Chiara Corbella Petrillo: nascemos e jamais morreremos
Simone Triosi e Cristiana Paccini (2014). NASCEMOS E JAMAIS MORREREMOS. Vida de Chiara Corbella Petrillo. Braga: Editorial A.O., 168 páginas.
Chiara viveu. Casou. Foi mãe de uma filha que morreu 30 minutos depois de ter nascido, foi mãe de um menino que morreu 37 minutos depois de ter nascido. Viu-os nascer para o Céu. Foi mãe do Francesco (Francisco), atrasando a intervenção médica, num carcinoma que se manifestou numa afta, na língua, mas optou por criar todas as condições para que o filho pudesse viver sem correr grandes riscos.
Viveu com alegria cada momento. O namoro com Enrico Petrillo foi como qualquer namoro, com avanços e recuos, e discussões e separações. Como confessam mais tarde, Deus preparava-os para algo maior.
Depois de experiências intensas de fé, de oração, de encontro, de reflexão, entregam-se nas mãos de Deus e contraem matrimónio. Em 2008. Em 2009, pouco mais de um ano depois, nasce a primeira filha. Os diagnósticos cedo revelam que Maria Grazia Letizia não tem cérebro. Alguns médicos aconselham o aborto dizendo que logo morrerá ao nascer. Chiara e o marido decidem que ela há de viver, mesmo que sejam alguns minutos. Nasce, é batizada, e, como sublinham, vai para junto de Deus. A anencefalia é um caso muito raro.
Passado o tempo necessário, para o corpo de Chiara recuperar da gravidez, decidem que não divudam de Deus e que estão disponíveis para gerar uma nova filha. Depois do primeiro caso de anencefalia os riscos são maiores. Fazem todos os exames que lhes sugerem. Nova gravidez, de Davide Giovanni. As primeiras ecografias correm bem. Na terceira, o diagnóstico revela que lhe falta uma perna e na outra tem apenas um pequeno toco. "Para onde nos estás a levar?" Enrico queria ter filhos biológicos mas também ser responsável por uma casa de acolhimento de crianças com deficiência. Desta vez os médicos já nem colocam a pergunta sobre a possibilidade de aborto. O casal preparar-se para acolher o Davide.
Quarta ecografia, ao Davide faltam também os rins e, por isso, também os pulmões não se poderão desenvolver o suficiente para respirar. Malformações múltiplas na pélvis (bexiga e rins), mostram por antecipação que também este menino viverá apenas alguns minutos. Chiara e Enrico celebram a vida do segundo filho, batizando-o logo depois de nascer para logo nascer para o céu.
Uma situação não tem a ver com a outra. A situação do segundo filho nem tem nome tal é a raridade com que sucede.
Recebem alguns conselhos "desinteressados" para não arriscarem nova gravidez. Mas de novo confiam em Deus. E passado pouco tempo, Chiara encontra-se grávida do terceiro filho. Pouco tempo antes da gravidez descobre uma afta na língua a que não liga, mas como vai piorando começa a consultar o dentista, o dermatologista, o otorrinolaringologista. O Francesco continua a crescer dentro da sua mãe.
As biopsias revelam que é um carcinoma. A primeira intervenção com anestesia local, para não criar dificuldades ao menino, corre bem. Mas quanto antes deverá fazer nova intervenção, quimioterapia ou radioterapia. Os sintomas revelam que tem de ser intervencionada o quanto antes, o que implica um parto prematuro com inerentes perigos para o Davide. mas também aqui a opção é dar todas as garantias, humanamente possíveis, para que o filho possa nascer sem correr mais que os riscos normais.
Para Chiara no entanto já era muito tarde. O "dragão" espalha-se muito rapidamente. Percebem que os tratamentos já adiantam, pelo que importa viver o tempo que resta com alegria, com intensidade, com fé. Chiara e Enrico dão uma testemunho de tal forma confiante que juntam cada vez mais pessoas para rezarem com eles e partilharem a sua vida de fé esclarecida e de confiança em Deus.
Chiara morre a 13 de junho de 2012, com 28 anos de idade, com um testemunho de luz e de fé, de vida e de intensidade, de entrega a Deus, de testemunho. Deu tudo o que tinha por amor, a Deus, ao marido, aos filhos.
Este livro é uma leitura impressionante, comovente, também um tributo do casal amigo que o escreveu. As vidas são todas diferentes, mas o amor de Deus é imenso para cada um de nós. Chega um tempo que a única esperança é CONFIAR em Deus e em tudo aquilo que Ele tem para nos dar. Até ao fim não deixa de rezar (sobretudo pelos outros), de agradecer, de cantar, de tocar violino...