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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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24.08.13

LEITURAS: Dr. Eben Alexander - Uma prova do Céu

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EBWN ALEXANDER. Uma prova do Céu. Testemunho de neurocirurgião sobre a vida além da morte. Lua de Papel. Alfragide 2013, 200 páginas.

       Um neurocirurgião que passa por uma experiência de quase morte. 10 de novembro de 2010. Uma dor aguda, do outro mundo, convulsões, revirar de olhos, desmaio, fá-lo parar nas Urgências de um hospital onde já trabalhou. 7 dias em coma. Quatro dias é o tempo além do qual não há regresso possível ou a haver a pessoa ficará num estado vegetativo ou com muitas mazelas mentais e físicas. Ao sétimo dia a esperança, do lado de cá, está no fim. É tempo de reunir e desligar as máquinas. A família toma consciência disso. Os médicos prolongaram esta decisão para lá do tempo.

       Entretanto, do outro lado, o Dr. Alexander vive uma experiência extraordinária. Sem saber é conduzido pela irmã biológica, que já tinha morrido. Como tinha sido adotado, não reconhece a irmã, mas apenas uma figura luminosa, cheia de bondade. Descobrirá, quando outra irmã biológica lhe enviar uma foto. Ascende ao Céu, guiado por um som, música celestial, onde tudo é paz, harmonia. É um mundo ultrareal. Contacta com Deus, não Lhe vê o rosto mas sabe que é Deus. Está finalmente em paz.

       A sua experiência é muito semelhante a outras que ele já tinha escutado de pacientes mas sem grande crédito, com diversas explicações que a ciência tenta dar. Ainda que não haja respostas definitivas, a ciência abre as portas a um fenómeno que por ora não tem explicação. O Dr. Alexander encontra a explicação que falta à ciência no outro lado.

       À volta da sua cama, durante sete dias, sempre pessoas, que não lhe largam a mão. Um dos filhos, o mais novo, ao sétimo dia, e enquanto a equipa médica, com a família, decide interromper os tratamentos, salta em cima da cama, abre as pálpebras, garantindo ao pai que vai ficar bom. De repente abre os olhos. Junta-se a mãe/esposa, e os médicos. Responde aos presentes: estou bem. Que é que aconteceu, porque é que está aqui tanta gente? O cérebro reiniciou funções. Nas horas e dias seguintes haverá uma grande confusão na sua mente. Pouco a pouco recuperar totalmente, preparando-se para falar do outro mundo, da luz à qual foi conduzido. Da verdade revelada: És amado. O envio: ainda és necessário. Tens de regressar. Alguém precisa de ti.

       O filho mais velho recomenda que antes de ler outros testemunhos e para ser levado a sério que escreva tudo o que se lembra e só depois confronte com outros testemunhos. É o que faz.

       O livro resulta desta experiência de 7 dias em coma profundo, em que a infecção por E. Coli, que dificilmente afeta os adultos, lhe provocaria a morte, ou o deixava com grandes sequelas físicas e mentais, afinal revela-lhe o Céu, a eternidade, e que a consciência sobrevive para lá do corpo, depois da morte, já sem fronteiras. Como em outros casos é difícil traduzir em palavras humanas a grandeza e a beleza das experiências sobrenaturais.

       Um dos livros mais conhecidos sobre experiências de quase morte é A vida depois da Vida, de Raymond Moody, que que resultou em documentários televisivos. Já recomendámos outros testemunhos: O Céu existe mesmo, um menino que regressa do Céu, ou A Cabana, de Paul Young, uma história que relata uma história semelhante.

       Ao longo dos tempos, muitos tentam compreender estes fenómenos. Para uns, é uma das formas do cérebro lidar com situações extremas. Para outros, é uma prova ou um indício que a consciência sobrevive à morte. Há vida para lá da morte.

       Uma última palavra para sublinhar a perspetiva católica sobre o Céu. Fé na vida eterna. Pessoas ou santos que viveram experiências místicas e que relatam visões, de Jesus, de Nossa Senhora, de Anjos, do Céu, do Inferno e/ou Purgatório, como no caso dos Pastorinhos de Fátima. Em todo o caso, a Ressurreição coloca-nos no plano da fé. A prova é sobretudo um indício, uma porta aberta, uma luz que nos guia. Uma coincidência da qual Deus se serve para manifestar a Sua vontade e a Sua presença. Nunca poderá ser visto como uma prova irrefutável. A fé é DOM, não é clarividência física e/ou científica. Deixaria de ser fé, para ser uma realidade demonstrável.

       Este livro traz um excelente testemunho de fé na vida eterna, do Amor que Deus nos tem. Mostra também a força da oração e como a própria cura necessita de algo mais que medicamentos, a presença dos amigos, a reconciliação consigo mesmo. É uma leitura envolvente.

 

Para saber mais: EXTRA - entrevista com Dr. Eben Alexander

Visite também: São as vozes que mandam

20.08.13

LEITURAS: Nuno Camarneiro - Debaixo de Algum Céu

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NUNO CAMARNEIRO. Debaixo de Algum Céu. Leya. Alfragide 2013, 200 páginas.

       Prémio Leya 2012, esta é a história de personagens que bem poderiam ser reais. Pelo menos, os traços poderão ser encontrados em diversas histórias de vida. Sete dias. Um prédio. Apartamentos que encerram segredos, fome de vida e de felicidade. Sonhos conquistados e sonhos perdidos, à procuram de realizar projetos, e o desencanto de quem perdeu a oportunidade. Sete dias. Uma Semana, do Natal ao novo Ano. Entre suspiros de esperança e de resignação. Estórias que se cruzam e se encontram. Acasos ou o pulsar da vida, da história e do tempo. Coincidências. também assim se faz a vida. Decisões. As nossas e as dos outros. As que impomos e as que nos impõem. Atores da nossa história, mas também vítimas das circunstâncias que irrompem por nós adentro, sem darmos por isso, sem tempo para reagirmos. O que predomina as nossas escolhas, ou o que se nos impõe? E como resgatar a nossa vida. A fé, a dúvida, a vida e a morte, o branco e o preto, mas também o cinzento e o azul, o vermelho e o laranja e muitas cores matizadas. Assim a nossa vida.

       Uma idosa sozinha que ainda sonha pelo seu marinheiro que afinal fugiu com outra. Um homem só, idoso, que guarda o prédio, é porteiro, contador de histórias, e sabe muitas, conhece cada inquilino, quem passa e quem fica, guardando memórias, tornando-se confidente de uns e outros. Uma jovem mulher. Viúva. Desesperada da vida. Acolhe o sacerdote, como amigo e mais do que isso. Mas nem este a regaste. Para ela os dias estão contados, o ano novo é para esquecer. Um sacerdote, que quis viver no meio de pessoas, deixando o conforto de uma família abastada. Com fé e com dúvidas. Tão pronto para deixar, como para prosseguir. Acabará por juntar uma ovelha abandona e descobrir que Deus fala e fala bem por quem foi considerado louco, e até demónio. Um jovem que trabalha em casa e cria personagens para um programa de computador, para gerir relacionamentos virtuais. Vai as livros e copia a caracterização das suas criações/cópias, e acabará por ser descoberto e ser despedido. Abandona o seu apartamento e corre para um amor de tempos anteriores, da universidade, para não ficar só. Dois casais, tão iguais e tão diferentes. Parecem viver bem, mas logo sobrevém o cansaço e a separação. Outros cuja rotina cansou mas que pequenos incidentes levam a valorizar e a fortalecer os laços familiares e a renovar o amor e o sentimento.

       É um livro fácil de ler, agradável. Sete dias em que a vida pode dar um salto. Sete dias em que se pode decidir a felicidade, alterar o curso da história, positiva e negativamente. Como sempre, pode ser um incentivo a sermos autores da nossa história, apesar das circunstâncias. Também debaixo deste Céu estamos a viver, a caminhar, a descobrir, a encontrar-nos, a perder-nos...

       Aproveite, poderá ser um dos seus livros de férias. Ainda que tenha pouco tempo, não deixe de ler. Enriqueça a sua mente, e dê mais densidade à sua vida.

01.06.13

Papa Francisco - sobre o Céu e a Terra

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        Depois da Sua eleição, no passado dia 13 de março, tem surgido diversos escritos do atual papa Francisco. Era expectável, que muitos procurassem de imediato saber o que já disse, fez, o que escreveu, as mensagens mais emblemáticas, gestos mais relevantes, acontecimentos mais transformadores, e, claro, para outros, ver o que poderia gerar crítica ou escândalo.

       Começamos por sugerir uma primeira leitura, juntando as primeiras palavras de Francisco, com as últimas de Bento XVI: BENTO XVI, Embora me retire continuo unido a vós. Discursos de Bento XVI e SAVERIO GAETA. Papa Francisco. A vida e os desafios. Este constitui uma primeria abordagem biográfica de Jorge Bergoglio, agora Papa Francisco, com algumas citações de frases, intervenções, mensagens, homilias...

       Mais completo, quanto aos temas tratados, a célebre entrevista ao então Cardeal Jorge Bergoglio, assumindo o título "O Jesuíta", que recebeu nova edição: SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI, Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio.

       Este título que agora apresentamos é uma extraordinário encontro de um cristão e de um judeu, um cardeal e um rabino, num diálogo muito profícuo, com muitos pontos de contacto, de respeito, admiração, humildade, mostrando que a sabedoria leva à concórdia e a buscar o que verdadeiramente é ponte para os outros. Para haver diálogo é inevitável e necessário que cada um se apresente com os seus princípios, ideias, convicções, com abertura, não para desistir da sua identidade, mas para a enriquecer com as convicções dos outros. Se há pura cedência de uma das partes, não há diálogo. Se há imposição também não. Mas se existe humildade é possível encontrar pontos de contacto que ajuda a entender o mundo e a humanidade, procurando soluções ou pelo menos caminhos.

JORGE BERGOGLIO e ABRAHAM SKORKA, Sobre o Céu e a Terra. Clube do Autor. Lisboa 2013, 224 páginas.

 

       O então cardeal Jorge Bergoglio e Abraham Skorka já se tinha encontrado em diversas ocasiões, tornando-se amigos, abordando diversos temas da fé, da vida, da política. Inclusive, já tinham escrito prefácios para livros um do outro. Por que não colocar por escrito os diálogos entre ambos.

       Este livro nasce dessa vontade comum de partilhar com outros as conversas tidas ao longo dos anos, sinalizando desde logo que é possível, e até necessário, que pessoas de diferentes credos, comungarem o essencial da vida.

       São variados os temas: sobre Deus, o Diabo, a oração, a culpa, a morte, a eutanásia, o aborto, a mulher, os idosos, o fundamentalismo, o divórcio, a política, a educação, o dinheiro, a pobreza, sobre o holocausto, sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, sobre o conflito israel-árabe, ou sobre a evolução política e social da Argentina.

       Muito clarificador. Mais um livro que se lê com muito agrado, quer nas intervenções do atual Papa, quer nas palavras do rabino Skorka. Com sabedoria e simplicidade, numa abordagem que desafia, e envolve, pois traz a experiência de vida de cada uma dos intervenientes.

       Por outro lado, e no que diz respeito ao Papa Francisco, pode constatar-se que a mensagem que tem chegado ao mundo inteiro é genuína, não surge de repente, é fruto da vida, da experiência, do estudo, da oração, de milhentas situações concretas. Lendo o Jesuíta, ou lendo este (bom seria ler os dois títulos - já há outros) fica-se a conhecer bem melhor o pensamento de Francisco, os seus gestos e as suas mensagens sobre humildade, serviço, pobreza, diálogo, pontes em vez de muros.

 

 No Youtube podem encontrar-se outras conversas, do Papa com Abrahm Skorka:

15.12.11

O Céu existe mesmo - o menino que foi ao céu e voltou!

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Todd Burpo e Lynn Vicent, O Céu existe mesmo, lua de papel, Alfragide 2011.

 

       O menino a chegar os 4 anos de idade e que faz um experiência conhecida como post-mortem. Operado ao apêndice, cinco dias depois de rebentar o abcesso e depois de cuidados intensivos e de novo operado, com os pais a verem sinais da morte presente no filho. O pai é pastor, protestante, e está habituado, na assistência aos moribundo, a detetar sinais de morte iminente. São os mesmos sinais que deteta no filho. Contudo a oração intensa e a não desistência realizam o milagre. Deus não os abandona.

       Mais tarde, Colton começa a relatar os momentos em que se viu a ser operado, tendo saido do seu corpo, guiado por Jesus, ascende ao Céu, onde encontra o avô do seu pai, crianças pequenas como ele, Jesus, Deus Pai, Deus Espírito Santo, Maria, João Baptista, a irmã não nascida, e de que nunca se falara em sua casa, e muitos situações conhecidas das Sagradas Escrituras mas cuja compreensão numa criança daquela idade é (quase) impossível. Fala de morte, e do céu, sem medo. A determinada altura chega mesmo a dizer que tem saudades da irmã (sem nome porque os pais não chegaram a colocar-lhe nome) e que não se importa de morrer, seria uma forma de voltar ao céu.

       Independentemente da fé de cada um, este é um testemunho impressionante. Para que tem fé, pode ser mais um sinal. Para quem não tem, pode ser um desafio a deixar-se interpelar pelo "DESCONHECIDO".

       Neste como em outros casos, com mais fé ou menos fé, leia, de espírito aberto, sem preconceitos. No final não deixará de ser uma bela história, uma leitura agradável. Se ajudar a cimentar a sua fé, melhor ainda. Em todo o caso, está de acordo com as profecias do Apocalipse e com muitos episódios da Sagrada Escritura.

       Este livro sugere-nos outras leituras como A vida para além da Vida, ou até mesmo A Cabana, (neste caso é uma história ficcionada), que retrata episódios semelhantes...

05.11.10

Jesus: o olhar que nos guia ao Céu

mpgpadre

       Para nós cristãos, Jesus Cristo é o Reino de Deus, encarnado na história e no tempo, é o nosso Céu, é n'Ele, com Ele e por Ele que vamos ao Pai, que entramos na eternidade.

       Do mesmo modo que é a Ressurreição e a Vida, o nosso Céu, podemos também dizer que Jesus é o nosso Purgatório, entendido aqui positivamente como purificação e preparação para o encontro com Deus e não como castigo.

        Ao celebrarmos a solenidade de Todos-os-Santos - aqueles que se encontram na glória de Deus Pai -, e logo depois a Comemoração dos Fiéis Defuntos - aqueles que se encontram em (no) Purgatório -, somos interpelados pelos bens últimos, pela ESPERANÇA de salvação.

       A Igreja Católica, e assim o professamos no CREDO, crê na misericórdia infinita  de Deus que nos orienta para o Céu, mas também na possibilidade de escolhermos a nossa vida à margem ou contra Deus - Inferno -, e num estado intermédio, o Purgatório: a caminho do Céu, do encontro definitivo com Deus Pai, mas ainda necessitados de purificação, para que nos apresentemos limpos de toda a mácula.

       O PURGATÓRIO, no entanto, não é um lugar físico, uma antecâmara do Céu, ou o Hall de entrada para o Céu. É um estado do nosso ser pessoa. Nem um tempo cronológico, mas um tempo teológico, ou seja, já faz parte da eternidade de Deus.

       A nossa natureza ascendeu para junto de Deus Pai. Jesus Cristo na ressurreição/ascensão ao Céu, colocou a natureza humana à direita do Seu e nosso Pai. Como nos diz a Sagrada Escritura, quem vir o rosto de Deus morrerá, tal é a luminosidade de Deus, ferirá de morte todos os que d'Ele se aproximarem em tão grande proximidade.

       Quando estamos preparados, entrámos na glória da Ressurreição. Se o nosso olhar ainda não está suficientemente preparado/purificado, precisamos, nesse caso, de nos prepararmos. Como? Pela oração, pelo sacrifício supremo da nossa fé - a EUCARISTIA. É Jesus Cristo que nos conduz, que nos guia, que nos leva a Deus - "ninguém vai ao Pai senão por Mim -.

       É o nosso Purgatório, é Ele - verdadeiro Deus e verdadeiro Homem - que faz a ponte, em comunhão com a nossa natureza humana, purifica-a e introdu-la na natureza divina.

       Vejamos um exemplo: quando saímos de um compartimento escuro para a claridade do dia, ficámos "como" que cegos. E se tentarmos olhar directamente para o Sol ficamos cegos momentaneamente, e podemos ficar com ferimentos na vista. Deus é o nosso SOL, e, assim, só quando estamos verdadeiramente luminosos ascendemos à Sua presença. Para olharmos para o sol, abrimos pouco a pouco os olhos, colocamos uma mão à frente, paramos um pouco para nos habituarmos a tamanha claridade, ou pomos óculos do sol.

      Jesus Cristo desempenha a função de óculos de Sol, na nossa aproximação à luminosidade de Deus Pai - através d'Ele purificamos o nosso olhar, a nossa alma, para chegarmos ao Céu, para vermos Deus face a face. Ele é, nesta perspectiva, o nosso Purgatório, enquanto nos prepara/purifica para a Glória eterna de Deus.

       Como é imenso e incomensurável o MISTÉRIO de DEUS!

       Peçamos-Lhe o Espírito de Sabedoria para entendermos mas sobretudo para vivermos, aproximando-nos de Jesus Cristo, preparando-nos com Ele, para ascendermos com Ele até ao Pai do Céu.

29.11.09

Escolhas e Percursos: Céu e Inferno

mpgpadre

       A porta entre nós e o céu não poderá abrir-se enquanto esteja fechada a que fica entre nós e o próximo. Conta-se que um dia um samurai, grande e forte, conhecido pela sua índole violenta, foi procurar um sábio monge em busca de respostas para suas dúvidas.

 

 

       - Monge, disse o samurai com desejo sincero de aprender, ensina-me sobre o céu e o inferno. O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, disse-lhe:

       - Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma, você está imundo. Seu mau cheiro é insuportável. - Ademais, a lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe.

      O samurai ficou enfurecido. O sangue subiu-lhe ao rosto e ele não conseguiu dizer uma palavra, tamanha era sua raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e preparou-se para decapitar o monge.

       - "Aí começa o inferno", disse-lhe o sábio mansamente. O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele pequeno homem o impressionara. Afinal, arriscou a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno.

       O bravo guerreiro baixou lentamente a espada e agradeceu ao monge pelo valioso ensinamento. O velho sábio continuou em silêncio.

       Passado algum tempo o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu humildemente ao monge que lhe perdoasse o gesto infeliz. Percebendo que seu pedido era sincero, o monge disse-lhe:

       - "Aí começa o céu".

 

      Para nós, resta a importante lição sobre o céu e o inferno que podemos construir na própria intimidade. Tanto o céu quanto o inferno, são estados de alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia. A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno.

       É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros. Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objecto do seu interior. Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância. Visitados pela calúnia, podemos usar o machado do revide ou a gaze da autoconfiança...

       Quando a injúria bater à nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão.

       Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da fé.

      Ante a partida de um ente caro, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da aceitação.

      Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações,poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.

       A decisão depende sempre de nós mesmos.

       Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo.

Portanto, criar céus ou infernos, dentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós. Pense nisso!

       A sua vontade é soberana.

       A sua intimidade é um santuário do qual só você possui a chave.

       Preservá-la das investidas das sombras e abri-la para que o sol possa iluminá-la só depende de você.

 

       Pense nisso!

Blogado em Caritas in Veritate.

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