Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto
1 – A Quarta-feira de Cinzas dá início à Quaresma com o gesto significativo da imposição das cinzas, recordando-nos algo de essencial para continuarmos a ser humanos: a nossa ligação aos outros e a Deus. A cinza e a areia, a pequenez e o deserto. Tomar consciência dos nossos limites e dispomo-nos a acolher Deus nos outros.
Nesta semana acentuou-se a discussão à volta da eutanásia, ou melhor, da morte assistida. Depois da facilitação do aborto, sem controlo nem reflexão, mais um passo em ordem à raça ariana defendida por Hitler e pelo nazismo: eliminação de todos os seres humanos diminuídos – os não-nascidos, idosos, pessoas portadoras de deficiência, doentes... e de todos os que nos incomodem. Já se discute o "aborto" dos nascituros. Um casal de cientistas defende que um bebé ao nascer é igual a um feto de 12 ou de 24 semanas, ainda não decide por si mesmo, não tem direitos, logo os pais podem decidir se vive ou se morre. Mais algum tempo e decidir-se-á sobre qualquer pessoa que não tenha pleno uso da razão!
Salvaguarde-se o acolhimento de todos os que viveram situações traumáticas e, que muitas vezes, não encontraram quem ajudasse positivamente. No Jubileu da Misericórdia o Papa Francisco concedeu a todos os sacerdotes a faculdade de absolver as pessoas envolvidas no aborto, para que todos beneficiem da Misericórdia de Deus.
A Quaresma aviva a consciência sobre a nossa indigência. Somos vasos de barro nos quais Deus coloca a abundância e da Sua misericórdia. Cabe-nos cuidar uns dos outros, reconhecendo-nos promotores da vida e não causadores de morte, de abandono, de indiferença.
2 – Jesus, guiado pelo Espírito Santo, vai para o deserto e leva-nos com Ele, para fazermos a experiência do despojamento, da humildade, capacitando-nos para as situações mais adversas. A Sua opção é inequívoca. Deixa-Se conduzir pelo Espírito, para que n'Ele sobrevenha a vontade do Pai, mesmo quando as tentações se querem sobrepor à Sua missão. Quarenta dias alimentando-Se de outro pão…
O deserto fala-nos do essencial, pondo em evidência as nossas fraquezas e libertando-nos do acessório. Com o avançar dos dias começam as dúvidas e as alucinações! Quando estamos mais frágeis, tudo nos passa pela cabeça!
Vem o Diabo com um caminho alternativo do poder, da facilidade e da indiferença, sem tocar o humano, caminho do milagre e do espetáculo impondo-nos a Sua divindade, caminho de egoísmo, utilizando o poder em benefício próprio, excluindo todo o esforço:
A) «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão»; B) «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos… se Te prostrares diante de mim»; C) «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’».
As respostas de Jesus são concludentes:
A) «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’»; B) «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’»; C) «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
Seguindo o Caminho de Jesus, decalcando a Sua postura e a Sua intimidade com o Pai, ser-nos-á possível vencer as tentações.
3 – A vida é-nos dada por Deus para vivermos dando luta, sem desistir, por maiores que sejam as adversidades.
A vida de Jesus será uma oferenda permanente. Oferecer-Se-á por nós, esgotando-Se. Não usará o poder em benefício próprio. A tentação da cruz – salva-te a ti e a nós também – será superada pela entrega – Pai, perdoa-lhes. Fácil seria transformar as pedras em pão. Mas não seria humano. Humano é trabalhar com honestidade pelo pão de cada dia. Quando necessário Jesus há de transformar a água em vinho de qualidade que sacia a nossa sede e nos permite continuar a festa da vida; multiplicará os pães e converter-nos-á em pessoas solidárias, para que não falte o alimente a ninguém. "Tive fome e deste-me de comer". A fé traduz-se nas obras de misericórdia.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Deut 26, 4-10; Sl 90 (91); Rom 10, 8-13; Lc 4, 1-13.
REFLEXÃO DOMINCIAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE