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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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23.09.12

Quem quiser ser o primeiro será o servo de todos...

mpgpadre

       1 – O anúncio da Cruz é uma evidência na vida de Jesus. Para os cristãos, é um projeto de vida, a sua maneira de ser.

       Depois da confissão de fé de Pedro – “Tu és o Messias” –, o anúncio progressivo, mas sem recuos, dos sofrimentos que o Mestre vai enfrentar. O caminho do sucesso e da fama, que se vinha a espalhar e a consolidar, dá lugar rapidamente à desilusão.

       É neste sentido que vemos Pedro a repreender Jesus por Ele anunciar o fracasso: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará».

       A visão de Pedro, e dos demais apóstolos, corresponde à tentação de Satanás: o reino de Deus será do poder, de domínio e de violência sobre os outros. Para Jesus o caminho é outro: a CRUZ.

       2 – A Cruz é símbolo da entrega total de Jesus a favor de todo o povo. É necessário que UM morra por todos. É consequência lógica da Sua vida.

       Jesus coloca-Se do lado do pedinte, do órfão e da viúva, do estrangeiro e do perseguido, do pobre e do doente, coloca-Se do lado dos mais frágeis. Quem assume a defesa dos mais pobres, cedo sofrerá o desprezo e a perseguição dos mais fortes, dos que vivem pela violência. Jesus sabe isto. Não o esconde. Não faz campanha. Não diplomatiza para ter mais seguidores.

       Para Jesus, dar a outra face, deixar-se machucar, é mais humano do que agredir, morrer é muito mais humano do que matar. Ao egoísmo contrapõe o serviço, o amor e o perdão. Ao poder contrapõe a humildade: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos».

 

       3 – As palavras da Sabedoria são clarificadoras:

       “Disseram os ímpios: «Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda e se opõe às nossas obras; censura-nos as transgressões à lei e repreende-nos as faltas de educação…».

       O justo não procura aniquilar-se, não parte em busca de problemas, ou provocando os outros para a guerra. No entanto, a sua existência é já um atentado a quem pratica o mal. Ora o justo é provocador pelas palavras, denunciando, e muito pela vida de retidão, de justiça e de verdade.

 

       4 – “Como Eu vos fiz, fazei-o vós também”. Jesus consagra o serviço como única forma de chegar perto de Deus. Ele que era Mestre e Senhor não Se valeu da Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se, tornou-Se servo, humilhou-Se em obediência até à morte, até à cruz, como se reza e poetisa na Epístola aos Filipenses. Ele não vem para ser servido, mas para servir e dar a vida pela vida de muitos.

       Pode até doer, levar-nos à Cruz, mas não há outro caminho que nos leve a Deus que não seja o da caridade, do serviço, da verdade, do perdão. Não nos salvamos sozinhos. Não seguimos pela estrada de ninguém. A nossa estrada é aberta para que possamos seguir juntos.

       A Cruz guia-nos pela caridade, pela paz, pela justiça.

       Pelo contrário, como insiste São Tiago, “onde há inveja e rivalidade, também há desordem e toda a espécie de más ações. Mas a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e de boas obras, imparcial e sem hipocrisia. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz”.

       À inveja e ao egoísmo, à injustiça e à guerra, opõe-se como purificação e cura o serviço, o amor, o diálogo, o perdão, e a oração, para que a corrente de Deus nos mantenha vigilantes e atentos e prontos para nos ajudarmos, quem quiser ser o primeiro de todos seja o servo de todos.


Textos para a Eucaristia (ano B): Sab 2, 12.17-20; Tg 3, 16 – 4, 3; Mc 9, 30-37.

 

Reflexão DominicaL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARISTAS IN VERITATE.

19.08.12

O maior DOM de Deus à humanidade é JESUS CRISTO

mpgpadre

       1 – O maior DOM de Deus à humanidade é JESUS CRISTO. Deus faz-Se homem no seio da Virgem Imaculada, pela graça do Espírito Santo, e assume a nossa humanidade, no tempo e prepara-nos para a eternidade.

       O cordeiro pascal agora é Jesus Cristo, que Se sacrifica pela humanidade inteira e de uma vez para sempre. Ele é o pão da vida. E o pão que Ele nos dá é a Sua carne, a Sua vida por inteiro.

       Adensa-se o clima: “Os judeus discutiam entre si: «Como pode ele dar-nos a sua carne a comer?»… «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós… A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida… quem comer deste pão viverá eternamente»”.

       Ele dá-nos o Seu corpo, a Sua vida, para nossa salvação, para que tenhamos a vida em abundância, até à vida eterna.


       2 – A primeira leitura convida ao alimento, que é corporal, mas que aponta para o mundo espiritual, um pão que sacia a fome e que anima o espírito para caminhar.

“A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas. Enviou as suas servas a proclamar nos pontos mais altos da cidade: «Quem é inexperiente venha por aqui». E aos insensatos ela diz: «Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei. Deixai a insensatez e vivereis; segui o caminho da prudência»”.

       Atente-se na clareza do texto: o pão, símbolo de todo o alimento, não é apenas pão, é mais que pão. Releia-se: Vinde comer... deixai a insensatez e vivereis, segui o caminho da prudência!

       O alimento que Deus nos dá há de orientar-nos para o bem, dando sentido às nossas escolhas, fundamentando a nossa esperança, cuidando do nosso peregrinar.


       3 – Jesus apresenta-Se despudoradamente como o PÃO da VIDA, o verdadeiro alimento que vem de Deus.

       E se O acolhemos como alimento, todo o nosso ser se abrirá à Sua graça infinita. Não estamos sós. Nunca mais. Ele está connosco. Veio para ficar. Deixa-nos o Seu corpo, a Sua vida. Não Se divide em dois, nem no tempo nem na eternidade. Não se reparte em metades, uma junto de Deus e outra junto de nós.

       Uma comparação entre a presença de Cristo na cruz e na Eucaristia: Nos crucifixos vemos Jesus Cristo mas Ele não está (o crucifixo é apenas uma imagem). Na Eucaristia não Se vê mas Ele está realmente presente, pela força do Espírito Santo.


       4 – Se acolhemos Jesus Cristo como o verdadeiro Pão que Deus nos dá, ALIMENTO de salvação, então a nossa vida muda. Muda como quando gostamos de alguém e queremos ser-lhe agradáveis, fazendo muitas vezes não o que mais gostamos mas o que sabemos ser do agrado da pessoa amada, que queremos fazer feliz.

       A Palavra de Deus faz-nos passar rapidamente do alimento para o compromisso. Alimentamo-nos para viver. Em sentido espiritual, o alimento que é Cristo há de levar-nos a agir como Ele agiu.

“Guarda do mal a tua língua e da mentira os teus lábios. Evita o mal e faz o bem, procura a paz e segue os seus passos” (Salmo), saboreamos a presença de Deus em nós e evitamos todo o mal.

       Do mesmo jeito, o apóstolo São Paulo, mostra-nos como nos configurarmos ao Corpo de Cristo, do qual somos membros:

“Não vivais como insensatos… Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus… procurai compreender qual é a vontade do Senhor. Não vos embriagueis… mas enchei-vos do Espírito Santo,… dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai”.

       O alimento corporal é essencial, mas essencial é também a vida, a graça de Deus, a sabedoria, a companhia, a beleza, a presença dos irmãos, sentirmo-nos parte de algo maior e mais duradouro.


Textos para a Eucaristia (ano B): Prov 9,1-6; Sl 33 (34); Ef 5,15-20; Jo 6,51-58.

 

08.02.12

39. Curiosidade «» dúvida «» humildade «» confiança «» sabedoria.

mpgpadre

Curiosidade «» dúvida «» humildade «» confiança «» sabedoria.

A humildade coloca-nos na rota de Deus e dos outros, abre a nossa mente, o nosso coração, a nossa vida, às qualidades, dons e sabedoria que nos chega através dos outros, do mundo, das experiências, inspirações, dos conselhos, da sabedoria popular, da leitura, do encontro com pessoas, da vivência partilhada da existência.
Mas com a humildade relacionam-se outras propriedades que são importantíssimas para cresceremos como pessoas, cidadãos, crentes, procurando que a sabedoria ilumine as nossas escolhas, projetos, os nossos sonhos, e nos faça acolher o inevitável e transformar o que está ao nosso alcance.
Sábio não é o que sabe tudo, o que sabe mais coisas. Sábio é aquele que está sempre disponível para aprender, para acolher, para amar, para ser amado, para ser instrumento de ligação aos outros, ao mundo e a Deus. Sábio não é o que tem um curso superior, ou tem muitos contactos, que tem um canudo, ou viajou pelo mundo inteiro. Sábio é o que quer escutar os outros, quer compreender o mundo à sua volta, que dispõe a sua vida para acolher o mistério que vem do alto, que vem de Deus. Sábio é o que reconhece os seus erros e ainda assim caminha. É o que não desiste, mesmo que por vezes tenha que recuar, recomeçar, voltar a tentar. Sábio é aquele que reconhece que está a caminhar, que ainda não chegou à meta, que ainda está longe. Sábio é aquele que se dispõe a servir a Verdade. Sábio não é o que não peca. Sábio é o que está disponível para acolher o perdão.
Sábio é o que se deixa encantar com as pequenas coisas da vida, momentos sublimes do nascer ou do por do sol, o sorriso de uma criança ou os malabarismos de um gato. Sábio não é aquela pessoa séria, sisuda, que dita sentenças. Sábio é aquele que sabe rir de si mesmo, e sorrir diante dos seus disparates, e que procura estar atento a tudo o que o rodeia.
Sábio não é o que atingiu um grau de conhecimento superior, ou está moralmente acima de qualquer suspeita. Sábio é aquele que cultiva a arte da dúvida, da curiosidade, da interrogação, que está sempre em busca, procurando aprender com tudo e com todas as situações.
O sábio não e aquele que não muda porque atingiu a perfeição. Embora um provérbio chinês diga que só não mudam os sábios e os estúpidos. Coloquemo-nos entre uns e outros, a caminho... Sábio é, antes, aquele que procura aperfeiçoar todos os aspetos da sua vida e mantém aberta a mente para acolher situações novas e poder contribuir para a transformação do mundo.

A curiosidade na criança é o ponto de partida para aprender, para descobrir, para compreender o mundo que a rodeia. Sem curiosidade não haveria conhecimento, muito menos haveria sabedoria.
Sublinhe-se de novo que o sábio não é o que não tem dúvidas, mas aquele que vive nas dúvidas, procurando ser feliz e contribuir para a felicidade dos outros, fazendo a ponto. A dúvida é específica do ser humano. Somos ser inacabados, Mas que beleza, como somos inacabados temos a oportunidade de crescer sempre mais, até ao Infinito, até à eternidade de Deus.
Sábio não é aquele que tem respostas para tudo, mas aquele que questiona (quase) tudo, que se interroga constantemente e ao mundo que o rodeia.
Sábio não é aquele que tem todas as certezas, mas aquele que não se deixa abater pelas dúvidas e incertezas e procura acertar o seu caminho, para o sábio cristão, procura acertar o seu caminho pelo de Jesus Cristo.

Maria interroga o Anjo quando este lhe anuncia que vai ser Mãe do Filho de Deus: "Como será isto se não conheço homem?"
A interrogação faz parte da procura, da escuta, do nosso peregrinar.

A humildade trabalha lado a lado com a sabedoria. A arrogância e a sobranceria, o orgulho individualista, o egoísmo levam à morte, à destruição, à solidão. A sabedoria não afasta, não isola. O sábio não é aquele que se fecha no seu casulo, como se estivesse num patamar superior, imperturbável. Sábio é aquele e aquela vive com os outros, procura os outros, procura superar as suas dúvidas, procura amar, deixa-se amar, procura a beleza, a alegria, e sabe que a sua fragilidade é um ponto de contacto com a humanidade e não um estorvo.

"Só sei que nada sei... e quanto mais sei, mais sei que nada sei". É o ponto de partida do sábio grego Sócrates. É o ponto de partida de Descartes. Há de ser esta a nossa sabedoria, quanto mais caminhamos mais a certeza que estamos distantes da perfeição, da santidade, da sabedoria. Isso não nos desanima. Pelo contrário, é sinal de jovialidade, ainda há caminho a fazer na nossa vida.

Mais tarde ou mais cedo, a curiosidade leva-nos à interrogação, a dúvida leva à humildade, esta à abertura ao outros, à aceitação dos dons do outro, leva a uma atitude de confiança, de despojamento, de entrega, de acolhimento.

Não tenhamos medo da dúvida. Não receemos que a humildade nos possa despojar da nossa identidade. Não cessemos de buscar - peregrinos da verdade... Podemos ser sábios, não por sermos melhores que os outros, ou termos mais conhecimentos práticos ou científicos, podemos ser sábios quando a nossa alma se despoja de preconceitos e se abre aos outros, pronta para a amar e acolher o amor dos outros e do Outro (Totalmente Outro »» Totalmente Próximo)

19.01.12

19. Faça das suas insuficiências oportunidade de partilha

mpgpadre

Faça das suas insuficiências oportunidade de partilha, de comunhão, de enriquecimento espiritual, de fortalecimento psicológico, numa palavra, faça que os seus limites sejam uma porta aberta para a saúde (física e espiritual) e para a felicidade.

Numa série de desenhos animados, muito popularizada entre adolescentes/jovens, Naruto, uma das personagens, dá-nos uma lição extraordinária, e onde se pode reler excertos da Sagrada Escritura. Jiraiya Sam, um dos três ninjas lendários, da aldeia oculta na folhagem, depara-se com o momento da morte e como numa crónica da sua vida deixa este testamento:
"Os fracassos são distrações, são testes que aperfeiçoam as nossas qualidades. Vivi a acreditar nisso e em troca jurei cumprir uma missão tão importante que me fizesse esquecer os meus fracassos, assim morreria como um grande ninja... no final também falhei nessa escolha... que história mais inútil... o mais importante é a capacidade de nunca desistir, nunca faltar à palavra, e principalmente nunca desisti, aconteça o que acontecer... Nunca desistir, era essa a verdadeira escolha que tinha de fazer...".

Encontramos esta riqueza de linguagem no livro de Eclesiastes e no livro de Job, que integram a literatura sapiencial, isto é, fazem parte do conjunto de livros do Antigo Testamento, que nos falam da sabedoria humana e divina, dos Provérbios, dos ensinamentos, das grandes máximas do povo de Israel, das lições de vida deixadas de pais para filhos, de mestres para discípulos.

Diz Qohélet (Eclesiastes) - vaidade das vaidades, tudo é vaidade... não há nada de novo debaixo do sol, tudo o que o homem faz é vaidade, não passa de um sopro que logo desaparece.
"Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há de voltar a fazer-se: e nada há de novo debaixo do Sol!... apliquei o meu espírito a estudar e a ex­plorar, pela sabedoria, todas as coi­sas que sucedem debaixo do céu. É uma tarefa ingrata que Deus deu aos homens e os oprime... Apli­quei, igualmente, o meu co­ra­ção a conhecer a sabedoria, a lou­cura e a insensatez; e reconheci que também isto é correr atrás do vento. Por­que na muita sabe­do­ria há mui­­ta arrelia, e o que au­men­ta o co­nhe­ci­mento, aumenta o sofri­mento" (Ecl 1, 17-18).

Vamos ao livro de Job e encontramos o mesmo lamento. O mal seria consequência/castigo do pecado. Job descobre que a sua vida corre mal, mas ao mesmo tempo trata-se de uma enorme injustiça. Sempre se aplicou a fazer o bem, a viver segundo a justiça, a praticar boas obras, a usar de misericórdia. No final, de nada lhe adiantou ser bom e justo.

Se ficássemos por aqui, não teria sentido a nossa busca, tudo seria inútil, passageiro, efémero. Se bem, que essa constatação nos pudesse levar a desfrutar melhor da vida, positiva ou negativamente. O vazio seria sempre o destino dos nossos atos, e os nossos fracassos seriam sempre avassaladores.
Job e Qohélet abrem a nossa mente para algo de grandioso e que nos ultrapassa, abrem para Deus. Tudo é vaidade, a não ser que se sob o olhar de Deus. "O resumo do discurso, de tudo o que se ouviu, é este: teme a Deus e guarda os seus preceitos, porque este é o dever de todo o homem. Deus pedirá contas, no dia do juí­zo, de tudo o que está oculto, quer seja bom, quer seja mau".
Job da mesma forte disponibiliza-se com humildade para a justiça de Deus que ultrapassa toda a justiça humana, mesmo quando o nosso espírito ainda não esteja capacitado para ver.

Voltando ao ponto de partida, importa fazer de todas as nossas experiências, como já vimos num destes dias anteriores, oportunidade para nos tornarmos mais fortes, para, com inteligência e humildade, aprendermos a viver melhor, mais confiantes, disponíveis para acolher o que o tempo nos pode trazer e sobretudo as pessoas e o mistério de Deus nos podem dar.

Como recordávamos ontem, com São Paulo, quando sou fraco é que sou forte, ou por outras palavras, as minhas fraquezas e insuficiências podem efetivar a decisão firme de me abrir ao semelhante e me disponibilizar para aprender, para crescer. Os fracassos de hoje podem ser janelas abertas que me trazem o vento fresco, o sol que me inunda de luz a minha casa, possibilitando que veja mais ao longe, que veja para lá das dificuldades do tempo presente.

 

O tempo presente não se compara ao que há de vir, onde veremos Deus face a face, porquanto o nosso compromisso é com o tempo, com o mundo, com a história. É a nossa missão maior, que nos coloca a caminho. (São Paulo lembra: não me importava de morrer e ir já contemplar a glória de Deus, mas é necessário que continue a ser útil para os meus irmãos; São João, numa das suas epístolas lembra que o que somos é uma pequena amostra do que seremos).

05.11.11

Sê bondoso para contigo!

mpgpadre

Ser bondoso para contigo significa

olhares para ti com humanidade.

Ser bondoso significa sentires-te bem contigo próprio.

É reconhecer a criança ferida que existe em ti

e usares de misericórdia para com ela;

olhar para as próprias feridas

com o olhar compassivo do coração

e agir com uma dedicação sincera.

Não deves enfurecer-te com as tuas próprias fraquezas,

mas sim olhá-las com amor e aceitá-las.

Só um olhar carinhoso pode fazer com que as nossas fraquezas se transformem.

 

Não dificultes a tua vida

ao levar demasiado a sério aquilo que não te agrada em ti

e o que te aborrece nos outros.

Vive e deixa viver.

Vê para lá das coisas.

 

Sê criativo na forma como levas alegria

à vida das pessoas que vais encontrando.

As rosas que fazes florescer para os outros

não perfumam apenas a vida delas.

Também inebriam a tua.

Também enchem o teu coração de amor e alegria.

Sempre que te aproximas dos outros,

há algo em ti que se agita, que te faz sentir livre e expansivo.

 

Anselm Grün, em "Em cada dia... um caminho para a felicidade", a partir de ABRIGO dos SÁBIOS

11.09.11

Quantas vezes deverei perdoar? Até 70x7... sempre!

mpgpadre

       1 – "Errar é humano, perdoar é divino".

       Neste ditado popular temos uma constatação e um desafio. Por um lado, é próprio da nossa fragilidade humana errarmos, falharmos na nossa relação com os outros. Vale para uns e para outros. Estamos no mesmo barco. Somos da mesma carne. Num ou noutro tempo, lá cometemos um deslize, uma falha, uma palavra que ofende, um gesto que destrói o outro, uma palavra ou um gesto que destrói a confiança do outro, que mina a sua paz e a sua saúde. 

       Desde logo uma lição importante: se todos pecamos, isto é, se temos em nós o gérmen da fragilidade, do errar, mais consciente ou menos conscientemente, então a nossa compreensão e tolerância para com os outros deveria ser um modo de ser, uma constante, uma opção de vida.

       Por outro lado, sabemos como o perdão não é assim tão fácil de conceder. E porquê? Quem já se sentiu ofendido na sua dignidade? Quem foi insultado, traído, desprezado? Quem já foi vítima do ódio, da maledicência, do boato, da injúria, da violência, da injustiça? Quem já viu o seu nome lançado na lama? Como se sentiu, como se viu impelido a agir?

       Por vezes basta uma palavra fora de tempo, ou a ausência de uma palavra de solidariedade, para nos sentirmos ofendidos!

       Este é o grande desafio: perdoar. É a característica fundamental da caridade, a propriedade de Deus. Ama em perfeição. Perdoa em todas as situações. Só Ele nos liberta do peso do pecado e da culpa. Perdoar é divino. Mas é também um caminho, do crente e de toda a pessoa que quer ser livre, que quer ser saudável. É um ideal que devemos prosseguir com alegria, com paixão. O perdão liberta-nos do rancor, da irritação, do ódio, liberta o nosso coração para que ame, para que viva, para que aprecie o mundo à sua volta.

 

       2 – No Evangelho deste domingo encontrámos um Pedro muito benevolente: “Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?”.

       Deverei perdoar? E quantas vezes? Cada um de nós já foi confrontado com esta questão várias vezes ao longo da sua vida. Não será difícil responder. Já que esta ou aquela pessoa me ofendeu, e se não foi uma ofensa à minha dignidade, então poderei vir a perdoar. E se a mesma pessoa me ofender de novo? Aí o perdão já se torna mais complexo, é que se perdoo novamente pode voltar a fazer o mesmo pois sabe como tenho um coração de manteiga. E uma terceira vez? Já é quebrar a cara e perder a vergonha! Perdoar, nem pensar! O abuso também tem um limite!

       Quando Pedro pergunta a Jesus se deve perdoar até sete vezes, ele está a ser demasiado generoso. Talvez pense que Jesus tenha um gesto de reconhecimento e de felicitação por tamanha generosidade. Mas Jesus surpreende-o: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. O número 7, para a Bíblia, significa perfeição, plenitude. Perdoar 7 vezes é perdoar sempre. Mas para que não restem dúvidas, Jesus eleva o perdão até ao infinito, perdoar sempre, em todas as situações, em todos os momentos, a todas as pessoas.

        Perdoar é divino, perdoar abre-nos o coração aos outros, à vida, à alegria, a Deus. Liberta-nos. Cura-nos. Perdoar traz-nos a confiança, devolve-nos a felicidade. É certo que há situações que não esquecerei, muito menos uma ofensa grave. Fica gravado na memória. Não é uma opção. Perdoar tem a ver com a vontade, é uma opção de vida, é uma escolha. Perdoo, sabendo que me fizeram mal, que feriram a minha dignidade, que me atraiçoaram. Quero bem àquela pessoa, ainda que saiba que me injuriou. Perdoar para sermos perdoados, como na parábola contada por Jesus. Deus perdoa-nos tudo, para que nós vamos perdoando àqueles que nos ofendem.

       Quando não perdoamos, o nosso coração vai-se enchendo de rancor, de ódio, de revolta, de irritação. Para onde quer que vamos, em tudo o que fazemos, acordados ou a dormir, a pessoa que nos ofendeu vai connosco, faz parte da nossa vida, em todas as horas, negativamente. Nem comemos com o mesmo entusiasmo, nem dormimos com a mesma tranquilidade, como que desejaríamos que essa pessoa passasse pelo mesmo... Paralisamos! Adoecemos! Morre em nós a vida nova que recebemos de Deus, em Jesus Cristo, pelo Espírito Santo.

       Embora seja divino, o perdão é uma escolha, é uma questão de saúde, de cura. 

 

       3 – O perdão é uma exigência da caridade ao jeito de Jesus Cristo. Quem ama perdoa. Os cristãos, seguidores de Jesus Cristo, são chamados a perdoar sempre, deixando-se tocar pela graça de Deus, fonte e origem de todo o amor, fonte e origem do perdão.

       Ben Sirá, alerta-nos para a urgência de pedirmos a Deus a nossa cura, perdoando aqueles que nos ofenderam.

       "O rancor e a ira são coisas detestáveis, e o pecador é mestre nelas. Quem se vinga sofrerá a vingança do Senhor, que pedirá minuciosa conta de seus pecados. Perdoa a ofensa do teu próximo e, quando o pedires, as tuas ofensas serão perdoadas. Um homem guarda rancor contra outro e pede a Deus que o cure? Não tem compaixão do seu semelhante e pede perdão para os seus próprios pecados? Se ele, que é um ser de carne, guarda rancor, quem lhe alcançará o perdão das suas faltas? Lembra-te do teu fim e deixa de ter ódio; pensa na corrupção e na morte, e guarda os mandamentos. Recorda os mandamentos e não tenhas rancor ao próximo; pensa na aliança do Altíssimo e não repares nas ofensas que te fazem".

       As nossas ofensas são perdoadas quando perdoamos as dos outros. A cura é-nos concedida quando libertamos o nosso coração de toda a cólera, sabendo que só desse modo imitámos o proceder de Deus. Como se nos recorda no Salmo: "Como a distância da terra aos céus, assim é grande a sua misericórdia para os que O temem. Como o Oriente dista do Ocidente, assim Ele afasta de nós os nossos pecados".

       Vivendo na graça de Deus, aprenderemos a força libertadora de nos sabermos perdoados, amados por Deus e de sabermos que o nosso perdão disponibiliza o nosso coração, a nossa vida, para a alegria, a confiança, para a disposição para nos encontrarmos e para descobrirmos a beleza da vida, para termos garra para enfrentarmos os momentos de dificuldade com mais serenidade.

 

       4 – Lembremo-nos da recomendação feita pelo Apóstolo São Paulo aos Romanos: "Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum de nós morre para si mesmo. Se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor. Portanto, quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor. Na verdade, Cristo morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos vivos e dos mortos".

       Se colocarmos Deus nos nossos pensamentos, na nossa vontade, nas nossas escolhas, nos nossos afazeres, se deixarmos que o Seu Espírito de amor actue em nós, tornar-se-á mais fácil entender que a vida se resolve e se decide na caridade, que, por sua vez, tem no perdão uma das expressões máximas do viver como Jesus viveu, amando, perdoando, fazendo o bem, dando a vida por nós, a que também nós estamos chamados.


Textos para a Eucaristia (ano A): Sir 27, 33 – 28, 9; Sl 102 (103); Rom 14, 7-9; Mt 18, 21-35.

 

03.07.11

Como é belo reconciliarmo-nos com os sonhos!

mpgpadre

       "Nada tão belo como reconciliarmo-nos com os nossos sonhos. Nada tão triste como desistirmos deles.

 

       Quem sonha não encontra estradas sem obstáculos, lucidez sem perturbação, alegria sem aflição. Mas quem sonha voa mais alto, caminha mais longe. todas as pessoas, da infância ao último estádio da vida, precisam de sonhar...

        Não se esqueça de que você vai falhar 100 % das vezes que não tentar, vai perder 100% das vezes em que não procurar, vai ficar parado 100 % das vezes em que não ousar andar.

       Como disse o filósofo da música, Raul Seixas: 'Tenha fé em Deus, tenha fé na vida, tente outra vez... ' Se você sonhar, poderá sacudir o mundo, pelo menos o seu mundo...

       Se sonhos, os ricos ficam deprimidos, os famosos aborrecidos, os intelectuais tornam-se estéreis, os livres tornam-se escravos, os fortes tornam-se tímidos. Sem sonhos, a coragem dissipa-se, a inventividade esgota-se, o sorriso vira um disfarce, a emoção envelhece".

 

02.07.11

Vendia o sonho da liberdade...

mpgpadre

       "Jesus discorria sobre a liberdade poética. A liberdade de escolha, de construir caminhos, de seguir a própria consciência. Discursava sobre a gestão de pensamentos, a administração da emoção, o exercício da humildade, a capacidade de perdoar, a sabedoria de expor e não impor ideias, a experiência plena do amor pelo ser humano e por Deus.

       O Mestre da vida vivia o que dizia. Não impedia as pessoas de o abandonar, de o trair e nem mesmo de o negar. Nunca houve alguém tão desprendido e que exercitasse de tal forma a liberdade".

 

14.04.11

A "outra" poluição... bem mais destrutiva!

mpgpadre

       O professor mandou redigir um texto acerca da poluição. De facto, é um assunto muito actual, sobretudo nas cidades. As pessoas continuam a poluir a atmosfera com o anidrido de carbono, a poluir a terra com os pesticidas, a poluir as águas com as descargas poluentes das fábricas.

       Os alunos foram à internet e apresentaram trabalhos sem originalidade. Apenas um deles viu a poluição de outra maneira. Escreveu ele:

       "Polui o egoísta que só pensa em si mesmo. Polui o preguiçoso que é um parasita. Polui o marido que trata a esposa como escrava. Polui quem faz mal em vez de fazer o bem. Polui quem anda na vida sempre envinagrado em vez de irradiar alegria. Polui o corrupto que enriquece à custa do povo. Polui o jornalista que divulga mentiras e difama as pessoas".

       O professor gostou deste texto, que serviu de motivação para toda a turma dialogar.

 

In Revista Juvenil, n.º 545, abril de 2011.

23.02.11

Uma chávena de chá

mpgpadre

       Um sábio japonês, conhecido pela profundidade e justeza das suas doutrinas, recebeu a visita de um professor universitário que tinha ido inquirir acerca dos seus pensamentos.

       O professor universitário tinha fama de ser orgulhoso, nunca prestando atenção às sugestões dos outros, julgando-se sempre na posse de toda a verdade.

       O sábio quis dar-lhe uma lição. Para tal quis servir-lhe uma chávena de chá.

       Começou por deitar o chá pouco a pouco. E a chávena encheu-se.

       O sábio, fingindo não dar conta de que a chávena já estava cheia, continuou a deitar até que este transbordou e começou a molhar a toalha. O velho japonês mantinha a sua expressão serena e sorridente.

O professor universitário viu o chá a transbordar e ficou sem perceber como era possível uma tal distracção, tão contrária às normas das boas maneiras. Mas, a dado momento, não pôde conter-se mais e disse ao sábio:

       — Já está cheia! Não cabe mais!

       O sábio, imperturbável, disse-lhe então:

       — Tal como esta taça, também tu estás cheio da tua cultura, das tuas opiniões, de um amontoado de conjecturas eruditas e complexas. Como posso eu falar-te da sabedoria, que só é compreendida pelas pessoas simples e disponíveis, se antes não esvaziares a tua chávena?

       O professor compreendeu a lição. A partir desse dia, esforçou-se por se “esvaziar” das suas certezas e por escutar as opiniões dos outros, sem desprezar nenhuma delas.

 

autor desconhecido, postado a partir do nosso CARITAS IN VERITATE

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