LEITURAS - Fhilipp Meyer - O FILHO
PHILIPP MEYER (2014). O Filho. Lisboa: Bertrand Editora. 640 páginas
Um livro poderá ser uma excelente oportunidade para refletir, para exercitar o pensamento e a imaginação, para enriquecer o vocabulário (ortográfico e humano). O livro que ora recomendamos, é uma oferta aniversariante da família, que cada ano me presenteia com alguns títulos que se tornam um desafio. Quando escolhemos um livro ele corresponderá àquilo que procuramos, pelo título, pelo tema, pela resumo, pela divulgação. Quando nos é oferecido, corresponde àquilo que o ofertante pensa de nós e dos nossos gostos de leitura, mas igualmente com a certeza que nos vai surpreender agradavelmente. E mais uma vez, mais um ano, o livro escolhido é uma agradável surpresa.
São seiscentas e muitas páginas de uma história envolvente, que retrata os Estados Unidos da América ao longo de três gerações, abarcando um largo período que explica a formação daquele grande país, mas que pode explicar ainda algumas rivalidades do presente entre alguns Estados americanos, entre o Norte e o Sul, mas também a grande variedade de culturas, de etnias, de ideias.
É, em todo o caso, uma trama que se desenrola com avanços e recuos, com ligações que perduram e se reacendem, e com consequências que se manifestam nas gerações seguintes. O que hoje se faz tem implicações amanhã. Traz-nos um triller do cowboys e índios, de mexicanos, gentes do Norte e do Sul, ricos e pobres, os patrões e os escravos, o petróleo e as grandes plantações de algodão, e o gado, os cavalos, a natureza.
Por vezes, assim na vida, as prioridades esquecem os sentimentos e as emoções; a ganância sobrepõe-se à amizade e ao amor, e à família. E isso terá um custo elevado no futuro. Com muitos bens mas sem muitos afetos. No fim, a solidão, pois não se investiu nem na família nem nos amigos, pois era mais prioritário da construção de um império.
O romance reflete a vida, em que se conjugam os interesses económicos e políticos, com a família e o amor. Este tentam vencer face a diversos obstáculos, nomeadamente o do preconceito, do racismo. Um mexicano casar com um americano? Um índio ter os mesmos direitos que um americano?
O ponto a que chegamos na atualidade tem raízes (proundas) no passado, na história das famílias e dos povos. Há histórias de amor que perduram além da pressão e da influência da família e dos preconceitos sociais e culturais, que perduram além dos interesses económicos. E há histórias de vida cujas facilidades recebidas em nada contribuíram para uma vida feliz.
É, sem dúvida, uma estória envolvente, contextualizada na história dos EUA, mas com as petos comuns a outras culturas e civilizações. Lê-se com muito agrado e nem a extensão diminui a vontade de prosseguir e progredir na estória da família.