1 – Somos seres sociais mas nem sempre lidamos bem com os outros. Fomos criados uns para os outros, para vivermos em povo, solidariamente. Sempre que a solidariedade acontece, há vida, felicidade, o mundo pula e avança. Quando vem ao de cima o isolamento solitário, o egoísmo, a prepotência, o mundo conhece dias maus…
Alguém poderá dizer que não é a sociedade que faz avançar a história, mas a genialidade individual, grandes líderes, inventores, descobridores. Porém, o inventor deve as suas descobertas a outros que possibilitaram o ambiente, as condições, os avanços técnicos e até os instrumentos para que novas invenções pudessem emergir. Por outro lado, o génio “cria” para melhorar a vida e/ou para deixar o seu nome inscrito na história (precisa dos outros para ser reconhecido).
Um génio que "trabalhe" sem raízes, desligado de todos, que viva cinicamente como se o mundo lhe fosse contrário, engana-se a si mesmo, pois a genialidade nasce da pertença a uma família, à humanidade, com quem aprendeu a falar, a compreender, a abstrair, a tentar algo a partir do que existe.
2 – Somos seres sociais mas nem sempre funcionamos bem com as diferenças, com as limitações e com as qualidades dos outros. Defendemos o trabalho em grupo mas se não puserem em causa a nossa forma de trabalhar e/ou o que propomos. Em Igreja, no dirigismo político, cultural, desportivo, há sempre a tentação de fazer sozinho, porque mais rápido e (aparentemente) melhor.
É necessário uma elevada dose de humildade e de sabedoria para aceitar os dons dos outros, para distinguir o essencial do acessório, o imprescindível do dispensável e secundário. Há quem imponha pormenores apenas para se impor. Há que saber distinguir aquilo por que vale a pena discutir ou até mesmo chatear-se!
Celebrar a Santíssima Trindade é acolher Deus como comunidade de vida e amor, Deus Uno e Trino, comunhão de Três Pessoas, AMOR que circula em Deus. «Com o vosso Filho Unigénito e o Espírito Santo, sois um só Deus, um só Senhor, não na unidade de uma só pessoa, mas na trindade de uma só natureza» (oração eucarística).
É um DESAFIO e um COMPROMISSO para cada um de nós e para a comunidade, na procura sincera e humilde de constituirmos uma só família, integradora, inclusiva de diferentes sensibilidades, potenciando o melhor de cada um para o bem de todos.
3 – Deus vem para ficar connosco, em definitivo. Criando-nos por amor, por amor nos salva, revelando-Se em definitivo em Jesus Cristo. Com a Páscoa, somos introduzidos na vida de Deus, para sermos cada vez mais o que sempre fomos, Sua imagem e semelhança, irmãos em Jesus para sermos um só povo com a nossa multicolaridade.
Precisamos de escutar. Gostamos de nos ouvir. Precisamos que nos escutem. Devemos gostar de ouvir os outros. Não poderemos compreender, amar, amadurecer, sem escutarmos, tentado colocar-nos nas situações dos outros, interagindo socialmente.
Seguindo Jesus, vamos perceber que Ele não É só, não vive sozinho, não Se dá inteiramente sozinho. Ele o Pai são UM, o Pai n'Ele e Ele no Pai. Não faz o que mais Lhe apraz a cada momento. O Seu alimento é fazer-Se coincidir com a vontade do Pai.
Com a Páscoa, Jesus agrafa os seus discípulos à missão trinitária: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
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Textos para a Eucaristia: Deut 4, 32-34. 39-40; Sl 32; Rom 8, 14-17; Mt 28, 16-20.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.