«Se quiseres, podes curar-me»... «Quero: fica limpo».
1 – Seguir Jesus é a primeira missão do cristão. Melhor, a missão de Jesus em cada um de nós. Seguir, amar, viver e testemunhar Jesus, transparecendo-O nas palavras e nos gestos! Ele age em nós e através de nós, na vitalidade do Espírito Santo, desde que deixemos!
Este é o contexto temático do ano pastoral da nossa diocese, a partir da Parábola do Bom Samaritano e de toda a vida de Jesus. Os discípulos, e porque são discípulos, hão de procurar imitar o Mestre da Bondade. Conhecer, seguir e amar Jesus implica que procuremos proceder do mesmo modo com que Ele vive a Sua relação com cada pessoa. Na Parábola do Bom Samaritano, Jesus alarga as fronteiras para nos mostrar claramente que há um caminho que nos conduz a Deus e que passa pela disponibilidade em olhar, ajudar, cuidar, curar o outro, levantando-o do chão e de todas as situações de escravidão em que se encontra mergulhado. Somos responsáveis uns pelos outros. Já não somos Caim; pelo batismo, tornámo-nos outros Cristo's!
Ao longo da vida de Jesus, é prática corrente a Sua delicadeza, atenção e disponibilidade para parar, para estar, para cuidar, para escutar, para abraçar! Quando se aproximam, Ele não olha para o relógio. Naquele momento o tempo para! É como se não houvesse futuro ou outras pessoas a ajudar. O tempo para. É preciso parar também. Quando viajamos sabemos bem que para apreciarmos uma paisagem é necessário parar, quanto mais para conhecer uma pessoa!
2 – Eis que se aproxima de Jesus um leproso. Mesmo a esta distância temporal nos provoca medo e náuseas! É visível o aspeto e as marcas da lepra: é preferível manter-nos afastados! Hoje estas e outras doenças já não têm a mesma carga de falência! O leproso é um excluído por excelência. Não basta a doença quanto mais a exclusão. Estava prescrito na Lei que as pessoas que tivessem sinais de lepra se afastassem da civilização, vestissem de forma andrajosa, para serem reconhecidas, com o cabelo em desalinho, com o rosto coberto até ao bigode e avisando aqueles que se aproximassem: impuro, impuro!
Este homem, apesar de tudo, aproxima-se de Jesus. Ainda bem que é de Jesus que se aproxima, pois também Jesus Se faz próximo dele, imediatamente! Entre este homem e Jesus não há barreiras humanas, sociais, culturais ou religiosas. É uma pessoa que precisa de ajuda, filho amado de Deus,um irmão para cuidar. «Se quiseres, podes curar-me». Afinal a fama de Jesus já se espalhara! «Quero: fica limpo». É a resposta de Jesus, fazendo o que Lhe é possível.
3 – O que fizer a tua mão direita não saiba a tua esquerda. Isso não impede a "divulgação" do bem! Aliás, o mundo seria bem melhor se se anunciasse sobretudo o bem e não tanto o mal, ainda que se justifique para evitar situações semelhantes, para repor a justiça e a verdade, ou para sensibilizar para os problemas escondidos.
Divulgar o bem pode suscitar o desafio de imitarmos o bem que vimos fazer ou de que ouvimos dizer, na certeza de que é possível contribuir para uma sociedade mais justa e fraterna.
Jesus recomenda àquele homem que não faça grande alarde da cura, ficando com a missão de se mostrar ao sacerdote, fazendo a oferta ao Templo daquilo que Moisés tinha prescrito. Este mandato evoca a gratidão para com Deus e o testemunho (ainda que limitado). O encontro com Jesus cura da lepra e provoca a alegria do testemunho acerca dos benefícios que Deus opera por Seu intermédio.
Jesus deixa de poder andar abertamente pelas cidades, pois vêm pessoas de toda a parte ao Seu encontro. Percebe-se então a reserva de Jesus acerca da divulgação das curas, levando alguns a dispensar o trabalho, o esforço, o compromisso por cooperarem com a transformação do mundo à espera que tudo se resolva a partir da eternidade! Jesus não vem para nos substituir, mas para nos ensinar a sermos mais humanos, com tudo o que isso significa!
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço