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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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20.01.24

Ninguém faz festa se não tiver com quem festejar

mpgpadre

       1 – "Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a proclamar o Evangelho de Deus, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

       O primeiro anúncio de Jesus corresponde ao pré-anúncio de João Batista que proclamava iminente a vinda do reino de Deus e do Messias, promovendo a conversão, o arrependimento, a penitência, para que desse modo as pessoas pudessem reconhecer e acolher o dom de Deus. Em Jesus cumpre-se esse desiderato de João.

       No Evangelho de São Marcos, que nos irá acompanhar mais de perto neste ciclo de leituras do ano B, refere-se que o início da vida pública de Jesus prossegue depois de João ter sido preso, pressupondo que existe uma ligação próxima e subsequente entre uma e outra missão.

       Com Jesus cumpre-se o tempo, é chegada a plenitude dos tempos, na qual Deus Se manifesta pelo Seu Filho muito amado. E para que essa missão se possa efetivar através dos tempos, Jesus chama a Si discípulos. Quando chegar o momento de Jesus regressar ao seio de Deus Pai serão eles a prosseguir com a missão de anunciar a Boa Nova a todos os povos e a tornar presente o mistério de Deus connosco e no meio de nós.

       "Caminhando junto ao mar da Galileia, viu Simão e seu irmão André, que lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens». Eles deixaram logo as redes e seguiram-n’O. Um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam no barco a consertar as redes; e chamou-os. Eles deixaram logo seu pai Zebedeu no barco com os assalariados e seguiram Jesus". 

       2 – A conversão é a atitude de todo aquele que quer acolher o dom que vem dos outros e, para nós crentes, o dom que Deus nos dá constantemente. Conversão e humildade, neste concreto, significam a mesma disponibilidade para se abrir ao outro e ao Totalmente Outro (ou Totalmente Próximo), ao mistério da vida divina que irrompe na nossa história através de Jesus, o Emanuel, Deus feito homem para viver em nós, connosco, nos revelar o caminho para sermos felizes, para chegarmos ao Pai, e a fim de nos inserir na lógica da salvação, da vida eterna que pode e deve iniciar-se já no tempo que dispomos neste mundo.

       Na primeira leitura que escutamos, vemos como a palavra de Deus é anunciada ao povo de Nínive. Sob a ameaça de castigo, sobressaindo uma linguagem muito humana, Deus faz saber que o caminho para que o povo se mantenha como povo e as pessoas possam viver confiantes e com dignidade, e possam encontrar a felicidade, passa pela conversão, pela mudança de hábitos e de atitude, passa por alterarem a forma de se relacionarem e de se protegerem mutuamente. Se cada um só pensar em si mesmo, fechando-se ao outro, mais tarde ou mais cedo sobrevém a desgraça, a frustração, o vazio, a ansiedade. Precisamos dos outros para nos sentirmos bem, para partilharmos o que somos, o que temos e o que fazemos, para desabafar nos momentos de crise, e para apreciarmos as coisas boas. Isso só é possível com os outros. Ninguém é alegre sozinho por muito tempo. Ninguém faz festa se não tiver com quem festejar. Do mesmo modo, precisamos de pátria, de casa, de espaços comuns. Somos ser sociais. Se cada um só pensar em si, pouco restará para a nossa dimensão social e solidária. Com efeito é na solidariedade que sobrevivemos como sociedade.

       "Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, proclamaram um jejum e revestiram-se de saco, desde o maior ao mais pequeno. Quando Deus viu as suas obras e como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou". 

       Esta é uma mensagem muito atual e pertinente para nós, para a sociedade deste tempo, para Portugal, para a Europa e para o mundo. Se os países mais ricos só pensarem nos seus cidadãos, se os mais ricos, empresas e pessoas, só pensarem nos lucros que poderão obter, a sociedade corre o sério risco de se autodestruir, como facilmente se pode ver nesta Europa pouco comunitária.

 

       3 – Para nós cristãos importa em cada momento viver na presença do Senhor, como se fora a última oportunidade para realizar algo de grandioso e definitivo. Diz de forma intuitiva o Apóstolo São Paulo, na segunda leitura, "o que tenho a dizer-vos, irmãos, é que o tempo é breve. Doravante, os que têm esposas procedam como se as não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que andam alegres, como se não andassem; os que compram, como se não possuíssem; os que utilizam este mundo, como se realmente não o utilizassem. De facto, o cenário deste mundo é passageiro".

       Chegou o tempo, o reino de Deus está entre nós, em desenvolvimento. Cabe-nos a tarefa importante de o tornar visível para os nossos companheiros de viagem, neste tempo em que vivemos. O tempo é pouco, é sempre insuficiente para o bem que podemos fazer. É breve se o aplicarmos em ternura, perdão, em partilha solidária, na luta pela justiça, na prossecução da paz.

       A nossa fragilidade, porém, nem sempre nos envolve positivamente na transformação do mundo. Por conseguinte, ousamos pedir: "Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas. Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me, porque Vós sois Deus, meu Salvador". Deixemos que no nosso coração ressoe esta oração, para também nós nos torarmos a oração de Deus para o tempo de hoje.


Textos para a Eucaristia (ano B): Jonas 3,1-5.10; Sl 24 (25) 1 Cor 7,29-31; Mc 1,14-20. 

12.01.24

Rabi, onde moras? Vinde ver...

mpgpadre

       1 – Depois do batismo de Jesus (no rio Jordão, por João Batista), iniciamos mais um ciclo, o do Tempo Comum. Sublinhe-se, desde logo, que o tempo comum é lugar de salvação, de manifestação da graça de Deus em nossas vidas. Liturgicamente são dois os ciclos fundamentais para a vida cristã: Natal e Páscoa, com os tempos de preparação (Advento e Quaresma) e com o tempo que se lhe segue. Com efeito, a Encarnação do Verbo tem como fim a Sua Manifestação plena no dar a vida pela humanidade. É no dar a vida que Jesus nos mostra o caminho de retorno a Deus. Com a Ressurreição percebemos o DOM da vida nova. É à luz da Páscoa que havemos de encarar toda a nossa vida de fé.

       O tempo comum celebra a Páscoa, em cada domingo, em cada Eucaristia. Com efeito, a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição de Jesus, que Ele antecipou na Última Ceia, de forma a permanecer em nós e no meio de nós depois da Sua ascensão para Deus, faz-nos participantes da vida divina, alimentando-nos até à eternidade. Por esta razão, a Eucaristia é a oração mais completa da Igreja. Encaminhamos-nos para a comunhão com Deus, alimentamo-nos da presença de Deus entre nós. Na palavra proclamada, refletida e acolhida e pela condivisão do Corpo de Cristo, tornamo-nos com Ele um só Corpo.

       Por outro lado, ao celebrarmos o tempo comum desafia-nos a deixar-nos surpreender por Deus em todos os momentos da nossa vida, também no silêncio e na aridez dos nossos dias, também na rotina e na azáfama, também nos vazios e nas dúvidas, nas contrariedades e nas nossas realizações humanas.

 

       2 – Escutemos o relato do Evangelho que hoje nos é proposto, procurando e aprendendo também nós a ser discípulos de Jesus Cristo, nosso Mestre.

       “Estava João Baptista com dois dos seus discípulos e, vendo Jesus que passava, disse: «Eis o Cordeiro de Deus». Os dois discípulos ouviram-no dizer aquelas palavras e seguiram Jesus. Entretanto, Jesus voltou-Se; e, ao ver que O seguiam, disse-lhes: «Que procurais?» Eles responderam: «Rabi – que quer dizer ‘Mestre’ – onde moras?» Disse-lhes Jesus: «Vinde ver». Eles foram ver onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era por volta das quatro horas da tarde. André, irmão de Simão Pedro, foi um dos que ouviram João e seguiram Jesus. Foi procurar primeiro seu irmão Simão e disse-lhe: «Encontrámos o Messias» - que quer dizer ‘Cristo’ –; e levou-o a Jesus. Fitando os olhos nele, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’»”.

        A passagem de testemunho é conhecida: Eis o Cordeiro de Deus. É como que uma senha que João dá aos seus discípulos. Ide, que é Ele o Messias esperado, é Ele que vem para tirar o pecado do mundo, substituindo o cordeiro que cada ano era levado ao deserto com os pecados de todo o povo. Ele será o Cordeiro que leva/lava o pecado de toda a humanidade.

       Os discípulos de João seguem Jesus.

       É curioso acompanhá-los neste primeiro encontro. Que quereis? Que procurais? E se a pergunta nos fosse colocada? O que procuramos da vida? O que procuramos na religião, na vivência de fé? Que é que responderíamos a Jesus?

       Jesus não usa um texto pré-elaborado, ou argumentativo, para explicar onde mora. Vinde ver. Por vezes as palavras, ainda que multiplicadas, nada dizem. Ou já não nos dizem nada. Palavras leva-as o vento. Mais palavras, mais discursos. É fácil falar. E por que não responder ao desafio de Jesus?! Vamos ver. Acolhamo-l'O, vamos até à Sua morada, ou melhor, sejamos a Sua morada.

 

       3 – O seguimento de Jesus visa precisamente tornarmo-nos morada do Senhor. Ele vem até nós, para fazer em nós a Sua morada. Na volta, e se queremos seguir verdadeiramente Jesus, tornamo-nos nós a morada de Jesus. Como nos lembra São Paulo: "Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós e vos foi dado por Deus? Não pertenceis a vós mesmos, porque fostes resgatados por grande preço: glorificai a Deus no vosso corpo".

       Pela água e sobretudo pelo Espírito Santo tornamo-nos novas criaturas, somos enxertados em Jesus Cristo, tornamo-nos parte do Seu corpo, que é a Igreja, tornamo-nos templo do Espírito Santo. Fomos resgatados por Jesus Cristo e neste resgate ganhamos outro corpo, outra vida, o Corpo e a Vida de Jesus. A nossa identidade coloca-nos na rota de Deus. Dele vimos, para Ele caminhamos.

 

       4 – Deus continua a chamar e a chamar-nos na nossa situação concreta.

      Por vezes, não percebemos a Sua voz. Outras preocupações nos desviam. Outras tarefas nos ocupam.

       O Senhor veio, aproximou-Se e chamou como das outras vezes: «Samuel! Samuel!» E Samuel respondeu: «Falai, Senhor, que o vosso servo escuta». Samuel foi crescendo; o Senhor estava com ele e nenhuma das suas palavras deixou de cumprir-se.

       São tantas as oportunidades em que Deus Se deixa ver e tantas as formas de nos chamar. Há pessoas e situações em que Deus grita por nós. Nem sempre estamos disponíveis, nem sempre percebemos que é Ele que nos interpela.

       Heli, homem justo e vigilante, ajuda Samuel a perceber que é Deus quem o chama. João Batista mostra aos seus discípulos que Jesus é o Messias esperado. No nosso tempo continua a ver pessoas/vozes/situações que nos falam de Deus, que nos mostram o Seu rosto. Qual a resposta que estamos disponíveis para Lhe dar?


Textos para a Eucaristia (ano B): 1 Sam 3, 3b-10; 1 Cor 6,13c-15a.17-20; Jo 1,35-42. 

 

Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço.

07.09.19

Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo

mpgpadre

1 – Preferir não é excluir. Quem não tem preferências, não tem gostos, não tem paixões, fica sempre nas encruzilhadas, não é capaz de fazer opções.

Quem não tem um amor único, raramente tem um único amor! Por outras palavras, quem não ama no concreto, não tendo um amor fundante, dificilmente saberá o que é amar. Posso amar o mundo inteiro, mas se não sei lidar, cuidar, acarinhar quem está perto, estarei apenas fixado no mundo das palavras e não da vida. Difícil não é ter muitos amores, difícil é optar por um amor, único e exclusivo. No tempo que vivemos, há uma enorme dificuldade em assumir compromissos para a vida, mais ou menos definitivos. Assusta-nos o que nos humaniza e engrandece: o amor primeiro e único – Deus.

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2 – A Igreja celebra hoje o nascimento da Virgem Santa Maria. Desde o seio materno Ela foi escolhida (e preparada) para ser a Mãe do Filho de Deus. Porém, Deus espera por Ela e pela resposta livre ao chamamento que lhe faz. Maria é exemplo como o amor único, Deus, redundará na preocupação constante pela humanidade, concretizável na visitação, nas bodas de Canaã, na Cruz, no seio da comunidade nascente, em espera orante pelo Ressuscitado.

Junto à Cruz de Jesus está Maria, Sua Mãe, e o discípulo amado. Jesus volta-Se e dá-nos Maria por Mãe: eis a tua mãe. E a Maria nos entrega como filhos: eis o teu filho. A maternidade de Maria é carnal, gera Cristo, mas o seu amor de Mãe amadurece e estende-se à humanidade, tornando-se Mãe espiritual de cada um de nós. A unicidade do amor de Maria multiplicar-se-á pela humanidade.

Só uma mãe (ou futura mãe) será capaz de perceber o que significará a preocupação constante pelo bem estar do(s) filho(s) e a possibilidade de o(s) perder.

Mas também a Encarnação de Deus implica que o universal se concretize e realize na história. Por amor, só por amor, Deus Se "desdobra" para salvar a humanidade, encarnando, assumindo-nos, fazendo-Se um de nós, para nos impelir a fazer parte da Sua vida.

 

3 – Há uma multidão que segue Jesus, mas que ainda não é comunidade, é um seguimento geográfico, provisório e/ou por curiosidade. «Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo».

Jesus sublinha claramente a preferência, a precedência e a prioridade do seguimento. Quem não se dispuser a gastar a vida, a segui-l'O, com a cruz de todos os dias, a vida por inteiro, com os seus sonhos e com as suas dores, não pode ser Seu discípulo. Segui-l'O provisoriamente, quando dá jeito, quando as coisas correm bem, quando há tempo (cronológico) disponível, não se coaduna com o discipulado. O discípulo segue o Mestre com o intuito de O imitar, decalcando os Seus passos, o Seu jeito de amar e de servir. Ora, já o sabemos de cor(ação): Jesus dá-Se totalmente, um único amor, pela humanidade, gastando-Se por inteiro, sem reservas nem condições! Entenda-se: a Sua prioridade, a precedência, é o amor do Pai, o amor ao Pai. É o amor maior, o amor único. Eu vim para fazer a vontade d'Aquele que Me enviou, o Meu alimento é fazer a vontade de Meu Pai.

Amar Jesus implicará amar os que Ele ama e agir como Ele (isso é o que significa ser discípulos). Fixarmos o nosso coração em Deus, como preferência e prioridade, é a melhor garantia do cuidado e do serviço (desinteressado, quanto possível) aos outros, também à família, com a "agravante" de não podermos guardar nada para nós. A prioridade por Deus leva à radicalidade pelos outros, pois essa é a prioridade de Deus.

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Textos para a Eucaristia (ano C): Sab 9, 13-19; Sl 89 (90); Flm 9b-10. 12-17; Lc 14, 25-33.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço.

14.07.18

Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois.

mpgpadre

1 – A nossa vocação, discipulado e apostolado partem de Jesus, assentam em Jesus e encaminham-se para Jesus. Somos chamados para O seguir. Somos discípulos para aprendermos com Ele, uma e outra vez. Somos enviados para anunciar a Boa Nova aos pobres e, com Ele, fazermos do mesmo jeito, libertando os outros das amarras da pobreza, da exclusão, da solidão e de todo o mal.

Seguir Jesus não visa sentar-nos com Ele na cavaqueira à espera que o tempo passe, que a vida aconteça, enquanto vamos passando entre os pingos da chuva, procurando não nos molharmos, assobiando para o lado, lavando as mãos, cruzando os braços, encolhendo os ombros, fazendo de conta que não é nada connosco!

A vida, o mundo, os outros, são responsabilidade nossa. Desde o início. Desde sempre. Deus criou-nos para os outros, por causa dos outros. Somos auxiliares semelhantes. Da mesma costela, da mesma carne. Do mesmo sangue. Com a mesma origem. Temos origem em Deus. Mas a meta da nossa vida também é Deus. Pelo meio não podemos e não devemos andar arredados daqueles que são parte essencial da nossa vida. Não podemos andar de costas voltadas quando queremos chegar ao mesmo lugar, ao coração do Pai.

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2 – Jesus chama os 12 Apóstolos e envia-os dois a dois. O compromisso missionário não nos permite ir sozinhos, nem em nome próprio. Vamos dois a dois, uns com os outros, fazemos parte da Igreja, e vamos em nome de Cristo, para fazer como Ele fez.

O próprio Jesus lhes/nos dá as instruções para o apostolado, para a missão. Dá-lhes o poder sobre os espíritos impuros, mas também a responsabilidade da cura, da inclusão, da paz!

Para irmos precisamos de leveza. Quantas mais coisas tivermos para levar, a quantas mais coisas estivermos presos, mais difícil será partirmos em missão. O que é necessário? O bastão, para nos apoiarmos, para nos sentirmos como pastores! "Nem pão, nem alforge, nem dinheiro... Calçados com sandálias", levando apenas uma túnica. Só o essencial, só o que não nos impede de chegar aos outros, de nos aproximarmos dos outros. As coisas podem pesar-nos, podem interpor-se entre nós. Uma imagem rápida: levamos dois sacos pesados, com coisas preciosas, um em cada mão, como fazemos para nos abraçarmos?! E se temos medo que alguém nos roube o que temos nos sacos? Colocámos no chão ou optamos por não abraçar?

Para seguirmos Jesus, não devemos deixar que o pão, o dinheiro, o vestuário, ou as nossas roupagens obstaculizem à missão, ao serviço aos irmãos, ao anúncio da paz, ao compromisso com a justiça. Que tudo seja oportunidade para nos entreajudarmos.

 

3 – O Evangelho é Boa Notícia. É uma proposta de vida. Não é uma imposição, uma desculpa, uma fuga. Não é um analgésico para os contratempos, ou uma bolha que nos protege nas dificuldades. É um acontecimento, é uma Pessoa, é Jesus Cristo na nossa vida! Não é uma guerra que se ganha pela força, pela retórica, pela chantagem ou pela ameaça. É um desafio e um compromisso. Desafia-nos a darmos o melhor de nós mesmos, não contra os outros, mas a favor de todos. É um compromisso com aqueles que estão no mundo, no mesmo barco que nós, e especialmente como os mais desfavorecidos.

Eis a recomendação: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles».

O encontro com os outros há de comprometer-nos a ficar, a permanecer, e não a saltar de casa em casa, de lugar em lugar. Há tempo para tudo. A fé também se fortalece com os laços de amizade que nos aproximam e nos irmanam. Por outro lado, se as nossas palavras e o nosso testemunho forem recusados, nem por isso devemos deixar de transparecer Jesus.

Naquele tempo, os Apóstolos procuraram corresponder às recomendações de Jesus, partindo e pregando o arrependimento, expulsando os demónios, ungindo com óleo os doentes e curando-os. Hoje cabe-nos fazer como eles, cabe-nos seguir Jesus, procurando agir do mesmo modo, anunciando-O e transparecendo o Seu amor.

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Textos para a Eucaristia (ano B): Amós 7, 12-15; Sl 84 (85); Ef 1, 3-14; Mc 6, 7-13.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

13.01.18

«Eis o Cordeiro de Deus».

mpgpadre

1 – Jesus chama-nos mas não nos quer de qualquer maneira, quere-nos de corpo e alma. Aceita o nosso pecado e as nossas limitações, aceita-nos como somos, com as nossas dúvidas e hesitações, com os nossos falhanços e com os nossos esforços, compreende os nossos avanços e recuos, o nosso entusiasmo e o nosso medo, as nossas certezas e o nosso peregrinar por vezes titubeante, mas não nos quer pela rama, quere-nos envolvidos, mergulhados na Sua palavra, procurando, apesar de tudo, fazer o bem. Por conseguinte diz-nos ao que vem. Não faz campanha (eleitoral), não usa muito palavreado nem argumentos para nos levar a aderir à Sua mensagem.

Vinde ver! É a Sua resposta! Podia passar umas horas a explicar a razão e a importância do seguimento! Jesus sabe que mais facilmente imitamos comportamentos do que seguimos conselhos, então nada melhor do que ver como Ele vive, como gasta o Seu tempo, como reage às diferentes situações da vida. O apóstolo só o é verdadeiramente se for discípulo, se se mantiver perto do Mestre, pela oração, pela imitação da Sua postura: Vai e faz tu também do mesmo modo.

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2 – Para seguir Jesus não bastam algumas informações sobre Ele, mas mergulhar a nossa vida na Sua vida. Luminosa, a propósito, a Boneca de Sal, uma fábula de Anthony de Mello.

Era uma boneca feita de sal. O seu maior sonho era ver o mar. Ficava dias e noites embrenhada nos pensamentos, tentando imaginar a imensidão e a beleza do grande oceano, sentindo uma grande nostalgia, a "saudade" de algo que conheceria apesar de tão longínquo: as suas raízes, a sua origem.

Um certo dia, decidiu partir. Foi uma busca árdua, saciando pontualmente a sua sede nas fontes e nos riachos, nos lagos e nos rios. Por fim chegou a um areal, uma praia à beira mar. Como era imenso e apelativo aquele mar! E como era misterioso! Parecia que a água salgada e o mar já a habitavam por dentro. Ali ficou, perdida em contemplação, e foi dialogando com o mar: Diz-me, quem és tu?

– Sou o mar.

– Mas o que é o mar?

– Sou eu!

– Explica-me melhor, por favor! Deixa-me perceber, deixa-me conhecer-te...

– É simples: toca-me.

A boneca, extasiada, mas um pouco a medo, avançou e deixou que os seus pequenos pés fossem acariciados pela areia, pela água, pela espuma esbranquiçada. E – surpresa! – começava a compreender qualquer coisa... Quando, porém, pôs os olhos no chão, apercebeu-se, assustada, que os seus pés haviam desaparecido. Protestou aflita: «Oh! Que fizeste tu? Onde estão os meus pés?» O mar replicou: «Porque choras? Apenas foi necessário ofereceres um pouco de ti para poderes compreender».

A boneca refletiu e serenou. Entendia um pouco mais. Então, decidida avançou. A água começou lentamente a cobrir partes do seu corpo que dolorosamente se desvaneciam. Quanto mais avançava mais profundamente compreendia, apesar de ainda não ser capaz de dizer o que era o mar. Uma outra vez inquiriu: «O que é o mar?»

Uma última onda arrebatou o que restava dela. E, precisamente, naquele derradeiro momento em que desaparecia na imensidão do mar, a boneca exclamou: Sou eu!

 

3 – Depois do batismo, Jesus passa a anunciar às claras a Boa Nova da presença de Deus no meio de nós. O Evangelho aponta, com João Batista, para Jesus: «Eis o Cordeiro de Deus».

Ouvindo João, os seus discípulos passam a seguir Jesus. Timidamente, perguntam-Lhe: Rabi, onde moras? Jesus não se demora numa explicação, mas faz-lhes uma proposta: Vinde ver. Eles foram e ficaram com Ele nesse dia. Conhecer Jesus implica habitar com Ele e deixar-se habitar por Ele, deixar que os Seus pensamentos, palavras e gestos se agarrem aos seus corpos e às suas vidas. E à nossa vida!

O encontro com Jesus desencadeia a missão. André vai chamar o seu irmão Simão. O encontro com Jesus é essencial para o seguimento, deixando-se fitar por Ele, como aconteceu com Pedro: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas». O chamamento não é para umas férias em casa de Jesus, mas é para entranhar a própria vida na Sua vida para depois O testemunhar e transparecer.


Textos para a Eucaristia (ano B): 1 Sam 3, 3b-10. 19; Sl 39 (40); 1 Cor 6, 13c-15a. 17-20; Jo 1, 35-42.

06.09.17

VL – Seguir Jesus também em tempo de férias

mpgpadre

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 Seguir Jesus implica toda a nossa vida, a vida toda, em todos os seus aspetos. Somos cristãos em qualquer situação, não apenas quando nos convém, nos dá mais jeito ou quando temos mais tempo. É dessa forma que ganhamos a vida, perdendo-a, gastando-a, dando-lhe sentido e sabor pelo serviço, pelo cuidado com os outros e com o meio ambiente. É dando que se recebe, é dando que se acolhe a vida como dom alegre. Quem resguarda a sua vida por medo ou para não se incomodar, acabará por morrer sem ter vivido (cf. Mt 16, 25)!

Para o cristão, a referência é Jesus Cristo. Segui-l'O para O imitar, para gastar a vida como Ele, a favor de todos. Com efeito, lembra-nos São Paulo, fomos batizados em Cristo, sepultados na Sua morte, para com Ele ressuscitarmos. Se morremos com Cristo, vivamos então com Ele uma vida nova. «Cristo morreu para o pecado de uma vez para sempre; mas a sua vida, é uma vida para Deus. Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus» (Rom 6, 10-11).

Configurados com Cristo, deixemos que Ele nos ilumine, nos guie e viva em nós e através de nós. Morrendo por causa d'Ele, havemos de situar-nos na vida que permanece. É a Sua promessa. Tudo o que fizermos, façamo-lo em nome de Jesus, por amor a Jesus, com o amor de Jesus. E então tudo terá mais sentido, um sentido mais pleno, a vida, os pais, os filhos. Importa tomar a nossa cruz, dia após dia, e segui-l'O, imitando-O. «Se alguém der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: Não perderá a sua recompensa» (Mt 10, 42).

Seguir Jesus não servirá nunca para justificar a indiferença ou o descarte a que botamos as pessoas. Seguir Jesus com a nossa vida inteira faz-nos incluir os pais, os filhos, os amigos, os vizinhos, os colegas de trabalhos, aqueles de quem não gostamos tanto e sobretudo as pessoas mais fragilizadas, pela doença, pela pobreza, pela exclusão social, cultural, económica ou política.

Em ambiente de férias, o cristão permanece ligado a Jesus com o compromisso de O transparecer em todos os cenários, em todo o tempo, com todas as pessoas. Com efeito, o cristão que vai à Missa é o mesmo que vai ao café ou que vai num passeio de barco! E o facto de quebrar as rotinas, não significa que se esqueça de celebrar a fé!

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4421, de 18 de julho de 2017

06.02.16

Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca.

mpgpadre

1 – «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Com Jesus a pesca será abundante. Ontem, Pedro e os Onze, e os 72 discípulos. HOJE cada um de nós é chamado à pescaria, com Ele, seguindo-O, pois só nessa condição a pesca será generosa.

Depois das dificuldades encontradas em Nazaré, "Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho", fazendo-Se Caminho para nós, o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6). É para nos salvar que Jesus vem ao mundo e se faz à estrada.

Em Jesus, Deus propõe-Se e expõe-Se, tornando-Se mendigo do nosso amor. Por amor. Por que nos quer bem. Porque nos quer filhos. Porque, sabendo o que nos salva, nos envolve no seu projeto de amor e de perdão e de vida nova. Não se alheia da nossa história. Depois de nos enviar os Profetas, os Juízes, os Patriarcas, envia-nos o Seu próprio Filho, que assume a nossa carne por inteiro.

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2 – A multidão segue Jesus para ouvir a palavra de Deus. Nem só de pão vive o homem. Vive e precisa do alimento corporal, todos os dias, mas a vida de uma pessoa não se esgota no que come, no que veste ou no que tem. A vida realiza-se na ligação ao mundo que nos rodeia e na abertura ao Transcendente, donde, em definitivo, nos vem a esperança e a certeza de que a nossa vida nos ultrapassa no tempo e no espaço.

Para melhor Se fazer ouvir, Jesus sobe para o barco de Simão, pedindo-lhe que se afaste um pouco da terra, e ensina a multidão.

Logo depois, diz a Simão Pedro: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca».

Pedro hesita. São pescadores experientes. Andaram na faina toda a noite e não foram bem-sucedidos. Já lavam as redes para outra jornada. «Mas, já que o dizes, lançarei as redes». Por vezes é necessário lançar-nos, confiando. Se te estás a afogar, melhor do que esbracejar pode ser "boiar", tranquilizar-se e deixar-se guiar pela água ou por quem te deita a mão. Já que é Jesus que nos desafia, então, só por isso, só por Ele, já vale a pena lançar as redes e lançar-nos à pesca.

A pesca acontece por iniciativa de Jesus. Mas conta connosco, com o nosso barco, com a nossa fé, com o nosso trabalho. Precisamos de lançar as redes e de contar uns com os outros. Todos não somos demais. Venham os do outro barco. O mal é quando queremos fazer tudo sozinhos, sem Deus e sem os outros.

 

3 – O nosso pecado não contamina a santidade de Deus! Pelo contrário, a santidade de Deus assume e purifica o nosso pecado.

Vejamos o assombro de Isaías: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo».

O assombro de Pedro: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador».

E o assombro de Paulo: «Não sou digno de ser chamado Apóstolo».

Deus não desiste diante da nossa insegurança ou e do nosso medo. Resposta a Isaías: «Desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa»; a Pedro: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens», e a Paulo: «Pela graça de Deus sou aquilo que sou e a graça que Ele me deu não foi inútil. Pelo contrário, tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo».

Como amiúde nos tem lembrado o Papa Francisco, Deus não Se cansa de nós, não se cansa de nos perdoar e de nos assumir como filhos. A Sua vingança é a misericórdia. Perdoa-nos e acaricia-nos. Podemos cansar-nos de Lhe pedir perdão, Ele não Se cansa de nos amar, de Se lançar ao nosso encontro, não Se cansa de esperar por nós.

Também a nós Deus nos chama com as nossas fragilidades, os nossos medos e o nosso pecado. Qual a resposta que damos?

Façamo-nos ao largo, lancemos as redes para a pesca, façamo-nos Casa de Oração e de Misericórdia para todos. Porque Ele segue connosco, pois nós O seguimos. Ele é o nosso Caminho!

___________________________

Textos para a Eucaristia (ano C): Is 6, 1-2a. 3-8; Sl 137 (138); 1 Cor 15, 1-11; Lc 5, 1-11.

 

REFLEXÃO DOMINCIAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

11.07.15

Jesus chamou os 12 apóstolos e começou a enviá-los...

mpgpadre

1 – Deus chama-nos para nos enviar. A primeira e mais original vocação do cristão é a santidade, isto é, a disponibilidade para acolher Deus, deixando-se transformar pela Sua graça, identificando-se progressivamente com Jesus Cristo e com o seu jeito de viver, de amar, de perdoar, de Se assumir irmão, sobretudo dos mais frágeis.

Jesus chama os apóstolos e envia-os. Se, por momentos, eles entendem que o seguimento é um privilégio, com benefícios materiais, sociais ou políticos, cedo vão perceber que seguir Jesus é uma missão da qual poderá advir a perseguição e a própria morte.

Partem de mãos vazias. Como nos tem lembrado o nosso Bispo, D. António Couto, de mãos vazias como as de Deus, que tudo nos dá; a bênção faz-se com as mãos abertas e estendidas e hão de corresponder às nossas mãos abertas para receber os dons de Deus, mantendo-as abertas para repartir pelos irmãos. "Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas". O importante mesmo é a mensagem que levam. Quanto mais leves mais disponíveis e mais próximos das pessoas. O que levamos pesa-nos, atrasa-nos o andar, afasta-nos dos outros, cria medo de perder o que temos, faz-nos desconfiar dos outros e das suas intenções…

Os apóstolos – hoje somos nós – não estão sós. Jesus envia-os dois a dois. Jesus vai com eles, vai connosco através do outro e da comunidade. Quando dois ou três vos reunirdes em Meu nome, Eu estarei no MEIO de vós (cf. Mt 18, 20). Sozinhos perder-nos-emos. Desanimaremos rapidamente, perderemos a direção, duvidaremos facilmente sobre o caminho que seguimos. O nosso GPS é Jesus, que segue connosco através da comunidade, a Igreja, que é o Seu Corpo.

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2 – O discípulo será sempre discípulo. Para os cristãos o Mestre é Jesus. Quem se assumir como mestre deixa de ser cristão para ser outra coisa qualquer. Fixando-nos nos dois termos "discípulo" e "apóstolo", diríamos que o cristão terá que ser sempre discípulo mesmo quando é apóstolo. Por sua vez, o apóstolo, para se manter fiel a Jesus Cristo, será sempre discípulo, aluno, aprendiz. Por outras palavras, e assumindo a linguagem que se foi aprofundando nas Conferências Gerais do Episcopado da América Latina (CELAM), a junção da condição de discípulo com a de missionário. Daí que o cristão, todo o cristão, seja discípulo missionário. Não podemos ser seguidores de Jesus se não para O vivermos e O anunciarmos ao mundo inteiro.

Jesus dá-lhes o poder sobre os espíritos impuros, com o seguinte mandato: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles».

É Jesus quem os envia. O mandato é de Cristo. A mensagem que hão de anunciar – a proximidade do reino, o arrependimento e a fé no Evangelho (cf. Mc 1, 14-15) – é de Cristo. O risco dos discípulos é tornarem-se mestres desligando-se do verdadeiro Mestre, de Jesus Cristo, e em vez de anunciarem o Evangelho, anunciarem-se a si mesmos. E assim também o perigo da Igreja – constituída por todos os discípulos de Jesus –, de se debruçar sobre si mesma, protegendo-se, protegendo os privilégios que adquiriu. Desde o início do seu pontificado, Francisco tem-se referido à doença de uma Igreja ensimesmada, autorreferencial, voltada para o interior onde já só se encontra uma ovelha. Ao invés, a Igreja deve sair, à procura das 99 ovelhas que se tresmalharam, e anunciar Jesus. Como a Lua reflete a luz do Sol, assim a Igreja tem que refletir a Luz de Cristo.

"Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos" e regressam para junto de Jesus, como veremos no próximo Domingo. O ponto de partida é Jesus. O ponto de encontro dos cristãos, dos discípulos missionários, é Jesus. Ele é o ponto de convergência e de irradiação da salvação.

3 – A oração de coleta deste domingo recolhe e sublinha a palavra proclamada: "Senhor nosso Deus, que mostrais aos errantes a luz da vossa verdade para poderem voltar ao bom caminho, concedei a quantos se declaram cristãos que, rejeitando tudo o que é indigno deste nome, sigam fielmente as exigências da sua fé".

A oração torna-nos mais íntimos de Deus, que nos envia aos nossos semelhantes. A fé salva-nos, mas aferimos da sua autenticidade quando nos tornamos irmãos e cuidamos uns dos outros.

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Textos para a Eucaristia (B): Amós 7, 12-15; Sal 84 (85); Ef 1, 3-14; Mc 6, 7-13.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

17.01.15

Rabi, onde moras? Vinde ver...

mpgpadre

1 – João percebe que Aquele Jesus é o Messias que estava para vir e que já está no MEIO de nós. Àqueles dois discípulos, e a nós também, João mostra Jesus: É o Cordeiro de Deus. Como a dizer-nos: agora o tempo é outro, já não faz sentido serdes meus discípulos, quando todos devemos ser discípulos d'Ele, Aquele sobre Quem desceu o Espírito Santo. Os discípulos ouvem-no, deixam-no e passam a seguir Jesus. Veja-se a sequência de testemunho. João dá testemunho de Jesus. Comunica aos Seus discípulos Quem é o Messias. E os discípulos, escutam e fazem uma escolha.

Duas atitudes nos são sugeridas: sermos testemunhas, em palavras e obras, de Jesus, e como João apontarmos sempre para Ele que está no MEIO de nós; como discípulos, sermos ouvintes da Palavra de Deus, para nos pormos a caminho, seguindo atrás de Jesus.

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2 – Jesus volta-Se e vê-nos. Vai à frente, mas não indiferente. Ele sabe que O seguimos, que O procuramos, e que podemos perder-nos. Seguindo-O de perto, decalcando as Suas pegadas, podemos escutar a Sua voz: «Que procurais?». Teremos então oportunidade de nos aproximarmos mais: «Rabi, onde moras?».

«Vinde ver». A resposta de Jesus é um convite para entrarmos em Sua casa. Ele quer ser a nossa morada. Quer-nos a morar com Ele. Só assim O conheceremos, só assim O seguiremos, só assim podemos transparecê-l'O.

O encontro com Jesus tem hora marcada. Eram quatro horas da tarde. O pormenor temporal que o evangelho de São João nos dá é significativo. Aquele encontro não é abstrato, desligado da vida, fruto da imaginação. É real, como real são os discípulos que seguem Jesus. Um dos que foram ver onde Jesus morava e ficaram com Ele nesse dia é André, irmão de Simão Pedro.

O encontro com Jesus muda-nos. Não basta saber alguma coisa sobre Ele. É o primeiro passo. Depois, segui-l'O pelo caminho, permanecendo junto d'Ele, na Sua casa. E se Ele se torna a nossa morada, o inevitável acontece: não podemos calar o que vimos e ouvimos.

André vai procurar o seu irmão e diz-lhe: «Encontrámos o Messias», e levou-o a Jesus. Atente-se no pormenor: André não diz muitas coisas sobre Jesus, nem tenta convencer Pedro, simplesmente o leva a Jesus. O testemunho sobre Jesus é fundamental, pois não podemos amar o que desconhecemos. Cada um de nós ouviu falar de Jesus, e alguém nos levou a Ele. O encontro pessoal com Jesus será incontornável para que Ele seja a nossa morada e n’Ele nos sintamos em casa.

 

3 – Dá-se o encontro de Jesus com Pedro. E mais uma vez somos surpreendidos. Ele precede-nos. Sabe quem somos, trata-nos pelo nome. O Seu olhar vai ao fundo de nós, onde Ele nos descobre e nos desconcerta. Jesus fita os olhos em Simão e diz-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.

E tudo muda de novo. És Simão mas chamar-te-ás Cefas, serás Pedro, pedra, rocha sobre a Qual edificarei a minha Igreja. Sublinhe-se desde já que a Igreja é de Cristo, não de Pedro. É Ele que a edifica, mas conta com Pedro e conta connosco.

____________________________

Textos para a Eucaristia (ano B): 1 Sam 3, 3b-10. 19; Sl 39 (40); 1 Cor 6, 13c-15a. 17-20; Jo 1, 35-42.

 

Reflexão completa na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

20.09.14

Ide vós também para a minha vinha

mpgpadre

       1 – Jesus compara o Reino dos Céus a um proprietário que sai muito cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha, ajustando com eles um denário por dia. «Saiu a meia-manhã, viu outros que estavam na praça ociosos e disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo’. E eles foram. Voltou a sair, por volta do meio-dia e pelas três horas da tarde, e fez o mesmo. Saindo ao cair da tarde, encontrou ainda outros que estavam parados e disse-lhes: ‘Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’. Eles responderam-lhe: ‘Ninguém nos contratou’. Ele disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha’»

       Bem sabemos que há muitas pessoas que querem trabalhar e não podem, pela idade, pela doença, por que têm de tomar conta de alguém, ou não têm quem os ajude, quem os chame para trabalhar. Outros, porém, preferem que lhes caia do Céu. Na vinha do Senhor, todos podemos trabalhar.

       2 – «Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos».

       No final do dia, o dono da vinha manda pagar o salário, a começar pelos últimos que chegaram para trabalhar. A cada um é pago um denário, aos das primeiras horas e aos que chegaram ao entardecer. Os que tralharam todo o dia julgam que receberão mais do que os outros, ainda que o ajustado tivesse sido um denário. Recebem o mesmo. Murmuram, pois suportaram o peso do dia e o calor, ao passo que os que chegaram por último pouco trabalharam.

       Eis a resposta do dono da vinha: «Amigo, em nada te prejudico. Não foi um denário que ajustaste comigo? Leva o que é teu e segue o teu caminho. Eu quero dar a este último tanto como a ti. Não me será permitido fazer o que quero do que é meu? Ou serão maus os teus olhos porque eu sou bom?».

       Na economia de mercado, pelo mesmo trabalho, com qualificações iguais, o mesmo ordenado. Pode atender-se à produtividade: quanto mais produzires mais ganharás, promovendo o mérito. No entanto, as mulheres pelo mesmo trabalho ganham menos!

       Duas pessoas fazem o mesmo trabalho. Ordenado igual, como ponto de partida, ajustando-se em conformidade com a família que tem para sustentar. Não é igual ganhar € 500,00 e viver sozinho, ou € 500,00 e ter 3, 4 ou 5 pessoas que dependem daquele vencimento. Claro que cada caso é um caso.

       Na comunidade cristã, posto tudo em comum, distribuíam conforme as necessidades, para que nenhuma família passasse privações. Por ocasião da Páscoa, a família escolhia um cordeiro de acordo com os seus membros. Se a família fosse pouco numerosa, para o tamanho do cordeiro, deveria dividi-lo por outra família que não tivesse possibilidades de matar um cordeiro, para que ninguém deixasse de comemorar a Páscoa com dignidade, à volta da mesa.

       3 – A lógica de Deus é diferente da lógica de mercado. Uma Mãe não se dá em parte, reservando algo para si. Assim Deus. Dá-Se por inteiro, como o testemunha Jesus na Cruz. Deus é TUDO para TODOS. Não é divisível. O amor autêntico não é divisível. O amor é um todo. Para a Mãe, para os pais, o filho que está em casa merece tudo. O filho que saiu sem dar notícias, merece a mesma predileção, mas o coração dos pais andará sempre sobressaltado. O regresso dá lugar à alegria e agradece-se a Deus pelo reencontro de toda a família.

       Deus dá-nos tudo, sempre. O que é necessário: reconhecermo-nos pecadores, arrepender-nos de tudo o que transtorna a nossa relação com Ele e com o outros, empenharmo-nos na Sua vinha.

       «Deixe o ímpio o seu caminho e o homem perverso os seus pensamentos…» 

       Não nos preocupemos com a bondade de Deus para com todos, preocupemo-nos em andar nos caminhos do Senhor.

       No reino de Deus há lugar para todos. Quantos mais levarmos connosco, melhor! Se excluímos alguém neste mundo, como poderemos ir para o mesmo coração do Pai, para a mesma habitação eterna? 


 

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 55, 6-9; Sl 144 (145); Filip 1, 20c-24.27a; Mt 20, 1-16a.

 

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