Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração... .e ao teu próximo como a ti mesmo.
1 – Quem de entre vós quiser ser o primeiro seja o último e o servo de todos. Nos últimos domingos fomos vendo como Jesus prepara os Seus discípulos para viverem segundo o sonho de Deus, no Reino que Ele, Filho bem-Amado do Pai, veio inaugurar com a Sua vida, morte e ressurreição. Ele, que era de condição divina, fez-Se um de nós, da mesma carne que nós, frágil e finito no tempo, comungando os nossos sofrimentos, carregando sobre Si os nossos pecados, aliviando a nossa carga. Veio como Quem serve, dando a vida, gastando-Se por inteiro, a favor da humanidade inteira, a nosso favor.
Com efeito, relembra-nos a Epístola aos Hebreus, Ele é o Sumo Sacerdote que nos convinha: «santo, inocente, sem mancha, separado dos pecadores e elevado acima dos céus, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiro pelos seus próprios pecados, depois pelos pecados do povo, porque o fez de uma vez para sempre quando Se ofereceu a Si mesmo». Partilhando da nossa fragilidade humana, "revestido de fraqueza" pôde e pode compadecer-Se de nós, e oferecer-Se para nos redimir, elevando-nos para Deus e, ao mesmo tempo, deixando-nos o exemplo, para que assim como Ele fez, façamos nós também. É a nossa condição de discípulos missionários. Estabelecido, pela ressurreição, Sacerdote perfeito, à direita do Pai, continua a atrair-nos para a glória de Deus.
A lógica é a do amor e do serviço, vislumbrada nos mandamentos, que valem como orientação, como desafio, no compromisso com os outros, sob o olhar e a bênção de Deus, dando-Lhe prioridade.
2 – As perguntas a Jesus permitem clarificar dúvidas ou incentivar a viver na dinâmica dos mandamentos. Um escriba aproxima-se e pergunta-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?».
O escriba sabia qual o primeiro mandamento, proclamado, desde tenra idade, em forma de oração e como profissão de fé. Perguntando-o em voz alta permite que outros ouçam a pergunta e sejam envolvidos na resposta. É como numa sala de aula, alguém faz uma pergunta, por exemplo, no decorrer de um teste, e todos têm a possibilidade de perceber melhor a pergunta e intuir a resposta!
«Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças». É primeiro mandamento e que prevalece sobre os demais, iluminando-os, não permitindo a sua instrumentalização, pois a Deus se prestará contas por todo o mal que se fizer, pelo bem que deixar de se fazer e em Deus serão abençoados todos os que sirvam o seu semelhante.
Logo Jesus acrescenta um segundo mandamento agrafado ao primeiro: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». E conclui, dizendo que "não há nenhum mandamento maior que estes".
Jesus faz com que não nos possamos desculpar ou justificar por só darmos importância a um dos mandamentos, o amor a Deus ou o amor ao próximo. Na verdade, quem ama a Deus terá que amar o que Deus ama, ora se Deus nos criou por amor e nos ama ao ponto de nos dar o Seu Filho primogénito, nós, tu e eu, não podemos de deixar de amar a criação de Deus, sobretudo a Sua obra-prima, o ser humano. Seria um absurdo. Uma contradição. Um contrassenso. Vale também para todas as relações humanas. Não podemos dar-nos bem com uma pessoa (adulta) e depois dizermos mal ou darmo-nos mal com os seus filhos. E obviamente, quem ama os filhos também granjeia a estima dos pais. "Quem meus filhos beija minha boca adoça".
3 – Depois das palavras de Jesus, o escriba conclui: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». É relevante o escriba confrontar o amor com os holocaustos e sacrifícios, na linha dos profetas e na linha de Jesus. Por sua vez, Jesus, vendo a resposta inteligente, aponta o caminho: «Não estás longe do reino de Deus».
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Textos para a Eucaristia (ano C): Deut 6, 2-6; Sl 17 (18); Hebr 7, 23-28; Mc 12, 28b-34.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço