a cultura da amnésia e do esquecimento cruel de milhões de seres humanos que sofrem, vítimas do sistema que hoje conduz a história" (pp 46-47).
"O dinheiro, tendo sido inventado para tornar mais fácil o intercâmbio de bens, há de ser empregue, segundo Jesus, para facilitar a redistribuição, a solidariedade e a justiça fraterna. Só então começa o discípulo a estar em condições de seguir Jesus" (p 57).
"O lema do Governo é claro: «Sabemos o que temos de fazer e fá-lo-emos». Não há alternativa. Nada mais se tem em conta senão cumprir os objetivos económicos que nos são ditados pela troika: o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional. As decisões estão nas mãos dos tecnocratas. O decisivo é atender às exigência do sistema financeiro internacional. A atividade política, que deveria defender os direitos das pessoas e o bem da sociedade, dilui-se convertendo-se em instrumento dos poderosos do dinheiro" (p 59).
"Era necessária uma 'regulamentação fiscal' que pressiona fortemente os assalariados, mas não toca nas grandes fortunas e oferece uma amnistia injusta aos prevaricadores? (p 60).
"A partir da defesa dos últimos e da vontade de compaixão responsável e solidária, temos de defender e promover a defesa do bem comum exigindo, cuidando e desenvolvendo serviços públicos que garantam as necessidades mais básicas. devemos reagir contra a privatização do individualismo, que nos pode fechar no nosso bem-estar egoísta, deixando indefesos os mais fracos.
Temos de recuperar a importância do que é de todos, a responsabilidade do cuidado de uns pelos outros, a defesa da família como lugar por excelência de relações gratuitas, a comunidade cristã como espaço de acolhimento e de mútuo apoio acolhedor e fraterno" (p 66)
Jesus "fala com autoridade porque fala a partir da verdade" (p 67).
"É um disparate de desumanidade que as três pessoas mais ricas do mundo possuam ativos superiores a toda a riqueza dos quarenta países mais pobres, onde vivem seiscentos milhões de pessoas" (p 75)
"... as tecnologias da comunicação e a mobilidade da política humana torna cada vez mais difícil manter ocultas a fome e a miséria dos empobrecidos do mundo e a destruição progressiva do planeta" (p 76).

       »» Esta é uma ideia defendida por Gustavo Gutiérrez,que analisando os perigos da globalização, vê nesta uma possibilidade real de "contestação" aos modelos instituído, facilitando a visualização da pobreza e das injustiças cometidas, e da corrupção. Pode ler-se em "Ao lado dos Pobres".

 

Índice:

1. Apanhados por uma crise global | 2. Degradação sociopolítica da crise | 3. O impacto profético de Jesus | 4. É possível uma alternativa | 5. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro | 6. Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso | 7. Os últimos serão os primeiros | 8. Seguir Jesus em tempos de crise | 9. Manter viva a esperança de Jesus no meio da crise | 10. Jesus Cristo, nossa esperança.
Recomendado na Livraria Fundamentos

09.09.11

Qual a classe média que está ameaçada?

mpgpadre

...mais que um enfraquecimento económico, foi debilidade de alma com dependência viciosa da banalidade, mau gosto, futilidade de vida e perda de valores humanos e patrimoniais.

        E cada vez mais se vão vendo e ouvindo notícias, debates, declarações, sentenças avulsas, sobre uma crise que desaba sobre todos, e onde todos parecem querer fugir na hora de assumir gestos concretos para a solução. Os verdadeiramente pobres já não sabem que dizer e fazer. Os chamados ricos não sentem alteração apreciável. Tal como está a impatrialidade do dinheiro, facilmente se arranja um colchão anónimo em qualquer recanto do planeta e aí se faz descansar em paz os milhões, escapando ao mais rigoroso sistema fiscalizante. Assim ignoram a crise dos outros aquietando a consciência com doações ou fundações que pouco remendam os andrajos ou saram as feridas. A crise, mais cedo ou mais tarde, vai passar e tudo continuará como dantes.

       O novo discurso parece centrar-se agora naquilo a que se chama a classe média. No presente contexto não se sabe bem o que seja, mas deve tratar-se de novos pobres que já foram quase ricos e se sentiram ludibriados pela publicidade, pelos empréstimos, pelos juros, pelas promessas, pela ascensão social que deu carro de luxo, muitos topos de gama, vivenda, piscina, decorador, alfaiate, segundo carro, segunda casa e uma infinidade de quinquilharias de marca que nada têm a ver com saúde, cultura, qualidade de vida ou dignidade. Foi uma espécie de volúpia do pequeno e grande luxo, o culto do supérfluo, o estatuto social como alvo primordial da vida. Tudo isso, mais que um enfraquecimento económico, foi debilidade de alma com dependência viciosa da banalidade, mau gosto, futilidade de vida e perda de valores humanos e patrimoniais.

       É essa classe média que está ameaçada?

       Há muito ferro velho ou plástico ou plasma que é preciso deitar fora. E se a crise ajudar a essa depuração num regresso ao essencial, acaba por ser benéfica.

       Porventura pouco interessa que tudo passe para voltarmos ao mesmo. Todas as classes precisam fazer uma reflexão mais que económica. Como dizia Bento XVI no voo de Roma para Madrid ‘a economia não pode funcionar apenas com uma autorregu-lação mercantil mas tem necessidade de uma razão ética para servir o homem.’ O pão de cada dia é sagrado em qualquer mesa. É mais que um objeto, é imagem do próprio coração do homem.

 

António Rego, editorial da Agência Ecclesia.

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