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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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06.04.24

Cristo Jesus não Se valeu da sua igualdade com Deus

mpgpadre

       1 – "Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz" (2.ª leitura).

       Este belíssimo hino, recolhido por São Paulo na sua missiva aos Filipenses, faz uma apresentação detalhada, sintética, clarividente, expressiva, da vida e missão de Jesus. A Sua condição inicial, que dá origem e alimenta o hoje do Seu compromisso, o trajeto de oblação, de entrega, de kénose (abaixamento), de amor pela humanidade. O amor por nós leva-O a assumir a nossa identidade e a nossa finitude.

       O mistério da Sua paixão, da Sua morte como oferenda, pleniza o Seu projeto de caridade a favor de todo o povo. Não apenas a favor dos amigos, ou dos bons, mas em benefício de todos, bons e maus, amigos e estranhos, judeus, gregos ou troianos.

       Vem de Deus, para habitar connosco, na história e no tempo. A divindade humaniza-se, o Universal particulariza-se num determinado período da história e num espaço civilizacional concreto. Faz-Se homem, para que descubramos por Ele e com Ele o caminho de regresso a Deus Pai, descobrindo a nossa origem, o nosso alimento e o nosso fim: Deus.

       Toda a Sua vida é serviço e doação. Assume-nos por inteiro. Identifica-Se homem. Em tudo igual a nós, exceto no pecado. Não Se alheia da obra criada por Seu amor. Por amor vem. Por amor permanece. Por amor dá a Sua vida. Por amor elevar-nos-á às alturas da glória, até Deus, Seu e nosso Pai.

 

       2 – Nas concepções tradicionais da religião, Deus mantém-se distante, alheado como Juiz impenetrável, impassível, pronto a irritar-se e a castigar, à espera das oferendas, sacrifícios e súplicas da humanidade, vergada à Sua omnipotência.

       Com Cristo Jesus, é Deus Quem procura a humanidade, imiscuindo-Se na nossa história. Deus está onde está a humanidade. As alegrias e as tristezas, as lutas e as esperanças, o sofrimento e a festa, a morte e a vida, que nos envolvem na nossa existência terrena e mortal, integram a história de Jesus, em todo o seu esplendor.

       A liturgia deste domingo é particularmente feliz. A SEMANA SANTA conduz-nos do sucesso e da fama à morte infame, numa cruz, para logo nos encher com a LUZ da Páscoa, em que nada ficará igual, e até o túmulo se encherá de luz e de vida nova.

       Visualizamos a entrada triunfal de Jesus na cidade santa de Jerusalém. É acompanhado por uma multidão imensa, que O aclama como Rei, filho de David, deixando entrever o reconhecimento do Messias prometido e esperado. É sol de pouca dura.

       Ainda ressoam os cânticos, os clamores, e já Jesus Se senta à volta da mesa, mais discretamente, quase silenciosamente. Estão lá apenas os mais íntimos. Como não nos revermos também nesta passagem. Quando as coisas correm bem, todos nos rodeiam e aplaudem, mas quando é necessário trabalhar, esforço e dedicação, com quantos dos nossos amigos poderemos contar?!

       A Ceia pascal é um interregno. Uma pausa para o café. Para descansar. Para ganhar coragem. Para sentir mais próxima a presença dos amigos e sentir o conforto dos mais chegados, preparando-os para a despedida, deixando-lhes as recomendações finais, como um testamento, um compromisso para a vida. Vou partir, mas a minha presença será ainda mais íntima, mais profunda, mais firme. Ainda a Ceia não terminou e já cheira a morte, a traição. O medo e a ansiedade começam a tomar conta dos discípulos. Sente-se aquele tremor no estômago e as pernas não querem obedecer. O vinho parece ter produzido efeito. Nem todos ficam para enfrentar as dificuldades maiores.

 

       3 – Em poucas horas, Jesus experimenta a euforia de uma multidão em festa e de uma multidão furiosa pedindo a Sua cabeça. No triunfo está lá toda a gente. Olhamos para o lado e vemos que não falta ninguém. Também lá nos queremos. Sentimo-nos confortáveis, pertencemos ali, aquele é o nosso povo, a nossa gente, e apesar dos encontrões, não desarmamos, deixamo-nos levar pelo entusiasmo.

       A vida tem altos e baixos e nos momentos do sofrimento, do suor e das lágrimas, nem todos estamos disponíveis. A casa é um espaço mais pequeno. Onde pulsa a vida, o espaço é mais íntimo, facilita o encontro, coração a coração, é mais afetivo, permite o abraço, o choro e o riso desbragado, a casa é o outro em quem coloco a minha vida, é o outro que me acolhe como irmão. Se pudéssemos ficaríamos em casa para sempre. Esta começa a desfazer-se quando alguém abandona o círculo familiar. Judas é o primeiro a sair. Saem os outros, para o Jardim das Oliveiras. A casa não pode ser profanada, há de ser o lugar do reencontro, da vida nova, da vida ressuscitada, quando de novo todos se reconhecerem como irmãos.

       Aqueles que contam acompanham Jesus. Mas ainda não estão amadurecidos o suficiente na sua fé. Maior é o medo. Quando nos sentimos ameaçados na nossa vida biológica, as reações passam pela paralisia, como em sonhos, não conseguimos mexer-nos, ou fugimos rapidamente para nos libertarmos do perigo iminente. Assim acontece com os discípulos. Adormecem, tal é a ansiedade, enquanto o seu Mestre reza, roga a Deus, transpira gotas de sangue, é a Sua hora. Levar o amor até ao fim, mesmo que isso custe a própria vida (biológica), é o alimento, a vontade de Jesus. Numa hora desta, só Deus Lhe pode valer, só Deus Lhe pode dar ânimo (alma) para prosseguir.

       É a vida. Agora que era tão útil a presença dos seus amigos mais íntimos, todos correm rapidamente para não serem "agarrados" por aquela onda de ódio e violência. Mantêm-se à distância. Com medo, com "pena" do Mestre, mas afastados o suficiente para preservarem as suas vidas.

 

       4 – Como não nos revermos nesta SEMANA SANTA de Jesus?! Transpira suor, sangue e lágrimas. Prossegue no limite do desfalecimento. Clama em altos brados. Leva as forças ao limite, por amor. É paixão. Redentora. Homem e Deus envolvidos na mesma história.

       Quantos pais não "morrem" todos os dias pelos filhos? E por causa deles. Canseiras, preocupações, trabalho, lágrimas. A vida até ao esgotamento! Onde parece que não há mais ânimo, lá se encontram argumentos para prosseguir. O amor supera as limitações físicas. Quantos não são testados, todos os dias, até ao limite da sua coragem – uma doença repentina, a falta de trabalho e de pão para a mesa, o sofrimento e a doença crónica de um familiar, o conflito que se agudiza dentro de portas, ou o ambiente desastroso com os colegas de trabalho –, uma via crucis sem solução à vista, um calvário que perdura no tempo, sem sinais esperançosos, sem abertura no céu enublado de lágrimas, de cansaço, de derrota.

       Jesus não passa ao largo das nossas lutas. Não desvia o olhar. Enfrenta connosco as angústias da sobrevivência. "O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido" (1.ª Leitura).

       Está (quase) sozinho. Os apóstolos tornaram-se apóstatas. À distância. Sua Mãe e algumas mulheres, que sabem o que é sofrer, o que é sofrer por amor, o que é dar a vida pelos filhos e verem os filhos morrer (repentinamente ou aos poucos), elas não desviam o olhar. É doloroso. É a vida. Faz parte da vida. Dali ninguém as tira. Nem a força bruta dos soldados em fúria, nem a multidão cega pela gritaria. Elas que estavam na primeira hora permanecerão até à última hora, até ao suspiro final. 

       "O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo. O centurião que estava em frente de Jesus, ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou: «Na verdade, este homem era Filho de Deus». Estavam também ali umas mulheres a observar de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé, que acompanhavam e serviam Jesus, quando estava na Galileia, e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém" (Evangelho).

 

       5 – Regressemos a nossas casas. O espetáculo terminou. Jesus morreu. Morreu por amor. Morreu por nós. Morreu para nos salvar. Morreu para nos mostrar que o amor há de ser mais forte, mais firme, mais "violento" e revolucionário que todas as forças do mal e da morte.

       Aguardemos. Com Maria, a Quem Ele nos confia, e com as outras mulheres, voltemos ao lugar onde pulsa a vida, nas suas lutas e nas suas festas, a casa, a nossas casas. Façamos luto. Não deixemos, porém, que o medo e a angústia tomem conta da nossa alma (do nosso ânimo), rezemos com Ela, vigilantes, firmes na esperança, confiantes na promessa de Deus. Não temamos a noite. O SOL esconde-se por entre as lágrimas, os nossos olhos ficam nublosos, mas a LUZ há de ser tão intensa que prevalecerá para além das nossas dores e da nossa treva. A caminho da Páscoa!


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 50,4-7; Salmo 21 (22); Filip 2,6-11; Mc 14,1 - 15,47.

24.03.18

Contudo, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres.

mpgpadre

1 – A Semana Santa faz-nos reviver especialmente as últimas horas da vida de Jesus. A Sua vida inteira está contida na celebração dos Sacramentos, especialmente na Eucaristia, que torna atual a Sua presença no meio de nós, fazendo-nos participar da Sua vida divina.

Há uma multidão que aclama Jesus: Hossana, Hossana, Filho de David! Bendito o que vem em nome do Senhor! O Rei vem num jumentinho! É um Rei sem poder, sem cavalos e sem exército! Um bando de maltrapilhos! São os amigos de Jesus. Entre eles, estamos nós! Uns mais pobres, outros mais desafogados, todos entusiasmados com os cânticos e com a manifestação de júbilo. Por vezes perdemo-nos na multidão, para o bem e para o mal! Deixamo-nos entusiasmar!

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2 – Na ceia pascal, o ambiente torna-se mais denso! Sentemo-nos ao redor de Jesus! Também somos Seus convidados.

Em Betânia, em casa de Simão o leproso, uma mulher derrama um vaso de alabastro, perfume de alto preço, sobre a cabeça de Jesus. Diante de alguma contestação Jesus declara: «Ela fez o que estava ao seu alcance: ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura».

Logo depois, a Ceia Pascal. Um memorial que nos remete para a Eucaristia, instituída na Última Ceia. Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco! Estamos também lá! Somos João, Pedro e Judas, somos Tomé e Filipe, Tiago e André. Porque é que o Mestre está tão concentrado, o que é que Lhe vai na cabeça?

«Tomai: isto é o meu Corpo... Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança derramado pela multidão dos homens». Jesus não nos deixará sós! Ainda não foi morto, mas já abre uma janela, uma possibilidade, Ele ficará presente!

 

3 – Cantaram os salmos e saíram para o Jardim das Oliveiras. Jesus previne. «Ficai aqui e vigiai». Todos garantem que não O abandonarão… Jesus reza, suplica, volta-Se totalmente para o Pai: se é possível, afasta de Mim este cálice, «Contudo, não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres». A oração gera intimidade com Deus.

Judas, um dos amigos mais chegados, trai-O com um beijo. Jesus é levado às autoridades dos judeus e logo de seguida ao poder romano, pois só este pode decretar a morte de alguém. Novamente a multidão se junta. «Crucifica-O». Um multidão em polvorosa. A humanidade tem do melhor e do pior. Cada um de nós!

 

5 – A morte está logo ali! Porém, Jesus não Se deixa destruir. Podem matá-l'O (fisicamente), mas não O destroem. Ele entrega a Sua vida ao Pai. Ele entrega a Sua vida para nos salvar. A Sua Cruz é por nós, para nossa salvação. Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á e quem perder (gastar) a sua vida ganhá-la-á para a vida eterna. É o que Ele faz, dá-Se até ao último fôlego, até à última gota de sangue.

A oração de Jesus na Cruz envolve o nosso próprio sofrimento, a nossa confiança em Deus e o nosso clamor: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».

Soltando um forte grito expirou. Fica o testemunho: «Na verdade, este homem era Filho de Deus». Fica o silêncio e a presença de algumas mulheres. Fica a delicadeza da sepultura: José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, pediu o corpo de Jesus e deu-Lhe sepultura num sepulcro novo cravado na rocha.


Textos para a Eucaristia (B): Is 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11; Mc 14, 1 – 15, 47.

08.04.17

Senhor, não Vos afasteis de mim, sois a minha força...

mpgpadre

1 – O Domingo de Ramos remete-nos para o centro da nossa fé, com o mistério de entrega de Jesus a favor da humanidade inteira, logo a favor de cada um de nós, mistério de amor, de dádiva, de libertação, de resistência ao sofrimento, de priorização de Deus e da Sua vontade, de ousadia e de humildade, de perdão e de compaixão.

Entrada triunfal de Jesus na cidade santa de Jerusalém, montando num jumentinho. É o Príncipe da Paz, o filho de Deus, o Filho da Promessa. Não traz com Ele um exército, traz uma multidão desorganizada de maltrapilhos, pobres, galileus, adeptos, simpatizantes, discípulos, mulheres, publicanos. É uma multidão barulhenta, feliz, esperançosa. Aclamam, talvez, não a uma só voz ou na mesma direção, mas aclamam com júbilo, preparando-se exterior e interiormente para a Festa da Páscoa. Há rostos com lágrimas, há olhares apreensivos, há sorrisos rasgados e rostos fechados. Há quem esteja totalmente ali e quem esteja apenas por curiosidade, arrastados pelo ajuntamento.

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2 – A noite disfarça e esconde muita coisa. Depois da Ceia, Jesus sai com os discípulos para o Jardim das Oliveiras. A noite permite também o silêncio e, até certo ponto, o descanso. Mas não são horas para dormir, são horas de vigiar, de rezar com insistência. Pelo menos da parte de Jesus. Aproximam-se as trevas densas, tenebrosas, mas mais do que a falta de luminosidade exterior é a falta de luz nos corações. Quem não tem luz no coração vive mergulhado na morte.

Naquela hora, Jesus penetra o sofrimento mais atroz. O desfecho está à vista. Um pouco mais, e ainda escuro, na noite de Judas e das lideranças judaicas, será preso, julgado, condenado à morte. Resta pouco tempo. Alguns minutos, algumas horas, e o fim virá! Pai, Pai, Pai, se é possível que passe de Mim esta hora, que passe rápido que não aguento mais, ou passe adiante, porque é de mais, tanto sofrimento para um Homem só. Os gritos de Jesus levam os nossos gritos também. Pai, Pai, Pai, cumpra-se a Tua vontade. É mortal este caminho de entrega, é dom, mas é o caminho da salvação, a afirmação da verdade, da vida, da compaixão. São horas de levantar do sono, já se aproxima aquele que vai entregar o Filho do Homem.

 

3 – Em menos de nada, Jesus é condenado à morte, sem tempo para que alguém lance dúvidas ou ponderações. É açoitado, cuspido, injuriado, escarnecido. Colocam-se uma coroa, de espinhos, que se espetam na carne. Põem-Lhe aos ombros a trave da cruz. Pesada a cruz, difícil o caminho, fisicamente Jesus vai ficando esgotado.

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4 – Entre apupos, sobe a encosta do calvário, a arrastar-se, faz das tripas coração, das fraquezas forças. Os açoites violentos fizeram com que perdesse muito sangue, ficando em carne viva quase por todo o corpo, com músculos gravemente feridos. Segue mais morto que vivo. Mas avança decidido conforme as forças Lhe permitem. E se arrastam um Simão para ajudar a Cruz é por alguma compaixão ou simplesmente para apressar o desfecho, pois também os soldados veem que Jesus já não pode mais. Os amigos vão ficando para trás, escondendo-se entre a multidão e só as mulheres O seguem de perto, com Maria, Sua Mãe, no Seu encalço.

Completamente esgotado, a respirar a custo e ainda assim não O deixam sossegado, recebendo mais injúrias. A Sua oração ao Pai respira este aparente abandono – «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?». É o início do longo Salmo que termina confiando, entregando-se e suplicando a Deus. «Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim, sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me».


Textos (ano A): (Ramos:) Mt 21, 1-11 (Ramos); Is 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11; Mt 26, 14 – 27, 66.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

19.03.16

«Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito».

mpgpadre

1 –  As horas que se aproximam, distribuídas na Semana Maior da nossa fé, valem a vida de Jesus e a salvação da humanidade.

Suor e lágrimas, cansaço, dor física, traição e fuga dos amigos, violência, injúrias, crucifixão e morte. Jesus sobe a Jerusalém pela Páscoa. Há um vislumbre de paz e de festa. Com Jesus, os seus amigos, discípulos, alguns familiares, conterrâneos. Segundo Bento XVI, esta multidão é constituída por galileus, pobres, agricultores e artesãos, pedintes, discípulos, mulheres, pessoas que curou e reabilitou.

Alguns judeus juntam-se ao molhe, por curiosidade, por amizade, em processo de conversão. Jesus tinha amigos nas redondezas, em Betânia, a família de Lázaro, Marta e Maria, e em Jerusalém, o amigo que lhe empresta a casa para comer a Páscoa. Sendo poucos, mostram que Jesus não é propriedade exclusiva de um grupo.

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2 – Jesus voltará a entrar na cidade de Jerusalém. Então formar-se-á outra multidão, instigada pelas autoridades judaicas, líderes do Templo e elites sociais. Prevalece, nestoutra multidão, a animosidade para com Jesus. Também aqui há boas pessoas simples e/ou ingénuas.

Durante a Ceia, Jesus faz-nos passar do sossego à apreensão. A refeição é um momento de repouso, de alegria, de festa, satisfaz uma necessidade e coloca em comunhão íntima os convivas.

A Paixão aproxima-Se. Há que dizer as últimas palavras. «Ora Eu estou no meio de vós como aquele que serve... Eu preparo para vós um reino, como meu Pai o preparou para Mim: comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino… Simão, Satanás vos reclamou para vos agitar na joeira como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos».

O reino de Deus que Jesus inaugura é exigente, pois reclama a verdade e o serviço. É para julgar, servindo, com misericórdia.

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3 – Depois da refeição, Jesus retira-Se para o Jardim das Oliveiras, para rezar. São horas de agonia. Vai morrer. Já não há volta a dar. Tem que enfrentar ou que fugir. «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua». Prevalece a vontade do Pai. Jesus há de assumir a Cruz como expressão do amor pela humanidade. O Mestre da Vida leva até ao fim a opção por nós.

Na hora mais dramática, os discípulos adormecem. É a história da nossa vida. Será oportunidade de conhecermos os amigos que temos! «Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai».

Ainda estava a falar quando a multidão se aproximou. Judas encabeça este grupo. Um dos amigos mais fiáveis não resistiu a entregar Jesus! Porquê? Por não acreditar em Jesus e no Seu projeto de amor? Ou por acreditar tanto mas sem paciência para esperar por Deus?

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4 – Jesus à injúria e à violência reage com amor, com perdão: «Basta! Deixai-os». A violência não resolve. É arrastado, escarnecido, os discípulos não O acompanham. Judas trai. E todos O traem. Pedro nega-O. Todos os apóstolos se mantêm à distância. Fogem.

Diante do Sumo-Sacerdote ou de Pilatos, Jesus mantém a mesma docilidade. A Sua vida tem um propósito definido: entrega, oblação, dádiva, a favor da humanidade.

Ele "que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz".

Até o pobre Barrabás é beneficiário da morte de Jesus Cristo, tal como o bom ladrão que com Ele foi crucificado.

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5 – No final, o dia escurece mas não desaparece nem a delicadeza nem a esperança. Primeiro o centurião, que glorifica a Deus: «Realmente este homem era justo». Depois, José de Arimateia a mostrar que é sempre possível a compaixão. Uma das últimas obras de misericórdia corporal: enterrar os mortos!

Ecoam até ao túmulo as últimas palavras de Jesus: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». No meio daquele torpor, a certeza da entrega confiante de Jesus nas mãos do Pai. Entrega-Se e entrega-nos, confia-nos, a Deus, Pai de Misericórdia.

_________________________

Textos para a Eucaristia (ano C): Lc 19, 28-40. L1 Is 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11; Lc 22, 14 – 23, 56.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

 

01.04.15

Caminhada Quaresmal 2015: início da Semana Santa

mpgpadre

DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR

Texto da Caminhada Quaresmal, nas paróquias de Pinheiros e de Tabuaço, assinalada por um gesto/símbolo, sublinhando um aspeto do Evangelho do respetivo domingo. Em Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, a Cruz, expressão do Amor de Deus manifestado em Jesus Cristo. Em Tabuaço, a capa e a cruz... em Pinheiros, a Cruz.

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 (Paróquia de Pinheiros)

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 (Paróquia de Tabuaço)

 

Com o Domingo de Ramos iniciamos a Semana Maior dos Cristãos, mistério pascal da morte e ressurreição de Jesus, Amor divino que nos assume na nossa fragilidade humana, na nossa caminhada pela história e pelo tempo.

 

CAPA – No primeiro momento, a entrada triunfal de Jesus na cidade santa de Jerusalém. À passagem de Jesus, várias pessoas lançam capas e ramos ao chão, reconhecendo-O como Messias, o Rei de Israel.

Seguindo o gesto daquela multidão, que saibamos amaciar o chão dos nossos irmãos para que sintam mais suaves as pedras que encontram pelo caminho. Podemos não evitar os tropeços ou os obstáculos, mas podemos estender a capa e a mão que os outros caminhem confiantes.

 

CRUZ – Quando Eu for levantado da terra, atrairei todos a Mim.

A Cruz é o sinal maior do amor de Deus que Se mostra em Jesus. Amor levado às últimas consequências, até à última gota de sangue. 

Que cada um de nós, atraído por tão grande amor, atraído pela Cruz de Jesus que nos abraça, possa tornar-se discípulo missionário, acolhendo a Mensagem e a Vida de Jesus, que nos é dada, e anunciando a todos a alegria do Evangelho.

A Cruz abarca a nossa história por inteiro. O AMOR de Deus que se firma na terra e se levanta, levantando-nos para a amizade com Deus e com os que seguem o caminho connosco.´

Professemos a nossa Fé:

Creio em Um só Deus…

28.03.15

Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?

mpgpadre

1 – A celebração do Domingo de Ramos visualiza diversas faces da nossa existência. Há uma multidão de gente pobre e humilde, trabalhadora e cheia de fé, que acompanha Jesus, da Galileia para Jerusalém, do mundo para a cidade santa. Há um murmúrio que se eleva, aclamando e reconhecendo Jesus como o Messias.

À Sua passagem depõem capas e ramos, para que o chão de Jesus seja macio e, sobretudo, como reconhecimento da Sua realeza. É um Rei sem coroa e sem exército, sem pompa nem circunstância. Não vem armado nem ostenta riqueza.

Sobe o entusiasmo à volta de Jesus, faz-nos olhar na Sua direção. Os discípulos estão entre aquela multidão. Seguem empolgados com tão grande manifestação de afeto para com o Seu Mestre.

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2 – Algumas horas depois, o empolgamento dará lugar ao desencanto, à tristeza, à desilusão. «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?». Quantas situações na nossa vida em que nos apetece gritar bem alto: Meu Deus, meu Deus, porquê, porquê a mim? Porquê logo neste momento da minha vida?

O salmo inicia com uma pergunta que dá lugar a uma súplica confiante: Senhor, não me abandoneis, sois a minha força.

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3 – Umas horas antes… Como judeus, Jesus e os discípulos vão celebrar a Páscoa, recordando a libertação do Egipto. O ambiente começa a agitar-se. Em Betânia, à mesa, nova oportunidade para Jesus assentar o estômago aos seus discípulos. "Veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro com perfume de nardo puro de alto preço". Os discípulos percebem o desperdício mas não a abundância do arrependimento e do amor. Também não percebem que aquela unção antecipa a unção de um corpo que daqui a algumas horas estará no sepulcro.

Ao cair da tarde, quando as trevas se adensam, diz-lhes Jesus: «Um de vós, que está comigo à mesa, há de entregar-Me». Como é possível num grupo de amigos! Logo depois, Jesus antecipa a Sua morte e a Sua ressurreição. «Tomai: isto é o meu Corpo... Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens... Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».

Mas antes desse DIA NOVO, a noite prolonga-se. Abandono, traição, negação. «Todos vós Me abandonareis». Já no horto das Oliveiras, a oração intensa de Jesus. Os discípulos dormem de cansaço e de medo. A prisão. O discípulo de confiança, Judas, entrega o Mestre com um beijo. Açoites, injúrias e agressões, acusações e falsas testemunhas. Parece que vale tudo para condenar um homem.

O julgamento apressado e a fácil condenação à morte. A cruz pesada demais para um homem só, de tal que requisitam Simão de Cirene para ajudar. No alto da Cruz, Jesus olha para nós e puxa o nosso olhar para o Céu. Está rodeado de dois salteadores, como se fora um deles! E mesmo crucificado, a morrer, é insultado. Já desfalecido, solta forte grito e morre. A afirmação do Centurião mostra a estupefação diante da valentia com que aquele homem frágil enfrentou todos os que escarneciam d'Ele e a violência com que o faziam.

Há ainda lugar a um gesto de carinho. «José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol; e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro. Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde Jesus tinha sido depositado».

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Textos para a Eucaristia (ano B): Is 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11;Mc 14, 1 - 15,47.

 

Reflexão Dominical COMPLETA na págian da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

12.04.14

Meu Pai, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres

mpgpadre

       1 – «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice. Todavia, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres». Oportuna e luminosa síntese da vida e da missão de Jesus: fazer a vontade do Pai.

       Como qualquer ser humano, Jesus sente a dureza e fragilidade do caminho. Percebe que está próximo um desenlace fatal. Já não há como fugir. Há situações na vida em que enfrentamos ou nos perdemos, acobardando-nos. É preciso ter fibra.

       Nas horas de maior aperto, Jesus reza e ensina-nos a rezar. E se a oração é essencial, também a companhia. Cada um sofre à sua maneira, mas partilhar o que nos dói, ajudar-nos-á a dar sentido à nossa persistência. Jesus roga aos Seus discípulos: «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai comigo».

       Um pouco antes, Jesus prepara os discípulos, e a nós também, para que as trevas não vençam. «Este é o meu Sangue, o Sangue da aliança, derramado pela multidão, para remissão dos pecados. Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira, até ao dia em que beberei convosco o vinho novo no reino de meu Pai».

       O medo pode agigantar-se. Havendo alguma centelha de luz – a fé, a confiança em Deus, a presença dos amigos –, isso fará que não nos percamos no meio (e apesar) das trevas.

       2 – "Não se faça como Eu quero, mas como Tu queres". Vem ao de cima o instinto de sobrevivência, mas há de ser mais forte a obediência. "Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte…"

       A realeza e a grandeza de Jesus revela-se no despojamento, esvaziando-se de Si – não se faça o que EU quero –, enchendo-se do Amor do Pai – faça-se o que TU queres. Jesus recusa salvar-Se a Si mesmo, livrando a própria pele da Cruz; pelo contrário, estende os braços para o Pai e para a humanidade. Até à morte e para lá da morte vencerá o amor, a obediência, a Presença de Deus.

 

       3 – Uns dias antes, a entrada triunfal de Jesus na cidade de Jerusalém clarifica o mesmo despojamento. O Rei que aí vem não passa de (mais) um Profeta, e passaria despercebido não fora uma multidão de pobres que O acompanham desde a Galileia. Pessoas pobres e humildes, que cada ano, por ocasião da Páscoa, deixam as suas casas, e se deslocam para celebrar a sua fé em Deus, com os sacrifícios que terão de fazer e dos perigos que terão que enfrentar.

       "Eis o teu Rei, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho de uma jumenta... Numerosa multidão estendia as capas no caminho; outros cortavam ramos de árvores e espalhavam-nos pelo chão… em altos brados: «Hossana ao Filho de David! Bendito O que vem em nome do Senhor!».

       4 – Podemos incluir-nos dentro daquela multidão, entre os apóstolos, com a autoridade judaica e com a autoridade romana, com a multidão da Galileia que antes O aclamava, ou com a multidão da Judeia que se deixa levar pela inventiva de alguns poucos. Acusando ou lavando as mãos. Traindo ou negando. Gritando em fúria no meio da multidão anónima ou a usar os instrumentos de flagelação. Ajudar a levar a cruz ou ser forçado a isso. Quais as mulheres e mães que não arredam, a espreitaram para o caso de as deixarem ajudar Jesus.

       "Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para O servirem. Entre elas encontrava-se Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também se tinha tornado discípulo de Jesus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus".

       No final sobrevêm novas escolhas. Enquanto vivemos, estamos a tempo de nos convertermos e aderirmos a Jesus Cristo. Pedro refaz o seu testemunho e o seguimento de Cristo. José de Arimateia não se envergonha e recolhe o corpo de um condenado. O Centurião, e os que por ali estavam, faz audível a sua fé: «Este era verdadeiramente Filho de Deus».


Textos para a Eucaristia (ano A):

Mt. 21, 1-11; Is 50, 4-7; Sl 21; Fl 2, 6-11; Mt 26, 14 – 27, 66.

 

26.03.13

Tabuaço: Domingos de Ramos e Via-sacra

mpgpadre

       A Semana Santa inicia com o Domingo de Ramos na Paixão do Senhor, com destaque para a bênção dos Ramos e a proclamação do Evangelho da Paixão, este ano seguindo o evangelista São Lucas. Na paróquia de Tabuaço, apresentamos imagens da celebração da bênção dos Ramos, na Capela de Santa Bárbara, seguindo-se a procissão até à Igreja e a celebração da Santa Missa, e ao início da noite, a Via-sacra, na Igreja Paroquial, com a participação de vários grupos, à cabeça com as catequistas e catequese, mas incluindo acólitos, grupo coral, elementos do conselho económico, jovens...

Para ver outras imagens, visitar o perfil da Paróquia de Tabuaço no facebook

24.03.13

Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito

mpgpadre

       1 – Semana Santa, pois SANTO é Aquele vem da parte de Deus e nos dá Deus. Jesus percorre connosco as diversas situações da vida, como facilmente se visualiza nos dois momentos que se entrelaçam: entrada triunfal em Jerusalém, um REI sentado num jumentinho, e processo que condena Jesus, com uma coroa de espinhos e suspenso numa cruz.

       Na epístola de São Paulo aos Filipenses, encontramos um ponto de partida luminoso, uma grande síntese da vida de Jesus:

“Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes”.

       A realeza de Jesus é despojada de poder. Não vem numa caravana, protegido por um exército, vem num jumentinho.

       2 – Quando as coisas parecem estar a correr bem, eis que Jesus lhes revela um tempo de grande provação. Fá-lo na intimidade da casa e da refeição, com palavras e gestos já nossos conhecidos: “Tomai e reparti entre vós, pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o reino de Deus...”

       A casa começa a desfazer-se. Um deles levanta-se da mesa e sai de casa. Doravante a casa fica vulnerável, exposta.

       O edifício começa a desmoronar-se e o espírito de sobrevivência vem ao de cima: “Levantou-se também entre eles uma questão: qual deles se devia considerar o maior?... O maior entre vós seja como o menor e aquele que manda seja como quem serve. Pois quem é o maior: o que está à mesa ou o que serve? Não é o que está à mesa? Ora Eu estou no meio de vós como aquele que serve...”

       No momento da Ceia, a última ou a primeira, Jesus clarifica de novo a opção pelo serviço: EU estou no meio de vós para servir e dar a vida. A disputa não é pelo poder, mas pelo amor.

       3 – A ceia avança, e as horas aceleram. É tempo de Jesus solidificar a adesão e o seguimento dos seus discípulos.

       Diz Jesus a Pedro: “Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos». Depois de Jesus ser preso, Pedro não resistirá ao medo e à vergonha: «Esse homem, com certeza, também andava com Jesus, pois até é galileu». Pedro respondeu: «Homem, não sei o que dizes»... Por três vezes Pedro se coloca fora da comunhão com Jesus, contradizendo a predisposição manifestada quando está à mesa com Jesus.

       Aos discípulos ainda lhes falta a maturidade do sofrimento e das contrariedades. Precisam de muita oração e de muita confiança em Deus. “Então saiu e foi, como de costume, para o monte das Oliveiras e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou ao local, disse-lhes: «Orai, para não entrardes em tentação... Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai, para não entrardes em tentação»...

       Das indicações de Jesus, a oração é a primeira.

       4 – Jesus sai do Jardim das Oliveiras e entra triunfalmente em Jerusalém. Agora de novo vai para o Jardim, para rezar, para Se configurar mais à vontade de Deus. Leva os discípulos, para Se sentir apoiado. Mas eles dormem, estão demasiado ansiosos. O Mestre vai morrer. Não querem acreditar. Não pode ser.

“Judas aproximou-se de Jesus, para O beijar. Disse-lhe Jesus: «Judas, é com um beijo que entregas o Filho do homem?».

       Ser traído é sempre mau. Ser traído pelo melhor amigo, o homem de confiança é inacreditável. O cumprimento de Judas a Jesus é o de um amigo próximo e confidente. Perdoa-lhes, Senhor, ele perdeu o juízo, não sabe o que está a fazer…

       Jesus não responde com injúrias ou palavrões: «Tu és então o Filho de Deus?». Jesus respondeu-lhes: «Vós mesmos dizeis que Eu sou». Confirma apenas o que abertamente já tinha dito: EU SOU.

       Subida para o Calvário, com a pesada CRUZ às costas, vergado pelo cansaço, pela desilusão, pelo desamparo dos discípulos, pelas acusações injustas, pelas vergastadas, pelas invetivas da multidão.

       É crucificado, e a postura é a mesma de sempre. De perdão: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». De entrega confiante ao Pai: “E Jesus exclamou com voz forte: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou”.

       Mas a história não acaba aqui. Há de continuar ao terceiro dia…


Textos para a Eucaristia (ano C): Lc 19, 28-40; Is. 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11; Lc 22, 14 – 23, 56

 

11.04.12

Tabuaço - Semana Santa 2012

mpgpadre

       A Páscoa continua. A Quaresma conduz-nos a um novo começo, ou ao começo por excelência, à vida nova que Jesus Cristo nos traz pela Sua ressurreição. O túmulo está vazio. É tempo, agora, de O procurar onde Se pode encontrar, em casa, no coração, no mundo, na oração, na escuta da Palavra, e essencialmente nos Sacramentos, que se prolongam no compromisso quotidiano com as pessoas que nos rodeiam.

       Porém, para que a Páscoa seja mais efetiva, importa não esquecer a travessia, o que nos conduziu à celebração festiva da Ressurreição. Fizemos quaresma, celebrámos a Semana Maior da nossa fé, envolvemo-nos na festa. A Semana Santa é (deve ser) aglutinadora da vivência da comunidade crente. Aqui ficam alguns recortes, em imagens, em formato de vídeo, desta Semana Santa, deste ano da graça de 2012, na paróquia de Nossa Senhora da Conceição:

 

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