«Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito».
1 – As horas que se aproximam, distribuídas na Semana Maior da nossa fé, valem a vida de Jesus e a salvação da humanidade.
Suor e lágrimas, cansaço, dor física, traição e fuga dos amigos, violência, injúrias, crucifixão e morte. Jesus sobe a Jerusalém pela Páscoa. Há um vislumbre de paz e de festa. Com Jesus, os seus amigos, discípulos, alguns familiares, conterrâneos. Segundo Bento XVI, esta multidão é constituída por galileus, pobres, agricultores e artesãos, pedintes, discípulos, mulheres, pessoas que curou e reabilitou.
Alguns judeus juntam-se ao molhe, por curiosidade, por amizade, em processo de conversão. Jesus tinha amigos nas redondezas, em Betânia, a família de Lázaro, Marta e Maria, e em Jerusalém, o amigo que lhe empresta a casa para comer a Páscoa. Sendo poucos, mostram que Jesus não é propriedade exclusiva de um grupo.
2 – Jesus voltará a entrar na cidade de Jerusalém. Então formar-se-á outra multidão, instigada pelas autoridades judaicas, líderes do Templo e elites sociais. Prevalece, nestoutra multidão, a animosidade para com Jesus. Também aqui há boas pessoas simples e/ou ingénuas.
Durante a Ceia, Jesus faz-nos passar do sossego à apreensão. A refeição é um momento de repouso, de alegria, de festa, satisfaz uma necessidade e coloca em comunhão íntima os convivas.
A Paixão aproxima-Se. Há que dizer as últimas palavras. «Ora Eu estou no meio de vós como aquele que serve... Eu preparo para vós um reino, como meu Pai o preparou para Mim: comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino… Simão, Satanás vos reclamou para vos agitar na joeira como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos».
O reino de Deus que Jesus inaugura é exigente, pois reclama a verdade e o serviço. É para julgar, servindo, com misericórdia.
3 – Depois da refeição, Jesus retira-Se para o Jardim das Oliveiras, para rezar. São horas de agonia. Vai morrer. Já não há volta a dar. Tem que enfrentar ou que fugir. «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua». Prevalece a vontade do Pai. Jesus há de assumir a Cruz como expressão do amor pela humanidade. O Mestre da Vida leva até ao fim a opção por nós.
Na hora mais dramática, os discípulos adormecem. É a história da nossa vida. Será oportunidade de conhecermos os amigos que temos! «Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai».
Ainda estava a falar quando a multidão se aproximou. Judas encabeça este grupo. Um dos amigos mais fiáveis não resistiu a entregar Jesus! Porquê? Por não acreditar em Jesus e no Seu projeto de amor? Ou por acreditar tanto mas sem paciência para esperar por Deus?
4 – Jesus à injúria e à violência reage com amor, com perdão: «Basta! Deixai-os». A violência não resolve. É arrastado, escarnecido, os discípulos não O acompanham. Judas trai. E todos O traem. Pedro nega-O. Todos os apóstolos se mantêm à distância. Fogem.
Diante do Sumo-Sacerdote ou de Pilatos, Jesus mantém a mesma docilidade. A Sua vida tem um propósito definido: entrega, oblação, dádiva, a favor da humanidade.
Ele "que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz".
Até o pobre Barrabás é beneficiário da morte de Jesus Cristo, tal como o bom ladrão que com Ele foi crucificado.
5 – No final, o dia escurece mas não desaparece nem a delicadeza nem a esperança. Primeiro o centurião, que glorifica a Deus: «Realmente este homem era justo». Depois, José de Arimateia a mostrar que é sempre possível a compaixão. Uma das últimas obras de misericórdia corporal: enterrar os mortos!
Ecoam até ao túmulo as últimas palavras de Jesus: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». No meio daquele torpor, a certeza da entrega confiante de Jesus nas mãos do Pai. Entrega-Se e entrega-nos, confia-nos, a Deus, Pai de Misericórdia.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Lc 19, 28-40. L1 Is 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11; Lc 22, 14 – 23, 56.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE