O Filho do homem veio para servir e dar a vida por todos
1 – «O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
O Evangelho transparece o CAMINHO que Jesus percorre e propõe. À volta do Mestre da Vida, há muitas aproximações mas também muitos distanciamentos. Os discípulos testemunham o DIZER e o AGIR de Jesus. Com eles também nós ficamos ora admirados, ora com dúvidas, ora estranhando as Suas opções. Para Quem é todo-poderoso como pode anunciar a fragilidade, a finitude e a morte?!
Os discípulos precisam de muito tempo para assimilar a mensagem. Feitos da mesma massa que nós, caminham (como nós) entre avanços e recuos, entre entusiasmos e refreamentos. No aplauso da multidão deixam-se empolgar pelo sucesso que se avizinha. Com as chamadas de atenção de Jesus, que lhes anuncia tempos difíceis, começam a pensar que lugares poderão ocupar na sucessão ao Mestre.
Quem ocupará o primeiro lugar na "ausência" de Jesus? A resposta é uma provocação constante: quem de entre vós quiser ser o primeiro seja o servo de todos. Os discípulos ouvem a mensagem de Jesus mas logo se esquecem e voltam à carga. E Jesus volta a insistir que o maior será aquele que mais serve!
2 – O evangelho de hoje é um exercício admirável que interpreta a nossa vida. Numa ou noutra ocasião podemos rever-nos no pedido de Tiago e de João: «Mestre, concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
A reação dos demais apóstolos não nos permite colocar-nos fora desta cena, pois todos padecemos do mesmo ou, pelo menos, corremos tal risco. Os outros dez indignam-se contra Tiago e João, não pelo que desejam e pedem a Jesus, mas por se terem antecipado.
O reino de Deus no meio de nós inicia-se com a Encarnação. Deus em Jesus faz-Se um de nós e um entre nós. Vem para viver, para amar servindo, para servir amando. Ele "que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens" (Filip 2, 6-11).
Os discípulos estão expectantes! Para eles, no reino de Deus mudarão as caras ainda que fique tudo mais ou menos igual. Qualquer semelhança com as democracias atuais não é mera coincidência.
Curiosamente, Tiago e João estão dispostos a fazer sacrifícios se isso significar serem colocados no melhor lugar. «Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?». Resposta pronta dos dois irmãos: «Podemos».
Perentoriamente Jesus lhes diz: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
3 – Jesus tem consciência que a prossecução da Sua missão – na opção pelos mais frágeis, indo ao encontro de todos mas especialmente dos excluídos, dos pobres, dos doentes, dos pecadores públicos, dos publicanos, na abertura aos estrangeiros; na crítica declarada às injustiças sociais, à incoerência de vida, entre o que se exige aos outros e o que se pratica, à frieza do legalismo que coloca a lei antes e acima da pessoa – mais tarde ou mais cedo provocará o desenlace expectável: a prisão e a morte!
Os apóstolos vão também tomando consciência dessa possibilidade. Quando Pedro repreende Jesus por Ele dizer que vai ser morto, compreende já o receio dos discípulos, precavendo-O para que tome cuidado e eventualmente altere a trajetória.
Aí está a voz sapiente de Jesus para eles e para nós, com insistência: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos». É o que Ele faz. Assim nós se quisermos ser Seus discípulos. Cabe-nos imitá-l'O.
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Textos para a Eucaristia (B): Is 53, 10-11; Sl 32 (33); Hebr 4, 14-16; Mc 10, 35-45.
REFLEXÃO COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE.