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Joaquim Sarmento, O Deus da Ausência. MinervaCoimbra, Coimbra 2012.
De novo nos surpreende o Dr. Joaquim Sarmento, com este belíssimo exercício literário. Já nos habituou a escrever bem, de forma escorreita, ao correr da pena, enformado por uma profunda cultura, numa linguagem acessível, em diálogo com a história, com a religião e a fé, com a vida do campo e da cidade, com o país e a Europa, com a psicologia e a política, com os costumes e tradições do povo, com a evolução dos tempos, com este nosso Douro, onde se passa grande parte da história e do enredo do Romance, diálogo com a filosofia e com o quotidiano.
Já o dissemos oportunamente, os romances de Joaquim Sarmento ombreiam facilmente com nomes da nossa literatura portuguesa e se tivesse a mesma divulgação/projeção mediática por certo se tornariam sucesso de vendas. Os romances de Joaquim Sarmento, para lá da originalidade dos enredos, entram na nossa identidade bem portuguesa, de brandos costumes, mas com grandes paixões. Lamego (Balsemão) e o Douro projetam-se na sua candura, na sua beleza, no trabalho árduo e comprometido, na vinha e no sol, na pobreza e em paisagens deslumbrantes. E nas influências que se trocam, e se vendem, em interesses e no suor daqueles e daquelas que construíram/constroem o Douro, os socalcos do sacrifício e do pão de cada dia. Outros beberam e bebem refastelados à sombra o néctar que esta região, património da humanidade, ajuda a produzir, com as suas encostas e encantos e com as costas e as mãos e os pés de muita gente.
A família Quitiliano tem segredos, tem vida, tem sonho, tem paixão. Joaquim Sarmento envolve-nos numa trama, em que o narrador se situa bem perto dos personagens, conhecedor de sentimentos divulgados ou escondidos. E se a trama romanceada é por demais bem conseguida, também a contextualização temporal, passagem do século XIX para o século XX, num Portugal em ebulição, no fim de um regime (monárquico) e no início de outro (republicano) e nas experiências que custam muito sofrimento a muitas pessoas
Quem tiver oportunidade, quem gostar de ler, este é um livro que se devora com muito agrado, lê-se e compreende-se sem necessidade de estar sempre a reler o que se acabou de ler.
Veja blogue da MinervaCoimbra.
Este é o segundo romance da autoria do Dr. Joaquim Sarmento, ilustre conterrâneo de Lamego, ex-deputado à Assembleia da República, ex-Presidente da Assembleia Municipal de Lamego, formado em Direito, Advogado aposentado, tem-se dedicado nos últimos anos à escrita. O primeiro romance - O crime de cerejeiro- consagrou-o como romancista, com a idiossincrasia do Douro e da cidade de Lamego, com um enredo envolvente.
Neste novo romance - A revolução de António e Oriana, Campo da Comunicação, Lisboa 2009 - o contexto é o da revolução dos cravos com toda a envolvência dos anos imediatamente antes e depois de 1974. O fundo é a revolução de Abril, mas com a revolução micro-cósmica, partindo para o Douro das quintas, das fortunas, dos patrões e dos "escravos" da vinha, para Lamego (cidade de Balsemão), cidade onde a Igreja tem forte implementação e onde o comunismo não se afirma...
É uma leitura envolvente do principio ao fim. O autor mostra uma enorme maturidade intelectual, dialogando com a arte, com a fé, com a política, com o direito, com os usos e costumes, com as características do Douro e, especificamente com a cidade de Lamego e arrabaldes, em tempo delicados para a nação, mas também para este cantinho do Douro....
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