Sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo
1 – Deus liberta-nos para vivermos como filhos, constituindo-nos herdeiros, Sua família, abençoando-nos, em Jesus Cristo, de Quem recebemos a plenitude da redenção. Com Ele a eternidade fica ao nosso alcance. Participamos da santidade de Deus que Se faz Um connosco, Um de nós. Só há verdadeira fraternidade entre iguais, da mesma carne e do mesmo sangue, com a mesma origem e o mesmo fim (destino). Em Jesus Cristo, Deus abaixa-Se, coloca-Se, como dom, ao mesmo nível que nós, prova o sofrimento e a morte, a fragilidade e a finitude, a alegria e a festa, o encontro e a partilha que comunica e gera vida em nós e no nosso mundo.
Não acima. Não à margem. Não indiferente. Não alheio ou insofrível. Não distante nem juiz iníquo. Não intocável ou sobranceiro à humanidade. Um de nós, Um connosco. Entra na história e no tempo. Caminha connosco. Acompanha-nos. Vive. Ama. Sofre. Sente. Sorri. Cansa-Se. Tem fome e sede e deseja matar a fome e a sede e encontrar o sentir das pessoas, dando sentido às suas vidas. Alegra-Se. Chora. Comove-Se e envolve-Se. Deus, em Jesus Cristo, é ROSTO, e carne e corpo e vida. Deixa-Se ver e ouvir, deixa-Se tocar e perceber, deixa-Se amar e odiar, deixa-Se perseguir e matar.
E ainda assim Aquele Deus, que em Jesus Se torna tão próximo, continua a ser Deus. Na história de Jesus, Deus deixa-Se ver. Deixa-Se tocar. Podemos segui-l'O. A divindade como a realeza de Deus é caracterizada pelo abaixamento. É uma soberania de amor, a partir de baixo, a partir de dentro. Deus não Se impõe. Deus propõe-Se, expõe-Se. Sujeita-Se às coordenadas do espaço e do tempo. Sujeita-se a ser rejeitado, perseguido e morto.
2 – A realeza de Cristo está despida de poder e das armaduras que pesam, distanciam, afastam e amedrontam. A coroa não tem pérolas ou esmeraldas. É uma coroa de espinhos, tecida com os fios do amor de Deus para connosco. Para Ele a nossa vida vale. Cada vida vale. Só não vale matar – tirar a vida – em nome d'Ele que nos dá a Sua própria Vida. Ele dá a Sua vida, para que a nossa seja abundante.
Não Se levanta para matar ou destruir. Oferece-Se como sacrifício. Dá a Sua vida para que nenhuma vida dada seja tirada ou desperdiçada. Puro dom, entrega total. Até ao fim. Até à última gota de sangue. Não se vislumbram grandezas. Nem exército, nem segurança pessoal, nem palácio, nem cetro. Somente Jesus, somente Ele, com a Sua vida, dando-Se. A realeza está no olhar, no falar, no tocar, no chamar, no amar, no servir. A realeza de Jesus está no encontro, no perdão e na bênção, na proximidade e na compaixão. Por nós.
Pilatos fica intrigado com Jesus. Pergunta-lhe se Ele é Rei. Jesus responde-lhe: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». E logo acrescenta: «Sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade».
A busca do poder é uma característica (ou tentação) muito humana, mas que por vezes desumaniza. A manutenção do poder a qualquer custo, em qualquer situação, não com o ensejo de servir e de melhorar o mundo, mas como possibilidade de subjugar vontades e pessoas, em benefício pessoal, para autossatisfação, tirando proveitos à custa do trabalho e sacrifício de outros, torna o poder preservo.
Não seja assim entre vós. Dizia Jesus aos seus discípulos, preparando-os para um tempo novo em que eles se tornassem artífices dos novos céus e nova terra. Quem entre vós quiser ser o primeiro seja o servo de todos. Será como o Filho do Homem que veio não para ser servido mas para servir e dar a vida por todos. É um Rei que parte (para a guerra) para morrer em vez dos seus soldados, evitando que se percam. Ele não foge, não Se esconde, não envia outros em Seu lugar, não permite que outros “paguem” por Ele. Quem buscais? Jesus de Nazaré? Sou Eu mesmo!
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Textos para a Eucaristia (B): Dan 7, 13-14; Sal 92 (93); Ap 1, 5-8; Jo 18, 33b-37.
REFLEXÃO DOMINCIAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARISTAS IN VERITATE