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31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia

mpgpadre

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Jesus passou fazendo o bem (Atos 10, 38), anunciando o Reino de Deus, misturando-se e envolvendo-se com doentes, leprosos, publicanos, pecadores públicos, crianças, mulheres, pobres, os excluídos dos reinos deste mundo. Assume-Se como o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas, que busca a que anda perdida até a encontrar e carrega aos ombros a ovelha ferida. É o poeta que bendiz o Pai por Ele Se manifestar aos pequenos deste mundo porque são grandes no Reino de Deus, são grandes porque são filhos de Deus.

 

Anda sobretudo pelo campo e pelas aldeias. Vai a casa de todos os que o convidam, mas por sua iniciativa não vive nem em palácios nem em casas luxuosas, não tem onde reclinar a cabeça, não tem casa própria, porque quer morar em nossa casa, não tem dinheiro porque Ele é a maior riqueza que podemos sonhar e mendiga a nossa generosidade; não tem outra muda de roupa, porque espera que O vistamos com o nosso abraço. Identifica-Se com os mais pobres da Galileia, pequenos artesãos, pescadores, agricultores, pastores, e todos os que não contam. Vive feliz por transparecer o Amor do Pai, triste porque nem todos conhecem a misericórdia e o cuidado do Pai.

 

Não é um filósofo ou um mestre que busque o sucesso e o aplauso. Fica feliz por cada pessoa que encontra no caminho e a quem fala com delicadeza, compadecendo-Se, procurando olhar a vida a partir do sofrimento que encontra para poder ser cura e salvação. Vem para os doentes, para os pecadores, a todos envolve com o olhar da misericórdia de Deus. Mostra-nos o Pai, na parábola do Bom Samaritano, no abraço à Mulher samaritana, na parábola do Pai misericordioso que faz festa pelo regresso do filho pródigo e a todos nos quer na Sua presença; mostra-Se próximo na alegria da mulher que encontra uma dracma, no encontro com Zaqueu, querendo ficar em sua casa; na surpresa da mulher apanhada em adultério e por Ele envolvida num olhar de amizade e num abraço que a resgata de todos os abraços pecaminosos.

 

Contrariamente a João Batista, a missão de Jesus não é denunciar e eliminar o pecado mas comungar a nossa vida e o nosso sofrimento, assumindo-nos como irmãos. Não nos pergunta pelo pecado, mas pelo bem que estamos dispostos a comunicar. Jesus é o poeta da Misericórdia nas palavras, nos encontros, nos gestos de proximidade, de cura, de integração, nos gestos de perdão e de paz.

 

publicado na Voz de Lamego, n.º 4352, de 1 de março de 2016

31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia – 2

mpgpadre

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A vida de Jesus é um hino de docilidade para como os excluídos da sociedade, da política, da religião. É um poema de ternura e proximidade para com todos os desprezados deste mundo; os palácios que visita são as aldeias e os campos, dorme onde calha e come do que lhe dão. Faz-Se mendigo da nossa generosidade, enquanto nos fala de um sonho, que já se visualiza no seu proceder para connosco, o sonho de nos ver sentados à mesma mesa, no mesmo reino, sob a mesma filiação, transformados pela misericórdia do Pai.

 

O Jubileu da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, tem permitido aclarar a misericórdia como um atributo essencial e primário de Deus. A justiça é o menor dos atributos de Deus. A misericórdia sanciona o perdão e acaricia o homem marcado pelo pecado, pela miséria, renovando-o, envolvendo-o e inserindo-o numa vida nova de graça e de salvação.

 

A própria palavra misericórdia (miséria + coração) aponta para a absorção da nossa miséria pela compaixão de Deus. "A misericórdia divina vem em socorro da miséria do homem" (Beato Paulo VI, reflexão sobre Santo Agostinho). Jesus, Rosto da Misericórdia, proclama bem alto, nas palavras e sobretudo nos gestos a misericórdia infinita do Pai, que ama e que toma a iniciativa para nos salvar.

 

Sublinha o Papa Francisco: «A lógica de Deus, com a Sua misericórdia, abraça e acolhe reintegrando e transfigurando o mal em bem, a condenação em salvação e a exclusão em anúncio… o caminho da Igreja é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração».

 

A convivência de Jesus com pecadores, publicanos, prostitutas, leprosos, coxos, surdos, mudos, mulheres, crianças, estrangeiros visualiza o Reino de Deus aberto a todos. Jesus come com as pessoas que não contam para os reinos deste mundo, mostrando-lhes que no banquete de Deus há lugar para todos, mas os primeiros a sentar-se à mesa do Reino são os mais desvalidos, o que nos obriga a olhar para eles com um cuidado redobrado, pois tudo o que fizermos aos mais pequeninos dos irmãos é a Cristo que o fazemos (cf. Mt 25, 31-45). Se acolhemos o peregrino recebemos Cristo; se vestimos o nu agasalhamos Jesus; se alimentamos o pedinte fazemos com que Jesus seja nosso alimento e sacie a nossa fome e a nossa sede; se usarmos de misericórdia para com o nosso semelhante seremos alcançados pela misericórdia de Deus, que primeiro nos foi favorável.

publicado na Voz de Lamego, n.º 4353, de 8 de março de 2016

31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia – 3

mpgpadre

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A vida é um mistério que não se dissolve no conhecimento, na ciência ou na sabedoria popular. A sua complexidade, por um lado, e a sua simplicidade, por outro, fazem da vida (vegetal, animal, humana) um desafio permanente de procura, de descoberta, de admiração. Para crentes e não crentes é um mistério inabarcável.

 

Com os avanços da ciência foi possível resolver muitos enigmas e melhorar a qualidade da vida, ainda que persistam doenças crónicas, as depressões, o vazio existencial. Somos muito mais que a soma de cromossomas, ADN, sangue, ossos, músculos, carne. Somos um mistério que quanto mais se desvenda mais complexo se torna.

 

Ao longo do tempo, o ser humano procurou compreender e justificar o sofrimento, a doença e a morte. Se a vida é tão bela, como é possível o sofrimento e a morte? Porque é que a vida não é igual para todos? Porque que é que uns sofrem tanto e outros têm uma vida durável e saudável? Terá a ver (somente) com as escolhas de cada um?

 

Uns procuram respostas na fé e na religião, outros no acaso ou na ciência. Muitos aceitaram a doença e as desgraças como vontade de Deus ou como consequência do pecado.

 

O Poeta da Misericórdia, Jesus, não procura justificações ou culpados. É preciso ajudar? Ajuda-se. Se alguém sofre é porque algum mal praticou. A figura de Job é enigmática. É acusado pelos amigos mais próximos, que deveriam conhecê-lo melhor, de pecar tendo em conta todo o mal que está a sofrer. Job questiona tal ligação, pois nada praticou que merecesse tantos sofrimentos. Sobrevirá o mistério de Deus que não é desvendável em questões académicas.

 

Jesus desliga o mal sofrido de qualquer culpa. Mas, atenção, diz-nos Jesus, é necessário que nos preocupemos com o bem de todos, uns dos outros, aderindo ao Reino de Deus, convertendo-nos. Fácil é olhar para os defeitos e pecados dos outros! Porém, para os seguidores de Jesus, importa deixar-se olhar pela Misericórdia de Deus e a Ele aderir de todo o coração.

 

Na vida de Jesus, na Sua mensagem e na Sua morte e na Sua ressurreição, prevalece a misericórdia de Deus. Quem Me vê, vê o Pai. E quem vê Jesus vê a bondade e a delicadeza, a compaixão e a proximidade, a paciência e o amor, o perdão e a verdade. Em Jesus, o Reino de Deus está em ação e já se podem ver os frutos. Cabe-nos também transparecer o Reino de Deus.

 

publicado na Voz de Lamego, n.º 4354, de 15 de março de 2016

31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia – 4

mpgpadre

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O mistério pascal realiza a plenitude da misericórdia divina no meio de nós. Em Jesus Cristo, Deus vem ao nosso encontro, faz-Se mendigo do nosso amor, faz-Se peregrino com a humanidade. Traz-nos Deus, inicia um Reino novo, integrando-nos. Por um lado, Deus ama-nos absolutamente. Por outro, respeita-nos na nossa liberdade. Mas não desiste de nós, como a Mãe não desiste dos filhos mesmo quando a fazem sofrer.

 

Com a Encarnação Deus dá um passo gigantesco para nos encontrar. O Antigo Testamento revela um Deus interventivo, que não Se alheia da história e dos sofrimentos do Povo que escolheu para firmar uma Aliança (quase) unilateral. O pecado do Povo, as infidelidades, transgressões vão destruindo as ligações entre as pessoas, mas não quebram a Aliança. Deus mantém-Se fiel. A Sua misericórdia é infinita. O profeta Oseias exemplifica esta fidelidade/misericórdia de Deus. Tal como Oseias desposa e cuida da esposa que o trai repetidamente, nunca desistindo de a amar, assim Deus não desiste de nos amar.

 

Os Patriarcas, os Juízes, os Sacerdotes, os Profetas são mensageiros que relembram ao Povo o caminho da felicidade e da vida, que passa pela prática da justiça, da solidariedade, pelo cuidado dos mais frágeis, os pobres, os órfãos e as viúvas, os escravos e os estrangeiros.

 

Chegado o tempo, Deus envia o Seu próprio Filho. Desde então não há nada que nos separe do amor de Deus, pois Ele caminha connosco, assumindo-nos, faz-Se pecado para nos redimir, no elevar, para nos introduzir na vida divina. Jesus é Rosto e é Corpo da Misericórdia do Pai. Em Jesus a misericórdia divina ganha um Corpo, lingando-nos sensivelmente uns aos outros e a Deus.

 

Ao longo da Sua vida, Jesus passou fazendo, gastando-Se a favor dos mais desvalidos. A delicadeza e a bondade de Jesus preenchem as suas palavras e os seus gestos.

 

A misericórdia fica mais transparente na última semana de vida de Jesus. O amor é levado até ao fim, a compaixão de Jesus pela humanidade levam-n’O à Cruz, para uma identificação completa com o sofrimento mais atroz e com a própria morte.

 

Uma das passagens luminosas da misericórdia vivida por Jesus é o gesto do Lava-pés, durante a Última Ceia. São João Paulo II diz-nos que é uma cátedra da caridade divina, e mais, é uma lição, uma epifania, uma revelação: a justiça de Deus relaciona-se com Sua misericórdia infinita, ajusta-Se à condição do pecador. Ali, em Jesus, Deus abaixa-Se, ajoelha-Se e lava-nos os pés, abrindo o Caminho da Misericórdia…

 

publicado na Voz de Lamego, n.º 4355, de 22 de março de 2016

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