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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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26.10.14

Leituras: D. MANUEL MARTINS - Pregões de esperança

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D. MANUEL MARTINS (2014). Pregões de esperança. Prior Velho: Paulinas editora. 160 páginas.

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"... que os nossos políticos façam, sim, uma cimeira, não para combinarem entre si a distribuição de cadeiras ou a alternância do poder; mas para descobrirem finalmente as necessidades do Povo, que são cada vez mais, e procurarem, inquietos, os melhores caminhos de as satisfazerem" (p. 29).
"Sem trabalho não há pão, nem dignidade, nem liberdade, nem progresso. Sem trabalho, devidamente compensado, perdem-se as razões de viver. E hoje, e Portugal, há imensa gente que quer trabalhar e não encontra onde nem como; há imensa gente que trabalha e não recebe salários. Mas também há imensa gente - e isto não se esqueça nem deixe de dizer-se bem alto - que não quer trabalhar e, o que é pior, não deixa trabalhar quem deseja trabalhar" (pp 39-40)
"O sepulcro é morte. A Páscoa é vida. Todo aquele que quer ser filho da Páscoa aposta na vida" (p 42).
O grito da Páscoa "... é um grito de esperança. Não fomos criados para o escuro, mas para a luz; não fomos criados para o sofrimento que nasce da fome, das guerras e das injustiças, mas para a fraternidade e para a paz; não fomos criados para a morte, mas para a vida. A Páscoa de tudo isto é sinal e apelo" (p 52).
"O grande mal que nos pode bater à porta é o da distração ou o da habituação. É fácil estarmos no mundo, passarmos pela vida, sem vermos o mundo, sem sermos tocados pela vida. E assim vivemos sós, chegamos ao fim sós" (p 101).
"Lembra-te que não és dono de nada. Tudo o que tens está hipotecado a favor dos que mais precisam, que são muitos, que são cada vez mais" (p 106)

       D. Manuel Martins, o primeiro Bispo da Diocese de Setúbal, nascido em 1927, em Leça do Balio, em Matosinhos. Em 1975 foi nomeado Bispo da recém criada Diocese de Setúbal. Resignou em 1998. Ficou conhecido como o Bispo Vermelho pelas numerosas intervenções na defesa dos mais desfavorecidos, numa Setúbal cheia de problemas sociais, famílias destruturadas, problemas de toxicodependência, desemprego, trabalho precário, muitas greves.

       No dia da Ordenação Episcopal, contestação na rua pelo Bispo e o que significava. Na saída, o reconhecimento da maioria. Nunca foi um bispo de consensos. Nem de falas mansas. Como relembra o atual Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, que discordava com D. Manuel em muitas coisas, mas que foi amadurecendo e percebendo que a fé teria que ser interventiva a favor dos mais pobres, estes textos foram inicialmente recolhidos pela Cáritas Diocesana de Setúbal, em livro, e a maioria escritos para o jornal "A Seara". Esta reedição assume os textos anteriores e outros que D. Manuel Martins confiou à editora.

 

Os textos são agrupados por temas:

NATAL E PÁSCOA
AOS JOVENS
SER SOLIDÁRIOS
MARIA, MÃE
EM IGREJA

       Os textos de intervenção, digamos assim, brotam do compromisso batismal, cristão. A fé está ligada à vida, e ao compromisso. Seguir Jesus implica agir como Ele, fazendo-Se próximo dos mais necessitados de ajuda, material e espiritualmente falando. Em prosa, ou poesia, em contextos diversos, D. Manuel Martins utiliza uma linguagem simples, acessível, direta.

04.01.13

Leituras: Continuará o Concílio atual?

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       Com o início do ANO DA FÉ, coincidindo com os 50 anos da abertura do Concílio Ecuménico Vaticano II, a oportunidade de voltar a este acontecimento extraordinário da vida da Igreja. Bento XVI mostra, nesta ligação, a importância do Concílio para o aprofundamento da fé cristã, para a interpelação da sociedade à Igreja do nosso tempo.

       Para melhor conhecermos o Vaticano II, fonte inspirador do trabalho pastoral em toda a Igreja Católica, na abertura à sociedade e às outras confissões cristãs e outras religiõees, há que ler/estudar os documentos promulgados, outros que são sequenciais, como o Catecismo da Igreja Católica, mas certamente será uma mais valia a leitura de estudos sobre o Concílio.

       O Pe. João António, sacerdote desta nossa Diocese de Lamego, Reitor do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, achou por bem contribuir com este livro - Continuará o Concílio Atual? O Vaticano II como acontecimento e, sobretudo, como itinerário, Edição da Gráfica de Coimbra 2, Coimbra 2012 - para aprofundar a vida da Igreja antes do Concílio, a vivência do Concílio em toda a Igreja e na sociedade daquele tempo, e o pós-concílio, a forma como a Igreja assimilou as grandes interpelações do Vaticano II. Por outro lado, 30 propostas de reflexão para a Igreja atual.

       D. António Couto prefaciou este estudo:

       "... O Padre João António desdobra este belo percurso ou itinerário pelo Concílio Vaticano II, repassando os seus principais Documentos e outros textos do Magistério da Igreja, e sempre em diálogo com a cultura contemporânea. este percuso ou itinerário mostra-se muito claro e acessível, e pode ser seguido com proveito e agrado por todos, sobretudo por todos quantos no seio da Igreja se dedicam ao ministério pastoral".

01.12.12

D. António Couto - ilações do Sínodo dos Bispos

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       No passado dia 30 de novembro, sexta-feira, na Casa de São José, em Lamego, reunião do Conselho de Arciprestes, sob a presidência do Sr. Bispo D. António Couto.

       Um dos temas centrais deste encontro foi a reorganização dos arciprestados, com vista a uma maior dinamização pastoral, agilizando estruturas para uma trabalho pastoral mais eficaz e sobretudo mais próximo das pessoas, mais anúncio e testemunho de Jesus Cristo.

Depois da oração inicial, o Sr. Bispo apresentou, em 7 pontos, as principais conclusões/ilações da XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a "Nova Evangelização para a transmissão da Fé".

  1. A Igreja deverá ser sinodal, paroquial, próxima, acolhedora, afetiva. A paróquia é a fonte da aldeia onde todos vão beber, saciar a sua sede.
  2. Repartir de Jerusalém. O retrato da primeira comunidade de Jerusalém há de estar na identidade das nossas comunidades cristãs. Uma Igreja que escuta a palavra de Deus, assídua ao ensino dos apóstolos, à fração do pão, à comunhão fraterna, à oração. É uma Igreja que se espalha pelas casas.
  3. A partir de Jesus. É ponto firme e incontornável. Viver a partir de Jesus, sem estratégias, sem burocracias, sem diplomacias. Sem Jesus não se vai longe. Evocação da passagem de São Lucas, da perda de Jesus no Templo. Quando José e Maria se dão conta, Jesus não segue com eles. Então voltam à Sua procura. Não faz sentido continuar sem Ele. Se nos acontecer o mesmo, caminharmos sem Jesus, então temos que O procurar, ir ao Seu encontro. A fé decide-se na relação que instauramos com a pessoa de Jesus. É preciso aproximar-se da vida das pessoas de hoje. Nas pessoas poderemos encontrar Jesus. Não basta saber, é preciso viver. A comunidade de Jerusalém crescia, porque nela havia vida.
  4. Não precisamos de inventar novas estratégias, mas renovar a nossa vida. Renovar a começar por nós. No sínodo, a começar nos bispos; nesta reunião de arciprestes, a começar pelos sacerdotes presentes. O Sacramento da Nova Evangelização é o Sacramento da Reconciliação. Reconciliação connosco, com os outros, com Deus. Renovar o coração. Voltar a Jesus Cristo.
  5. Adotar o estilo de vida de Jesus - uma maneira de viver: pobre, simples, verdadeiro, próximo das pessoas, dedicado, ousado, ...
  6. Escolas/casas de vivência da fé. Ensinar a viver a fé. A maior aposta e o maior fracasso da Igreja - a CATEQUESE. É necessário ajudar as pessoas a viver a fé, e não um conjunto de teorias. Ajudar a viver a fé com alegria. A liturgia, bem vivida, é uma extraordinária escola de fé. Investir na preparação da homilia, na preparação de acólitos, de leitores,...
  7. Metodologias diretas - testemunho pessoal, direto, pessoa a pessoa. Testemunho, pessoas que não tenha vergonha de ser cristãos. Que digam a sua fé. A nossa vida é a grande escola, a grande casa para testemunhar Jesus.

       É com a nossa vida renovada que podemos levar Jesus... Não basta sermos crentes, temos de ser crentes credíveis...

       A reunião de Arciprestes continuou a debater os (novos) Estatutos do Arciprestado, e a reconfiguração dos Arciprestados, dando início ao processo de escolha dos novos Arciprestes...

 

Pode ser interessante reler uma das intervenções de D. António Couto no Sínodo:

FIDELIDADE RENOVADA.

24.11.12

Boletim Paroquial Voz Jovem - novembro 2012

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       Com o aproximar do final do mês, o Boletim Paroquial VOZ JOVEM fica disponível, assumindo-se como ponte entre as pessoas, estreitanto laços através da informação e reflexão apresentada, fazendo memória do pulsar da vida em comunidade. Com o número de novembro fica completa a publicação da CARTA PASTORAL "Vamos juntos construir a Casa da Fé e do Evangelho", do nosso Bispo, D. António José da Rocha Couto. Uma das propostas do Bispo diocesano de Lamego é a criação de Escolas da Fé, promovendo a formação de cristãos adultos. Seguindo esta sugestão, a paróquia de Tabuaço levará a efeito, um vez por mês, um momento de formação/reflexão, oração, convívio. No primeiro encontro - Creio em Deus Pai -, com a prestimosa presença do Pe. Ricardo Barroco. No segundo encontro - momentos de oração -, a generosa proposta orange do Pe. Sousa Lara. Dois encontros a que damos destaque no Voz Jovem, tal como damos nota da Festa do Acolhimento, dos meninos do 1.º Ano de catequese, das atividades juvenis, e, muito curioso o conjunto de respostas de alguns elementos do 6.º ano de Catequese. Como habitual, olhar jovem, com mais uma passagem da Sagrada Escritura, e outras novas da paróquia.

       O Boletim poderá ser lido a partir da página da paróquia de Tabuaço, ou fazendo o download:

15.11.12

Leituras: D. ANTÓNIO COUTO - Estação de Natal

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D. ANTÓNIO COUTO, Bispo de Lamego, Estação de Natal. Paulus Editora, Apelação 2012.

       Quando se aproxima o tempo do Advento, para preparar a celebração do Natal, a Paulus Editora dá à estampa “Estação de Natal”, apresentando pequenos textos, “pedaços de poesia e prosa poética” sobre o Natal, enquadrando a história, as figuras principais, Jesus, Nossa Senhora, São José, São João Batista.

       Vejamos a apresentação da obra:

 

“Neste Natal vai até Belém / Vence o mal com o bem / Na tua história / Entrará o Rei da glória / Não deixes ir embora / O único rei que não reina desde fora.

 

       Integram este livrinho três partes: a primeira, intitulada «Natal», tem naturalmente sabor natalício direto. São Pedaços de poesia e prosa poética, tudo embrulhado em papel Bíblia; a segunda, intitulada «Tempo do Advento», traz-nos luzes bíblicas que preparam o lume vivo e cristalino do Natal; a terceira, intitulada «Maria, Natal, Família, Paz, Epifania», acende luzes, também bíblicas, litúrgicas e celebrativas, indispensáveis à iluminação interior da maravilhosa estação do Natal.

       Algumas notas históricas, culturais e arqueológicas, disseminadas ao longo destas páginas, trazem-nos o sabor do céu, sem termos de tirar os pés da terra”.

 

       D. António Couto, nas suas reflexões tem-nos habituado a um leitura fácil dos acontecimentos da Bíblia e da vida. Este livrinho é mais um exemplo concreto, como é possível dizer bem de forma acessível para todos. Com as reflexões aqui propostas poder-se-á fazer uma preparação mais consciente dos domingos do Advento, Natal e até à Epifania, Imaculada Conceição, Sagrada Família, Santa Maria, Mãe de Deus.

30.10.12

Boletim Paroquial Voz Jovem - outubro 2012

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       Quando se aproxima o final do mês de outubro, aí está a edição deste mês do Boletim Paroquial VOZ JOVEM. Nas páginas centrais, imagens do início do ano da Fé e da catequese paroquial, bem assim como reflexão sobre o Ano da Fé, e mais 4 números da Carta Pastoral do nosso Bispo, D. António Couto.

       No editorial centramo-nos no lema pastoral paroquial para o ano da fé 2012/2013, conjugado com o lema da Diocese de Lamego:

COM MARIA VAMOS JUNTOS CONSTRUIR A CASA DA FÉ E DO EVANGELHO. Na última página informações várias da comunidade paroquial, e calendário de algumas das atividades pastorais e ainda a reflexão bíblica, no olhar de um jovem.

  O Boletim poderá ser lido a partir da página da paróquia de Tabuaço, ou fazendo o download:

10.10.12

70 X 7: Entrevista de D. José da Cruz Policarpo

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        D. José da Cruz Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, em entrevista ao Programa 70X7, programa da Igreja Católica na RTP 2, sobre diversas questões, o ano da Fé, o Concílio Vaticano II, a crise económico financeira, o apelo à serenidade, e à solidariedade cristã:

 

29.09.12

Boletim Paroquial Voz Jovem - setembro 2012

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       Está aí o início de mais um ano pastoral, sob a égide de ANO da FÉ, proposto pelo Papa Bento XVI e se inicia no próximo dia 11 de outubro, no 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, e no 20.º aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica, e que terminará no dia 24 de novembro de 2013. Mais uma excelente oportunidade para aprofundar a FÉ que nos une em Jesus Cristo, testemunhando com novo ardor a nossa adesão a Jesus Cristo, pessoal, familiar e comunitariamente. As várias dioceses procuram adequar os seus planos pastorais às realidades de hoje com o pano de fundo do Ano da Fé. A Diocese de Lamego, na pessoa do nosso Bispo D. António, propôs o seguinte lema - Vamos juntos construir a Casa da Fé e do Evangelho -, na incidência do Ano da Fé e da Nova Evangelização (realiza-se no início de outubro, no Vaticano, a Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos para se debruçar sobre "A nova evangelização para a transmissão da Fé").

       Na nossa paróquia alargaremos o lema, na especificidade e no patrocínio de Nossa Senhora da Conceição - Com Maria, vamos juntos contruir a Casa da Fé e do Evangelho.

       É destes temas e outros que damos nota no boletim paroquial "VOZ JOVEM", de setembro. Vale a pena ler e meditar os primeiros 4 números da Carta Pastoral do nosso Bispo, o início da Carta Apostólica de Bento XVI, a Porta da Fé, que "justifica" o ANO da FÉ, o testemunho de Roberto Carneiro sobre este ano da fé.

       Em tempo de férias, as comunidades paroquiais continuam a viver e partilhar a fé, ainda que de maneira diferente. Fica o registo de dois momentos: a participação na Procissão de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, e na Peregrinação a Taizé, de 6 jovens da nossa paróquia. Há ainda outros informações importantes: o início da catequese - 13 de outubro; leituras propostas para o Ano da Fé; informações sobre o empréstimo bancário, e a "Escola de Fé" para o dia 26 de outubro, no Centro Paroquial.

       O Boletim poderá ser lido a partir da página da paróquia de Tabuaço, ou fazendo o download:

10.09.12

Homilia de D. António Couto na Festa de Nª Sª dos Remédios

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  1. O Evangelho deste Dia faz desfilar diante de nós uma admirável litania de nomes. Esta longa, lenta e bela melodia ensina-nos que, para chegarmos junto de Jesus e de Maria é necessário primeiro atravessar, com sentida emoção e repassada alegria, a lição de todo o Antigo Testamento, sentir o pulsar do coração dos «justificados» que o habitam, e entrar, juntamente com eles, nessa imensa peregrinação ou procissão de esperança que nos leva até «José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus» (Mateus 1,16). É uma teia de 44 nomes que nos leva a esse cume inundado de Luz, que nos encandeia e nos cega os olhos, e nos faz ver este mistério inefável e profundo, legível só à outra luz do coração.
  2. Admirável litania de nomes e gerações,/ longa, lenta e bela melodia,/ que nos ensina que para chegarmos junto de Jesus e de Maria, / é necessário subir a escadaria.
  3. Prosseguindo o Evangelho deste Dia, também se vê bem que «o essencial é invisível para os olhos», e que «só se vê bem com o coração». É assim que José, o justo, pensa em sair de cena, silenciosamente, amorosamente, para não atrapalhar ninguém, e deixar a cena toda livre para Deus. E é também assim que Deus desce na passividade de um sonho e entrega a José o que é, na verdade, coisa própria de Deus: a esponsalidade e a paternidade. Deus é o Esposo, o verdadeiro Esposo, tantas vezes dito nas páginas do Antigo e do Novo Testamento. Deus é o Pai, o verdadeiro Pai, tantas vezes dito nas páginas do Antigo e do Novo Testamento. É só por graça que José recebe Maria como esposa, e é só por graça que é o pai do Filho de Deus, nascido de Maria. Na verdade, diz bem Tiago, juntamente com o Apóstolo Paulo, que «toda a paternidade, como todo o dom perfeito, vêm do Alto, descem do Pai das Luzes» (Efésios 3,15; Tiago 1,17).
  4. Subamos, pois, mais alto. Desçamos, pois, mais fundo. Caríssimos pais e mães, os filhos que gerais e que vos nascem, são, antes de mais, vossos ou são de Deus? Dir-me-eis: este filho é nosso, fomos nós que o geramos, fui eu que o dei à luz, nasceu no dia tal. E eu pergunto ainda: sim, mas porquê esse, e não outro? É aqui, amigos, que entra o para além da química e da biologia. É aqui, amigos, que entramos no limiar do mistério, na beleza incandescente do santuário, onde o fogo arde por dentro e não por fora. É aqui que caímos nos braços da ternura de um amor novo, maternal, patente neste colo virginal de Nossa Senhora dos Remédios, que nenhuma pesquisa biológica ou química explicará jamais. Todo o nascimento traz consigo um imenso mistério. Sim, porquê este filho, e não outro? Porquê este, com esta maneira de ser, este boletim de saúde, este grau de inteligência, esta sensibilidade própria? Sim, outra vez, porquê este filho, e não outro, com outra maneira de ser, outro boletim de saúde, outro grau de inteligência, outras aptidões? Fica patente e latente que, para nascer um bebé, não basta gerá-lo e dá-lo à luz. Quando nasce um filho, é também Deus que bate à nossa porta, é também Deus que entra em nossa casa.
  5. A Bíblia é um livro cheio de nascimentos. Hoje é o dia de anos de Maria, o aniversário de Maria, que aqui, nesta sua Casa, saudamos de perto sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios. O humilde profeta Miqueias, saudou-a de longe, à distância de oito séculos no tempo, e de trinta quilómetros no espaço, lá do meio dos seus campos de Moreshet-Gat, a sua aldeia natal. Daí, levantou os seus olhos claros e carregados de verdade como árvores carregadas de frutos, e viu a cidade capital, Jerusalém, cheia de vícios, de vazio religioso, exploração dos pobres pelo rei e pelos poderosos. Miqueias denuncia esta situação escandalosa com uma linguagem duríssima. Escreve ele: Por acaso, não cabe a vós, chefes de Jacob, dirigentes de Israel, conhecer o direito, vós que odiais o bem e amais o mal, que arrancais a pele do meu Povo, lhe comeis a carne, cortando-a em pedaços e cozendo-a na panela, e lhe roeis os ossos?» (Miqueias 3,1-3).
  6. Visto isto, Miqueias levanta ainda mais os seus olhos muito puros, lancinantes, como estremes facas de dois gumes, e eis que vê nascer, ainda que à distância e em claro contraponto, um futuro novo, um mundo novo, que se condensa, não na figura de um rei, rico, viciado, explorador, mas no puro recorte de uma mãe que há-de dar à luz e amamenta um menino (Miqueias 5,2). Uma mãe que amamenta um menino. Este quadro, vê-o Miqueias, não a surgir da viciada Jerusalém, mas dos campos da humilde terra de Belém (Miqueias 5,1). Por isso também, não se atreve Miqueias a dar o título de rei (melek) ao senhor desse mundo novo, a raiar; em vez de rei, será um guia (môshel), que sabiamente irá à frente do seu Povo (Miqueias 5,1).
  7. Uma Mãe que amamenta um menino. Se vejo bem, estou mesmo a ver o quadro luminoso de Nossa Senhora dos Remédios. E compreendo melhor a razão porque a amamos tanto. Está ali, bem à vista, a Mãe e o Menino, mas também o coração,/ a respiração,/ a pulsação,/ a lalação,/ a aleitação./ Vida recebida,/ amada,/ mimada,/ acariciada./ Nunca enlatada.
  8. Não há no mundo braços tão fortes como os de uma Mãe. Da nossa Mãe. Por isso vimos aqui de dia e de noite. Respira-se aqui outra cultura, outro amor, outra alegria. Por isso vimos aqui, de noite e de dia, entregar a Maria as nossas dores e as nossas flores. Aqui encontramos a cura do amor verdadeiro e sem ruga. Daqui saímos sempre renovados, porque aqui sentimo-nos amados e embalados nos teus braços maternais, Mãe. Aqui, aqui, aqui começa o mundo, Mãe.
  9. Encarecidamente imploro ao Senhor Reitor deste Santuário de Nossa Senhora dos Remédios e à Real Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, que tudo façam para que este lugar nunca seja um des-lugar, mas seja cada vez mais, não apenas o ex-libris de Lamego, mas o mais belo lugar de Lamego, o mais terno lugar de Lamego, o mais aconchegado lugar de Lamego, o património mais comovido de Lamego. Os pobres, os nossos irmãos que doem, têm de encontrar aqui a sua Casa. E as esmolas e as ofertas aqui depositadas pelos nossos irmãos que doem e que dão têm de nos merecer um infinito respeito, e não podem ser gastas em qualquer coisa, de qualquer maneira, sem estremecimento nosso. Têm de ser obrigatoriamente gastas, exclusivamente gastas, escrupulosamente gastas em abraços maternais, sem outras contabilidades, calculismos ou exercícios financeiros. A Real Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios tem aqui a sua vocação e a sua missão mais nobre, mais pura, mais sublime, mais humana, mais divina. E nós, todos nós, que mais de perto sentimos o chão e o Céu deste Santuário temos todos a estrita obrigação de nos gastarmos também em abraços maternais.
  10. Encarecidamente imploro às queridas Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, que são quem mais tempo passa neste Santuário e a ele mais se dedica, a graça de continuarem a dar-se de corpo inteiro, coração inteiro e tempo inteiro, a encher de amor este bocadinho de chão e de Céu. Eu sei que vós sabeis, melhor do que ninguém, como fazer deste espaço um regaço e um abraço.
  11. Senhora dos Remédios, Senhora da Embalação e da Aleitação, pega em nós ao colo, vela por nós, fica à nossa beira. É bom ter uma Mãe como companheira, médica e enfermeira.

Lamego, 08 de Setembro de 2012, Solenidade de Nossa Senhora dos Remédios

+ António José da Rocha Couto, Bispo de Lamego

28.08.12

DEUS, incómodo?

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De há muito tempo a esta parte, Deus parece ser um incómodo para a Europa e para muitos europeus.

       Pensam (as instituições e as pessoas) que seria bem melhor – ou, pelo menos mais prático, se Ele não existisse. E muitos nem sequer pensam. Simplesmente vivem como se Ele não existisse: no fundo, para quê preocupar-nos se, depois, Deus não protesta, não nos acusa em tribunal, não nos faz perder dinheiro ou fama? Pelo contrário, parece antes que viver como se Ele não existisse é mais proveitoso: podemos levar a vida que nos é possível, que queremos ou sonhávamos. Podemos viver dando largas à nossa imaginação e, com ela, “fintar” a própria justiça humana – no fundo, “o problema não é roubar: é ter roubado e ser apanhado!”

       Porque, se Deus não existe, então a justiça é aquela que eu determino para mim mesmo, ainda que, depois, exista a justiça dos homens e das leis (a tal que convém iludir, ultrapassar, ou manipular a meu proveito); se Deus não existe, eu posso fazer de deus e comprar a vida dos outros, desde que tenha dinheiro, ou poder, ou simplesmente que tenha “charme” para tal; se Deus não existe, mesmo que diante de todos eu diga que desejo a paz e a harmonia entre pessoas e nações, então posso bem promover a guerra e a discórdia, dividir para reinar.

       O facto é que, mesmo que me esforce por viver assim, fingindo de deus, há sempre a possibilidade de que Ele exista de verdade, e que eu e a minha vida não lhe sejamos indiferentes – nem a minha vida nem a de todos os outros que vivem à minha volta. E, se Deus existe, então pode bem ser o defensor dos mais fracos diante dos mais fortes; pode bem ser o que garante a justiça perante todos os crimes que sejam realizados contra a dignidade humana; pode bem ser aquele que, de uma qualquer forma, garanta, como última instância, que não sou eu, nem o poder que eventualmente possa ter adquirido, a possuir a última palavra.

       E, o que é mais grave, existem os cristãos, e existe a Igreja a afirmar que Deus existe; que não é uma invenção humana mas Alguém muito concreto, com quem falam e a quem mostram. E, recordando constantemente a existência e a presença de Deus na história dos homens, olham para bem mais longe que a mera duração terrena da vida humana.

       Mas não valerá a pena, mesmo para aqueles que ainda não tenham encontrado Deus no seu caminho, viver como se Ele existisse e, desse modo, deixar que a justiça dos homens e o seu modo de viver seja moldada por aquela outra, afinal muito mais “humana”, que parte da presença de Deus na história e do seu interesse por cada ser humano a que deu a vida, por muitos incómodos que isso possa trazer?

 

D. Nuno Brás, in Voz da Verdade.

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