O que vos mando é que vos ameis uns aos outros
1 – «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor».
Crescemos e amadurecemos imitando os outros no nosso comportamento, nos nossos gestos. O convívio prolongado acentua as parecenças até no timbre de voz. Ao telefone, confundimos a voz de dois irmãos, ou da mãe e da filha… Há filhos que caminham como os pais, têm os mesmos trejeitos e imitam-nos no vestir.
E como cristãos, quem é que imitamos? A quem seguimos?
Os valores que defendemos nem sempre estão em concordância com a nossa fé. Na última viagem apostólica de João Paulo II aos EUA, havia milhares de jovens que o aplaudiam. Quando lhes perguntaram sobre valores, da vida, da dignidade da pessoa humana desde a conceção à morte natural, as respostas eram curiosas: gostavam do Papa – figura mundial – mas não das ideias que defendia.
Temos um modelo a seguir: Jesus Cristo. Como o Pai me ama, também Eu vos amo. Amai-vos uns aos outros como EU vos amo.
2 – As palavras movem, os testemunhos arrastam. Como sublinhava o Papa Paulo VI, o nosso tempo mais que mestres quer testemunhas, ou mestres que sejam testemunhas. Jesus dá-nos o exemplo. É a referência da nossa vida, dos nossos gestos. Devemos ser referência uns para os outros, mas na medida em que transparecemos Jesus Cristo e o Seu evangelho de verdade e de caridade. Como nos dirá São Paulo: sede meus imitadores como eu sou imitador de Cristo.
O plano original de Deus aponta para uma imitação libertadora, como família, revendo-nos uns nos outros. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Saímos das Suas mãos e do Seu coração. Auxiliares uns dos outros. O pecado surge não por sermos diferentes, mas por queremos excluir os outros da nossa vida e colocar-nos diante deles como senhores absolutos do mundo.
A Encarnação Cristo e o Seu mistério pascal recoloca-nos na senda de Deus, orientando-nos uns para os outros, assumindo-nos como irmãos, como família. Ele entrega a Sua vida por nós. «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos».
A amizade leva-nos à proximidade e à identificação. Identificamo-nos com os nossos amigos, aceitamos conselhos, recomendações, pedimos a opinião. «Fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros». Como ramos unidos à videira, também nós daremos muitos frutos se unidos a Cristo.
3 – Com efeito, diz-nos o apóstolo são João, na segunda leitura, «Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele».
O amor ao próximo não é uma opção. Se seguimos Cristo é para O imitarmos, acolhendo a Sua palavra. Somos discípulos missionários. Embrenhamo-nos no Evangelho e transparecemo-lo através da nossa vida, até que possamos dizer o mesmo que o apóstolo Paulo: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20), «Para mim, viver é Cristo» (Fil 1, 21).
Jesus dá a Sua vida por nós. Nesta entrega é visível que Deus nos ama primeiro para que também nós possamos amar-nos uns aos outros. É no amor que conheceremos a Deus e n'Ele permaneceremos.
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Textos para a Eucaristia (B): Atos 10, 25-26. 34-35. 44-48; Sl 97 (98); 1 Jo 4, 7-10; Jo 15, 9-17.
Reflexão dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

