E vós quem dizeis que Eu sou?!
1 – Seguir Jesus é a vocação primeira do cristão, para toda a vida e em todo o tempo. Seguir Jesus com todas as forças e sem reservas! Jesus clarifica as condições do seguimento. Comunica com clareza e com amor. Não promete facilidades. Não adorna os tempos que estão para chegar. O discípulo não é maior que o Mestre! Se a Mim perseguem, também a vos hão de perseguir! Levar-vos-ão aos tribunais, injuriar-vos-ão e hão de matar-vos, pensando que fazem um favor a Deus. Não temais. Eu venci o mundo. Eu estarei convosco até ao fim dos tempos (cf. 15, 18-20; Jo 16, 1-13.33; Mt 28, 20).
A atitude da mulher pecadora, que lava com as suas lágrimas os pés de Jesus, é um paradigma do discípulo. Vem, coloca-se por de trás, aos pés de Jesus. Por perto, para O escutar e para O imitar.
2 – Jesus está em oração. Os discípulos estão por perto. Uma pausa para o descanso. Jesus aproveita para explicar melhor a Sua mensagem. Hoje coloca-lhes duas questões: «Quem dizem as multidões que Eu sou?» e «E vós, quem dizeis que Eu sou?».
Pode haver, também da nossa parte, uma certa curiosidade em saber o que dizem a nosso respeito! Tornar-se-á doentio a partir do momento em que vivemos em função do que os outros possam pensar e não dos nossos ideais.
À primeira pergunta, os discípulos respondem: «Uns, dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou». É uma resposta indiferente, uma informação. Os outros dizem... Ouvimos dizer... Diz-se por aí…
Se soubéssemos tudo o que os outros dizem de nós e vivêssemos em função disso, procurando alterar ou confirmar o que se diz, tornar-nos-íamos psicóticos, doentes, uns fracassados!
Para Jesus também não é muito importante o que se diz em abstrato a Seu respeito, sabendo que em alguns momentos é considerado ébrio, glutão, endemoninhado, blasfemo…
Mais pessoal e comprometedora é a segunda questão, à qual, em nosso nome, responde Pedro: «És o Messias de Deus». É a nossa profissão de Fé. É a identidade de Jesus, o Messias (Cristo) de Deus. Implica-nos. Envolve a nossa fé e a nossa ligação a Jesus. Se acreditamos que Ele é o Messias de Deus, então teremos que agir em conformidade. Estamos dispostos a segui-l'O na adversidade e na bonança?
3 – Logo de seguida Jesus faz saber o que podem esperar aqueles que O seguirem: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida, há de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, salvá-la-á».
A vida só será plena e abundante no gastar-se a favor dos demais. Quem guarda tempo e dons para si, para o futuro, para ocasiões eventualmente mais favoráveis, não é discípulo de Jesus. O discípulo há de imitar Jesus, gastando-se em prol dos outros. Quem acumula para si, perde-se, porque se prende ao efémero, limitado e finito; quem se dá acumula tesouros para a eternidade. A vida é verdadeiramente minha quando a vivo na relação com os outros e com o mundo. O Papa Francisco tem sublinhado que gostarmos e servimos os outros nos ajuda a gostar de nós e a sentirmo-nos melhor connosco mesmos.
Quem se centra demasiado em si mesmo, por mais qualidades que possua, acabará por se perder, se destruir e, fechando-se na sua concha, ficará humanamente raquítico, quando não paranoico, subserviente do aplauso constante dos outros como se fora o centro do Universo. A alegria do Evangelho liberta-nos do mofo para vivermos saudavelmente, caminhando com os outros.
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Textos para a Eucaristia (C): Zac 12, 10-11; 13,1; Sl 62 (63); Gal 3, 26-29; Lc 9, 18-24.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE