Leituras: Gonçalo M. Tavares - Cinco Meninos, Cinco Ratos
GONÇALO M. TAVARES (2018). Cinco Meninos, Cinco Ratos. Lisboa: Bertrand Editora. 224 páginas.
Por vezes esquecemo-nos dos nossos autores ou até preferimos a leitura dos estrangeiros. Mas é um erro pensar que os escritores estrangeiros são melhores que os portugueses. Na verdade, como em tudo, a nacionalidade de um escritor é, talvez, o que menos conta na hora de escrever com imaginação e criatividade. Claro que o contexto também ajuda na na forma de escrever e, sobretudo, nas temáticas que são sendo exploradas. Depois há o marketing que é mais ou menos eficiente e aí depende muito do poder económico da editora, do autor e da país (que pode financiar ou promover diretamente os seus autores).
Gonçalo Tavares é um destes exímios escritores portugueses, já amplamente lidos e divulgados, quer internamente que internacionalmente. Já recebeu diversos prémios literários e as suas obras têm dado lugar, em diferentes países, a peças de teatro, pelas radiofónicas, dança, curtas-metragens, objetos de arte plástica, vídeos de arte, ópera, performances, projetos de arquitetura, teses académicas.
Não o conhecíamos, mas o oferta, da parte da família, de um livro pelo meu aniversário natalício, permitiu-me descobrir um autor genial. Cinco Meninos e Cinco Ratos, apresenta uma criatividade, imaginação, um surrealismo surpreendente. Avivaram-me a memória para livros de José Saramago, cuja imaginação se desmultiplica em personagens, acontecimentos, histórias, lendas, numa linguagem ao correr da pena, melhor, como quem fala... ou de Haruki Murakami, que nunca me farto de ler, e cuja arte da escrita é reconhecida, com um talento ímpar para criar personagens num mundo simultaneamente real e fantasmagórico... Assim, cada um no seus registo e com a sua idiossincrasia, Gonçalo Tavares é exímio a criar/inventar personagens, num texto de agradável leitura, e com personagens que despertam a imaginação, o sonho, um mundo de encantar, com os seus dramas, as suas ironias, as suas alegrias e dúvidas. O mundo fantástico, obviamente, tem raízes e "consequências" no mundo real.
Mais uma excelente leitura que recomendamos.